Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 42
Capítulo 42 - Adivinhação




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Capítulo 42 - Adivinhação

Após a saída de Aline, o clima ficou mais tenso do que de costume. Naquela noite, após a eliminação da garota, Alípio e Valéria subiram imediatamente, não falaram com ninguém. Eva e Yumi ficaram conversando em outra parte da casa. Apenas Max, Natália e eu ficamos nos saguão.

— Parece que estamos na liderança, amigos - ele comentou - Nessa altura do jogo, isso é muito bom.

— Mas o jeito que esse jogo acabou deixou a situação ainda mais delicada - comentei - É como se fosse estourar uma guerra!

— Acho que...já estamos numa guerra - comentou Natália

— Ela tem razão - concordou Max - As alianças temporárias serão cada vez mais difíceis. Veja esse último jogo, por exemplo. Se todos tivessem colaborado, tanto o nosso grupo quanto o grupo do Sr. Alípio estariam bem. Mas eles escolheram a traição. Pude perceber isso logo que os três se reuniram, mas, em parte, isso foi culpa minha. Peço desculpas

— Hã? Como assim, Max? - estranhou Natália - Foram eles que escolheram a traição

— Na verdade...se eu tivesse estabelecido um contrato, isso não teria acontecido e poderíamos continuar com o plano. Sim. Eu induzi a traição deles para beneficiar o nosso grupo...mas se não fizéssemos isso, o grupo do Sr. Alípio poderia nos causar problemas depois.

— Então...

— Exato - Max me interrompeu, já sabendo o que eu dizer - Fiz isso pensando em conseguir a liderança da casa. Agora somos o grupo com o maior número de membros e o maior número de créditos. E, como conseguimos arrancar todos os créditos do Sr. Alípio, mesmo que eles se juntem à Eva, ainda ficaremos na vantagem.

— No fundo, os vilões da história fomos nós, é isso? - perguntei.

— É por isso que pedi desculpas - continuou Max - Vocês entendem a situação, não entendem? Se não trairmos primeiro, seremos traídos depois. Infelizmente, nessa casa apenas os mentirosos sobrevivem.

Aquilo era uma realidade. Alguém poderia dizer que éramos criaturas desprezíveis por trair induzindo uma traição, mas era necessário se queríamos sobreviver lá dentro. E se quisesse o dinheiro para salvar a vida do meu pai teria que aceitar aquilo. O tempo passava e as pessoas iam saindo cada vez mais daquela casa. Estava me perguntando quando eu sairia. Provavelmente não demoraria muito. Acho que entendi o pedido de Aline para sair da casa. Aquele ambiente de desconfiança e mentiras era horrível, por mais que fossem apenas jogos. E, sim, pelo que parecia, precisávamos mentir e trapacear mesmo! Queria sair logo e deixar o resto do jogo nas mãos de Max, mas acho que ele ainda precisava de gente na equipe. A situação era bem tensa, mas era claro que estávamos na vantagem. Se algum dos outros dois grupos perdesse mais um membro, seria o fim de uma das alianças. Exato. Tínhamos que focar em Eva e eliminar alguma delas da competição. Como seria o próximo jogo? Saberíamos logo, mais precisamente, na manhã seguinte.

Logo após o café, fomos orientados a seguir para o lado de fora da casa, no jardim, o mesmo lugar onde fizemos a rodada da Cidade Adormecida. No entanto, dessa vez uma enorme cortina vermelha, amarrada de um muro a outro, cobria parte do jardim. Não tínhamos a menor ideia do que poderia ter atrás daquilo, a não ser, é claro, que fazia parte de mais um jogo insano.

— Uhuhuhuh! Bom dia, meus caros participantes! Então...metade de vocês já foram embora, não é? Que triste! - disse o anfitrião Pitre, que surge do nada, atrás de nós, dessa vez com uma fantasia um pouco mais colorida que na última vez. Ninguém estava muito a fim de falar nada daquela vez, nem mesmo Sr. Alípio que sempre o contrariava.

— Nossa...vocês estão quietinhos hoje...bem, talvez o próximo jogo anime vocês - disse ele.

"Anime?", pensei, "Como se ele não soubesse que nossos problemas são exatamente esses jogos!"

— Tudo bem. Fale logo o que temos que fazer - disse Valéria.

— O jogo de hoje é mais simples que o habitual...chamamos de...Adivinhação!

