A casa na colina escrita por Dricamay


Capítulo 7
Sejam bem-vindos senhoras e senhores!


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Tudo bem com vcs?
Esse capítulo foi trabalhoso, então espero que apreciem. Boa leitura! ❤



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A manhã estava bastante agitada na mansão dos Vogel, o movimento de criados era quase conflituoso dentro da propriedade. Todos pareciam ansiosos para o baile, alguns para deleitar-se em uma boa festa, outros pela quantidade de tarefas que tal evento exigia; Eleonora estava sentada em um dos degraus da escada principal da casa, observando o vai e vem de funcionários. A jovem sentia-se um pouco culpada em não ajudar, mas o pai frequentemente alertava sobre o dever de uma moça com a sua posição e ajudar os criados com as tarefas com certeza não era algo apropriado. Eleonora bufou ao ver Marie passar apressada tentando com custo equilibrar muitos arranjos de mesa.
— Marie, espere! – disse a loira pegando das mãos da criada alguns enfeites.
— Senhora, já falamos sobre isso. A senhora não deve...
— Meus pais não estão por perto e não vou quebrar minhas mãos fazendo algo de útil. – retrucou Eleonora lançando um olhar firme para a moça.
Marie sorriu sem jeito.
— Obrigada, senhora.
— Não precisa agradecer. Como está sua mãe? Melhor do resfriado? – perguntou Eleonora arrumando o conteúdo nos braços e seguindo Marie em direção ao salão de festas.
— Quase recuperada, senhora. Ainda precisa de descanso, contudo o médico afirmou que ela ficaria bem. Obrigada por pedir ao Marquês que o doutor a visitasse. – exclamou a criada com um sorriso afetuoso.
Marie ainda era muito jovem, devia ter quase a mesma idade de Eleonora, porém a moça começara a trabalhar ainda menina, chegou na mansão com dezoito anos, mas já havia trabalhando em outra casa desde os doze. Quase seis anos trabalhando na casa anterior, contudo, não fizera diferença quando a família resolveu mudar de país e deixar a criada desamparada.
— Não precisei pedir. Apenas informei a situação de sua mãe e papai mandou chamar o doutor. Você precisa de alguma coisa? algum remédio?
— Não senhora, o Marquês já providenciou tudo. Nunca poderei agradecer o suficiente a ajuda de sua família. – disse Marie com a voz fraca.
— Você já faz o seu melhor, o que seria de mim sem sua ajuda? – afirmou Eleonora.
As duas deixaram os adereções em uma mesa no salão. A decoração do espaço já estava quase finalizada, grandes arranjos de flores jaziam no arco de entrada do cômodo, as cadeiras eram ornamentadas com fitas de seda em tons dourados que combinavam com os adereços de mesa que acabara de trazer. Eleonora sorriu ao ver que conseguia ver o toque de Cecilia em cada detalhe.
— O baile será belíssimo, senhora. – afirmou Marie olhando ao redor.
— Creio que sim... – exclamou a loira. – Agora vamos na cozinha, talvez possa ajudar em alguma coisa.
— Senhora!
— Bobagem. Meu pai deve estar ocupado no porto e mamãe com a decoração do jardim. Vamos! – disse a jovem puxando Marie pelo braço em direção a cozinha.
X---X
Eram quase sete da noite, Edgar e Afonso estavam na frente da mansão dos Vogel com outros convidados. A porta principal fora aberta e um do criados vestido com elegância destacou-se na entrada.
— Sejam bem-vindos, senhoras e senhores. – a voz alta e melodiosa ressoou e o homem indicou que os convidados entrassem.
O salão fora decorado ricamente e com harmonia entre as cores da casa e os ornamentos da festa, a parte central do espaço fora deixada livre para as danças e próximo a parede principal da sala, uma pequena orquestra estava organizada. Edgar observava cada detalhe com interesse, viu o Marques e a esposa recebendo os convidados a pequena distância mas não havia sinal da senhorita Vogel.
— Está procurando a filha do Marquês? – o sorriso travesso de Afonso trouxe o conde Hendeston da sua contemplação.
— Não tem nada melhor para fazer? – respondeu Edgar mal disfarçando o riso.
— Infelizmente por hora não. Pelo que vejo a senhorita Benthey ainda não chegou. – retrucou Afonso os olhos brilhantes.
