Levantei e ela tentou fugir, mas agarrei seu ombro e acertei meu punho fechado nas suas costas, ela caiu de joelhos e eu acertei de novo e de novo até ela cair no chão. Sentei em cima dela e fiquei socando suas costas até que fui tirada de cima dela.
Encarei Dabria que estava me segurando.
— Temos que sair daqui agora. - Ela falou encarando Nora e eu.
— O que você tá fazendo aqui? - Nora perguntou.
— Patch me pediu que te levasse para um lugar seguro. - Nora balançou a cabeça.
— Você tá mentindo. Patch não te enviou. Ele sabe que você é a última pessoa com quem eu iria.
— Ele não tinha muitas opções. Entre perseguir os outros anjos caídos que invadiram a sua festa e apagar a memória dos seus amigos cheios de pânico que estão correndo pelas ruas. Enquanto conversamos, diria que ele está um pouco preocupado. Por acaso vocês não tem uma palavra como código secreto para situações como essa? Quando estava com Patch, nós tínhamos uma. Confiava em qualquer um enviado por Patch.
— Na verdade nós temos um código secreto. É Dabria é uma sanguessuga patética que não sabe quando seguir em frente. - Nora cobriu a boca com a mão. - Oh. Acabo de notar por que o Patch esqueceu de compartilhar o nosso código secreto... Com você. - Dabria apertou os lábios. - Ou me diz para que você veio de verdade, ou vou colocar essa coisa tão fundo nas suas cicatrizes que vai ser o seu novo e permanente apêndice.
— Não tenho que suportar isso. - Dabria seguiu para a rua e Nora a seguiu.
— Sei que você está chantageando Pepper Friberg. Ele pensa que Patch está chantageando-o e está fazendo tudo o que pode para colocar Patch no caminho mais rápido para o inferno. Os créditos vão pra você, Dabria. Você diz que ainda ama o Patch, mas tem um jeito bem engraçado de demonstrar. Por sua causa, ele tá correndo perigo de ser exilado. Esse é o seu plano? Se você não pode ter ele, ninguém vai ter?
Eu mal prestei atenção. Nico e Tyler estavam me encarando. Os anjos caídos que eles lutaram estavam no chão também.
— Me ajudem com ela. - Falei.
— O que você vai fazer?
— Cumprir com a minha palavra. - Respondi limpando o canto da minha boca.
Nós arrastamos Caroline para a porta. Nora e Dabria estavam discutindo na rua.
— Nikki, preciso de você. - Nora falou e eu a encarei. - Temos que tirar Baruch de dentro de casa.
— Levem ela para a casa da fazenda e a acorrentem no porão.
— Ta bom. - Nico falou antes de empurrar o corpo de Caroline para dentro do porta-malas.
Nora e eu entramos na casa encontrando Ben e Patch parados perto do corpo de Baruch.
— Patch! - Nora falou.
— Anjo. - Patch levantou e abriu os braços para abraça-la.
— Estou bem. Não estou machucada. Enganei a mente dele para que pensasse que estava tendo um ataque dos Nephilim. E fiz ele acreditar que tinha afundado um pôquer lareira nas cicatrizes dele. Como sabia que os anjos caídos tinham acabado com a festa?
— Sua mãe me expulsou, mas não ia te deixar sem proteção. Montei guarda na rua. Tinha uma grande quantidade de carros vindo na direção da sua casa, mas pensei que fosse por causa da festa. Quando vi o povo saindo correndo pela porta como se tivessem visto um monstro, vim o mais rápido que pude. Tinha um anjo caído fazendo guarda do lado de fora da sua porta, que pensou que eu tinha aparecido para roubar. Não preciso dizer que tive que apunhalar ele, e alguns outros, nas cicatrizes das asas. Espero que sua mãe não note que peguei alguns galhos das árvores do lado de fora. Funcionaram perfeitamente como estacas.
— Ela vai estar em casa a qualquer momento. - Patch assentiu.
— Eu cuido do corpo. Pode fazer com que a eletricidade funcione? A caixa de fusíveis está na garagem. Verifique se algum dos interruptores desligou. Se cortaram os fios da casa, vamos ter muito mais trabalho em nossas mãos.
— Estou indo. - Nora foi se afastar, mas voltou. - Dabria apareceu. Veio com uma historinha que você tinha pedido pra ela me tirar da casa. Acha que ela podia estar ajudando eles?
— Eu liguei pra ela. Ela estava por perto. Persegui os anjos caídos e pedi pra ela te tirar daqui.
