I Swear I'll Behave escrita por Coraline GD


Capítulo 2
One direction, one week




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— Mas pai... – resmunguei pela quarta vez, quando a história de que eu tinha enjoo em alto mar não colou.

— Hannie, aquilo está mais para um lago do que para mar. Além do mais, se tem algum motivo real para você não querer trabalhar no barco com Eddie – disse meu pai, me olhando sério. – Você tem que me dizer, do contrário, estamos acertados.

Revirei os olhos para ele e saí da sala, subindo as escadas correndo, dois degraus de cada vez. Me joguei na cama e olhei para a foto do Harry no meu celular fazendo bico.

— O que vai ser de nós agora baby? – e mais uma vez eu falando sozinha, feito uma louca.

Hoje era domingo, meu último dia para pré-férias e última chance de convencer meu pai a não trabalhar durante elas. Faltava menos de uma semana para o show, que já seria no sábado e eu não tinha mais ideias criativas. Tentei parecer doente, com o pé quebrado, preocupada com os estudos, com medo de gente nova, fobia de sol, mas nada abalou a proposta incrível de um lindo e cativante trabalho de verão. Tentei de tudo, menos a verdade, pois no fundo eu sabia que se dissesse ao meu pai aí é que minhas chances de ir ao show cairiam para menos que zero.

Não por ele não gostar dos menino, que na verdade ele mal conhecia, mas sim por achar que meninos: sejam em carne e osso ou a quilômetros de distância, atrapalham minhas chances de um futuro digno e promissor. Maluquices dele.

Mandei outra mensagem para Rachel, intimando e avisando que se ela fosse viajar sem vir me ver acabaria com a vida dela.

Eu: “Cadê vc mulher?! Tô surtando aqui!”

Rach: “Calmaaa! Miga sua loka... já disse, fala logo pro tio Lou...”

Eu: “Já não falei p vc vir aqui hj?”

Rach: “Take it easy q eu tenho uma vida p cuidar! Kkk tô indo uu”

Eu: bjs

Rach: bj amor

Finalmente. Quem sabe Rachel vindo aqui eu de repente teria uma ideia brilhante para salvar minha vida, meu show e minhas férias. Se eu pudesse adiar aquele trabalho em uma semana, seria perfeito. Quem liga em trabalhar depois de estar na presença daquela perfeição em forma de homem? Eu não.

No momento, minhas opções eram: trabalhar de quinta à domingo no tal barco no Ridgway State Park e correr feito louca para o show, sozinha, de carona, em uma viagem de cinco horas até Denver. Logo, impossível.

— Eu quero morrer! – gemi, batendo os braços na cama.

— Ainda está cedo para isso e Rachel já chegou. – disse meu pai, colocando a cabeça para dentro do quarto.

Apenas levantei a cabeça e olhei feio para ele.

— Não culpe o mensageiro! – e saiu dali, dando espaço para Rachel entrar.

— Rach... – choraminguei, pulando em cima dela.

— Gen, você precisa parar com isso. Já te disse há dias e, te dei uma solução. Mas...

— Faltar o trabalho na cara de pau na primeira semana não é solução!

— Mas você é uma maricas, uma frouxa, uma cuzona que vai perder o Mr. Gostoso Styles e Companhia por causa de uma droga de barco.

— Ouch! Não sei por que ainda dizem que você é minha amiga! – falei, batendo nela e me levantando da cama. Fui até a penteadeira e me sentei, para namorar mais uma vez o passe do meet and greet que a rádio tinha me dado e que eu usaria em breve. De qualquer jeito.

— Só verdades. – falou ela, deitando na minha cama e cruzando os braços atrás da cabeça.

— Mimimi... Foi o que eu escutei. – disse, rindo dela.

— Você quem sabe. Agora... Quando é que sai o jantar?

— Meu Deus, você não tem comida em casa? – falei, pulando na cama ao lado dela.

— Você sabe que nunca dispenso a comida do seu pai. Ainda mais quando vou ficar sem ela por um mês.

— Não acredito! Você vai sentir mais saudades da comida do meu pai do que de mim! Sua vaca!

Nós duas rimos e passamos algum tempo falando sobre os preparativos de Rachel para a viagem, não é todo dia que uma de nós vai para outro continente. Rachel estava indo para a Espanha, fazer um intercâmbio cultural e que incluía trabalho voluntário na área em que ela gostaria de estudar na faculdade: ensino. Mesmo louca desse jeito, ela jurava de pés juntos que seria uma ótima professora. Além disso era louca pelos espanhóis.

Enfim, a realidade é que eu ia ter que me virar por um mês, longe da escola e sem minha melhor amiga. Resumindo: eu estava ferrada de todo e qualquer jeito possível.

