Ligados escrita por Liberii


Capítulo 6
Elementos


Notas iniciais do capítulo

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❀ Bubbles 

   Eu não conseguia falar.

  Me sentia estranhamente entorpecida pela informação recebida e em algum lugar na minha mente gritava que eu estava em choque, mas demorei para processar.

   Sim, percebi que choque era a palavra que me definia naquele momento. 

  Os sentimentos em meu peito eram tão conflituosos e se embaralharam tanto que por um momento eu não senti nada. Não senti raiva, nem tristeza, o que para mim foi uma surpresa já que de acordo com as meninas sempre fui uma chorona, mas nunca me importei com o que elas falavam, afinal, para mim lágrimas eram as demonstrações de sentimentos mais puros que existiam: escorrendo pelos nossos olhos o que não conseguíamos guardar no coração.

  Mas naquele momento, meus olhos nem sequer lacrimejaram. Eu só observei a situação sem sentir realmente algo, como se fosse uma casca vazia.

  Até que eu comecei a processar tudo.

  Permaneci estática, assim como todos naquela sala. Ninguém parecia saber o que falar ou sequer se atreviam a respirar e naquele momento, pela primeira vez desde que me lembro, desejei que não tivesse levantado tão animada para ir a escola. Se eu pudesse voltar no tempo, ficaria em casa e veria televisão.

  Talvez assim eu não me sentiria culpada por quase ter matado o Bommer -mesmo ele claramente tendo tentado a mesma coisa- e principalmente, não sentiria meu coração se despedaçando pela confiança quebrada pela ultima pessoa que eu esperaria que me traísse. 

  Confiança é algo frágil, podemos passar anos construindo, mas uma vez quebrada nunca mais será a mesma.

  Talvez eu estivesse sendo meio dramática, mas não conseguia nem olhar o professor nos olhos. Será que era só isso que ele era? Um professor que nos considerava como experiencias e nada mais?

  Não. Me lembro claramente do dia em que ele disse que queria que tivéssemos uma vida normal e que não precisaríamos mais lutar, ele não seria insensível a esse ponto, ele nos amava...era o que eu achava e para ser sincera, não queria pensar de outra forma.

  Ao mesmo tempo eu não acreditava em meus próprios pensamentos, afinal, porque estou tentando protege-lo se o errado é claramente ele mesmo?

 Raiva me domina e levanto a cabeça encarando o homem a minha frente. Por que deveria ser eu a abaixar a cabeça e lamentar? Minhas irmãs podem ter razão, eu posso ser uma chorona, muito sensível, mas eu nunca, repito, eu nunca  vou abaixar a cabeça quando não fiz nada de errado e muito menos chorar por isso. Não é era eu que deveria ter uma batalha interna de sentimentos agora, mas sim o homem que me criou como um pai e praticamente me apunhalou pelas costas.

  Percebi que o mesmo olhava para o chão e tinha uma expressão triste, meu coração se apertou por velo assim, mas ele não tinha o direito da minha pena. Não mais.

  Percebi quando se Buttercup se afastou do professor com uma expressão indignada, provavelmente acabando de processar tudo que havia ouvido e tentava não crer na situação, já o outro moreno estava perplexo demais para mostrar reação, tudo o que ele fez foi olhar o professor de cima a baixo, como se avaliasse um animal e no final sua unica reação foi entortar o nariz, provavelmente pensando que tínhamos nos enganado de pessoa, já que chegou no final da conversa e não estava entendendo muita coisa.  

 Os ruivos estavam ambos com semblantes sérios, pelo o que percebi. Brick havia estreitado os olhos em direção do professor e provavelmente pensava em varias teorias sobre o motivo do cientista ter feito aquilo e seu eu bem conhecia minha irmã, Blossom devia estar pensando nas mesmas teorias.

