A casa na colina escrita por Dricamay


Capítulo 2
Capítulo 2 - Veja! O que é aquilo?!


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ❤



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Eleonora abriu os olhos passando-os rapidamente pelo quarto, estava sozinha. Um suspiro aliviou a tensão acumulada no seu peito, sentou na cama, os lábios foram crispados por um sorriso travesso. A jovem lançou o olhar para o extremo oposto do quarto onde havia uma estante repleta de livros; já lera em diversos deles cenas de desmaio como a que encenara horas atrás. Uma pequena pontada de culpa surgia por deixar os pais preocupados, ela balançou a cabeça como que para dissipar este pensamento, fizera o que era necessário para ganhar tempo.
A jovem ouviu passos vindo do corredor, rapidamente, Eleonora voltou a deitar mas manteve seu olhar na porta. A mesma abriu revelando o Marquês com seu o rosto sério, os olhos castanhos fixaram-se em sua filha, ele caminhou até a cama e sentou na beirada. Eleonora observou cada movimento atentamente.
— Vejo que aparenta melhora. - disse o Marquês com calma. - O nosso médico nos garantiu que não fora nada grave.
Os dedos do Marquês acariciaram o rosto da filha.
— Conheço a senhorita, Eleonora. Tenho a impressão que este mal-estar não passou de encenação. - o tom de voz do pai não foi alterado , a moça abaixou a cabeça encarando as mãos. Sentou-se na cama.
— Perdão, meu pai. Mas não posso casar com o senhor Gregório. Entregar-me a um homem que não amo seria matar meu coração. – exclamou a jovem de olhos esverdeados.
O Marquês encarou a filha, esta segurou as mãos do pai entre as suas.
— Sei que o senhor tem apreço pela família deste senhor. Mas não o amo.
— Eleonora, tu não és mais uma criança. Tens vinte anos. Mais cedo ou mais tarde terás que casar. O senhor Gregório é um bom rapaz, tem boa família. Amor, minha querida, é construído com o tempo. - disse o pai com ternura, porém seu rosto permanecia firme.
Quando tratava-se de sua filha o Marquês de Vogel tentava possuir o equilíbrio entre o dever e o carinho imenso que sentia pela sua herdeira. Eleonora fora criada com o amor de uma filha muito desejada, seus pais tiveram muita dificuldade em gerar uma criança e depois de pouca esperança restar ao casal Vogel, a pequena nascera sendo a única filha.
— Meu pai, conheço o senhor Castillo desde menina e nunca senti afeição por ele, pelo contrário, os anos evidenciaram quanto somos diferentes. Pelo amor que sente por mim, dei-me mais tempo, apenas isso. Porventura, se o destino não fizer com que encontre alguém... - Eleonora engoliu em seco. - Estarei às suas ordens para casar com quem o senhor escolher.
O Senhor Vogel ouviu com atenção cada palavra da moça sem demonstrar nada no rosto rígido. O Marquês levantou-se cruzando os braços e ficou imóvel por alguns minutos, o olhar analítico fixo em Eleonora.
— Tens até teu aniversário. Daqui a cinco meses. Caso não apresente um pretendente que eu aprove, casará com o senhor Gregório Castillo. Isto é tudo. - afirmou o Marquês. O Senhor Vogel deu um beijo na testa da filha e saiu dos aposentos.
Eleonora tentou conter o coração. Ganhara cinco meses. Não era muito, de fato, mas pediria à Deus e todas as possíveis divindades que fosse o suficiente.

