A Vida Que Chamo Minha escrita por GSilva


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Senta que lá vem a reviravolta.



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Ficamos alguns minutos em silencio quando decidi falar.

—Foi logo depois que meu pai faleceu. Tinha um monte de coisa acontecendo e eu só queria que tudo parasse. Ai fui andar por estar me sentindo sufocada em casa, quando fui ver estava na ponte, parei para ver lá em baixo e foi um momento, pode ser que mesmo que o Antonio não tivesse me investigado eu ainda ficasse lá e fosse para casa depois.

—O incidente com os remédios. Foi antes ou depois? – Alicia diz e não faço contato visual.

—Aquilo foi um acidente Ali, eu juro. Eu estava irritada com tudo aquela semana, você lembra. Tinham todos aqueles problemas surgindo, estávamos com os jovens sem controle, sem previsão para melhora e arrecadação de fundos para o projeto. Eu só queria dormir. Faziam dias que eu não tinha mais que 3 horas de sono por dia.

—Antes ou depois Sophie? – Ela seguiu firme.

—Antes, uma semana antes. – Digo respirando fundo.

—Você saiu de casa já pensando na ponte não foi?- Alex me olhou desconfiado ao fazer a pergunta.

—Eu não estava bem, me desculpem.

—Isso é ridículo. – Alicia levanta brava e fica andando pelo quarto.

—Alicia, já passou, por isso eu não queria contar. Eu resolvi, estou bem, podemos seguir.

—Você resolveu? – Ela vira brava em minha direção. –Você só se entupiu de coisas para fazer com o projeto. Você nos tinha para pedir ajuda, caramba. – Ela começa a gritar e prefiro ficar quieta.

—Desculpem, precisamos voltar. – Steve diz entrando no quarto. E quando percebe o clima fica parado na porta. – Algum problema? – Diz olhando para nós.

—Sem problemas. Mark está bem? – Digo tentando voltar ao foco dessa noite para ela acabar logo.

—Sim, falei com nosso superior e ele solicitou a volta dele e vai mandar outra equipe para cobrir tudo. Se houver alguém aqui com nós eles vão achar que cancelamos e vamos conseguir chegar até nosso alvo sem maiores problemas.

—Ok. Então por hoje é isso? – Alex diz virando para ele e já levantando.

—Não. Na verdade meu superior pediu que mudássemos um pouco o plano. – Steve diz e percebo que ele me olha como se hesitasse a falar. – O alvo está nas suas costas Sophie, então a partir de hoje teremos que nos passar por um casal.

Tudo nesse momento para e quando vou ver estou rindo.

—Isso é ridículo. – Olho para a cara dele e vejo que ele segue sério. – Por qual motivo teríamos que fazer isso?

—Qual o motivo você daria para eu dormir no seu quarto? – Ele pergunta e cruza os braços, ainda sério.

—Simples. Você não vai dormir no meu quarto. Resolvi o problema.

— Temos duas soluções para esse caso que discutimos a um tempo já pensando se houvesse algum contratempo como esse. Ou você aceita isso e seguimos com tudo o mais normal que conseguirmos, ou todos vocês serão mandado para um programa de proteção a testemunha e os jovens voltam para os orfanatos, salvo a Clara que será encaminhada para um lugar afastado e onde ninguém consiga chegar perto dela até tudo terminar.

O quarto fica em silencio e eu começo a pensar em tudo.

Pode ser que eu não conheça tanto leis e o governo em si, afinal eu cai de trouxa em uma missão que fingia que o governo abriria exceções para a implantação do projeto.

Mas em momento nenhum eu ouvi que eles trabalhavam para o governo.

—Engraçado, já ouvi sobre proteção a testemunha, mas, vocês mandariam os jovens de volta ao orfanato? E se eles soubessem de algo? Ou alguém achasse que sabiam e fossem atrás deles? – Alex e Alicia me encaram em duvida sobre a pergunta irracional.

—Será um risco que a agencia vai sofrer, o qual você também parece estar disposta. – Ele diz sem se abalar.

—Mais um fato engraçado. Você sempre fala: Agencia. Mas eu nunca ouvi: Governo ou Estado. – Digo o encarando e vejo que ele perde a postura corporal mas volta rapidamente a mascara de tranquilidade.

—Eu já disse:  vocês sabem o que precisam.

E então tudo se encaixa, eles não são do governo.

