Ligados escrita por Liberii


Capítulo 5
Os debates de um líder


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais e tenham uma boa leitura.



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          ✯ Blossom ✯

 Estava de braços cruzados enquanto esperava Buttercup voltar com o professor. Ela e o desordeiro moreno haviam saído a uns 20 minutos e estavam demorando, apesar de que a viagem para a nossa casa demorasse eu esperava que eles não enrolarem lá mais que o necessário já que ninguém estava confortável com a situação que nos encontrávamos.

  Eu estava de pé -assim como todos os outros- observando pela pequena janela que se encontrava no comodo, enquanto Bubbles estava a uns passos de distancia e os outros desordeiros, perto do sofá em uma distancia segura. Ninguém confiava o suficiente um no outro para sentar e relaxar, então tudo que podíamos fazer era ficar em alerta à espera de Buttercup.

 Percebi que minha outra irmã mordia a ponta do dedão em sinal de nervosismo, acho que ela nem estava sentindo pois estava com um olhar perdido em direção a parede. Era sempre assim: Quando algo a incomodava, deixava chateada ou quando pensava muito sobre algo, começava a morder o dedão da mão direita e ficava em perdida em pensamentos até alguém lhe acordar ou até ter uma ideia que pudesse resolver o problema que ela enfrentava.

   Uma vez eu a peguei mordendo o dedão em casa e tive que gritar para ela parar, pois estava começando a sangrar. Ela nunca disse o que a tinha incomodado tanto a ponto de se machucar e não perceber, e eu também nunca perguntei. Parto do principio em que todos temos segredos e enquanto elas respeitarem os meus, respeitarei o delas. Bubbles nunca se incomodou, já Buttercup fazia tempestade em copo de água, dizendo que os segredos ainda iriam destruir nossa relação de confiança mutua umas nas outras, como se ela não tivesse segredos.

   -Bubbles.-A chamei, quebrando o clima silencioso na sala.

  Desde que os outros foram buscar o professor, o macaco tinha saído e se trancado no laboratório-que era o primeiro andar inteiro.- nos deixando no segundo andar, sozinhos e nenhum de nós falou mais nada e o clima tenso só se intensificava.

   Brick e Bommer estavam de pé perto do sofá do outro lado da sala, mas mesmo assim também viraram a cabeça em nossa direção, querendo saber o que falaríamos ou simplesmente incomodados com o silencio tenso que pairava no ar, assim como eu. No caso, somente Brick virou a cabeça, porque Bommer parecia que já estava encarando a direção em que Bubbles se encontrava faz tempo e por algum motivo eu não gostei disso, a hipótese de ele querer se vingar dela pela luta de mais cedo ainda estava pairando em minha cabeça.

—Sim?-A loira parou de morder o dedo e se aproximou.

   A observei de cima a baixo assim que parou ao meu lado e entortei o lábio para o que vi, não conseguindo esconder minha careta de preocupação. Ela estava com uma cara péssima, desarrumada e fedendo por causa dos destroços e do esgoto, mas acima de tudo ainda estava muito ferida, tanto que os poucos passos que fez em minha direção, ela fez mancando. 

  Buttercup sempre se curou mais rápido do que nós duas, se fosse cortada em alguns minutos já estava curada e arranhões e as manchas roxas desapareciam em um piscar de olhos. Mas  não é como se ficássemos para trás, demorava horas ou até mesmo dias, mas nós poderíamos curar até o mais grave dos ferimentos com o descanso adequado.

   Eu estava me curando, lentamente, mas me curava. As dores de estomago -por causa dos socos- haviam parado, meus arranhões já criavam cascões e provavelmente eu estaria nova em folha em uma hora ou duas. Diferente de Bubbles.

   A loira ainda sangrava em alguns lugares e foi isso que me chamou atenção, pois não sangrávamos. Pelo menos não por tanto tempo.

   A primeira etapa da cura era a coagulação de qualquer ferida. Independente do tempo que demorasse para curar era um fato que todas as nossas feridas paravam de sangrar logo depois que recebíamos o ferimento, pois o sangue coagulava rápido graças ao elemento X em nosso corpo.

—Você está sangrando. -Disse por fim, reparando em um arranhado na bochecha da mesma e em seguida passando os olhos novamente por todo o seu corpo, onde continha mais ferimentos abertos. 

  Ela franziu o cenho e olhou para os próprios braços, os arranhões estavam vermelhos e ainda tinha um leve roxo ao redor do pulso, a onde eu havia segurado ela para que a impedisse de cair a um tempo atrás, depois voltou o olhar para suas pernas onde de alguns ferimentos escorriam sangue.  

   Eu sabia que Bubbles escondia alguma coisa, afinal querendo ou não, eu acabava sendo a mais observadora de todas as três e por isso não deixou de reparar o desempenho de minha irmã na batalha -mesmo que eu tivesse batalhando também- e posso afirmar com todas as letras que foi fora do normal.

   Ela estava lenta.

 Não muito, mas Bubbles sempre foi a mais rápida das três e hoje por algum motivo, ela usava a mesma velocidade que eu e Buttercup. Seu voou também estava desequilibrado. Sabia que sua irmã não era a melhor em equilíbrio, mas nunca tinha deixado isso afetar sua velocidade e suas lutas. Nunca.

  Era um erro fatal que nenhuma das três nunca havia cometido: Ser distraída no meio de uma luta e perder o equilíbrio. Pelo menos, nunca até o dia de hoje, quando a loira despencou quase 15 metros de altura sem nenhum plano para recuperar o equilíbrio que -ela sabia- por algum motivo estava falho.