  Bommer estava com a boca um pouco escancarada e me perguntei como ele estava com aquilo, afinal o macaco era um pai para ele e também havia usado o elemento dele em experiencias. Nossa situação era igual e ao mesmo tempo, não poderia ser mais distante.Pelo o que percebi, o macaco não havia nem se arrependido de fazer aquilo com o loiro e só deu os elementos de volta por rapaz por medo de Brick o atacar -o que eu pensei que iria acontecer rapidamente- e eu...eu não sabia que expressão estava fazendo, mas devia ser uma mistura de surpresa e de raiva.

   Parecia que haviam se passado horas desde que o professor tinha falado, mas foram poucos minutos e quando finalmente despertei totalmente do meu suposto choque, apertei as mãos em punhos e senti minha garganta arranhar. Mas não era por causa de choro, não, era pela as palavras pressas dentro de mim e eu simplesmente não sabia como polas para fora, então tudo que fiz foi perguntar o obvio e torcer para ter ouvido errado, mesmo sabendo que ele havia dito as palavras em claro e bom som.

—Você deu meu elemento pra ele?!- apontei para o macaco, que se escondia atrás da mesa, provavelmente com medo da retalhação por parte de Butch, quando o mesmo descobrisse o que ele havia feito com o elemento do seu irmão.

  O cientista encolheu os ombros com meu tom de voz e senti meu sangue ferver, enquanto olhava aquela postura culpada. Porque ele não falava nada? Estava pensando em alguma mentira boa o suficiente para cobrir a situação ou só adiando a discussão inevitável? 

 O poder ainda estava se estabilizando dentro de mim, eu sabia, conseguia sentir a energia correndo pelo meu corpo, se fundindo com o sangue e alterando ainda mais minha genética, fazendo eu ficar com emoções mais intensas que o normal. E essas emoções faziam minha adrenalina acelerar, como se estivesse em uma luta interna emocional e psicológica. Não sabia se chorava ou gritava de raiva e como reagir de forma que não saísse do controle.

  Sempre me procurava em ser otimista e perdoar as pessoas, ou achar um motivo cabível para suas ações. Por algum motivo sempre tive muita empatia com tudo e todos, não conseguindo simplesmente ignorar alguém parecia estar mal ou ficar com raiva de alguém por muito tempo. Mas não conseguia imaginar nada que pudesse explicar aquilo.

Meu próprio elemento. Uma parte minha.

 Para pessoas normais o sangue era algo comum e poderia ser reposto com transfusões, mas não para nós seis. Talvez fosse a unica coisa em comum entre elas e os meninos, o cuidado e importância com nosso próprio sangue.

  Ao contrário dos humanos, nosso sangue era composto com 80% de químicos variados e que não existiam mais nessa dimensão e junção de tudo isso deu o elemento X -e o elemento Y dos meninos- que corre em nosso corpo, por isso, como uma medida de autodefesa nosso organismo foi projetado  para rápida recuperação para a menor perda de sangue possível. Não é como se não produzirmos sangue, ao contrario, nosso organismo funcionava normalmente e a medida que comíamos, nossos glóbulos vermelhos eram ativos e conseguíamos criar sangue em nossos corpos, apesar da perda.

  O problema era o tempo.

 Nosso sangue era carregado de poder e quando perdíamos grandes quantidades, apesar de nos curarmos e nossos corpos produzirem glóbulos vermelhos com facilidade, esses glóbulos eram normais e sem nenhum poder ou mutação. Então ficávamos fracas e com poder limitado, até que, célula por célula era corrompida e carregada novamente pelo elemento X em nosso corpo.

  Sem contar que era praticamente o motivo da nossa existência, já que através de pesquisas do professor ele descobriu que se por algum motivos perdemos nossos poderes, morreríamos em poucas horas, já que todas as nossas células são reforçadas e funcionam com uma energia maior que a dos humanos, e sem os poderes, nosso corpo não aguentaria fornecer energia o suficiente para nosso coração bater ritmicamente.

