Capítulo 41 - Punição

Amigo Oculto...Aline é a primeira a entregar o presente a Max, que observa seu contador sem muita expectativa. De acordo com nosso plano, Aline entregaria um presente para ele que, por sua vez, entregaria outro presente para Valéria, dobrando assim nosso número de créditos. No entanto, não esperávamos que o grupo do Sr. Alípio tivesse seus próprios planos.

"Vai ser um choque!", pensava Alípio, "Mas é a nossa chance de ganhar a dianteira. Infelizmente, esses jogos são assim!"

No telão, os ícones do contador de Max eram exibidos. A animação mostrava uma caixa de presente se abrindo e...sem nada dentro! Ele fez uma cara de espanto, mas não chegou a se exaltar.

— O que?! - exclamou Natália

— Aline...não era esse o combinado - Max olhou para a mocinha que não sabia onde enfiar a cara.

— Desculpa! - ela falou, praticamente chorando - Eu não queria, mas...

— Não precisa falar mais nada! - disse Max, com voz seca - É...acho que seria o mais racional a fazer, afinal, não fechamos nenhum contrato, não é?

— Heh! Como eu imaginava! - comentou Eva.

— O quê? - Aline se virou, estranhando.

— Vocês armaram um plano para sairem dessa sozinhos, tendo total confiança uns nos outros, não é? Heh! Que tolice...achei que tivesse aprendido isso desde o começo dessa casa. Nunca façam nada sem deixar as coisas realmente claras em contrato. Max Demian...parece que você não esperava isso, não é? Confiar que a outra equipe acreditava no seu plano foi seu ponto fraco! - Eva terminou, em tom de deboche.

— Bem, Max Demian recebeu um embrulho vazio. O que acontecerá a ele, dependerá do presente que der - Pitre comunicou.

— Não há nada que eu possa fazer, não é? - disse nosso cabeludo amigo - Não posso mudar meu presente agora...Valéria, eu tirei você.

— Ah, nem vai dar tempo para adivinhar? - Eva provocou, mas Max apenas ignora e entrega o presente nas mãos dela. Valéria também parecia se sentir mal com a traição e pegou o embrulho sem falar nada.

"Não foi nada pessoal, Demian, mas...", ela pensava enquanto trocava os dados com ele. E é aí que vimos os olhos dela se arregalarem. Nisso, até Eva tira o sorriso do rosto.

— Vazio - disse Pitre, ao mostrar a tela - Nesse caso, nada acontece com o Sr. Max Demian!

— O que... - é tudo que Valéria conseguiu balbuciar.

— O QUE?! - gritou Alípio, suando frio - Demian....você...você devia ter dado um presente e...

Essa, provavelmente, foi uma das cenas mais memoráveis daquela casa. O rosto, até agora quieto e sem reação de Max Demian, transformou-se em um sorriso de triunfo.

— É uma pena, Sr. Alípio - ele disse, em tom de sarcasmo - Mas os únicos enganados aqui...são vocês!

— Como assim? - Alípio ainda estava meio chocado. Então, Max planejava trai-los desde o começo?

— O senhor não achou estranho ter fechado um acordo sem contrato nenhum? - disse Max, agora totalmente com a mesa virada - Eu não fiz isso por confiar ingenuamente em vocês...fiz isso, exatamente porque tinha certeza de que vocês iriam me trair!

— Então...você sabia desde o início... - disse Valéria, ainda em choque.

— Exatamente - ele deu mais alguns passos para perto de Valéria, sem tirar as mãos do bolso e jogando seu olhar triunfante como uma flecha - Vocês caíram totalmente na minha armadilha!

— M-Maldito - gaguejou Alípio.

— É uma questão de psicologia - continuou Max - Dê uma ideia boa, mas deixe uma falha nas entrelinhas, no caso, a ausência de um contrato. Concordamos, como cavalheiros, que a proposta era boa e seria vantajosa para os dois lados. Basta que todos façam sua parte, que tudo sairia perfeitamente bem. Mas...deixe uma falha...uma falha aparentemente ingênua, mas que se você usá-la a seu favor pode levá-lo a vitória. Foi o que vocês pensaram, não é? Se a Aline trair Max, faremos ele perder todos os créditos...afinal, ele está confiando na gente...uma traição, uma simples traição é tudo que precisamos para vencer esse jogo! E, realmente, foi exatamente como o planejado!

— Ele...ele sabia de tudo... - disse Aline, chorando - VIRAM?! Eu disse que não ia dar certo? Por que vocês tem que ser tão gananciosos? Se fossemos honestos, poderíamos ter seguido com a ideia original e nada disso teria acontecido!