—Já chega, isso é loucura.

Levanto e vou até a mesinha que estava perto dele, mas estava com meu celular carregando.

—O que você está fazendo? – Ele pergunta enquanto me vê digitando no telefone.

—O que deveria ter feito no começo, ligando para a policia. – Então ele vem e tira meu celular enquanto me segura com a outra mão.

—Ei, solta ela. –Alex vem em nossa direção e me puxa para trás de si.

—Que merda está acontecendo aqui? – Alicia pergunta e me puxa para longe deles.

—Simples. Algo não esta fazendo sentido. – Digo e então me afasto dela. – Os homens de preto chegam, falam que são agentes e em momento nenhum vemos documentos ou qualquer outra coisa que provem que são do lado dos mocinhos.

—Sophie, pare de gritar, vamos conversar. – Steve pede e quando tenta se aproximar Alex o impede.

—Calma ai cara, fica na sua. – Steve levanta as mãos como se rendendo.

—Ok. Eu vou explicar tudo, mas preciso que vocês se acalmem.

—Estamos ouvindo e eu acho ser a verdade dessa vez. –Digo enquanto cruzo os braços.

—Ok. Não somos do governo ou qualquer outra coisa, mas eu juro, somos os mocinhos. – Ele empurra as coisas na mesinha e senta no espaço que conseguiu com cara de cansado. – Meu pai era o fundador de uma facção quando jovem. – Ele vê nossas caras e então respira fundo. – Ele entrou infiltrado ok? Ele trabalhava para o FBI em Los Angeles e em uma missão ele acabou entrando nisso. Mas com o passar do tempo ele ganhou confiança e tudo o que ele podia por ali e então ficou no FBI para conseguir se manter longe de suspeitas. A questão é que ele se casou, teve filhos e então foram atrás dele um dia mas, encontraram com a minha mãe. – Ele parou e ficou olhando o chão como se perdido em memórias. – Eles a mataram e me levaram junto da minha irmã mais nova, Camile. Meu pai foi nos salvar, quando chegou houve um confronto e quando ele me viu descobriu que a esposa e a filha estavam mortas. – Ele parou e olhou para mim. – Mataram minha irmã enquanto eu estava preso para ser o próximo.

O quarto ficou um silencio e acredito que todos estávamos  tentando absorver tudo.

— E como isso aqui começou? Vocês estão usando isso para se vingar dos causadores disso tudo? – digo sem entender a lógica.

—Não estamos atrás da facção que fez aquilo. – Ele diz então fica em pé de braços cruzados. – Claro que eles acabam surgindo e damos um jeito, mas, estamos atrás da antiga facção do meu pai. – Eu olho para os meus amigos e vemos que nenhum de nós está acompanhando o raciocínio. – Eu sei , parece confuso. Meu pai saiu da facção depois que soube que seu sub estava infiltrado da facção que fez tudo aquilo e teve ajuda dos nossos. Ele só queria me manter longe de tudo. Então começamos a empresa e agora ela é algo dentro da lei e tudo como a lei manda. Eu fui para o exercito e virei agente do FBI, mas com alguns anos sai. Uma noite meu pai estava tendo pesadelos, como sempre, e eu entrei no quarto. Fiquei com ele até o outro dia e então algo nos fez ter a certeza que poderíamos fazer isso. Poderíamos acabar com o que ele começou. Então estamos atrás da facção para colocar fim a tudo.

—Deveríamos ter trago vinho. – Alex diz e senta, enquanto Alicia encosta na parede, e eu fico ali em pé quieta.

—Eu sei que é difícil de entender, mas nós somos os mocinhos. – Steve diz, mas não faço contato visual, preferindo olhar o chão enquanto tento ajeitar tudo na minha cabeça. – Isso vai funcionar, vamos pegar eles e acabar com tudo. Estamos aqui para salvar vidas, mas eu preciso que vocês me ajudem. E mais que isso, vocês já são alvos, e eu vou cumprir a parte de proteger vocês.

—Vocês nos colocaram nisso. – Ouço Alicia dizer mas minha cabeça começa a pesar. – A sua obrigação é dar um jeito para voltarmos para casa, isso sim.

—Que casa? Essa é nossa casa? E uma casa de palha que esses babacas construíram para a merda do lobo mal vir soprar e matar todos os imbecis dos porcos dentro. E adivinha quem esses inúteis deixaram para cobrir os porcos que estão fingindo ser agentes? – Alex diz e vejo que ele já passou o limite para tentar se manter calmo.