  Os elementos misteriosos capazes de criar vida, fazendo algumas pessoas duvidarem até mesmo de Deus. Nós nascemos para o bem da humanidade, fomos postas em uma cidade e tivemos o dever de protege-la, formamos uma família. 

 Mas tudo isso foi dado por terceiros, a unica coisa que tínhamos certeza que ninguém poderia nos tirar, o motivo dos nossos poderes e nossa fonte de vida. O sangue.

  E o professor, nosso pai, entregou para o inimigo delas!

  A experiência que as odiava! Confesso que já havia ficado com pena dele algumas vezes, afinal era um macaco que foi deixado de lado pelo o dono e quando conseguiu super inteligencia ficou amargurado e guardando esse ressentimento...mas ele já havia tentado matar ela e suas irmãs varias vezes, não havia desculpa para entregar algo tão valioso a um ser assim.

  Era algo pessoal de mais.

 -Ele fez o que?!- Buttercup exclamou indignada.

  A morena havia perdido boa parte da conversa, mas pela a reação entendia mais ou menos o que estava acontecendo, mas a conhecendo como eu conheço...ela também estaria se recusando a acreditar, talvez quisesse se agarrar a confiança que tinha no professor mas eu sabia que ela era pior que eu e uma vez que quebrassem sua confiança, eu não tinha certeza se poderia ser reconquistada.

  -Eu posso explicar, meninas...

—NÃO!- Gritei, o interrompendo, me desvencilhando de Blossom que ainda me segurava e tapando os ouvidos. O efeito sonífero que a ingestão do elemento havia causado, passou como o vento e deixou no lugar a um ressentimento, pura e crua decepção-Não tem explicação pra isso! Você sabia!

 Dei um passo para a frente e analisei o homem a minha frente, ele tinha uma enorme mochila de acampamento nas costas e se fosse em outra situação, eu teria rido e feitos piadas com Buttercup. Mas a situação era diferente dos dias calmos que compartilhávamos e eu tentava, juro que tentava, lembrar de todo o amor  que ele me deu na infância, de quando chorou quando eu e as meninas nos machucávamos nas lutas, mas tudo que vinha a minha mente era o fato de que, talvez, eu nunca o conheci verdadeiramente.

 Apontei na direção do macaco -que ainda estava atrás da mesa- e o mesmo se encolheu.

 -Você sabia ele tinha parte do meu elemento.-Afirmo e meu coração se quebra mais um pouco quando ele assente devagar e eu solto uma risada seca - E pior ainda, sabia que ele fazia experimentos!- Começo a tremer, senti lágrimas ameaçarem caírem dos meus olhos, mas não derramei nenhuma, eles não mereciam.-Todo o tipo de coisa...Ele fez todo o tipo de coisa com ele, todo o tipo de experiência malucas dele e o senhor não pensou na sua filha?!-Comecei a gritar de novo. -Não pensou na merda sua filha? Como eu ficaria sendo a porra de um maldito rato de laboratório?!- Reparei que minhas duas irmãs ficaram ainda mais tensas.

 Era certo que eu nunca xingava, não importa o quão insignificante fosse a palavra. As meninas diziam que eu era muito inocente, mas na minha opinião as palavras faziam mais danos que qualquer coisa no mundo e eu não me sentia confortável usando uma arma poderosa para rebaixar alguém -sendo esse o principal objetivo do xingamento- por isso, evitava usa-los. Mas eu não me importava com vocabulário a essa altura da situação.

  Encarei o homem com mochila de campista e ele parecia tão pasmo quanto as meninas e não falou nada. Eu odiava o silencio. Trazia insegurança, duvida, monotonia e naquele momento eu simplesmente não aguentava aquele homem em silencio com tantas perguntas na minha cabeça.

  O silencio era assustador.

  Não aguentei e cobri o rosto com as mãos, minha garganta parecia estar arranhada e meus olhos ardiam por causa das lágrimas que eu teimava em segurar por...por que? Eram as minhas lagrimas, obvio que ele não as merecia, mas eu também merecia sofrer só por não querer chorar na frente dele? 