— Olhe lá o que pretende fazer. A senhorita Benthey não é moça para brincadeiras. Respeite-a ou terá problemas. – alertou o Conde Hendeston.
— Não precisa preocupar-se, tenho respeito pela moça. Não farei nada que a prejudique. – disse Afonso e para surpresa de Edgar ele estava sério, parecia falar a verdade.
O senhor Hendeston ficara intrigado mas não teve como continuar a conversa. Na porta do salão, a visão da jovem loira que acabara de entrar dissipara qualquer assunto da mente do conde. A mulher trajava um vestido turquesa com pequenas pedras azuis no corpete que delineava o delicado corpo, o cabelo estava preso em um coque envolto com duas tranças bem arrumadas. Ela caminhou em direção aos pais com grande parte dos convidados a acompanhando com os olhos.
— Acho que este é um excelente momento para você, meu amigo, falar com o Marquês. – disse Afonso dando um tampinha no ombro do conde.
Edgar voltou os olhos para o amigo com um sorriso discreto.
— Acredito que seja um bom momento para o meu amigo fazer o mesmo- disse indicando com um gesto o pequeno grupo do Marquês que fora acrescido com a chegada de uma moça de cabelos castanhos e olhos cor de mel.
Afonso concordou com um aceno e ambos foram falar com os donos da casa. Edgar e o Conde Harrington cumprimentaram os Marqueses e as moças, Afonso elogiou a decoração do lugar e Edgar notou a satisfação da senhorita Benthey.
— Agora, se os senhores e as senhoritas derem-me licença, devemos abrir o salão para a valsa. – disse o Marquês. Ele tomou a mão da esposa e os dois dirigiram-se para o meio do aposento.
A pequena orquestra começou a tocar um música lenta e agradável e os Marqueses iniciaram uma dança. Aos poucos mais pares foram juntando- se ao casal.
— Senhorita Benthey, daria- me a honra de dançar comigo? – disse Afonso oferecendo o braço à moça.
— Seria um prazer. – respondeu a senhorita.
Os dois foram para o centro do salão enquanto a senhorita Vogel contemplava a dança.
— Acho que seria insensato não aproveitar a oportunidade de pedir para que dance comigo. – exclamou Edgar olhando para a jovem.
— Acredito que sim. Mas não sinta-se obrigado pelas circunstâncias, senhor Hendeston. – retrucou a moça sustentando o olhar do Conde.
Edgar balançou a cabeça.
— Não é minha educação que faz este pedido, senhora. Sinto que caso não peça agora os seus muitos admirados roubem a minha oportunidade. – respondeu o homem indicando um grupo de rapazes que observava a filha do marquês.
Eleonora sorriu e as bochechas ficaram coradas, ela estendeu a mão ao conde e ele a conduzindo para onde a dança seguia harmoniosa. Edgar cingiu a moça pela cintura com delicadeza e fitando os olhos verdes começou a movimentar-se com o ritmo da música, a loira acompanhava seus passos com leveza. Por um tempo que parecia não acompanhar o fluxo dos relógios, os dois valsaram pelo salão sem deixar que os negros e os verdes pares de olhos rompesse a estranha conexão estabelecida. A música terminou com aplausos dos pares no salão.
— Agradeço a dança, senhora. - sussurro Edgar beijando a mão da moça e com custo separando-se dela, quando o Marquês chamou a filha para perto de si.
Ela curvou-se educadamente e foi ao encontro do pai.
— Caros, senhores e senhoras, como parte dos oferecimentos da casa. Deixo os meus estimados convidados com a bela voz de minha amada filha. – exclamou o Marquês esbanjando um sorriso orgulhoso. Ele beijou a testa da moça, deixando- a junto à pequena orquestra; o pianista tocou as notas inicias de uma melodia suave enquanto o silêncio tomou conta do público. A senhorita Vogel deu alguns passos a frente, os lábios proferiram as primeiras palavras de uma canção, sua voz doce preenchera o espaço e arrancava exclamações de alguns convidados. Edgar sentiu o coração doer em seu peito, a voz da jovem sem dúvida era magnífica, mas a canção que ela cantava foi o que realmente fez seus sentidos pertubarem-se, aquela música fazia parte de sua infância nos lábios de sua mãe. Os aplausos ecoaram pelo salão, o conde mal percebera o término da melodia, sua mente fora tomada por pensamentos que a muito tempo não revivia.