—Chega. – Digo baixo enquanto eles seguem gritando sobre a injustiça e a merda que nos colocaram.

Respiro fundo e fecho os olhos enquanto conto até 10 e então abro os olhos e percebo que estou tonta.

—CHEGA. –digo mais alto e cai o silencio no quarto.

—Vocês falaram que para onde eu fosse vocês estariam lá. – Digo e olho para Alicia e Alex – Preciso que confiem em mim como fizeram até agora. Eu coloquei vocês nisso, eu vou resolver. – Viro para o Steve. – Eles estarão seguros nos quartos e na rotina deles?

—Sim. – Ele me olha confuso. – Temos homens lá fora protegendo ambos quartos e teremos reforços durante o dia para que nada aconteça. Nosso plano foi feito para deixar vocês seguros.

—Eu tenho a sua palavra que nada vai acontecer a nenhum deles? –Digo olhando séria e deixando claro que não aceitaria qualquer outra mentira.

—Eu juro. O alvo deles é você. Alicia e Alex só estão como secundários nas fotos. Mas estamos com pelo menos 10 homens para cada um deles.

—Ótimo. Vão dormir. Acredito que Alicia vai se sentir mais segura com você no quarto com ela Alex. Pode fazer isso por mim? – Digo e seguro o braço de Alicia dando um leve aperto para que ela soubesse que eu ia cuidar de tudo.

—Eu ia pedir isso mesmo. – Ela diz e vem e me abraça de lado.

—Sem problema, me empresta um blusão e fico com você hoje. – Ele diz e vem em nossa direção nos abraçar.

—Fiquem tranquilos, eu vou cuidar de tudo. Só mantenham a normalidade.

Eles me abraçam mais forte e me dão um beijo na bochecha me desejando boa noite e saindo do quarto.

—Sophie eu sei que está tudo uma confusão, mas eu tenho tudo sob controle. – Steve começa falar assim que eles fecham a porta.

—Cala a boca. – Eu digo e espero um tempo até ter certeza que eles não podem ouvir. – Eu não acredito em um misera palavra que você diz, mas você pode ter certeza, se acontecer algo com eles ou com qualquer outra pessoa daqui, eu acabo com vocês e com a merda de facção que tiver pela frente. – Ele tenta falar mas o interrompo.- A partir de agora não quero segredos, se acontecer alguma coisa e quero saber, se eu sou a merda do alvo deles então você não tem o direito, mas , sim a obrigação de me contar.

—Não é fácil, essa gente joga pesado. Você nunca lidou com isso Sophie.

—Nunca lidei, e não faço noção de grande parte realmente, mas já que vocês fizeram a gentileza de me enfiar nessa história, eu decido como vou lidar. Ou é isso ou cai fora e eu dou meu jeito.

Ficamos no quarto parados nos encaramos.

—Eu quero te proteger, entende isso. –Ele diz me olhando profundamente.

—É pegar ou largar, não estou com tempo e menos ainda paciência.

—Ok, sem segredos.

—Ótimo, pode se retirar. – Digo e indico a saída.

Ele olha para porta e volta os olhos para mim.

—Então, falei sério a parte de precisar dormir aqui. – Ele diz e faz cara de quem espera uma facada a qualquer momento.

Respiro fundo e sinto a dor de cabeça piorar a ponto do enjoo chegar para acompanhar a banda.

—Ok. – Digo sem querer continuar discutindo. – Vou pegar o colchonete. – Pego o que ele vai precisar no armário e o que preciso para ir ao banheiro tomar banho e engolir um comprimido para dor.

Quando volto vejo que ele já arrumou tudo para dormir e tem um mochila ali.

—Me trouxeram roupa para ficar aqui, vou tomar banho. – Ele diz e só sigo em direção a minha cama para deitar, não demora muito o remédio faz efeito e tudo o que eu lembro é ouvir a porta do banheiro abrir e sentir um beijo em minha testa em algum momento da noite, mas, provavelmente o remédio e seus efeitos.


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Notas finais do capítulo

Gente, em momento nenhum eles mostraram os distintivos.
Se isso não é estranho para vocês, para mim que chorei ontem com o casamento do Peralta e da Santiago é o cumulo ;)
Nos vemos no próximo.



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