A casa na colina escrita por Dricamay


Capítulo 3
Esta é a senhorita Vogel


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ❤



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O Conde Hendeston acordou com a pequena faixa de sol atingindo suas pálpebras. Levantou-se xingando com palavras não muito nobres, seu corpo estava mais disposto mas a cabeça o incomodava cobrando a noite mal dormida. Após ter os cuidados necessários saiu do quarto indo em direção ao quarto do amigo, bateu na porta. Afonso a abriu com um sorriso animado.
— Pronto para conhecermos os habitantes de nossa nova cidade ? - disse com um sorriso largo.
— Primeiro trataremos de negócios, falarei com o proprietário do Porto de mercadorias. O Marquês de Vogel, era companheiro de meu pai na fábrica. Depois irei procurar uma propriedade para estalar-me. - disse Edgar brevemente.
— Neste caso irei com você, pretendo alugar um imóvel para os próximos meses.
— Ficará em Monte Silene então? - perguntou Edgar. Ainda tinha suas dúvidas sobre a permanência do amigo.
— Verei o que esta cidade tem a proporcionar. Posso até fazer dela minha habitação permanente. Quem sabe, não ? Em todo caso, meus pais têm meus irmãos mais novos para distrai-los. - afirmou o jovem com o habitual sorriso.
Edgar suspirou.
— Vamos não temos tempo a perder. - exclamou Afonso tomando a frente.
Edgar viu o amigo desaparecer no corredor. De onde ele tirava tanto entusiasmo ? O Conde sorriu, saindo em seguida.

X ------ X
A jovem de cabelos dourados acordara um pouco melhor naquela manhã, ela passeava pelo jardim acariciando pétalas de flores, sentindo o aroma doce de diferentes espécies que ornavam aquele lugar. Sem dúvida o jardim era a parte favorita da casa para Eleonora; ela sentou-se em um dos bancos que rodeavam o chafariz posto no centro do jardim. A moça esperava a resposta de sua amiga; não podendo conter tantas inquietações dentro de si, escrevera uma carta naquela manhã pedindo para sua criada particular que enviasse à casa dos Bentley.
— Eleonora! - a voz conhecida chegou aos ouvidos da moça como um bálsamo para aquela alma.
— Cecília! - exclamou Eleonora correndo em direção àquela tão fiel amiga.
Cecília Bentley era uma moça de vinte e um anos, tão bela quanto gentil. A longa cabeleira castanho- claro estava presa em um coque elegante que deixava apenas dois cachos rebeldes de fora. Seus grandes olhos cor de mel fitavam a amiga com a habitual meiguice.
— Vejamos, cinco meses não é um período muito curto. Seu pai foi deveras generoso. A maioria teria feito você casar-se com aquele homem asqueroso.
— Papai, certamente não vê que o senhor Castillo não compartilha o mesmo caráter de sua família. - disse Eleonora com tristeza.
— Se o Marquês soubesse o quanto o senhor Gregório dissimula para família e para seu pai, jamais cogitaria sua união com ele. - afirmou Cecília.
Eleonora lembrava o modo como o senhor Gregório tratava os criados e demais pessoas que não considerava importantes. Sempre arrogante e cruel, características que na espera dos negócios não faziam diferença, mas evidenciavam sua pobreza de espírito.
— Não falaremos mais do senhor Castillo. - disse Cecília com firmeza. - Devemos procurar a solução de seu problema.
— De que maneira ? - perguntou Eleonora. - Não posso espalhar anúncios pela cidade procurando um marido!
— Bom... dada as circunstâncias...
— Cecília!
Cecília riu graciosamente.
— Estou brincando. Acalme-se. - pediu a moça segurando o riso. - você ainda têm o baile, há uma oportunidade. Além do mais, fiquei sabendo que dois rapazes chegaram ontem na cidade.
— E porventura algum deles é minha salvação? - gracejou Eleonora.
— Quem sabe? - retrucou Cecília.