— Você está bem? – a mão de Afonso tocou no ombro do Conde Hendeston.
— A música...
— Eu sei... – murmurou Afonso com o olhar cabisbaixo.
— Só preciso de um pouco de ar, com licença. – disse Edgar abrindo caminho entre os convidados, a atenção dos demais ainda estava voltada para a filha do Marquês.
Edgar caminhou sem saber ao certo onde pretendia ir, sua cabeça zunia com lembranças distantes, ele ouvira ao longe a orquestra voltar a tocar mas não deu importância, parou no corredor fora do salão, puxando o ar.
Siga o seu destino.
A voz chegou a seus ouvidos com um arrepiou em todo seu corpo, o Conde elevou o olhar a tempo de ver uma capa preta esvoaçar no final do corredor. O arrepiou percorreu o seu corpo novamente e seus pés se moveram na direção onde avistaram aquela sombra. Ele apressou o passo e virou em outro corredor ainda seguindo a figura encapuzada, mas tudo aconteceu tão rápido, Edgar vislumbrou a figura com o manto negro parada no final do corredor, viu de relance o sorriso muito branco por entre os lábios pálidos antes de esbarrar em alguém.
— Perdoe-me senhor. – exclamou a voz doce que o fez esquecer a figura encapuzada.
— Senhora Vogel, eu que devo desculpar-me estava tão aturdido que acabei por não ver onde estava indo. – murmurou Edgar.
— O senhor está bem? Parece tão pálido! – os olhos verdes demonstravam preocupação.
— Melhor agora, senhora. Depois de ouvir tão bela voz, por sinal, excelente apresentação. - apressou-se Edgar em dizer, lançando um breve olhar para o final do corredor, agora vazio.
— Não parece ter gostado tanto quanto afirma. Saiu do salão com tanta pressa que parecia fugir. – exclamou a jovem. O delicado rosto modificou-se rapidamente, Ela parecia contrariada. – Perdoe-me, não devia...
— Não foi pela senhora. Mas pela canção. – retrucou Edgar vendo o rosto da moça corar. – A canção era a favorita de minha mãe, ouvi-la esta noite trouxe lembranças que não estava preparado para confrontar.
A mulher abaixou a cabeça encarando as mãos entrelaçadas na frente do corpo.
— Sinto muito por seus pais, senhor Hendeston. Meu pai mencionou o acidente... Não sabia que essa música... Sinto muito por trazer lembranças dolorosas.
Edgar tocou com a ponto dos dedos o queixo da moça erguendo-o suavemente.
— Não há necessidade de pedir desculpas, senhora. Como poderia saber? – disse Edgar sorrindo para a moça.
Ela retribuiu o sorriso.
— Agora, confesso que fiquei surpreso com tamanho talento. - exclamou o Conde
— Está sendo apenas cavalheiro. Canto razoavelmente.- afirmou a jovem.
— Devo discordar, minha mãe era soprano. Aprendi uma ou duas coisa sobre música e apesar de cantar pessimamente, sei reconhecer um talento. – retrucou o homem fazendo um gesto profundo, como se reverencia-se um ator depois de um espetáculo.
— Agora é o senhor que surpreendeu-me, administra negócios, sabe desenhar, planejar e agora entende de música. Estou diante de um exímio cavalheiro. – comentou a jovem com um sorriso divertido.
— A sua disposição, senhora. – disse o Conde.
Antes que a mulher respondesse alguma coisa um gritou ecoou pelo corredor.
— Cecília! – foi tudo o que a moça consegui dizer antes de sair correndo.
Edgar disparou atrás da mulher, ele a alcançou quando esta virou para um corredor que dava acesso ao escritório do Marquês. Fora mesmo Cecília que gritara, ela estava abraçada a Afonso, o amigo encarava o chão a sua frente e com grande espanto Edgar avistou, ao seguir o olhar do amigo, um corpo.
— Ele está morto... – balbuciou Afonso.
Os olhos de Edgar desviaram-se do corpo para a face da mulher loira. Ele tocou no ombro da moça, e ela voltou as íris esverdeadas para o Conde, havia medo em seu olhar.


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Notas finais do capítulo

Espero do fundo do meu coração que você que porventura leia esse capítulo tenha gostado! Deixa teu comentário para saber que tem gente por ai lendo kkkkk. Gostaria muito de 'ouvir' tua opinião. Beijos!



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