 -Estou.-Foi a resposta da loira.

—Por quê?- Eu sabia o que parecia. Meu tom de voz não soava como uma irmã preocupada, soava como uma líder avaliando um soldado e por um momento praguejei mentalmente, mas era involuntário eu começar a avaliar a situação por esse ponto.

 Uma das coisas que eu não gostava, era o titulo que pareceu nascer grudado nas minhas costas e fez eu ser considerada a "líder". Por causa disso esperavam de mais de mim, eu esperava mais de mim mesma, a cada dia, cada hora, a cada suspiro.

  Simplesmente não havia espaço para falhas.

  Não tinha o privilegio de parar por um dia e apreciar as pequenas coisas como Bubbles ou jogar tudo pro alto e dar uma de rebelde como Buttercup, por que eu sabia que elas só tinham essa liberdade por saberem que eu estaria ali para elas, sabiam que apesar de tudo, poderia contar comigo e esperavam que eu sempre as tirasse de enrascadas e tivesse um plano. Esperavam que meus planos sempre funcionassem, que eu nunca perdesse o controle e que soubesse de tudo.

   Por esse dever em meus ombros, sempre tive que equilibrar o lado "irmã" e o lado "líder" em uma batalha ou até mesmo no dia a dia, eu tinha a impressão que as duas não conseguiriam viver sem ficar me pedindo conselhos ou deveres a cada dia, mesmo que elas nem percebessem. Bubbles me informava sempre que ia sair e ainda pedia permissão sempre que queria treinar em nossa sala de combate, enquanto Buttercup tinha ideias sobre treinamentos ou até mesmo alguma coisa que queria e ia em minha direção perguntando "O que eu achava?" e eu sabia que se minha reposta fosse negativa, ela inconscientemente desistiria da ideia ou acharia defeitos. 

   Parece que elas não percebiam que sempre recorriam a mim e me chamavam de "arrogante" quando eu ignorava, mas que culpa eu tenho? Cansava ficar com esse fardo, eu nunca pedi esse titulo, porque eu tinha a obrigação de segui-lo dentro da minha própria casa? Mas quando eu tentava dar uma ordem direta elas surtavam e diziam que eu me aproveitava de ser considerada "líder"

   Eu deveria ser um soldado, querendo ou não fomos criadas para isso, mas nem sempre era fácil, as emoções falam mais alto que o raciocínio em um campo de batalha e eu tenho que travar uma batalha interna, sempre, para seguir o raciocínio.

  Mas agora, o desempenho de Bubbles na batalha poderia te custado a sua vida e isso era algo que eu não aceitava. Querendo ou não, não era a hora de ser uma irmã carismática, estava na hora de ser a líder que elas esperaram e agarrar usar titulo que me foi designado, ignorando minha vontade de sentar ao lado da mesma e limpar seus ferimentos enquanto murmuraria que tudo ficaria bem. Era hora de avaliar a situação por cima e se Bubbles sabia de algo comprometedor, deveria dizer.

  -Depois...- Ela lançou um olhar significativo em direção aos garotos o outro lado da sala.
"Estão ouvindo." É o que parecia dizer

     Acenei com a cabeça, mas não deixo de estreitar os olhos para deixar claro que aquela conversar não havia acabado. Ouviu a loira engolir em seco, mas ignorei.  Ela sabia algo e iria me contar, não era uma escolha. O que quer que escondesse quase custou a vida dela e ela, no minimo, deveria se explicar.

—Quando vocês chegaram?-Perguntei para os desordeiros. 

  Por um momento ficaram surpresos por eu ter lhe dirigido a palavra, já que estavam em silêncio durante tanto tempo mas logo os dois se entreolharam e o loiro resolveu responder.

—Uns dias.

—Chegaram a uns dias e já tinham um plano pra nós matar?-Lancei a frase no ar com um olhar afiado, percebi Bubbles se encolher ao seu lado -provavelmente prevendo uma futura discussão- mas minha atenção estava nos meninos.

—Infelizmente-Dessa vez quem disse foi Brick, cruzando os braços.-Não deu certo.

—Vocês devem ser mesmo amargurados.- Digo, enquanto lanço um sorriso sarcástico em direção aos dois.

  Bubbles me lançou um olhar chocado, talvez por nunca  me haver visto falar assim antes, nem eu mesma me lembrava a ultima vez que tive de usar palavras afiadas com alguém, geralmente ninguém se arriscava a um debate verbal comigo. Mas para fazer isso agora tinha um motivo, tinha um objetivo.

—Considerando que quem quase morre é meu irmão...-Brick se pronuncia e endireita o boné vermelho na cabeça, uma mania, eu percebi. -Pode-se dizer que eu estou muito amargurado nesse momento. 

 Percebi Bubbles se encolher mais ao meu lado e estreitei os olhos em direção ao ruivo, já que ele havia avançado um passo, provavelmente querendo impor presença ou alguma ameaça silenciosa e isso me irritou. Não precisava que um desordeiro deixasse sua irmã culpada por algo que, obviamente, acontecia em todas as lutas.

—Considerando que ela caiu treze metros no chão por culpa do seu irmão, foi quase enforcada por você e atacada pelo Butch e...- Parou um pouco, esperando as palavras fazerem o efeito desejado, então continuei. - ainda salvou a vida dele, me pergunto, quem deve ter motivos para ficar amargurado aqui.

