A casa na colina escrita por Dricamay


Capítulo 8
Vidro quebrado


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ❤
Espero que gostem!



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20:32h Noite do baile
— Onde está o dinheiro? – vociferou o de olhos escuros.
Gregório ainda fitava o cofre vazio, o companheiro realmente era excelente, conseguiu arrombar o cofre com algumas ferramentas em menos de meia hora, contudo para surpresa de ambos os homens, o local estava vazio.
— Não é possível! O dinheiro estava no cofre! – balbuciou o Visconde, os olhos azuis encaravam o vazio ainda estupefato.
— Pois agora temos um maldito cofre vazio! Sabe o quanto arrisquei-me vindo aqui hoje?
— Também arrisquei-me esta noite. – retrucou Gregório irritado, aquele dinheiro seria fundamental para garantir seu conforto até poder casar-se com a filha do Marquês.
— O senhor deve- me dinheiro. Prometeu um negócio vantajoso! – exclamou o de olhos escuros com uma veia saltada na têmpora.
— Precisamos sair daqui! – disse Gregório caminhando até a porta.
O outro segurou seu braço impedido que continuasse.
— Não saio deste lugar sem meu dinheiro! – A voz carregada de fúria.
— Achas que foi o único prejudicado? Melhor sairmos daqui o quanto antes, em outra ocasião resolveremos o assunto.
Gregório lançou um olhar furtivo para a saída, ouvia-se ao longe o som da orquestra mas sem o alvoroço de outrora provocado pela dança; Eleonora devia estar apresentando-se.
O Visconde precipitou-se para a porta novamente, não podia ser pego, não iria perder a oportunidade de ter a vida que merecia. Antes que pudesse tocar a maçaneta sentiu uma dor latente atingir seu rosto.
— Não vou sair daqui de mãos vazias. Pegue alguns objetos da casa para compensar o tempo perdido. – disse o outro homem balançando a mão que atingira o Visconde.
Gregório massageou o rosto sentido a raiva consumir seu peito.
— Seu patife! Não pegarei nada! – Gregório quase cuspiu as palavras.
O homem de olhos escuros cerrou os punhos e a passos pesados foi até o Visconde, mas Gregório fora mais rápido acertando um soco em cheio no nariz do homem, ele curvou-se com as mãos no rosto tentando conter o sangramento.
— Acabo com você, maldito! – o homem tirou da sobrecasaca uma pequena faca, balançando-a perigosamente na direção do Visconde.
O comparsa avançou para Gregório ainda empunhando a faca. O loiro desviou da primeira investida girando o corpo e com toda força que tinha empurrou o homem contra um dos vidrais da porta. O barulho de vidro quebrando fez Gregório tirar as mãos do homem e para seu espanto, ele viu sangue. A cabeça do homem atravessou o vidro da porta e um dos cacos feriu gravemente seu pescoço, ele movimentou por alguns instantes o corpo e ficou imóvel. Estava morto.
Gregório sentiu o corpo inteiro gelar, não podia continuar naquele local. O Visconde abriu o outro lado da porta dupla com cuidado, todavia a porta abriu-se por completo com o movimento, fazendo o corpo cair com um baque surdo no chão. Gregório passou pelo cadáver rapidamente, o coração latejando em seu peito, ouviu passos em um corredor próximo, rapidamente o homem de olhos azuis seguiu para o final do corredor e pulou por uma das janelas, felizmente o escritório ficava no primeiro andar da casa. O mais novo dos Castillos saiu pelos fundos da mansão e desapareceu na escuridão.
×---×
03:00h madrugada após o baile


