Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 40
Capítulo 40 - Traição




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Capítulo 40 -Traição

Esperar até à noite para a cerimônia de amigo oculto seria demorado. Max, Natália e eu estávamos confiantes de nosso plano e, de fato, se tudo ocorresse conforme o planejado, estaríamos livres da ameaça de Eva e Yumi. Na medida que uma delas saísse, o jogo acabaria para aquele time.

— Ai...o tempo nessa casa não passa! - Natália comentou comigo, enquanto se jogava no sofá do saguão - Isso só serve para deixar a gente mais ansioso!

— Bem...mas pelo menos temos certeza de que podemos vencer, não é? - disse a ela - É infalível, não é, Max?

— Se tudo ocorrer como o planejado - ele respondeu, com o ar calmo e confiante de sempre - Mas, enquanto esperamos, vamos repassar as instruções de novo.

— Certo! - disse em uníssono com Natália.

Enquanto isso, Alípio também chamou as garotas de seu grupo para uma discussão. O que mais eles poderiam querer discutir sendo que já tinhamos um plano tão bom? Bem, saberíamos logo. Alípio faz um sinal para que elas entrassem, olhou para os dois lados de fora e fechou a porta. Valéria ainda estava estranhando.

— Por que tanto mistério? O que o senhor quer tanto falar com a gente?

— Queria discutir com vocês... - ele fez uma pausa desconfiada, mas continua - ...sobre esse plano em que estamos metidos.

— É genial, não é? - disse Aline - Vamos dobrar nossos créditos e acabar com o grupo daquela víbora!

— Mas será que essa é a melhor opção? - Alípio perguntou, com um ar claramente tenso.

— Por que está falando isso? - perguntou Valéria - Claro que é a melhor opção!

— Eu não acho - ele respondeu, deixando as garotas de olhos arregalados. Como assim? Quer dizer que tinha uma opção melhor?

— No que está pensando, Sr. Alípio? Essa opção é a mais benéfica para todos, não? - argumentou Valéria - É a nossa oportunidade de nos livrarmos da Eva agora e...

— Mas se livrar dela é a melhor estratégia mesmo? - ele interrompeu.

— Se não fizermos isso agora, podemos nos ferrar com ela no futuro, não? - colocou Aline.

— Mas quem seria mais fácil de vencer no futuro? Eva ou Max? - perguntou ele.

Era um argumento bom. Eles haviam se esquecido disso. Mesmo que se livrassem da Eva, ainda manteriam um conflito dentro da casa. Afinal, nosso grupo ainda teria que lutar com o grupo deles. E eles sabiam muito bom, de todos os jogos passados até agora, que Max era um jogador muito forte.

— Parando para pensar - disse Valéria, de braços cruzados e olhando para cima - Mesmo que estraguemos o grupo da Eva agora, ainda teremos três membros no grupo de Max Demian para nos preocuparmos.

— E o que vocês sugerem fazer? - perguntou Aline - Agora já nos juntamos ao Max.

— Sim, mas...tem uma falha nessa aliança - disse Alípio.

— Falha? - perguntou Aline.

— Não temos um contrato oficial - ele respondeu - Saímos do quarto de Max sem assinar nada. Só temos um acordo de boca a boca.

— Isso porque nossos interesses em jogo são tão comuns que não faria sentido trair nenhum dos lados, não? - argumentou Valéria.

— Será? - Alípio parecia tramar alguma coisa.

— Fale logo no que está pensando, Sr. Alípio...que coisa! - reclamou Aline. Ele arrumou os óculos e apresentou uma ideia bastante polêmica.

— Aline...você é a responsável por entregar um presente para Max, não é?

— Sim - respondeu ela, com uma expressão claramente tensa.

— Se você der um presente, dobrará os créditos dele, já que ele também entregará um presente para Valéria, certo?

— C-Certo - Aline acompanhava.

— Mas...e se você der uma caixa vazia?

— Se eu fizer isso...e ele ainda der um presente para Valéria...ele iria perder todos os créditos! Nossa! - ela quase gritou, mas Alípio a repreendeu para que fale mais baixo. Aquilo seria mesmo um golpe fatal no nosso grupo!

— Exatamente. Max está totalmente confiante nesse plano, mas para isso precisa da nossa ajuda. Só que se o trairmos, iremos não só acabar com todos os créditos que ele tem, como também iremos dobrar nossos créditos, bastaria Valéria continuar com a entrega de presentes combinada.

— Ficaremos com 220...se o plano seguir do mesmo jeito - disse Aline.

— Isso é mais do que suficiente para superarmos Eva em número de créditos. Seguindo o plano, tanto eu quanto Valéria estaremos automaticamente imunizados. Daí, como teremos o maior número de créditos, basta que imunizemos Aline e deixamos que Max e Eva se matem no paredão.

— Mas Eva ainda pode se imunizar, não pode? - perguntou Valéria.

— Mesmo que ela possa pagar o preço mínimo de imunidade, teremos mais créditos do que ela. Se pagarmos, por exemplo, 110 créditos para salvar só a Aline, ela teria que desembolsar 110 créditos para salvar apenas a própria pele e, no final, ainda teríamos o maior número de créditos da casa. Max não teria nada, Eva perderia quase tudo e ainda teria um membro a menos. Ou, se tivermos sorte, Eva e Yumi podem se juntar e eliminar Max na sessão de votos. Se ele estiver fora, acabou. Daí basta nos juntarmos com todas as forças para derrubar o grupo da Eva no próximo jogo e venceremos.

— Realmente...parece fazer sentido - disse Valéria - Se Aline estiver disposta a fazer isso.

Os dois olham para a professorinha, que se sente bastante pressionada. Ela queria vencer, mas aquilo não soava muito bem para ela.