  Vi Brick trincar o maxilar em irritação e sorri. Objetivo de desestabilizar o desordeiro, completo.

  Isso me deu uma vaga sensação de vitória e me perguntei até onde o dito "líder" dos Desordeiros conseguiria ir sem perder a calma, já que pela as minhas análises, dos três ele era o que mais tinha problemas com raiva.

  Diferente de mim, Brick parecia gostar de ter o titulo de líder nas costas e procurava se manter sempre serio e impassível, mas admito que era fácil para mim irritá-lo. Talvez por sermos opostos ou por ambos termos os títulos de lideres, mas eu sempre consegui irritar o ruivo, principalmente em uma luta e isso me fez perceber a falta de controle do mesmo com as próprias emoções. Ele conseguia ir de desinteressado para um lutador descontrolado em questão de segundos e isso piorou depois que derrotamos ELE.

  Na verdade parece que todos os três ficaram um pouco descontrolados depois disso e não tivemos outra alternativa, a não ser expulsamos da cidade. Mas eu tinha suspeitas sobre o motivo disso, mas só poderia confirmá-las voltando novamente no laboratório do professor e isso...não era uma opção.

—Obrigado. -A voz de Bommer me desperta de meus pensamentos.

  Eu pisquei, processando o significado da palavra e percebendo que ele não se dirigia a mim, mas sim a loira ao meu lado. Pisquei de novo, em surpresa. Reparei que Brick arqueou a sobrancelha para o loiro, provavelmente a única reação que demonstraria.

  Olhei para a irmã ao meu lado, que tinha as bochechas coradas e o rosto em uma expressão entre vergonha e surpresa. 

 -Er...-Ela olhou uma vez para mim e voltou seu olhar para o loiro.-De nada?

  O loiro assentiu e se jogou no sofá, sentando de maneira relaxada.

 -Se vamos conviver juntos, teremos que nos dar bem...então não podemos ficar brigando.-Ele disse com a voz decidida e não pude esconder minha surpresa.

  Bommer era o único dos irmãos que eu não conseguia fazer uma avaliação. Geralmente eu poderia dizer como era a personalidade de uma pessoa depois de alguns minutos de conversa ou um tempo de convivência, por exemplo: Butch era viciado em adrenalina, sarcástico e irônico, mas não conseguia ficar quieto por muito tempo. Brick era sério, frio e distante, mas poderia perder o controle fácil. Bommer...era um mistério pra mim.

  O loiro as vezes parecia estar em transe e não falava nada, o que caracterizaria ele como um pessoa fria, mas em outras vezes ele parecia disposto a entrar em um debate verbal árduo e não deixava de lado a postura relaxada e em outras ele parecia...perdido.

   Eu não conseguia entender, apesar de desconfiar que Bubbles o entendesse de alguma maneira, já que diferente de mim e Buttercup, ela parecia não odiar a sua cópia.

  Estranho, no minimo.

 -Ele tem razão.-a loira concordou.

    Troquei um olhar com Brick e soube que nós dois pensamos a mesma coisa, teríamos que conviver juntos e em paz? 

       Veremos.

   Não consegui segurar o sorriso involuntário em meu rosto por aquela ideia que parecia -no minimo- absurda, mas já que não tínhamos opções não vi problema em seguir o ritmo.

  Então me desloquei para perto do desordeiro ruivo. 

  A cada passo que eu dava, percebia o loiro ficava mais tenso no sofá e podia sentir o olhar de Bubbles queimando minhas costas, provavelmente se desesperando, imaginando o que eu faria. Mas quebrando a expectativa dos loiros, quando estava a três passos de distância do ruivo a única coisa que fiz foi estender a mão em um gesto de paz.

 -Trégua?-Perguntei sorrindo. Um sorriso inocente aos olhos dos loiros, mas eu sabia, que meu sorriso tinha outro significado para o desordeiro a minha frente e obvio, que ele percebeu.

 -Trégua.-Ele apertou minha mão e ouvi suspiros aliviados dos dois loiros.

   Mas Brick também exibia um sorriso como o meu. 

   Um sorriso que não era de trégua.

   Um sorriso de desafio.

  Eu sabia que pensávamos exatamente a mesma coisa sobre essa trégua: Uma chance de descobrir fraquezas. Afinal, estávamos a anos sem nos ver, o que antes era debilidade tinha se tornado força e não conhecíamos os pontos fortes e fracos um do outro atualmente e se aquela convivência pacifica servisse para algo, seria para isso.

  Afinal, eramos tecnicamente iguais. Cópias um do outro. Os dois lados da mesma moeda. 
Bastava saber...qual lado cairia para cima?

   Nos separamos e me viro rapidamente e caminho tranquila, dando as costas para um inimigo, um sinal de confiança. Falsa confiança. Mas antes que eu chegue perto de Bubbles sinto o cheiro de algo.

   Um cheiro que me faz parar no meio do caminho e ficar tensa.

  -Bubbles?- pergunto tensa, mas ela não parece ter sentido nada.

  -Que foi?

 Franzo a testa de farejo o ar. Para alguma pessoas é estranho, mas das minhas irmãs meu faro é o mais apurado, tanto que consigo sentir o cheiro de fumaça a 3 quilômetros de distância e dizer qual pessoa esta andando pela rua só pela sua fragrância. 