— Adivinhação? - repetiu Natália.

— Então....teremos um jogo que depende da sorte? - perguntou Eva.

— Ficará mais claro quando abrirmos as cortinas! - ele bateu palmas e as cortinas se abrem. Atrás dela, havia duas cabines, mais ou menos do tamanho de cabines telefônicas. Uma era totalmente vermelha e outra totalmente preta, com a letra A na porta da vermelha e a letra B na porta da preta. Não era possível ver o que tinha dentro de cada uma. O próximo jogo usaria aquilo?

— Como podem ver...temos duas cabines, A e B - ele começou a explicar - E antes de continuar a explicação...imagino que vocês já tenham jogado Esconde-Esconde quando crianças, certo?

— Sim - disse Natália.

— Bem...é algo parecido. Sorteamos uma pessoa para se esconder. Essa pessoa pode entrar nas cabines A ou B, enquanto tivermos as cortinas fechadas. Os outros deverão votar em qual cabine acham que ela está escondida usando uma de nossa cédulas especiais com A e B.

Ele mostra cartelas com várias cédulas, as vermelhas eram A e as pretas eram B.

— Para escolher, basta colocar uma cédula A se acharem que a pessoa está escondida em A e uma cédula B se acharem que está escondida em B. Vocês já devem estar familiarizados com isso desde o jogo dos convites, não é?

— Certo - comentou Alípio - Então...tudo que precisamos fazer é tentar adivinhar onde a pessoa está?

— Sim - continuou Pitre - Isso é o que vai definir a pontuação de vocês.

— Pontuação? - perguntou Eva.

— Exato - o palhaço continuava explicando - Todos vocês iniciarão esse jogo com cinco pontos. A forma de pontuação irá variar para as pessoas que votam e para a pessoa que se esconde.

— Como assim? - perguntou Alípio.

— As pessoas que votam, ganham um ponto se acertarem o lugar que a pessoa se escondeu, mas perdem um ponto se errarem.

— E quem se esconde? - perguntou Valéria.

— Nesse caso, a pessoa que se esconde ganha um número de pontos igual ao número de erros e, ao mesmo tempo, perde um número de pontos igual ao número de acertos.

— É...parece simples - comentou Eva.

— Vamos fazer uma simulação para esclarecer. Temos aqui, seis de nossos empregados.

Seis dos mascarados também tinham aparecido de repente por ali (na verdade, nós estávamos muito concentrados ouvindo as regras que não os vimos chegar).

— Vou ser a pessoa que se esconde. Os seis irão votar onde acham que eu estou. Tenho um máximo de quinze minutos para me decidir onde ficar, mas caso me decida antes disso, basta dizer "Pronto!" - explicou o palhaço.

Ele vai para trás das cortinas, fica em silêncio por alguns minutos e grita "Pronto!". As cortinas se abrem, totalmente (alguém deve controlar o sistema delas por fora, é claro). Nisso, os empregados observam as cabines por alguns instantes, escolhem uma cédula e jogam na urna. Ao final, um outro empregado neutro conta os votos e os apresenta numa tela, que ficava logo acima da haste da cortina (cheguei a comentar sobre isso? Bem, aquele lugar era automatizado em praticamente tudo).

— Temos...dois votos para A...e quatro votos para B. Onde ele estava? - disse o empregado. É dado um sinal e Pitre sai da cabine A.

— Quando é dado esse sinal, significa que a pessoa pode sair. Como estava em A, todos que votaram em A ganham um ponto e todos que votaram em B, perdem um ponto. No meu caso, como era a pessoa que se escondia, ganho quatro pontos pelos erros, mas perco dois pelos acertos. Resultado: ganho dois pontos.

A tela mostra os nomes dos empregados e sua pontuação. Pitre aparece com um aumento de dois pontos. Dois deles também ganham um ponto e os outros quatro perdem um ponto.

— Entenderam?

Ninguém fala nada, apenas confirmam com a cabeça. Mas ainda tinha alguns detalhes a acertar.

— Então...vence quem tiver o maior número de pontos? - perguntou Alípio.

— Na verdade...é um jogo que pode ter vários vencedores - respondeu Pitre.

— Hã? - estranhei.

— Isso porque...estaremos interessados mais na pessoa com o menor número de pontos do que no maior número. Quem tiver a menor pontuação, estará automaticamente fora do jogo!

— O que?! - exclamou Valéria - Se ela não empatar com ninguém...

