Destino e Maldição escrita por Auto Proclamada Rainha do Sul


Capítulo 3
Capitulo 2




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Adora estava a mil pelo castelo, tentando garantir que tudo fosse perfeito quando chegou ao quarto de Glimmer e a encontrou ainda de roupão, sentada de pernas cruzadas na cama enquanto escovava os cabelos de Catra.

— Você ainda não está pronta? — perguntou um tanto exasperada enquanto caminhava para dentro do quarto — Você vai se atrasar. 

— Catra me deixou pentear o cabelo dela — respondeu, dando de ombros e erguendo a escova macia como forma de defesa — Isso pode nunca mais acontecer.

— É Adora — disse, Catra, as mãos segurando os pés juntos a sua frente, enquanto dava um sorriso travesso — Isso nunca mais vai acontecer.

Ela reclamou quando Glimmer a acertou com a escova no braço esquerdo. 

— É claro que tem a pata da má influencia nisso — disse Adora se aproximando e puxando Catra pelo braço — Você vem comigo e você se vista para o casamento, eu volto em uma hora para te buscar.

Ela já estava passando pela porta que se fechou atrás dela quando Catra parou a puxando de volta pela mão com delicadeza antes de envolve-la pela cintura, a puxando para mais perto e encostando a testa na dela.

— Então eu sou uma má influencia? — perguntou, sentindo as mãos claras deslizarem em na parte de frente de sua camisa. 

— Você é a pior de todas — Adora fechou os olhos, na expectativa de um beijo que nunca chegou, podia sentir os lábios de Catra parando sobre os seus, mas isso foi só um instante, antes que ela se afastasse. — Hey!

— Você não deveria andar com más influencias — ela sussurrou enquanto se afastava, os dedos largando a mão de Adora aos poucos.

— Você ainda não está arrumada — ela retrucou, segurando os dedos da outra e sentindo as pontas das unhas se cravarem com delicadeza, sem feri-la realmente. 

A feição de Catra mudou de repente. Adora já estava usando um belo vestido longo de baile, vermelho com uma fita dourada marcando a cintura estreita e subia em uma frente única que deixava as costas de fora e se prendia ao pescoço com um colar dourado.

— Catra, ta tudo bem? — os olhos azuis se encheram de uma preocupação genuína. Ela segurou a mão da gata com mais força, trazendo-a para perto e acariciando a lateral do rosto — O que está acontecendo.

Ela hesitou por um instante. Queria atacar Adora e fugir para longe, mas então respirou fundo e apertou a mão na dela e então fechou os olhos com força para evitar o contato visual.

— Eu não sei se estou pronta para isso ainda — ela respondeu, sendo o mais sincera que já fora na vida — Eu não sei se o povo de Etérnia está pronto para me aceitar, ainda mais ao lado da rainha — ela fez uma pausa, Adora podia ver o peito de Catra subindo e descendo enquanto ela tentava controlar a respiração, abrindo os olhos devagar — A filha da rainha que eu…

— Não — disse Adora se aproximando e colocando um dedos sobre os lábios dela — Aquilo foi uma escolha de Angela, não foi culpa sua.

Adora abraçou Catra, a envolvendo com força junto ao peito. Haviam outras coisas que Catra temia em ter que enfrentar Lua Clara e as outras princesas, coisas que ela nem queria pensar e ali, nos braços de Adora, era mais fácil de ignorar.

— Você promete que vai ficar ao meu lado? — ela perguntou, apertando o corpo de Adora junto ao seu, afundando o nariz contra o pescoço que conhecia bem.

— Sempre. — respondeu Adora.

—__________________________________________________

Todas as princesas estavam reunidas no salão, junto de muitas outras pessoas da Rebelião, guardas e até algumas pessoas do povo comum que estava empolgados em ver de perto a rainha que salvara Etérnia e de festejar o seu casamento.

Catra entrara logo antes de Glimmer, de braços dados com Adora, que mantinha uma mão segurando a dela enquanto percorriam a nave com um sorriso, brilhante voltado apenas para Bow que lhe ergueu os dedões em forma de aprovação.

Pararam ao lado do altar, ainda de braços atados e mãos dadas. Adora podia sentir as mãos de Catra tremerem quando os olhos dispares percorriam a multidão ali reunida.  Ela fez uma pausa e então seus olhos se voltaram para Bow por um instante. Ele estava petrificado, os olhos pregados na entrada do salão e Catra sorriu ao ver a cara de bobo com a boca levemente aberta.