— Então...vocês querem que eu traia o Max, é isso? - perguntou Aline, com o coraçãozinho batendo a mil.

— Exato - respondeu Alípio - Max acredita piamente que estamos ao lado dele e é de nosso interesse derrotar Eva. Mas, por mais que tenhamos coisas contra ela, é uma estratégia melhor trair o grupo dele, fazê-lo perder todos os créditos e assumir o controle da casa. É nossa chance de vencer!

— Vencer? Mas...vencer assim? Com uma puxada de tapete dessas - ela parecia trepidar.

— Deixe de ser boba! - bronqueou Valéria - Você ainda é muito ingênua, mas é assim que as coisas são. Você não lembra da regra básica dessa casa? O que não é proibido, é permitido. Se podemos enganar Max a nosso favor, então vamos fazer isso!

— Mas...isso é tão sujo! - ela reclamou, com as mãos fechadas e tremendo. Valéria colocou as duas mãos no ombro dela e olha bem nos fundos do olho da garota.

— Você lembra do que está em jogo aqui? São dez milhões para serem divididos em quatro pessoas! Dez milhões, ouviu? Você acha que eles vão ter peninha da gente mais para frente? Quando o cerco estiver cada vez mais apertado? Heim? Isso é um jogo, Aline! Pode ser um jogo sujo, mas é assim que as coisas funcionam!

— Exato - completou Alípio - Estamos competindo por um dinheiro muito alto. Se apareceu essa brecha, temos que aproveitar. Mesmo que seja uma traição suja.

— É que...mesmo sendo um jogo...não me sinto confortável para...

— Então, tá - disse Valéria, em um tom reprovador - Ouviu, Sr. Alípio? Vamos perder a maior e talvez única chance que temos de garantir nossa vitória e levar dois milhões e meio para casa porque a princesinha aqui não quer magoar os outros...que meigo..

— Aline! É a nossa oportunidade! Eu sei que é uma traição, mas é o preço que precisamos pagar pela vitória. Seja racional, ok? Pense menos com o coração e mais com a cabeça.

— Mas...eles estão contando tanto com a gente...não dá para seguir o plano do Max? - Aline ainda tentava argumentar, mas os outros dois pareciam decididos.

— Vou falar mais uma vez: se não aproveitarmos a chance agora, nunca mais podemos ter uma oportunidade dessas! E é justamente por eles confiarem tanto na gente que essa traição é uma boa jogada! Porque temos certeza de que eles vão seguir com o plano, mas se dermos esse golpe ficaremos por cima finalmente!

— Concordo com a Valéria, Aline - continuou Alípio - Até agora só servimos de peões no jogo daqueles dois. Está na hora de provarmos que somos uma força a ser considerada. E só você pode fazer isso, Aline!

A garota estava cada vez mais pressionada. Por fim, acabou cedendo.

— Tá bom! Tá bom! Eu faço! - ela aceitou - Se eu tenho que fazer isso mesmo...

— Senti firmeza - disse Valéria.

— Quando receber seus dois milhões e meio você vai nos agradecer - disse Alípio.

"Droga...eu sempre fui tão honesta...sempre odiei pessoas falsas...por que tenho que passar por isso?", ela pensava, segurando o choro.

Enquanto isso, Eva e Yumi conversavam no corredor dos quartos. Elas também pareciam bastante confiantes no resultado do jogo.

— Acha mesmo que eles fariam isso? - perguntou Yumi - É algo que com certeza pensaríamos, mas aquele grupo...

— Se eles são seres humanos, com certeza pensarão nisso - disse a psicóloga - Pessoas...sempre escolhem o caminho mais fácil e vantajoso, mesmo que seja pisar por cima dos outros ou morder a mão que te alimentou.

— Bem...nunca duvidei muito disso. Acho que é por isso que nos damos bem - respondeu Yumi.

— Heh! Pessoas...sempre são as mesmas, não importa o lugar. Mentir, enganar, trair...se você pode fazer isso sem ser punido, com certeza você irá fazer isso.

— Infelizmente...o mundo é assim - disse Yumi.

— Aceite isso ou você está acabado! - completou a magrinha.

E o tempo finalmente passa. Pitre anuncia o início do Amigo Oculto. Ele chama todos os participantes, que se reúnem no saguão principal, cada um com sua escolha. Como tudo iria acontecer?

— Olá, meus queridos participantes! - cumprimentou o palhaço - Espero que todos tenham escolhido bem os presentes que entregarão a seus prezados colegas de casa. Tudo que precisam fazer é vir aqui na frente, anunciar seu amigo oculto e entregar o presente conectando seus contadores. O software fará todo o resto do trabalho. Alguém gostaria de começar?

— Vai lá - disse Alípio baixinho para Aline - Acabe logo com isso!

— T-Tá - ela respondeu, com voz triste, se dirigindo à frente.

— Senhorita Aline! - exclamou Pitre - Então...poderia abrir nossa sessão de amigo oculto?

— T-Tudo bem - ela começou - Bem...meu amigo oculto é uma pessoa muito inteligente e quieta...não sei muito sobre ele.

— Max Demian! Essa foi fácil...achei que você falasse mais animadamente nessas horas, Aline. Nem parece você mesma... - disse Eva, em tom irônico.

— Bem...acho que estou meio nervosa - respondeu a garota - Mas é ele mesmo...seu presente, Max.

— Obrigado - Max conectou seu contador ao de Aline com um sorriso. 

"Desculpe, Max...você confiou tanto na gente", ela pensava realmente segurando o choro enquanto trocava os dados, "Sou tão traidora e mesquinha quanto a Eva, mas...desculpa...desculpa mesmo!"


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