 Buttercup consegue ouvir coisas ao longe, como a batida de asas de uma mosca e a música do fome de ouvido de alguém do outro lado da quadra, demorou para ela controlar isso mas agora consegue se concentrar só nos sons que quer ouvir. Já Bubbles tem o grito supersônico. Cada uma de nós tem alguns poderes próprios e resistências próprias.

  -Está sentindo alguma coisa?-Bubbles me pergunta e a pego pelo braço, cheirando sua mão rapidamente querendo confirmar algo.

—Blossom? O..o..o que tá fazendo?!-Ela gagueja, mas eu a ignoro.

 -Seu cheiro. -Ela me olha sem entender e os garotos me olham como se eu fosse louca afinal, que começa a cheirar a irmã do nada? Mas não é como se eu ligasse.

—Bubbles, seu cheiro está vindo lá de baixo.-Aponto para o andar de baixo, onde fica o laboratório.

 Ela me olha com compreensão e sua postura fica séria. Sabe que meu olfato é apurado e se o cheiro dela vem lá de baixo, algo estava extremamente errado,porque nem tocamos naquele lugar, já que entramos direto pelo buraco no teto do segundo andar. Então sem falar nada, vamos rapidamente em direção a porta da escada, mas quando levo a minha mão a maçaneta para abrir a porta uma mão segura a porta com força, me impedindo de abrir. 

—Onde pensam que vão?-Brick segura a porta.

 Olho com irritação para o desordeiro a minha frente. Seus cabelos ruivos mediam no meio das costas e sua cabeça estava coberta pelo inseparável boné vermelho.

—Não é da sua conta.- O empurro e abro a porta, puxando a mão de Bubbles e descemos as escadas.

—É da minha conta, se está na minha casa.- de repente o ruivo estava na minha frente de novo. Eu estava cansada -e irritada- com a postura arrogante do ruivo, então soltei a mão de Bubbles e o segurei pela gola da camisa e mesmo sendo bons centímetros mais baixa que ele, mantive o queixo erguido.

  -Então me fala.-Apertei com mais força a gola da camisa, ficando nas pontas dos pés para tentar equilibrar nossa altura e o imprensando na parede.-Por que o cheiro da minha irmã tá impregnado na sua casa?

  Mas no momento em que ele iria abrir a boca, Bubbles soltou um grito de dor e eu esqueci minha vontade de jogar o ruivo da escada por se meter em meu caminho. Ela ainda tentou dizer que estava bem, mas fez uma careta e pôs a mão no coração, respirando pesadamente como se estivesse com dor e pela reação da mesma, eu tinha certeza que era isso mesmo.

  A pergunta era, por quê?

  Fui rapidamente até ela e a chequei de novo, seus ferimentos eram profundos e somente agora que estavam começando a coagular, então poderiam estar doendo? Infeccionados?

 -Bubbles o que...-Mas não terminei de falar, pois a loira pareceu ter levado um choque e prendeu a respiração, soltando um resmungo e apertando mais o coração.

—Bubbles!- Gritei preocupada.-O que foi foi?

—Doi....- Foi tudo o que disse, em seguida caiu de joelhos. Mas ainda estávamos na escada e sua queda abrupta fez eu me desequilibrar e acabei segurando nela em um gesto involuntário em busca de apoio.

  Péssima ideia.

 Bubbles se inclinou para trás e eu tropecei nos meus próprios pés e sem nenhum apoio iria cair da escada junto com a loira.

  Iria. Mas não caiu.

 Mãos fortes seguraram meu braço, me impedindo de cair e reparei que o loiro pegou minha irmã antes de cair no chão. Agora a loira estava apoiada com as costas no desordeiro, segurando firmemente seu coração e suando frio.

  Eu poderia ter feito muitas coisas naquele momento; Poderia ter gritado com o desordeiro que segurou minha irmã, simplesmente por ser um desordeiro. Poderia ter gritado com Brick, por ainda está me segurando. Poderia ter gritado até mesmo com Bubbles e exigir respostas, mas isso não era o meu feitio, era o feitio de Buttercup.

Buttercup era a tempestade, pronta para eclodir a qualquer momento.

Bubbles era como um rio, calmamente procurava correr entre os problemas, sem fazer muito esforço ou intrigas.

E eu ainda não sabia onde me encaixava entre a calmaria da loira e o temperamento da morena, mas acreditava ser como a água. Estava presente em ambas, sempre por perto, mas sempre disposta a mudar o curso. Por isso -infelizmente-era dita como a líder.

 Suas irmãs não saberiam tomar as decisões difíceis em batalha, decisões que poderiam custar vidas. Buttercup iria de cabeça e Bubbles hesitaria.

  Mas eu não. Não me importava como, mas tínhamos que sair vitoriosas, muitas vezes em batalhas, civis foram mortos e eu pegava a responsabilidade de bom grado. Não me importava com as duas gritando comigo depois de uma luta, por termos machucados civis que estavam no caminho por causa de um plano meu, ao contrário, eu deixava as duas ficarem com raiva e gritarem. Só não respondia, de que adiantaria? No fundo elas sabiam que não tínhamos outra escolha, mas nenhuma delas queria a responsabilidade.

 Eu sabia quando deveríamos recuar e quando devíamos atacar. Por isso ao invés de gritar por respostas, naquele momento, ignorei a todos e me concentrei no cheiro de Bubbles.

  Não vinha dela diretamente. Era ela, mas ao mesmo tempo era diferente. Inspirei fundo me desvencilhando dos braços do ruivo e dessa vez, quando fui em frente para dentro do laboratório do macaco no primeiro andar, não foi impedida por ninguém.