Adora lhe deu uma cotovelada de leve na costela, pedindo que ela prestasse atenção sem dizer nada e então os olhos desiguais se voltaram para onde Glimmer entrava. A rainha de Lua Clara era sempre brilhante, mas naquele dia parecia muito mais do que o normal. Usava um vestido lilás tão claro que quase parecia branco e refletia as diversas cores do salão enquanto ela caminhava devagar pela nave, sorrindo nervosa, sem desviar os olhos do destino na ponta do altar.

Catra sentiu uma paz estranha naquele momento, então deitou a cabeça no ombro de Adora que lhe acariciou as mãos em respostas. Mas isso não chegou a durar um minuto inteiro.

Quando Glimmer finalmente alcançou o altar e começou a trocar os cumprimentos antes de iniciar a cerimônia e então toda a luz acabou de repente. Catra apertou as mãos de Adora com mais força, tinha medo de perde-la em meio a multidão e sabia que todos os estavam fazendo o mesmo, se agarrando as pessoas mais importantes e próximas.

As duas avançavam juntas pela escuridão, tentando alcançar o casal de noivos para tentar fazer algo. A magia de Glimmer e Micah serviam como um farol, mas não conseguiam manter mais do que poucas fagulhas antes que se extinguisse.

— O que está acontecendo? — perguntou Adora, tocando o ombro da rainha que, mesmo na escuridão, parecia perturbada.

— Eu não sei — a voz dela tremia, enquanto tentava mais uma vez fazer alguma coisa que pudesse iluminar o lugar, mas nada realmente parecia funcionar.

Em pouco tempo a luz voltou, todos estavam agarrados uns nos outros, espantados olhando para todos os lados procurando por algo ou alguém que pudesse ter causado aquilo. 

— Nós vamos ver se nada aconteceu com a pedra — ele disse segurando os ombros da filha — Mas não deve ter sido nada, vamos continuar.

— Você tem certeza? — perguntou a rainha com as mãos ainda tremendo, tinha medo de que algo pior pudesse acontecer — Vamos esperar alguns minutos, só para ter certeza.

Todos se encararam por alguns instantes, mas a verdade era que todos tinham a mesma sensação estranha, um frio que se espalhava pelo peito enquanto conversavam. Ninguém diria isso em voz alta, mas era como se Sombria estivesse por perto, se preparando para começar a mexer com a cabeça de todo, ao menos era o que Micah, Glimmer, Adora e Catra sentiram.

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A escuridão caiu sobre Lua Clara e então a sombra conseguiu se mover por entre os corredores com uma rapidez impressionante. Em poucos segundo já estava no grande salão, circulando por entre os rostos chocados. Tinha plena ciência de que o tempo não parecia passar para eles.

Esquadrinhou os rostos o mais perto que podia, não conhecia nenhuma daquelas pessoas presentes, isso significava que muito tempo havia passado em sua prisão, tempo o suficiente para que as rainhas que conheceu tivessem seus filhos e esses crescessem e tivessem seus próprios filhos que agora ocupavam os tronos. Três gerações no mínimo haviam se passado desde então.

Se aproximou do altar e das figuras ali, os monarcas de Lua Clara se nada houvesse mudado. Encarou o homem grande de cabelos compridos que ocupava o lugar de destaque no palanque, ao seu lado uma mulher muito parecida a ele. Tinha a leve sensação de conhecer a mulher, mas não fazia ideia de quem poderia ser o homem. 

Se aprofundou na memória dele e a torrente de lembranças a preencheu. Ele havia sido pupilo de luminosa e então ela se tornou uma aliada da Horda, uma vontade irresistível de rir tomou conta de seu ser, então fora apelando a magia sombria que Luminosa a calara. 

Quase perdeu a conexão com sua fonte de conhecimento, mas se manteve com algum esforço. Ele havia se casado com a herdeira de Lua Clara, a maldita criança que havia lhe tomado o trono. O sentimento de rancor tomou conta dela e já não conseguia se manter ali. 

Encarou as outras pessoas no palanque e então reconheceu a filha do homem, ela havia ascendido uma faísca de luz e encarara a máscara vermelha de Luminosa, mas fora por apenas um segundo. 

Se aproximou do grupo que agora era composto por 4 pessoas, não precisou se conectar a ninguém para sentir o forte poder do Coração de Etérnia ali. A jovem Glimmer estava quase conseguindo estabilizar seus poderes e então era melhor ela desaparecer.

Quando as luzes voltaram a iluminar o grande salão, ela já estava escondida nas sombras das alcovas, esperando que a noite caísse. Ainda havia mais coisas a descobrir.




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