— Você está bem? - Ben perguntou observando meu rosto.
— Estou ótima. Nico e Tyler estão com Caroline. - Sorri. - Ela vai pagar pelo que fez ao meu pai, Ben.
— O que vamos dizer a minha mãe? - Nora perguntou.
— Eu... Eu vou me encarregar disso. - Nós viramos para Marcie que ergueu o queixo criando coragem. - A festa foi ideia minha o que faz disso tanto minha bagunça quanto sua. Vou dizer a sua mãe que alguns perdedores apareceram de penetra na festa. Fizemos a única coisa responsável: acabamos com a festa.
— Obrigada Marcie. - Nora falou.
— Não soe tão surpresa. Estou nisso também você sabe. Não sou... Quero dizer... Sou... Sou uma de vocês.
Alguém bateu na porta e nós nos encaramos.
— Finjam que nunca estivemos aqui. - Patch falou colocando Baruch nos ombros enquanto Ben arrastava os outros dois anjos caídos.
Assim que elas abriram a porta Vee e Scott apareceram.
— Sinto chegar tarde. - Vee falou. - Tivemos uma pequena emerg... - Ela lançou um olhar para Scott e os dois riram.
— Distração. - Scott falou e Vee se abanou com a mão.
— Pode falar isso outra vez?
Foi então que finalmente Vee olhou em volta.
— Espera. Onde está todo mundo? A festa não pode já ter acabado.
— Tivemos uns penetras na festa. - Marcie falou.
— Estavam com máscaras de Halloween. - Nora comentou. - Podia ter sido qualquer um.
— Começaram a destruir os móveis.
— Mandamos todo mundo pra casa.
Elas falaram enquanto eu ficava em silêncio. Vee olhou em volta.
Scott e Nora tiveram uma breve discussão em pensamentos até que ela ganhou a batalha. Vee não precisava ser colocada dentro daquela loucura.
— Acabei de ter uma ideia. - Scott falou. - Vou te compensar. Vamos ver um filme. Você escolhe. Sem influenciar sua opinião, mas tem um novo filme de super heróis que quero ver. Tem críticas ruins o que é sempre um sinal de que o filme vai ser bom.
— Deveríamos ficar e ajudar Nora e Nikki a limpar esse desastre. - Vee falou. - Vou verificar quem fez isso e vou ensinar boas maneiras para essas pessoas. Talvez um peixe morto possa ser encontrado dentro dos armários deles. É melhor que fiquem de olho em seus pneus, por que eu tenho uma faca que está sempre ansiosa para furar algumas borrachas.
— Tire essa noite de folga. - Nora falou. - Marcie vai me ajudar a limpar não é, Marcie? - Nora colocou o braço por cima do ombro de Marcie.
— Bom, isso não é muito generoso da sua parte? - Vee falou para Marcie. - O coletor fica debaixo da pia. Os sacos de lixo também. - Ela socou o ombro de Marcie. - Divirtam-se e não quebrem muitas unhas.
Nos encostamos na parede assim que eles saíram e respiramos aliviadas. Marcie sorriu.
— Sorte minha, azar os seus. - Marcie falou e Nora limpou a garganta.
— Obrigada pela sua ajuda essa noite.
— A noite ainda não terminou. O coletor fica debaixo da pia?
— Sim. - Respondi.
"Nora, vá com ela, eu resolvo essa bagunça."
"Como?"
"Usando magia."
Nora levou Marcie para longe e eu comecei a movimentar as mãos. Minha magia saiu fazendo tudo voltar ao seu devido lugar e se reconstituir de novo. Enquanto isso Nora mexia na memória de Marcie.
Quando Blyte chegou Marcie falou com ela sobre termos terminado a festa por que alguns baderneiros chegaram para incomodar. Depois que todos se ajeitaram para dormir Blyte veio bater na porta do meu quarto.
Eu já esperava por isso.
— Eu já sei, se não for para seguir as suas regras eu tenho que ir embora. Assim que conseguir arrumar tudo eu irei.
— Eu não estou te colocando para fora dessa casa.
— Você não manda em mim, Blyte. Ok? Você cometeu os erros.
— Sim, eu cometi erros e não quero que as duas cometam os mesmos erros.