— Pois é - completou Max - Foi exatamente por terem sido falsos que vocês foram vítimas da falsidade. Infelizmente, a jogada de vocês falhou.

— Não podíamos ter previsto isso - disse Valéria - Agora...estamos perdidos...

"Ela tem razão!", pensou Alípio, "Na nossa cabeça, Max estava confiando na gente e não preparamos uma defesa. Isso quer dizer que..."

— Senhora Valéria...por favor, entregue seu presente - disse Pitre.

— Tirei...o Alan - ela falou com as poucas forças que tinha.

Fui até a frente e meu presente se abriu na tela após os contadores se comunicarem. A caixa se abriu e tinha um ícone que parecia um boneco de Pitre ali (um presente de muito mal gosto, se me permitem dizer...). Sendo assim, ocorreu a pior hipótese para o grupo de Alípio.

— Participante Valéria recebeu um presente vazio e entrega um presente. Pelas regras, ela perde todos os créditos que possui!

— NÃÃÃÃOOOO!!!! - Alípio caiu de joelhos no chão - Droga...se ele tivesse confiado na gente!

— Muito irônico, não é? - disse Max - Tudo porque vocês acharam que nós confiaríamos em vocês...quem é o ingênuo agora?

— De novo...não temos mais nada - disse Valéria, sem acreditar no que acabara de acontecer.

— Droga - Alípio lamentava - Mas...pelo menos eles não podem dobrar o número de créditos que possuem...

— Quem disse que não? - riu Demian cinicamente - Alan...

— Tirei....Eva! - falei, mostrando meu presente.

Eva se aproximou e trocamos os dados. Na tela, a caixa se abre e...tinha um boneco ali dentro também - Como? Eu ganhei um presente? Isso significa...

— Significa que o participante Alan não só está imune, como seus créditos foram dobrados! - disse Pitre - Parabéns!

— Mas...os créditos estavam todos com Max, não estavam? - perguntou Aline.

— Errado de novo - corrigiu Max - Eu passei todos os meus créditos para Alan antes da cerimônia do amigo oculto. Eu sabia que seria traído, então precisava proteger nossos créditos.

Exatamente. Para garantir que nossos créditos dobrassem, Max os passou para mim antes da cerimônia. Ele realmente já tinha previsto tudo!

— Então...ele nos enganou duas vezes - disse Aline.

— Ora...por essa eu não esperava - disse Eva - Bem...meu presente é um pacote vazio para Natália.

Não tinha muito sentido esconder. Elas trocaram os dados e, de fato, era um pacote vazio.

— Obrigada - agradeceu Natália.

"Com isso eu me imunizo, mas...isso quer dizer que Yumi é a única do meu grupo na sessão de votos e, se Max tem 196 créditos agora...droga! Isso é péssimo! Não posso perder a Yumi! Mas, calma...melhor ver como tudo vai acabar..."

 Pitre anunciou que Eva estava imune. Depois disso, era a vez de Natália. Ela suspirou e chama seu amigo oculto.

— Tirei o Senhor Alípio - ela revelou, entregando o presente a ele.

"Espero que pelo menos isso ainda esteja de acordo com o plano original...você me entregou um presente, não é, menina? Você...", é o que ele pensou, mas a decepção se estampa no rosto do veterano assim que a troca de dados nos contadores terminou.

— V-Vazio - ele balbuciou.

— Desculpe, Sr. Alípio. Mas... - Natália tentava se desculpar, mas Max a interrompeu.

— Infelizmente, pela traição de vocês, não podia deixar ninguém sair impune. O senhor também está na berlinda.

— Droga! - reclamou ele.

— Por favor, Senhor Alípio. Seu presente - disse Pitre.

— Tirei essa garota, Yumi - ele respondeu, entregando o presente vazio para Yumi. A tela mostrou o embrulho vazio, sem muita surpresa e, depois, ela já chamou Aline para entregar mais uma caixa vazia. Não tinha porque esticar mais a cerimônia.

— O-Obrigada - respondeu Aline, praticamente petrificada depois de tudo que viu acontecer ali. Yumi não falou nada.

— Sendo assim, encerramos a entrega de presentes do Amigo Oculto da Casa dos Jogos! - terminou Pitre - Os resultados finais são...dois jogadores imunizados, participantes Alan e Eva. Alan termina com o dobro de créditos que possuía, totalizando 196 créditos. Participante Valéria perde todos os créditos que possuía, finalizando com zero. Todos os outros participantes estão na sessão de votos. O preço para imunidade é de 40 créditos. Caso algum participante queira pagar...