  ♛ ♕ ♚ ♔ ♜ ♖ ♝ ♗ ♞ ♘ ♟ ♙ Brick  ♛ ♕ ♚ ♔ ♜ ♖ ♝ ♗ ♞ ♘ ♟ ♙

Líder.

   A palavra passou pela minha cabeça como um flash, conforme observava a ruiva andar decididamente laboratório adentro.

 Bommer ajudou a loira a se levantar e todos foram atrás da ruiva, que não hesitava em seus passos e tinha a cabeça erguida, como se fosse participar de algum debate.

  Não me lembrava de Blossom ser tão...Blossom. Eu sinceramente sempre havia visto ela como uma inimiga, foi a primeira missão que recebi quando o macaco criou eu e meus irmãos e a missão só foi reforçada quando aquele demônio nos ressuscitou, a frase que me perseguiu durante boa parte da vida e eu tinha a impressão de que o próprio ELE sussurrava em meu ouvido de vez em quando.

    "Acabe com ela, meu pequeno guerreiro carmesim."

  Eu sabia que deveria ter algum motivo para aquilo, afinal fui criado com a aparência de uma criança de 7 anos e ainda assim, era um pouco mais inteligente que isso e conseguia perceber que estava sendo usado. Mas não importava, eu fazia o que meus pais mandavam e em troca teria de tudo: comida, roupas, brinquedos...afinal, por que deveria desobedecer?

  Me lembro que a primeira vez que fiquei confuso com minhas ordens foi quando as meninas selaram ELE no próprio inferno. Quando isso aconteceu o macaco estava preso, então eu deveria continuar com aquilo? Tentar matá-las? E porque não? Elas se metiam no meu caminho, com discursos fúteis e desinteressantes, por que não me livrar delas então?

  Quando a linha entre o certo e o errado é tão tênue, porque deveria ser eu a admitir que estava errado?

  Mas isso foi antes.

   A anos eu não pensava em Blossom ou em Townsville, minha visão dela todos esse anos era a mesma: uma garota chata e piolhenta -como gostava de chamá-la na infância- com quem sempre entrava em brigas e tinha como missão vencer. Mas agora eu reparava na batalha interna que se formava nela conforme decidia a forma de agir e poderia dizer exatamente o que ela estava pensando: irmã ou líder?

   Eu também tinha esses problemas, apesar de não ser comum, já que sempre tomava a dianteira como um líder deveria fazer para arrumar a bagunça que os dois faziam. Mas eu fui feito para isso afinal: era somente um soldado.

  Todos falavam que eramos irmão e eu mesmo demorei para entender o significado dessas palavras, admito que até meus 9 anos só pensava nos dois como parceiros de lutas. Fomos criados como soldados, à todo o tempo ouvíamos que eramos experimentos que tínhamos como objetivo espalhar o caos.

  E como bons soldados, nós fazíamos.

  Mas sempre que via um dos dois se machucar, ficava com raiva ou inquieto. Pensava que era por eles terem dificuldade nas próximas missões se estivessem feridos e depois percebi que era somente algo que eu escondia a muito tempo. Preocupação.

  Então em uma luta, a muito tempo, vendo a relação das meninas e como elas cuidavam uma da outra, eu finalmente percebi o peso da palavra irmãos. Eu não queria que eles se machucassem e viraria o inferno de cabeça para baixo para evitar isso.

   Essa era a diferença gritante entre os Desordeiros e as meninas.

 Elas foram criadas com amor, como uma família. Sempre souberam que deviam cuidar uma da outra, mas nós fomos criados com amargura, como soldados e competíamos por tudo, até finalmente percebemos que nada valeria a pena se não estivéssemos juntos.

 Podemos ter sido criados juntos, mas nós escolhemos continuas juntos e aderir a palavra família entre nós três. Um fodida e conturbada família, mas foi escolha nossa.

  Apesar disso nunca esquecíamos as nossas posições como os bons soldados que sempre fomos, então o tipo de guerra interna que Blossom parecia travar constantemente...eu realmente não tinha muitos problemas com isso, mas me peguei admirando a mesma por conseguir conciliar todas as situações.

  Mas não era hora de refletir.

   Quando estavam mais  a dentro do laboratório reparamos que o macaco estava em uma mesa afastada, testando um líquido azul claro e murmurando algumas coisas que não consegui entender.

   Para mim e Bommer era uma cena comum, mas ficamos em alerta quando a ruiva a nossa frente estancou na hora e assustou a todos quando gritou:

 -PARE!

  O macaco se assustou e por pouco não deixou cair o líquido. Não sabia o que ele estava fazendo, mas percebi que envolvia esquentar a substância na mesa, pelo fato de ele segurar uma pequeno lança chamas. Vindo dele, eu nem me surpreendo.

—O que você quer garota?- perguntou impaciente.

  Mas quem falou não foi a ruiva, como todos esperávamos, mas sim a  loira que tinha tomado a dianteira, se afastando do apoio de Bommer e andando até a mesa apressadamente enquanto pegava o pequeno frasco-que ainda estava quente- em mãos e virou devagar para o cientista louco. 

  Sua expressão era séria e não dava espaços para uma conversa amigável. Me impressionei, já que sempre imaginei Bubbles como algum que ficaria no seu canto, evitando os problemas e observando, mas agora ela tinha uma postura tão confiante que parecia até...a Blossom.

  Me repreendi mentalmente por ficar comparando todo mundo com a ruiva e voltei a atenção para a cena a minha frente.