  Respirei fundo.

  Os sentimentos dentro de mim eram muito fortes, eu me sentia usada, suja, envergonhada e tudo por culpa dele. Porque deveria guardar para mim? Ele deveria ver tudo o que havia causado comigo e se sentir culpado, por que a cada lagrima que escorria, era um ressentimento a mais que já não cabia no peito.

  Então pus tudo para a fora.

   As lágrimas transbordavam mais forte conforme eu reparava no silencio da sala, afinal, porque ninguém falava nada? Deveriam questionar o professor também, eu queria falar para interrogarem ele enquanto eu me recompunha, mas as palavras não saiam e meus gritos se tornaram soluços. 

  Senti braços ao seu redor e não percebi do quando precisava daquilo até aquele momento. Abracei a pessoa com força e era retribuída na mesma intensidade e não precisava abrir os olhos pôs eu já sabia quem era.

   Blossom.

 A ruiva sempre sabia o que fazer, apesar de reclamar sempre que eu aparecia pedindo dicas ou conselhos, dizendo que eu tinha que pensar por mim mesma, ela sempre estava ali para mim e Buttercup. E nesse momento, ao invés de discutir com o cientista que as criou, ela escolheu me abraçar...e eu ficaria eternamente grata por isso.

   Não sabia se aguentaria ficar em pé por muito tempo sozinha, tanto pelo meu poder recém adquirido quanto pela confusão de sentimentos que eu me sentia, então me apoiei completamente na garota que me abraçava. Minhas pernas fraquejaram e o sentimento de traição me sufocava, meu pai, meu próprio pai...eu queria saber o nome desse sentimento estranho que parecia revirar meu estomago mas nada vinha a minha mente a não ser de que, o fato de o único som da sala serem os meus soluços.

  -Bubbles...-Abri meus olhos e minha vista estava embaçada por causa das lagrimas, mas mesmo assim reparei que o professor tentou dar um passo em minha direção mas ele foi impedido por Buttercup que se postou de frente para ele e de costas para mim rapidamente.

—Sugiro que fique longe, papai.

—Eu posso explicar...-ele tentou de novo, mas dessa vez quem falou, foi a ruiva.

 -Então explique.-a frieza contida na voz de Blossom fez eu me afastar dela e me firmar com os próprios pés. Tinha que ser forte, não era mais uma criança indefesa, apesar de se sentir assim...pensando bem, eu poderia me sentir do jeito que bem entendesse, mas pelo menos deveria arcar com isso e não me esconder atrás das falas de outras pessoas.

  -Pode começar.- Minha voz não saiu tão firme quanto eu queria, mas foi o suficiente para ecoar pela sala silenciosa. Os desordeiros e o macaco pareciam estar em um acordo mutuo de silencio para não se envolverem no assunto delas e do professor.

  Eram presenças silenciosas que observavam tudo com interesse.  

  Respirei fundo e as lágrimas pararam de cair aos poucos, e ao invés de sentir tristeza ou raiva, eu voltei a  sentir um...vazio.

  A situação em si era tensa,frustante e muitas outras coisas, mas naquele momento era como se eu simplesmente parasse de sentir, era como se algo estivesse dormente.

Olhei Blossom que estava com uma raiva contida ao meu lado e em minha outra irmã mais a frente, também com raiva, mas essa fazia questão de demonstrar ao adotar uma postura defensiva a minha frente e ter os punhos fechados, como se estivesse se controlando para não socar algo. 

  Reparei novamente nos desordeiros, olhando tudo como se fosse um espetáculo.

 E eu era a atriz principal.

—Certo...- O professor tossiu para chamar a atenção de todos ou testando a própria voz para o que vinha a seguir, sinceramente, não me importava.-Quando os meninos foram banidos da cidade, logo depois...dele.-Todos sabiam a quem ele se referia: o demônio vermelho.- Logo depois eu tirei amostras de sangue de vocês três, para verificar se não tinha nenhuma anomalia...-Blossom concordou com a cabeça, provavelmente se lembrando do dia.- No mesmo dia ele veio em casa, quando vocês estavam no parque...lembram?