X------X
— O que dirá ao senhor Castillo? - perguntou a Marquesa Vogel. A sua preocupação com a reputação da filha crescera.
— Ainda não sei... Pensei em por o prazo por conta de alguma promessa. Em todo caso, o senhor Castillo não tomou compromisso algum até agora. Talvez sinta-se confortável por ser o único pretendente que tem meu apoio - disse o Marquês olhando pela janela as duas moças no jardim. - Devo isso a nossa filha, que ela tenha uma oportunidade ao menos...
A porta da sala abriu-se e um dos criados entrou.
— Com licença, senhor. - disse respeitosamente. - Tenho um cartão de visita do Conde Hendeston.
O criado entregou o cartão para o Marquês, que depois de breve análise ordenou a entrada do Conde.
— Com sua licença, Marquês. – cumprimentou o Conde e voltando-se para a senhora fez breve referência. - Marquesa.
— Conde Hendeston! - disse o Marquês com entusiasmo. - Na última vez que o vi era apenas um garoto, agora já é homem feito.
— Sim, meu senhor. - disse o Conde com um sorriso. - o Marquês ainda gerenciava a fábrica junto ao meu pai.
O semblante do Marquês modificou-se.
— Meus sentimentos por seus pais, meu caro. Foi uma perda lastimável. - afirmou o senhor Vogel com tristeza.
Edgar deu um breve aceno com a cabeça. Falar de seus pais ainda doía.
— O senhor veio sozinho a Monte Silene? - quis saber o Marquês.
— Não, senhor. O Conde Harrington veio acompanhar-me. Porém, foi até um imobiliário procurar algumas propriedades. - respondeu Edgar.
— Os senhores vieram na intenção de ficar na cidade, então ?
— A intenção é essa, senhor. Mas para isso creio precisar de sua ajuda. - afirmou Edgar.
O Marquês e o Duque de Hendeston, pai de Edgar, foram muito amigos na juventude e iniciaram a vida nos negócios juntos em uma fábrica que produzia a matéria prima que abastecia os postos de distribuição, após alguns anos, o talento dos dois permitiu que os negócios crescessem. O Marquês tornou-se dono do porto de Monte Silene e o Duque de Hendeston abriu sua própria fábrica, o sucesso fez com que os amigos tomassem caminhos diferentes, mas a estima permaneceu entre os dois homens.
— Neste caso, trataremos de negócios depois da refeição, senhor Hendeston. O senhor ficará conosco para o almoço, não ? Não recusa essa gentileza, certamente. - afirmou o Marquês com um sorriso acolhedor. - Mande chamar seu amigo, o Conde Harrington. Não seria de bom tom deixar os senhores desamparados até estalarem-se adequadamente. Vou pedir para meu criado enviar sua mensagem a ele.
O Marques mandou chamar o mensageiro e depois de instruir o que deveria ser feito, voltou- se para o conde.
— Gostaria que conhecesse minha filha, senhor Hendeston. Ela está no jardim com uma amiga. Minha querida, traga Eleonora aqui. - disse o Marquês à esposa. Esta saiu em busca da filha.
— Venha, senhor. Vamos nos sentar.
Poucos minutos depois a Marquesa voltava com duas belas senhoritas. O Marquês foi até a moça loira e segurando- a pelos ombros disse :
— Esta é a senhorita Vogel, minha filha.
Edgar olhou nos olhos daquela linda moça.
— É um prazer, senhora. - disse beijando-lhe uma das mãos.
Ao entrar em contato com a pele macia, o Conde não pode deixar de sentir algo diferente. Não sabia exatamente do que tratava-se mas tinha a impressão que no fundo daqueles olhos verdes ele via algo que até então não conhecia.
— Está é Cecília Bentley, filha de um grande amigo meu. – disse o Marquês indicando a outra moça. Edgar a cumprimentou do mesmo modo, mas a impressão que a senhorita Vogel lhe causara não foi repetida.
O pequeno grupo acomodando- se na sala conversava sobre variedades de temas na espera do Conde Harrington. Edgar não pode evitar vez ou outra olhar rapidamente para a moça loira. Pouco tempo depois fora anunciada a chegada do Conde Harrington e após as devidas apresentações o almoço foi servido.
— Senhor Harrington, fui informado que o senhor procurava uma propriedade na cidade. Encontrou algo de seu agrado? – perguntou o Marquês depois do almoço, quando os convidados descansavam na sala de estar.
— Sim, senhor. Há uma pequena casa no centro da cidade. O local parece agradável e bem localizado. Aluguei por alguns meses, agora só falta remanejar meus pertences. – responde Afonso contente.
— E o senhor Conde Hendeston? – perguntou o Marquês. – Monte Silene tem belas casas no centro comercial.
— Na verdade, estive pensando em comprar uma propriedade próxima ao porto. Um lugar mais calmo. – respondeu Edgar.
— Neste caso, as habitações perto da colina talvez agradem o senhor. – sugeria a filha do Marquês.
Edgar sorriu para ela.
— Vou procurar a respeito, agradeço a sugestão, senhora.
— Sendo assim, até que os senhores acomodem-se na cidade, ofereço minha casa para recebê-los. – disse o Marquês. – Agora falemos de negócios, siga – me até meu escritório, Conde Hendeston.
Algum tempo depois Edgar e Afonso saiam da casa do Marquês prometendo voltarem no dia seguinte para o chá da tarde. O negócio fora muito melhor do que o Conde esperava, agora a Fábrica da família Hendeston possuía parceria com o Porto de Monte Silene. Edgar encaminhava sua ocupação naquela cidade, só faltava um lugar para morar. Lembrando do que a senhorita Vogel comentou, o Conde decidiu que iria visitar o Porto e verificar as casas que ficavam perto da colina. Porém, sua passagem pela casa do Marquês estendeu-se mais do que o previsto, fazendo- o adiar a visita para o próximo dia. Seus pensamentos conduziram- lhe para aquele rosto suave, aqueles olhos penetrantes e naquela noite o Conde dormiu tranquilamente.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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