—Como conseguiu meu elemento X?

  Prendi a respiração, assim como todos na sala. O elemento era dela. Não era simplesmente algum resto que ele havia usado para nos criar, era diretamente a fonte do poder dela.

  O macaco havia feito experiências por anos com o elemento da garota.

  Eu não conseguia imaginar como me sentiria se fosse eu no lugar dela, o elemento poderia ser comparado ao sangue, mas era tão...pessoal. De uma maneira muito intima, foi a fonte do nosso poder, literalmente a fonte da nossa existência e usar isso para experimentos em um laboratório, parecia... errado, até para mim.

 -Como...é seu?-Ele olhou para a loira, que segurava o frasco de maneira protetora, primeiro mostrava um expressão de confusão, mas logo foi substituída por uma de animação, como se tivesse descoberto uma nova especie de bactéria-Você sentiu efeitos colaterais? 

  -O que tem haver?!-Agora a loira elevava a voz.-Estamos falando do meu elemento, você não tinha o direito!

  Mas antes que o macaco falasse algo mais, percebi Bommer tremer ligeiramente ao meu lado e em seguida deu alguns passo em frente.

—O frasco...aquele frasco que você usou...-Ele falava com tanto receio que por um momento me perguntei se ele estaria respirando.-O frasco azul escuro...

  Então me lembrei que no dia em que eles chegaram, o macaco mostrou uma experiência, com dois frascos de substâncias azuis. Uma escura e uma clara.

   Como não percebi antes? Era tudo muito óbvio! Não existia mais elemento X, pelo menos não fora deles e o macaco havia conseguido aquilo de algum lugar. Talvez se eu não tivesse sido impulsivo ao apoiar aquele plano maluco, teria me dado conta de que algo estava extremamente errado naquilo tudo: começando pelos frascos de elementos X que o cientista louco possuía.

—Você usou o elemento do Bommer?!-Praticamente rosnei na direção do velho, que não sabia se se assustava com Bubbles, Blossom ou comigo. 

  Eu podia ser o arrogante que fosse, podia ser chamado de canalha e egocêntrico, não ligava. Mas se tinha algo que eu aprendi a zelar acima do meu título de líder, era o título de irmão. 

   E saber que usaram o elemento do Bommer sem o seu conhecimento...me deixou com muita raiva.

  Então, antes que alguém me impedisse, eu já estava na frente do macaco, segurando sua gola do mesmo jeito que a ruiva havia feito em mim no corredor, mas ao invés de somente segurar eu o ergui no ar.

—Como você ousa?!- Disse em baixo e bom som e senti o mesmo estremecer. Não liguei.

  Sentiu meus olhos arderem, o que acontecia sempre que estava prestes a usar sua visão de raio lazer, que parecia se aquecer cada vez mais conforme minha raiva aumentava.

   Por um momento, tudo ficou em câmera lenta, ele mataria mesmo seu pai? Apesar das loucuras, o macaco havia criado eles três quando o demônio estava no inferno ou aterrorizando mundos. Os ensinou a ler e a lutar.

  Mas...ele havia traído sua confiança. E isso não tem perdão.

   Anos. Ele brincou com o elemento de Bommer por anos, sem se importar em contar ou as consequências disso. Ainda os chamou para a cidade dizendo ser uma emergência, sabendo que mais que tudo, queríamos distancia e recomeçar nossas vidas.

  Foi egoísta.

 Não se importou com a gente, estava cego pela falsa vitória de uma luta que devia ter terminado a muito tempo e o pior, fez eles acreditarem que havia feito tudo isso por eles.

  Não foi pela gente, nunca foi.

  Fazendo experiencias, mandando pra batalhas...como meros soldados. Senti uma raiva se acumular cada vez mais dentro de mim, afinal, quem garantiria que ele não nos usaria de novo? Quem garantiria que ele não tinha mais segredos que nos envolvessem?

   Senti tanta raiva, por repassar todos os anos que vivi ao lado dele sempre querendo que aquilo acabasse. Tanta raiva que por um momento tive vontade de...

  " Faça."

 -Brick!-Ouviu a voz de Bommer e logo uma mão me puxou brutalmente para trás, fazendo eu largar o macaco e ele cair no chão.

  Ele estava roxo, eu o estava enforcando levantando-o pela a gola.  E não tinha notado.

  Pisquei em surpresa. A raiva que antes parecia correr pela minhas veias havia esfriado rapidamente, fazendo eu pensar direito e me perguntar de quem foi a voz que ouvi, ou se ela foi só uma alucinação em um momento de descontrole.

 Passei meus olhos pela sala rapidamente, procurando por qualquer um que poderia ter falado aquilo. A voz parecia estranha e completamente familiar ao mesmo tempo, parecia até...

   Meus olhos pararam em Bommer, reparando que ele havia sido o que tinha me livrado de fazer uma besteira. O mesmo olhou em meus olhos e por um momento eu hesitei, ele parecia empenhado a me impedir de fazer algo que me arrependesse depois, mas não conseguia esquecer a voz que havia me incentivado.

  Ignorei o loiro e as garotas, assim como a voz misteriosa. Resolveria aquela questão depois, porque naquela altura eu tinha certeza que não havia sido alucinação, nunca era tão fácil assim.

—Pode começar a explicar.- Falei para o macaco que havia se levantado e estava em  uma distancia segura...o que ele achava seguro, já que eu poderia matá-lo em segundos se quisesse.