 As três acenaram com a cabeça.

  Eu me lembrava um pouco do dia. Logo após derrotarem o demônio, o prefeito lhes deu entrada vip no novo parque de diversões da cidade por se livrarem de uma ameaça grande, eu tenho minha entrada guardada até hoje, já que serve para quando eu quiser independente do dia ou ano.

 -Ele me pediu ajuda.-Apontou para o macaco que estava apoiado na mesa, como se assistindo a conversa.- Parece que antes de os meninos irem embora eles estavam muito feridos, grande parte da força de cura deles era dada pelo demônio. Depois da luta eles ficaram com os poderes de cura temporariamente "desligados"- Assim que ele terminou de falar, ouvi Butch respirar fundo e meu olhar foi para o moreno.

 O moreno trocou um olhar com seu irmão ruivo e não passou despercebido por ninguém, mas a ruiva ao meu lado tomou a iniciativa e tudo que disse foi:

—Vocês dois sabiam.

   Agora todas as atenções saíram do professor e estavam focadas nos desordeiros, que novamente trocaram um olhar cúmplice entre si e no final acenaram com a cabeça ao mesmo tempo, em uma especie de concordância entre eles e Butch começou a falar.

—Eu me lembro vagamente desse dia.- Deu de ombros.-Sempre me perguntei como o Bommer se curou tão rápido, eu e Brick demoramos três dias para os ferimentos começarem a se curar.

—E milagrosamente, Bommer acordou no dia seguinte, totalmente curado.-Brick finalizou.

  E novamente, todas as atenções estavam no cientista com roupa de campista.

  Eu tinha medo do que ele falaria. Medo de o motivo ser justificável o suficiente para o que ele tinha feito, medo de não ser justificável e principalmente, medo de não conseguir perdoa-lo.

 -Brick e Butch sobreviveriam até os poderes voltarem.- ele começou a falar.- mas Bommer...ele morreria.-Todos na sala prenderam a respiração e meu olhar foi direto para o loiro que havia se encostado no balcão.

  Por um momento ninguém falou nada.

 Todos perdidos em seus próprios pensamentos e o significado daquilo, até a tensão ser rompida pelo o humor negro do moreno.

—Credo Bommer, parece que você só fica atraindo coisa ruim.-Butch fez um sinal da cruz com uma careta para o loiro.

  A leveza da fala fez o ar ficar menos tenso e por algum motivo me permiti dar uma pequena risada. Sentiu a atenção do loiro em mim e desmanchei o riso na hora. Sera que ele achava que eu estava rindo da quase morte dele? E porque eu me importava com isso?

  O fato é que esse era um motivo bom o suficiente, mas ainda assim...percebi que não conseguia perdoar o professor. Pelo menos não naquele momento.

 -Seu apêndice tinha sido perfurado por um dos destroços e você estava com hemorragia.-Dessa vez quem falou foi o macaco, saindo de trás do balcão e ficando ao lado do professor.-Como um pai, meu desespero foi maior que o orgulho e fui pedir ajuda.

  Ele fez careta, como se as palavras o machucassem e o peso daquela fala parecia ter abatido o trio de garotos em cheio, já que todos fitaram o macaco em confusão e talvez...algum sentimento? Eu não saberia dizer, mas sabendo a forma em que foram criados, eu não me surpreenderia se soubesse que eles nunca tinham expressado sentimentos em palavras antes.

 -Então.-O professor prosseguiu-Bubbles seu poder é compatível com o do Bommer, então tirei o elemento X do seu sangue e dei pra ele. Aceleraria a cura do Bommer e impediria uma convulsão, sem isso ele iria morrer em poucas horas já que o pulmão também havia sido danificado e a cura do sangue dele sozinho não o curaria a tempo.