X---------X

A aurora despedia-se do horizonte e o caminho era banhado com o início da escuridão. Afonso iniciara uma espécie de monólogo sobre as crenças populares, o senhor Harrington possuía o dom para discutir sobre assuntos diversos com empolgação; falava de poesia, política e combates com frequência. O assunto atual fora motivado pelo comentário de Edgar sobre os rumores à respeito do caminho que percorriam. Edgar apenas concordava com monossílabos e acenos de cabeça os comentários do amigo, que parecia não preocupar-se com a atenção escassa que recebia naquele momento.
O conde Hendeston estava com os pensamentos dispersos e tudo o que almeja era chegar o mais breve possível ao local pretendido.
— Veja! O que é aquilo ?!
A exclamação inesperada de Afonso despertou Edgar de seus devaneios. O rapaz levou o olhar para o local onde Afonso apontara. Entre as árvores, cerca de dois metros de onde a estrada estendia-se, havia uma movimentação, uma pessoa envolta por um manto negro parecia fugir de dois homens de aparência grosseira. Edgar apertou os olhos para tentar distinguir o que acontecia e com espanto pode identificar o movimento de vestes femininas.
— É uma senhora! - exclamou o conde. Ele e o amigo entreolharam-se, o mesmo pensamento parecia perpassar a mente dos ilustres rapazes, a criação dos cavalheiros direcionava a atitude que deveriam tomar.
— Pare a carruagem! - gritou o conde Harrington.
A carruagem parou bruscamente, os dois cavalheiros saíram com agilidade do transporte e lançaram-se a seguir os desconhecidos. Em pouco tempo os alcançaram.
— Basta! O que os senhores acham que estão fazendo ? - disse Edgar ao colocar-se entre os homens e a senhora.
Os estranhos olharam para os amigos com certa surpresa.
— Saia da frente seu estup... - dizia o homem mais baixo dos dois quando foi atingido por um soco de Afonso que acertara em cheio o rosto rechonchudo. O companheiro do homem atingido partiu para atacar Afonso e Edgar adiantou-se para o desconhecido. Uma briga entre os quatro homens foi iniciada, pouco depois dos primeiros golpes serem lançados um som metálico estrondou por entre as árvores. Os homens reconhecendo o barulho voltaram-se para origem do som.
Com surpresa Edgar pode ver o cocheiro apontando uma pistola em direção aos estranhos.
— Saiam daqui senhores, não há necessidade de partimos para o extremo, não? - a voz do criado soara firme.
Os homens vendo que a situação era desfavorável para ambos afastaram-se xingando os condes.
— Quem diria que o senhor Dimitre seria a nossa salvação esta noite - brincou Afonso. - Obrigado, meu caro! Poderíamos ter dominado a ação mas sua ajuda facilitou muito as coisas, de fato.
O conde Harrington apertou a mão do criado que parecia encabulado com as palavras do senhor.
Edgar não prestara atenção nos senhores, os olhos negros fixaram-se na figura encapuzada que assistia toda a cena a pequena distância. Sem perceber o que fazia, o conde foi até a mulher.
— Por que ajudar uma estranha, senhor? - a voz da mulher era suave, parecia acompanhar a brisa que envolvia a floresta.
— Apenas fiz o meu dever, senhora. - Edgar tentou ver o rosto da mulher mas a capa e a noite permitiam que fosse visto apenas os lábios pálidos da mesma.
Ela sorriu.
— O senhor fez muito mais que seu dever, conde Hendeston. Um favor deve ser pago com um favor... agora vá, seu destino o espera.
— Como sabe o meu...
Mas antes que terminasse seu questionamento, uma luz muito forte atingiu os olhos do rapaz. Edgar escondeu o rosto entre as mãos; poucos segundos depois a claridade diminuiu. O conde abriu os olhos, todavia estava sozinho.
— Edgar! - Afonso chamava-o poucos metros atrás do conde. Este voltou para onde os dois homens estavam.
— O que estava fazendo, meu amigo? - perguntou Afonso
— Estava falando com a senhora...
— Que senhora ? - perguntou o conde Harrington confuso.
— Como assim que senhora ? Com a senhora que viemos ajudar, ela estava naquele ponto. - retrucou Edgar gesticulando para o ponto em que estava anteriormente.
— Não zombes de mim! Não havia ninguém com o senhor. A mulher deve ter fugido enquanto brigávamos com aqueles patifes. - afirmou Afonso.
Edgar olhou do amigo para o cocheiro que manteve-se ao lado do seu senhor. Os dois pareciam, de fato, não
terem visto a senhora. O conde pensou em argumentar, mas seu corpo começara a pedir o devido descanso.
— Vamos homem! O dia foi longo. Estou farto de emoções por hoje. - disse Afonso com um sorriso cansado.
Os três voltaram para a carruagem. Cerca de vinte minutos depois entravam no território de Monte Silene. Os condes hospedaram-se em uma pequena pensão, na manhã seguinte iriam procurar um imóvel.
Edgar despediu-se de Afonso seguindo para seu quarto; ao deitar na cama pequena seus pensamentos repassaram os acontecimentos daquela noite, ele repetira mentalmente as palavras da senhora. Mas como ela sabia seu nome ? Como sumiu tão depressa ? O que ela queria dizer com encontrar seu destino ?
Por fim, o conde foi vencido pelo cansaço e adormeceu com seus questionamentos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Até o próximo!



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