  A lembrança da voz misteriosa veio novamente em minha cabeça e ignorei. Não era o momento para me preocupar com isso.

 Na hora Bommer o esqueceu e desviou sua atenção para o cientista estava tossindo. Pude sentir os olhos de Blossom sobre mim e por algum motivo, sabia que ela havia percebido meu pequeno momento de confusão e descontrole.

Ela sempre percebia.

—Eu tinha que fazer experiências.-O velho disse com a voz rouca.- Cálculos podem dar errado, eu tinha que ter certeza. Então fiz experiências com seus elementos e como eles reagiriam juntos...nunca imaginei que mesmo estando fora do corpo ele ainda reage com vocês... isso...isso não deveria ser possível.

—Três dias atrás.-Bubbles falou de repente.-O que você fez três dias atrás?!

 Troquei um olhar cúmplice com o loiro ao meu lado, sabendo onde essa conversa chegaria.Há três dias foi no dia em que chegaram. O dia em que o frasco azul explodiu. 

—Um experiência de como elementos opostos reagiriam depois de serem atingidos pelo raio..Mas parece que calculei errado, em pequena quantidade o elemento Y deveria ficar imune e só o X ser destruído.-A ruiva abriu a boca para falar algo, mas o macaco foi mais rápido.- Mas aconteceu algo...Agora vocês estão ligados e se separarem os dois elementos vão se alto destruir.

—Parte do meu elemento foi destruída na última experiência?!-A loira perguntou com a voz fina, e por um momento pensei seriamente que ela iria chorar.

  E em um ato instintivo, meu olhar parou na ruiva, que parecia estar -novamente- em uma batalha interna consigo mesma, mas no final ela só lançou um olhar afiado para o macaco e segurou a mão da irmã.

 -Creio que não...o elemento X é indestrutível, eu tentei modifica-lo mas só consegui danificar um pouco. Pensei que tivesse destruído naquele dia.-Ele olhou para mim e para Bommer, pra se certificar que soubéssemos do que ele estava falando.-Mas depois eu voltei pra limpar o chão e ao contrário do que acontece com líquidos, ele não secou. Ele ficou no pano, então eu espremi, fiz uma descontaminação e o pus de volta em outro frasco.

 Não consigo evitar minha certa de nojo e os outros seguem meu exemplo. Como ele pode tratar o elemento de alguém como se fosse uma simples bebida? Fecho minhas mãos em punhos e respiro fundo, sabendo que não vai adiantar nada fazer uma cena agora.

 Então o macaco anda até uma escrivaninha e pega uma pequena caixa que estava lá. A caixa parecia ser feita de chumbo e o eu vejo o mesmo soar pelo esforço de mover a caixa para a mesa e em seguida a abre, revelando cinco frasco de elemento X azul claro.

  Cinco frascos. 

  Essa quantidade...era um milagre a loira só sentir os efeitos colaterais agora, devia ser pela proximidade que ela estava quando ele fez o experimento, o que explica ela nunca ter sentido nada nos anos anteriores.

  A dona daquele elemento solta a mão da irmã e antes que qualquer um consiga entender o que estava acontecendo, ela pega mais um frasco e bebe rapidamente os dois que estavam na sua mão.

—BUBBLES!-A ruiva correu para impedi-lá mas o olhar da loira à parou.

—É meu elemento.- Então pegou outro frasco. 

 Bommer também foi para perto da mesa e olhou o macaco sugestivamente. O velho cientista olha feio para o loiro, mas antes que diga algo eu dou um passo a frente, fazendo seu olhar voltar para mim, em uma ameça clara de "Faça o que ele quer."

  Então ele estreita os olhos em minha direção e poe a mão no pescoço devagar, como se lembrasse a sensação de quase ter sufocado a uns minutos antes, em seguida pega outra caixa, mas essa estava de baixo da mesa, e quando abre podemos ver três frascos azuis escuro.

  Sem falar nada e seguindo o exemplo da loira, ele pega um frasco e bebe rapidamente.

  Não sei como ou os efeitos que teriam, mas estava claro que o Bommer não tinha sentido tando quanto a loira e me perguntei se fosse a diferença entre os elementos X e Y. 

  Percebo as ferias de Bubbles começarem a sarar, como se a recuperação tivesse acelerado 3 vezes, assim como o Bommer. Então uns segundos depois, os dois loiros estão sem feridas aparentes e somente o sangue seco na pele. Nem mesmo uma cicatriz.

 Quando acabaram a loira suspira aliviada e se senta no chão, como se tivesse gastado muita energia para se curar de uma vez só e não quisesse fazer mais esforço para nada.

 Bommer somente se apoia na mesa com uma das mãos e permanece de pé, o observo de cima abaixo. Sem feridas parentes e não apresenta sentir dor alguma, embora esfregue a têmpora, mas deve ser por estar processando toda a informação e ao invés da sua copia, ele não parece cansado.

—Bubbles...tudo bem?- Blossom se abaixa ao lado da irmã, um pouco hesitante.

—Sim...Só estou descansando...To com sono...-Então fechou os olhos e apoio a cabeça no ombro da irmã.

  Olho rapidamente para Bommer de novo, para checar se ele não esta prestes a cair, mas o loiro parece absolutamente bem e observa a cena das irmã com a expressão franzida, talvez pensando -assim como eu- na diferença do componentes dos elementos, para terem efeitos tão opostos entre si e a loira.

