Destino e Maldição escrita por Auto Proclamada Rainha do Sul


Capítulo 4
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu amo escrever do ponto de vista da Catra, de verdade ♥ ela é tem muito material para explorar.



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— Você sabe que não esse não é o seu lugar — dizia a voz no subconsciente de Catra. 

Ela se via naquele lugar escuro em que pertencera durante toda a sua vida. Aquele que sempre aparecia nos seus sonhos, principalmente quando estava sozinha na Horda, depois da partida de Adora. 

Fora do mundo dos sonhos, ela apertava os lençóis com força, não conseguia sentir os braços de Adora ao seu redor e nem conseguia toca-l. Era assustador e solitário como estar abandonada outra vez.

— Você sempre fez tudo por ela, não é? Mas quando ela fez algo por você? — perguntou a voz sinistra no fundo de sua mente. Ela conhecia aquela presença. Não era Sombria, não era igual, mas era tão parecida que quase podia confundir as coisas. — Você queria fugir com ela, deixar a horda e Sombria, mas ela quis ficar, quis ser general de Hordak, não é mesmo?

A imagem apareceu em frente aos seus olhos, como as ilusões de quando estava sozinha. Sacudia a cabeça tentando se livrar daquilo. Não era daquele jeito, não era mais aquela pessoa há anos. Adora não a abandonaria nunca mais.

— Mas ela preferiu ir embora sem você — ela podia ver a fumaça ao seu redor enquanto se afastava da garota loira, por muito tempo aquele dia fora um fantasma em sua vida, fora aquele dia que Adora a largara para viver com pessoas que nem conhecia. 

— Eu virei as costas para ela — falou, um sussurro enquanto tentava tocar o rosto de Adora em sua memória, aquele com os olhos cheios de lágrimas ao perceber que a melhor amiga estava indo embora.

— É verdade? — a voz perguntou, se voltando para a mesma cena de antes, as duas empoleiradas no ponto mais alta da Zona do Medo enquanto Catra planejava uma fuga ousada, as duas andando pela floresta com um planador, todas as vezes que a gata quisera partir — Você sempre esteve disposta, não é? Sempre quis ir embora, mas escolheu fazer isso com outra pessoa.

— Adora… — “Adora me ama” ela queria dizer, mas as palavras morreram em sua garganta. Todas as vezes que ela abandonara Adora para morrer, que a arranhara. Cada uma delas como um peso em seu peito, dificultando a respiração.

— Como ela poderia amar alguém que lhe fez tanto mal.

— ADORA!

— Eu estou aqui Catra — a voz entrava em seus sonhos, mas não podia ser vista e então Catra gritava de novo, tentando silenciar a voz sombria em sua mente.  — Catra!

Foi quando o calor a invadiu por todos os lados. Lá estava Adora, a envolvendo em seus braços com força, apoiando a cabeça contra a dela e então Catra abriu os olhos devagar. Levando um tempo para se adaptar a escuridão do quarto onde  dormiam. 

— Foi só um pesadelo — sussurrou a loira aos ouvidos da gata, acariciando os cabelos, agora longos, da namorada — Eu estou aqui.

— Adora — ela sussurrou, afundando o nariz nas mechas loiras brilhantes. — Eu deveria estar com você, eu deveria ter partido com você.

Adora não respondeu, apenas a apertou mais forte. Segurando-a perto. Não queria falar sobre o passado, não tinha porque revirar isso agora, estavam felizes e estavam bem. Nada disso importava mais.

~~ D&M ~~

Sentiu quando Adora acordou, determinada a tirar Catra do fundo de sua própria mente e então foi empurrada para longe. Tentara ficar pelo máximo de tempo possível. Haviam muitos sentimentos ruins escondidos naquela gata e era um alimento perfeito para que Ariella conseguisse voltar a sua forma original, ao seu próprio corpo.

Como ela sentia falta do seu corpo.

Lembrava-se muito bem de como era o sentimento de andar com os pés descalços na grama e da sensação do ar em sua pele. Como ela amava tudo aquilo. Quando ainda era apenas uma acólita ao lado de Luminosa e as duas deixavam o templo na ponta dos pés e iam nadar em um lago próximo, longe dos olhos de seus mestres.

Espantou essas memórias com um sacolejo da cabeça e voltou a observar as duas deitadas na cama, estavam abraçadas, se consolando.

Adora era de longe a que tinha mais emanava a energia mágica, seguida por Glimmer, mas para chegar até elas precisava de uma abertura, qualquer coisa que trouxesse a tona aqueles sentimentos ruins que em Catra ainda estavam na superfície. 

Encarou a cama por mais um instante, Adora havia se ajeitado por cima de Catra, bloqueando toda a passagem que poderia ter até a gata. Era a hora de partir, ao menos até que pudesse voltar na próxima noite.

Poderia dar mais uma volta, procurar mais alguém de quem se alimentar, mas sabia que não tinha mais ninguém com a mesma carga emocional de Catra e tão pouco alguém que atingiria tanto as pessoas mais poderosas do lugar.

~~ D&M ~~

Catra esperou que Adora adormecesse antes de poder se levantar. Não conseguia voltar a dormir depois de todos aqueles pesadelos. Esgueirou-se com cuidado para não acorda-la, tinha prática nisso, muito mais do que o contrário. Foi até o beiral da janela e se sentou olhando a paisagem que se estendia além da janela. 

Os sonhos haviam atirado ela para aqueles lugares que ela fugira nos últimos sete anos. Não era um lugar exatamente, estava muito mais para um estado de espírito, um estado em que ela estava sempre sozinha, no frio da Zona do Medo e na Horde Prime. 

Respirou fundo para tentar sair de lá, mas era impossível, seu coração já havia acelerado e então olhou para Adora.

Estava bem ali, deitada a poucos metros, com os cabelos soltos caindo sobre o rosto delicado que descansava contra o travesseiro. Aquilo era o que ajudava-a a se acalmar nos últimos tempos, saber que não estava mais sozinha.

“Você sempre fez tudo por ela, não é? Mas quando ela fez algo por você?” 

Não queria pensar naquilo, Adora sempre estivera lá por ela. Tentara traze-la antes, a ajudara a se livrar do Mestre da Horda, a acolhera sem fazer perguntas ou julgamentos e havia ficado. 

Ela suspirou encarando o rosto doce com um sorriso bonito no canto dos lábios, seu coração doía de pensar que poderia tê-la perdido para sempre no coração de Etérnia, o sentimento de ver ela morrendo sem poder fazer nada ainda estava ali e se perguntava se tudo aquilo não era uma ilusão.

Ela sempre fizera tudo por Adora, as coisas boas e as coisas ruins e continuaria fazendo o que fosse preciso, porque sabia que sempre poderia contar com ela no fim da noite para afastar os pesadelos.




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