Depois que Rachel foi embora, marcamos de nos ver todos os dias antes da viagem e do meu trabalho. Ela iria na quarta e eu na quinta. Como meu pai disse, o lugar para onde eu ia era mais um lago, mas enorme. E ficava cheio de banhistas, gente acampando, barcos, lanchas e crianças durante o verão. Ah, e o melhor segundo meu pai, é que nós dois tiraríamos férias juntos, pois o Ridgway Park ficava pouco mais de cinco horas longe da nossa casa, então viajar dez horas todos os dias estava fora de cogitação. Portanto, ele alugou uma pequena casa para nós pelas próximas semanas. Eu não cabia em mim de tanta alegria. Imaginem.

Os primeiros dois dias de férias passaram voando. Coloquei todas as fofocas em dia com Rachel e a fiz prometer manter contato no mínimo todo dia, não ia sobreviver sem saber dela. Fomos ao cinema e nos entupimos de pizza, mesmo sabendo que era verão, não estava nem aí para isso. Não pretendia ficar desfilando de biquíni na frente de crianças e velhos mesmo.

Na quarta-feira foi o dia das lágrimas rolarem. Tive que me despedir de Rachel em sua casa, pois meu pai e os pais dela tinham que trabalhar e eu não teria carona para voltar do aeroporto.

— Sua rabugenta, não esquece de mim. – falei, pendurada no pescoço dela.

— Você também não esquece de me contar tudo sua maluca.

— Até parece. – enxuguei uma lágrima e entreguei a ela o pacote de seus cookies favoritos. – Faça uma ótima viagem.

— Faz o Harry beijar você.

— Idiota.

— Maluca.

— Parece que meu estômago está desintegrando em mil pedacinhos.

— Gen... Assim você me faz chorar também. Olha... Não esquece de fazer o Nini me mandar um beijo!

— Eu sabia! Você gosta dele! – gritei, segurando as mãos dela e pulando.

— Tá, tá... Nossa, descobriu a América. Tchau Gen.

— Tchau best.

E o resto do meu dia e noite foram de suspiros. Até eu ter que terminar de arrumar a mala. Sairíamos cedo no dia seguinte, eu só começaria no trabalho depois do almoço, pois lá geralmente o primeiro dia eram apenas instruções para o pessoal do lago. Já que as coisas só começavam a esquentar mesmo a partir de sexta.

Acordar às cinco da manhã nas férias era a pior forma de começar o dia. E esquecer os fones de ouvido durante uma viagem era a outra forma de piorar ainda mais. Dormi a maior parte do caminho. Chegamos por volta das dez, depois que obriguei meu pai a parar em uma loja de conveniência para conseguir um fone qualquer. Ficar naquele fim de mundo, okay, sem música, já era demais.

— Sente isso Hannie? Ar puro, verde, olha a vista desse lago! – meu pai estava que era só sorrisos.

— Uau... Onde é que a gente vai ficar?

— Se está assim no primeiro dia, imagina daqui duas semanas hein. – zombou ele.

— Vamos logo pai, ainda tenho que trabalhar. Lembra?

Ele continuou dirigindo e fomos em direção a um lugar onde se via várias fileiras de trailers estacionados, e eu quase infartei quando vi aquilo. Só voltei a respirar depois que ele passou por eles e pegou uma estrada de terra que dava para um vilarejo local.

Nossa “cabana” era até legal, pequena, aconchegante e... Eu já disse pequena?

Almoçamos em um restaurante do vilarejo e depois papai me acompanhou até onde eu devia encontrar seu amigo Eddie. O velho e gordo Eddie, nunca ficou tão feliz em me ver ou em ter mão de obra barata. Meu pai me deixou com ele e foi aproveitar as “atividades” de verão do lugar. Eddie me levou a um grupo de mais ou menos quatro pessoas e explicou nossas funções. Rooney, era o que dirigia a lancha; Jon o rapaz experiente na água e no barco, o famoso “pau para toda obra”; Chelsea, mais conhecida como Ches, era a cozinheira; e eu a assistente de todo mundo que precisasse de mim. Lavar, passar, cozinhar, servir e a porra toda. Valeu pai!

Durante a tarde fomos conhecer o barco e ter mais detalhes de como funcionaria nos próximos dias. Eddie explicou que normalmente, alguns veranistas até tem barco próprio, mas outros que não costumam vir com frequência acabam alugando por dia ou temporada, o que era o nosso caso. Pelas próximas duas semanas estávamos “alugados” para um grupo pequeno de pessoas e nossa obrigação era estar ali para servir e babar ovo deles, de quinta à domingo, das nove às dezessete horas.

— E porque não estamos trabalhando hoje? – perguntei, tentando parecer interessada no que ele dizia, mesmo sabendo que ele já tinha respondido isso.

— Porque a temporada oficialmente só começa amanhã. Portanto, estejam aqui, no cais, amanhã às 07h00m. – anunciou Eddie, para o meu sofrimento.

— O quê? Por quê? – exclamei, indignada.

— Porque os turistas chegam às 09h00m mocinha, logo nosso trabalho tem que estar pronto antes que eles apareçam. Capisce?