— Sim. Se houver um empate na menor pontuação, faremos uma sessão de votos, com imunidade valendo 80 créditos. Caso haja apenas um com o valor mínimo de pontos...ele estará eliminado de cara!

É. Aquilo parecia assustador. Dessa vez, mesmo alguém com créditos infinitos poderia se dar mal se terminasse sozinha com o menor número de pontos. A menos que houvesse um empate na menor pontuação, o próprio jogo já eliminaria a pessoa de cara. Em um primeiro momento, parecia um jogo de sorte, mas se estávamos em equipes, assim como no jogo dos convites, poderíamos combinar os votos. Mas...vai depender de quem vota e de quem se esconde. Pitre ainda não havia terminado a explicação.

— Espero que tenham entendido bem...mas os criados estarão aí para esclarecer quaisquer dúvidas. O jogo será feito em sete rodadas, tendo em cada uma, um de vocês para se esconder. Tomamos a liberdade de escolher a ordem de quem irá se esconder

E ele mostra na tela a ordem dos nomes. A saber:

1- Alan

2- Eva

3- Max

4 - Yumi

5- Alípio

6 - Valéria

7 - Natália

"Então...eu sou o primeiro? Bom...se eu fizer alguma besteira, o estrago não vai ser tão grande", pensei. Agora, parece que tudo já estava pronto.

— Bem...se não há mais dúvidas...poderemos começar o jogo dentro de trinta minutos. Até lá, podem já ir pensando no que fazer. Dessa vez, estarei junto com vocês, acompanhando as rodadas. Será divertido! Uhuhuhuhu!

— Ótimo...acho que agora também vamos ter que depender da sorte, não é? - Valéria comentou com Alípio.

— Tsc. Parece que sim. Bem, acho que a melhor estratégia é votarmos em opções distintas, como no jogo dos convites - ele disse - Assim, temos certeza de que pelo menos um de nós vai acertar.

— É...acho que é o jeito - concordou Valéria.

Já Natália e eu estávamos mais preocupados.

— O jogo começa com um de nós e termina com um de nós, né? - ela comentou - Espero que possamos ir bem.

— Não se preocupem - disse Max - É só fazer as escolhas certas que vamos nos sair bem!

— Bem...aproveitando esse início de jogo...o que devo fazer? - perguntei.

— Acho que a melhor estratégia é votarmos na cabine que você não entrar, Alan - respondeu Max.

— Mas nesse caso vocês perdem pontos, não perdem?

— Sim - respondeu Max - Mas não sabemos quantas pessoas dos outros grupos podem acertar. Melhor garantir que você tenha pelo menos dois pontos, já que não sabemos o quanto você pode perder.

— C-Certo - gaguejei, mas era um bom plano. Afinal, do jeito que sou azarado, é possível que todos acertem a minha cabine. Com a ideia de Max, ainda conseguiria terminar com dois pontos. Realmente, foi muita sorte ser o primeiro. Trinta minutos depois, chegara a minha hora de se esconder.

— Muito bem. Podemos começar? Participante Alan da Silva, por favor, vá para trás das cortinas - orientou Pitre.

— Tudo bem - respondi, ainda temeroso. Será que eu vou me sair bem nessa?


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Notas finais do capítulo

JOGO DA ADIVINHAÇÃO - RESUMO DAS REGRAS


— Um dos jogadores se esconderá, os outros tentarão saber onde ele está;



— O jogador que se esconde pode entrar em duas cabines por trás das cortinas: A ou B. Os participantes que estão de fora escolhem uma cédula A ou B, representando a cabine onde acham que o jogador está;



— Quem se esconde, tem até quinze minutos para decidir onde ficar. Depois disso, deve gritar "Pronto!" e as cortinas se abrirão. Os jogadores de fora, então, realizam sua votação.


— Cada jogador que acertou no voto, ganha um ponto. Quem errar, perde um ponto;


— O jogador que se escondeu ganha um número de pontos igual ao número de erros e perde um número de pontos igual ao número de acertos;



— Todos os jogadores começam o jogo com cinco pontos;


— Serão realizadas sete rodadas, uma para cada participante diferente se esconder;


— No final, serão contados os pontos. O participante com o menor número de pontos será eliminado. Caso haja empate nos pontos mínimos, será feita uma sessão de votos com esses participantes, cujo preço pela imunidade valerá 80 créditos;



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