— Só que Nora e Patch se amam. Você uma hora ou outra vai ter que entender isso. Ou a única coisa que vai conseguir é fazer a sua filha se afastar de você. Na verdade, eu não sei como ela ainda continua aqui depois de saber de tudo. Você traiu seu marido, um homem bom. Nora é filha daquele nojento do Hank. Não venha querer ensinar alguma coisa a mim. Já cometi muitos erros, mas uma coisa eu sei. Ninguém manda em mim. Eu faço o que quero da minha vida. Você querendo ou não. Então se é para tentar mandar em mim, eu vou embora amanhã mesmo.
Ela ficou em silêncio me observando. Seu rosto vermelho de raiva e vergonha.
— Eu não vou tentar mandar em você...
— Sim. Até por que eu não fiz nada demais.
— Você acobertou o relacionamento de Nora e Patch.
— O que você queria que eu fizesse? Fosse correndo te contar? Você é louca ou se faz?
— Olha aqui.
— Olha aqui digo eu! - Falei mais alto. - Você manda na Nora enquanto ela viver aqui. Depois que ela sair daqui vai fazer o que quiser da vida dela. E você não poderá impedir, assim como ela teve que engolir o Hank aqui.
— Não fale no nome dele...
— Então não venha tentar falar alguma coisa para mim. E sim. Eu vou sair daqui assim que tiver chance de arrumar as coisas. - Ela saiu fechando a porta com força.
Eu só iria sair daqui depois que Nora estivesse segura.
Eu fui para o banheiro e tomei banho depois fui para o quarto.
Vesti um top preto com detalhes vermelhos, uma calça de moletom verde escuro e meu tênis da Adidas. Fiz uma trança e tranquei a porta do quarto.
Sai pela janela e corri para a fazenda. Assim que cheguei lá encontrei Viktor e Ben conversando.
— Não tem camiseta? - Ben perguntou assim que entrei na casa.
— Onde ela está?
— Presa no porão. Nico e Tyler estão com ela.
Abri a porta e desci as escadas rapidamente com Ben na minha cola. Caroline estava sentada no chão amarrada com cordas enfeitiçadas. Sorri me aproximando dela.
— Não parece tão corajosa agora. - Falei.
— Por que você não me solta e vamos lutar? Não acha mais justo?
— Não venha querer falar de justiça desgraçada! Você traiu meu pai! Traiu seu povo! - Me abaixei ficando com um joelho no chão e outro dobrado frente a frente com ela. - Não venha agora falar de justiça quando você não é justa!
Ela se inclinou para frente e eu soquei seu rosto fazendo ela recuar.
— Você sabe que não pode me vencer. - Ela murmurou sorrindo. - Você sabe que não pode me vencer sem truques.
Aquilo era uma provocação e tanto.
Eu não poderia cair naquela provocação. Mas eu responderia.
Nico, Tyler e Ben foram afastados para a parede e as cordas se soltaram. Caroline levantou e correu para as escadas, mas não conseguiu sair do círculo.
Eu gargalhei quando ela me encarou.
— Não era você que iria lutar? - Perguntei.
Ela correu na minha direção e saltou pronta para me dar uma golpe certeiro, eu cruzei os braços na frente defendendo seu golpe. A força fez ela ser lançada para trás e cair de costas.
— É só isso que você pode fazer?
— Faça o juramento. Se eu vencer você me deixa livre.
— Você não vai vencer. Você já perdeu. - Falei. - Você vai para o inferno. Vai pagar por tudo isso.
— Você não sabe como me mandar para o inferno. E Ben nunca ajudaria você nisso.
— Na verdade eu sei. Minha mãe vive no inferno. - Respondi caminhando até ela que continuava deitada.
Fogo verde se acendeu no chão logo virando azul formando um círculo ao redor dela.
— Não! - Ela falou e abri a mão sorrindo.
— Implora mais. - Pedi.
— Não vou implorar. Eu sei que você já perdeu a bondade do seu corpo.
— Que bom, por que eu jurei que me vingaria. E chegou a sua hora.
Numa rajada de magia que saiu da minha mão em chamas azuis consumiram o corpo de Caroline e o chão a engoliu.
Fiquei encarando as chamas azuis até elas sumirem e virei para os meninos.
Os três me encaravam. Era um misto de medo, compaixão e raiva.
Eu sabia que tinha decepcionado eles. Os três homens mais importantes para mim. Meu irmão. Meu amigo. Meu namorado. Mas o ódio que tinha dentro de mim era maior que isso.
Eu tinha quebrado o acordo com os Arcanjos. Mas eu sabia que eles não iriam se meter comigo, até por que tinham medo de mim.
Virei as costas e subi as escadas deixando os três para trás.