— Eu - disse Max, enquanto eu transferia todos os créditos que consegui para ele - Pagarei a minha imunidade e a imunidade de minha colega, Natália. Mais alguém? - ele olhou sorrindo para Eva.

"Bem, a situação até que não está tão ruim assim para o meu lado...mas é melhor ficar esperta", pensou Eva, "Eu até poderia cobrir o preço da imunidade dele gastando o que tenho, mas se fizer isso não terei quase nada para os próximos jogos...mesmo que eu gaste todos os meus créditos, ele só vai precisar sacrificar a garota e cobrir o meu valor. Ele não só vai mandar a Yumi embora como acabará com tudo o que tenho. Não tem jeito. Vou ter que aceitar isso mesmo. Maldito Max Demian...ele induziu os integrantes do outro grupo a trai-lo e se aproveitou disso não só para dobrar os seus créditos como também para destruir todos eles. Simplesmente espetacular!"

— Yumi! - disse a psicóloga - Pague os 40 créditos.

— T-Tá - gaguejou ela.

Com tudo pago, os únicos que sobraram foram os três do grupo de Alípio. A sessão de votos seria apenas com eles. Esse era um dos momentos mais tensos do jogo. Cada um recebe um aparelho de votos e precisavam chegar a um acordo para saber quem sairia. E quando isso é feito só com pessoas do seu grupo, é algo difícil de decidir.

— E agora? Qual de nós vai sair? - perguntou Valéria

— Tsc...quem imaginaria que acabaríamos aqui? A culpa foi minha por ter dado aquela ideia...tudo bem, eu saio..

Mas antes de Alípio terminar de falar, Aline gritou.

— VOTEM EM MIM!!! - ela gritou, com uma voz extremamente chorosa e triste.

— O quê? Aline, mas... - Valéria respondeu assustada, mas a mocinha estava decidida.

— Eu...eu não aguento mais essa casa...se precisamos mentir e enganar tanto para vencer, eu não quero mais continuar aqui dentro!

— Você...está bem? - perguntou Alípio.

— Não! Não tô nada bem! Eu achava que isso seria um lugar divertido, mas tudo que eu vejo aqui dentro são trapaças. Em nenhum jogo apenas disputamos honestamente. Eu...eu...eu não sirvo para essas coisas! Eu sempre odiei falsidade! Se alguém tem que sair, que seja eu!

— Mas.. - Alípio ainda tentava argumentar, mas a garota estava nervosa demais.

— Já está decidido! Se vocês não querem me tirar, eu simplesmente desisto da casa! Não ligo se perder o prêmio por causa disso, mas eu não aguento mais ficar aqui!

Ela olhou para Max, ainda com os olhinhos cheios de lágrimas. Dava pena dela.

— Max...desculpa....desculpa por trair sua confiança...eu...eu não queria...por mim, a sua ideia inicial já era boa demais. Nós...nós merecemos esse castigo!

Max apenas sorriu de volta, com alguma piedade. Valéria abraçou a garota por alguns instantes até ela se acalmar. Por fim, os colegas acabam concordando em tirá-la da casa. Pouco tempo depois, já com as malas arrumadas e um pouco mais calma, Aline se despediu de todos.

— Apesar de tudo...foi legal conhecer todos vocês - ela disse a todos - Valeu, galera!

Todos se despedem e ela sai, ainda meio chorosa. Era de se adivinhar que ela tinha jeito de manteiga derretida, mas era uma pena tudo ter acabado de um jeito tão triste. Principalmente para a Aline, que era tão alegre e cheia de vida. A casa ficaria mais silenciosa sem ela.

— Pelo menos estamos livres daquela vozinha irritante - comentou Eva com Yumi - Mas, pondo isso de lado...precisamos dar um jeito de reagir...e rápido!

Eva tinha razão em se preocupar. Mas quem devia estar mais preocupado eram aqueles dois...Alípio e Valéria. Eles estavam com os créditos zerados, de novo.

— E agora? Estamos com a corda no pescoço! - comentou Valéria.

— Eu sei! - ele respondeu ríspido, tirando os óculos e esfregando os olhos - Não temos mais nada. O grupo de Max está na liderança...tsc. Estamos perdidos. A luta de verdade começa agora!

Créditos Atuais:

Grupo Demian: 116

Grupo Eva: 107

Grupo Alípio: 0