— A senhora estava próximo ao local então? – perguntou o Oficial encarando uma Cecília chorosa.
— Sim, estávamos em um corredor próximo quando ouvimos o barulho de algo quebrando. Agora o senhor poderia deixar a senhorita Benthey ir? Ela precisa descansar, foi uma noite agitada para uma moça. – disse Afonso com visível cansaço.
O homem alto de olhos castanhos com fios grisalhos lançou o olhar inquisitivo para Cecília. O rosto da jovem estava inchado e vermelho, ela segurava uma das mãos do Conde como se precisasse de apoio para não cair.
— Certo! Perdoe-me, senhorita Benthey. – murmurou olhando para a moça.
— Obrigada, senhor. – respondeu a moça em um sussurro quase inadiável.
— Dei-me licença, oficial. Levarei a senhorita Benthey até seus pais. – exclamou o Conde Harrington levando Cecília com ele.
— E o senhor, Conde Hendeston?- perguntou o Oficial voltando-se para o grupo que estava na sala de visitas. Três oficiais vasculhavam o escritório enquanto o Oficial Mackenzie ficara responsável por interrogar as testemunhas.
— Sim, senhor. Estava próximo quando ouvi o grito da senhorita Benthey. – respondeu Edgar.
— E o senhor estava com a senhorita Vogel? Mas por que não estavam no salão de festas como os outros ? – a voz do oficial mantinha-se calma mas ele parecia curioso.
— Não passei muito bem depois da apresentação da senhorita Vogel e fui para o corredor, alguns minutos depois a encontrei e estávamos a conversar. – disse Edgar com simplicidade.
— Desculpe- me, oficial. Mas todas essas perguntas foram feitas sem que eu receba informação alguma. Alguém foi morto dentro de minha casa e gostaria de saber mais a respeito. – interrompeu o Marquês com irritação.
O senhor Mackenzie limpou a garganta.
— Claro, Marquês, entendo sua preocupação. Pelo que podemos observar o senhor sofre uma tentativa de roubo que acabou mal, o cofre de seu escritório foi arrombado. Sobre o corpo ainda não identificamos a identidade do homem.– explicou o Oficial sem alterar a expressão tranquila de seu rosto.
O Marquês acomodou-se no sofá. A esposa que até então mantinha-se muito quieta murmurou alguma coisa.
— Não havia nada no cofre. Retirei o dinheiro algumas horas antes para levar ao banco, a pedido de minha esposa. – exclamou o Marquês apertando a mão da esposa com afeto.
— Achei que fosse mais seguro não ter tanto dinheiro em casa com o movimento que íamos ter essa noite. – afirmou a Marquesa.
— Fez muito bem senhora. Agora gostaria de falar com a sua filha, onde a senhorita está? - perguntou o Oficial olhando para os Marqueses.
— Estava com os pais de Cecília esperando o retorno dela. Queria saber como minha amiga estava. – respondeu a moça adentrando a sala. Ela sentou-se ao lado dos pais fitando o oficial.
O homem se cabelos castanhos continuou os seus questionamentos até o retorno do Conde Harrington.
— Acho que por enquanto é apenas isso, senhorita. – murmurou o oficial. – Infelizmente, senhor Marquês, tenho alguma outras perguntas para o senhor que gostaria de fazer no local do crime.
O Marquês levantou- se ligeiramente irritado.
— Querida, recolha-se com Eleonora. Já basta para vocês duas por hoje. – disse o Marquês para a esposa.
— De forma alguma, não deixarei o senhor sozinho. - contestou Eleonora levantando-se do sofá.
— Não estou pedindo, Eleonora. Suba com sua mãe.
A moça preparou-se para responder mas foi impedida pelo Conde Hendeston.
— Eu acompanho seu pai, senhorita. O melhor para as senhoras agora é descansar. – exclamou Edgar com um olhar caridoso.
Eleonora olhou para o pai em seguida para o Conde e acenou concordando, os senhores tomaram o caminho do escritório, quando Edgar sentiu um toque em seu braço.
— Não confie no senhor Castillo. – murmurou Eleonora – Boa noite, senhor Hendeston.
Ela seguiu a mãe para o andar superior. O que significava aquilo? O senhor Castillo não era amigo da família Vogel? Porque aquela afirmação agora?
No escritório enquanto o oficial fazia mais algumas perguntas para o Afonso, Edgar aproximou-se do Marquês, a afirmação da moça ainda persistia como um mistério em sua mente.
— Marquês, perdoe-me a pergunta, mas quem mais sabia da existência deste cofre?
— Apenas minha família e um ou dois amigos de confiança... – respondeu o Marquês. – O senhor acha que foi alguém próximo?
— Não posso afirmar ou descartar nada, senhor. Contudo é provável que alguém que sabia a localização do cofre tenha partido nisto, nem um outro cômodo foi invadido ou objeto foi tocado. Alguém queria o conteúdo do cofre. Desculpe-me soar inconveniente, quero apenas ajudar, mas quem são os amigos que sabiam, senhor?
— O senhor Clark e o senhor Edmundo, meu advogado. – respondeu o Marquês tentando lembrar. – Espere... O senhor Castillo, abri o cofre na presença dele uma vez.
O Marquês encarou o Conde Hendeston pensativo.
— O homem morto não estava entre meu convidados, certamente foi trazido por alguém que tinha conhecimento do movimento da casa em uma noite como esta... – murmurou o Marquês lançando um olhar rápido para o aposento. – Minha família não está segura.
O semblante do Marquês contraiu-se.
— O senhor não está sozinho, Marquês. Farei o possível para ajudá-lo a descobrir o assassino. – retrucou Edgar
— Lembrarei de sua ajuda, senhor Hendeston. – afirmou o Marquês.
Edgar levantava hipóteses ao analisar o escritório, em sua cabeça a frase da senhorita Vogel começava a fazer sentido: não confie no senhor Castillo. Sem dúvida ele era um dos suspeitos.

 


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Notas finais do capítulo

Entao? Como está ficando?
Até o próximo!



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