“Ugh! Não use seu italiano de filme de TV comigo tio Eddie”, era o que eu gostaria de dizer, mas apenas assenti e arrastei meu corpo magro de volta para a cabana e procurei dormir cedo.

— Puta merda! – xinguei, quando deixei a escova de dentes cair na pia. Seis da manhã e eu estava ali de pé, mas quase caindo, pronta para o trabalho. Tomei um banho rápido, coloquei um par de shorts jeans escuros, tênis e camiseta. De jeito nenhum iria usar o uniforme que Eddie me dera, nem aquela camisa amarela ridícula. Eu ia dizer que esqueci, pelo menos hoje.

Passei um pouco de rímel e dei graças a Deus por meu pai ser uma daquelas pessoas que acordam cedo, pois já tinha café da manhã na mesa.

— Bom dia Hannie! Pronta para começar? – perguntou ele, animado.

— Ô! Já nasci pronta papai!

Comi dois mistos-quentes, um copo de vitamina e uma xícara de café, para dar uma reforçada e me permitir aguentar as primeiras horas do dia.

— Tchau pai! Qualquer coisa me liga!

— Tudo bem, se não for voltar para o almoço me avisa!

— Ok!

A caminhada até o lago não era demorada, pelo menos isso. Cheguei cinco minutos atrasada, Jon, Ches e Rooney já estavam lá, apenas esperando por Eddie. Cumprimentei meus colegas de trabalho e procurei puxar assunto com Rooney, que parecia o mais amigável entre eles. Rooney aparentava estar na casa dos cinquenta e poucos anos e que fazia aquilo só para não ficar parado em casa, assim como meu pai.

— Será que ele demora? – falei, com as mãos no bolso de trás do short.

— Mais uns dez minutos, ele sempre faz isso. – explicou Rooney.

— Já trabalha com ele há muito tempo?

— Ah sim, quase quinze anos. Isto é, para mim. Jon está aqui há quatro e Ches há dois. Formamos uma boa equipe. – disse ele, sorrindo para a “equipe”.

Quando Eddie chegou, de cara foi dando ordens para todos nós e minha tarefa de hoje seria ajudar Ches, dentro e fora da cozinha. Ela cozinhava, eu servia e depois ajudava a limpar. Segundo Eddie, teríamos convidados Vips e ele queria que déssemos o nosso melhor, pois estava pagando bem para isso. Dinheiro esse que eu sequer sabia quanto, quando e onde ia receber.

Por volta das onze os veranistas Vips de Eddie ainda não tinham chegado. Se eu levei bronca pela falta de uniforme? Claro que sim. Se eu me importei ou pensei em trocar? Claro que não. Passei mais de duas horas aprendendo boas receitas e sabendo mais da vida de Ches, que morava em Denver – vejam só – com seus dois filhos menores, uma de 15 e outro de 10 anos. Ela era cozinheira lá com o marido, eles tinham um food truck, mas Ches pegava esse trabalho no verão para aumentar a renda da casa.

De repente Eddie entra na cozinha com a cara vermelha e mandando que Ches e eu arrumássemos algumas bandejas de petiscos, bebidas e que eu as levasse junto com o cardápio do dia. Droga. Hora de mandar ver.

Peguei a bandeja “especial” para receber os patrões do meu patrão, que tinha nada menos que uma garrafa de champanhe e alguns canapés feitos por Ches. Enfiei o cardápio embaixo do braço e subi o mais rápido que consegui.

Ao chegar no convés, não sei se por efeito do sol na cara ou por que eu finalmente tinha falado tanto em usar drogas na minha vida que finalmente estava chapada sem ter usado, mas podia jurar  que estava tendo visões. Engoli em seco e me apoiei no braço de Jon, que passava por ali na hora.

— Jon, Jon.

— Sim, senhorita Hannah.

— Gen!

— Sim!

— Aquele... Aqueles... Você tá...

— Está tudo bem senhorita?

— Quem é o veranista do Eddie?

— Ah, um tal de senhor Harry. Por que? A senhorita conhece?

— Puta merda Jon! Eu não acredito! – nessa hora tive que agarrar a garrafa de champanhe e acabei entornando algumas pedras de gelo. Se não fosse Jon, os canapés de Ches nunca teriam sido comidos também. Não por seres humanos.

Eu só podia estar muito drogada, louca, surtada, sei lá. Eu precisava ver de perto.

— Jon, fica perto de mim.

Tentei me recompor e aprumei a bandeja, indo em direção ao convés novamente. Quando cheguei perto, todos os meus desejos, sonhos e loucuras mais profundas se confirmaram ao ver que o Harry gostoso e sensualíssimo Styles estava na porra daquele barco! Impossível!

Tudo que eu consegui fazer era respirar, e acho que a bandeja só não caiu porque eu estava petrificada demais para largá-la. Cabelo cacheado caindo nos ombros, confere; boca sensual, confere; camisa aberta mostrando aquele peito e abdômen sarado e tatuado, confere. Era isso, eu podia morrer feliz. Aqui e agora.


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