—É normal.-A voz do macaco quebra o silêncio que tinha se estabelecido na sala.-Você acabou de reunir seu poder, tem que se estabilizar ainda.

—E a voz?-Bommer pergunta rapidamente, como se tivesse acabado de lembrar de algo importante.

—Que voz?-O macaco pergunta confuso, mas o loiro olha diretamente para a loira.

—Quando eu estava nos destroços, eu ouvi sua voz.-Isso surpreende a todos e observo o olhar da loira que abriu os olhos repentinamente, provando que ela, provavelmente, sabia sobre o que ele falava. Então ele completa.-Na minha cabeça.

—Eu também ouvi sua voz...Foi assim que soube que estava vivo.-Ela diz meio sonolenta, mas lutando contra o sono que parecia querer apossá-la cada vez mais.

  Então a lembrança da loira gritando em cima dos destroços e insistindo que Bommer estava vivo -até quando eu mesmo tinha desistido- me veio a cabeça. Se eles se ouviram isso significa que tinham uma ligação muito antes do raio nos atingir, o que me fazia ter uma suposição: De algum modo o experimento de três dias atras foi muito forte, pois os dois estava na mesma cidade e o alcance da radiação X e Y, poderia ter causado um tipo de ligação entre eles.

—As experiências que você fez...poderiam causar isso? Uma nova ligação entre eles?-Blossom pergunta, me surpreendendo, por ter a mesma linha de pensamento que eu.

 -É possível.-O macaco responde, dando de ombros.- Não sabemos como o elemento X funciona e a diferença entre o X e o Y ainda é pouco conhecida, por exemplo, ela pareceu sentir os efeitos das experiencias, enquanto Bommer parece intacto.

  Fazia sentido, apesar de ver ele falar sobre fazer experiencia com o elemento de Bommer como se fosse a coisa mais normal do mundo me desse raiva, ignorei esse fato e foquei na provável ligação que havia se formado entre eles antes. Sera que sumiu depois do raio ou foi reforçada?

  E apesar de tudo, estava claro como ele havia conseguido o elemento do Bommer. Quando crianças nós nos feriamos muito, mas o sangue coagulava rápido, exatamente por nosso sangue ser muito poderoso e o macaco em algum daqueles anos deve ter tirado amostras de sangue dele e separado as células de elemento dos glóbulos sanguíneos. Mas não explicava ele ter o elemento da loira, afinal precisaria de uma grande dose do sangue dela para isso e eu duvidava que ela desse por vontade própria, até porque ela estava mais surpresa do que todo mundo com a situação.

—Como conseguiu o elemento X dela?-Me pronuncio, pela primeira vez em um tempo.

  Percebo atenção de todos sobre mim e  loira abre os olhos, curiosa pela resposta e todos os olhares se voltam para o macaco, que evitava a olhar a todos nos olhos.

  Mesmo que minha audição não fosse tão boa quando a do Butch, eu conseguia ouvir perfeitamente as batidas rápidas do coração do velho cientista e quase pude sentir a ansiedade do mesmo, parecia se debater entre contar e tentar fugir, mesmo sabendo que não poderia dar mais de alguns passos antes que eu o alcançasse. Afinal o que ele tanto escondia para prolongar tanto a resposta?

  Apesar de não fazer sentido ele ter conseguido o sangue da loira, ele havia conseguido uma grande quantidade e feito elemento X puro. Mas não fazia sentido, não tinha como ele conseguir isso, pelo menos não sozinho.

  Mas quem poderia conseguir essa façanha? Nenhum vilão conseguiu chegar perto o suficiente das meninas para tirar sangue e mesmo que conseguisse, as feridas coagulavam muito rápido, provando de nenhum vilão seria capaz de conseguir isso.

  Mas se não tivesse sido um vilão... Minha cabeça trabalhava em mil teorias e só consegui chegar a uma conclusão.

 -Fala logo!- Blossom se levantou, irritada, parecendo que iria voar no macaco a qualquer momento.- Como conseguiu o elemento dela?!

  Mas eu quase não prestei atenção na cena a minha frente, porque nesses poucos segundos minha cabeça parecia estar girando, procurando um jeito alternativo dele ter conseguido tudo aquilo, mas sempre chegava a mesma resposta: Uma pessoa que poderia se aproximar delas, que tinha a confiança o suficiente para elas darem o próprio sangue por vontade própria e não desconfiar...

—Eu dei pra ele.

A voz na porta faz todos se assustarem e percebi Butch e Buttercup entrarem na sala, mas a voz não veio de nenhum dos dois, veio da presença atrás dos mesmos, que caminhou calmamente para frente, ficando a vista de todos.

—Professor?-Pergunta a loira, se levantando com a ajuda da irmã.

O homem que acabou de chegar deixa sua mochila-enorme- no chão e tem um olhar concentrado no chão até parecer tomar coragem e mirar nos olhos de sua filha, mostrando uma expressão culpada.

  E de todas as explicações que ele poderia ter dado naquele momento, a unica coisa que ele disse foi:

—Me desculpe.

 


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Notas finais do capítulo

❃ 6987 PALAVRAS, GENTE!!!!!!!

❃Então, o que acharam do capitulo? Confesso que me perdi na narração do Brick porque a personalidade dele é meio que um desafio para mim kkk mas fiz o possível para deixar bacana pra vocês.

❃ O PROFESSOR QUE FEZ A MERDAAAA!!!! O que acharam disso? não deixem de comentar suas teorias, eu adoro e aceito criticas viu?

Bjus de luz S2



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