  Era um bom motivo, eu sabia.

  Por Deus, eu mesma estava rezando mais cedo para o loiro estar vivo, mas não conseguia deixar de lado o sentimento de ser traída...Me sentia suja.

  Abracei meu próprio corpo, não sabendo o que falar. Se reclamasse praticamente estaria gritando que não me importava com a morte do Bommer, mas ao mesmo tempo que me sentia aliviada de ter sido de alguma ajuda, me sentia usada. Traída.

  -se você tivesse me pedido...-afalei com a voz baixa, mas sabia que todos poderiam ouvir.- Se tivesse me pedido, eu teria dado meu sangue de bom grado. Mas escondeu isso de mim.

Olhei nos olhos dele, o mesmo ficou mais pálido do que já era, talvez prevendo minhas próximas palavras. Ele ainda esticou a mão em minha direção,procurando perdão, talvez, mas eu não conseguia nem pensar nessa possibilidade naquele momento.

  Eu sabia que palavras machucavam e sabia usar isso a meu favor e naquele momento era isso que eu queria, queria machucá-lo. Então olhei sua mão -que se estendia em minha direção- com frieza e lancei as palavras que,eu sabia que o machucariam, no ar. 

  -Você me traiu, papai.

  Ele abaixou a mão devagar e parecia ter levado um soco, mas por incrível que pareça, eu não liguei. Ele não havia confiado em mim, em um assunto que deveria ter minha opinião e monitoramento, e em troca, havia perdido minha confiança.

 Ele tinha todos os motivos plausíveis para dar meu elemento ao macaco, para salvar o loiro. Mas não havia nenhum que justificasse não me contactar, esse foi o erro dele.

 E as pessoas tem que arcar com as consequência de seus atos.

—Mas-O professor continuou,tentando esconder o semblante abatido.- Eu não sabia que aquelas amostras de sangue tivessem tanto do seu elemento e que tivessem sobrado, pensei que haviam passadas todas para o Bommer, o macaco se aproveitou quando eu estava desatento e deve ter escondido alguns frascos se sangue.

—Isso não explica ele ficar fazendo experiência com o Elemento dela!-Buttercup rosnou em direção ao macaco.

—Tem razão, não explica. 

  Então o professor fez algo que ninguém nunca imaginaria. Socou o macaco. Foi tão rápido que o próprio cientista louco demorou para processar o que havia acontecido.Os adolescentes ficaram estáticos e o macaco só pôs a mão no queixo, e suspirou enquanto resmungava e dizia o exatamente o que eu estava pensando no momento

—Eu mereço isso.

 ☯ ✡ ☨ ✞ ✝ ☮ ☥ ☦ ☧ ☩ ☪ ☫ ☬ ☭ ✌    Bommer   ☯ ✡ ☨ ✞ ✝ ☮ ☥ ☦ ☧ ☩ ☪ ☫ ☬ ☭ ✌

  Assim como todos na sala, fiquei surpreso pelo o soco inusitado que o professor desferi-o no outro cientista, mas fiquei ainda mais surpreso pelo o fato dele não ter revidado, ao contrario, abaixou a cabeça e aceitou a punição de bom grado, como se soubesse que a merecia.

  De todos os anos convivendo com o seu "pai"nunca havia visto o mesmo deixar um insulto passar em branco e agora ele literalmente aceitou um soco na cara. Não parecia com o macaco-louco que eu conhecia...mas não é como se eu o conhecesse bem de qualquer forma.

 Butch e Brick sempre foram os mais apegados ao cientista que os criou, enquanto eu sempre ficava no meu canto, nunca falando mais que o necessário com ele porque de certa forma, sempre o culpei pela nossa forma de vida.

 Não podíamos ir a escola e nem ter amigos, e o motivo de tudo isso era uma rixa antiga do macaco com seu ex-dono, o professor.

   Reparei que Buttercup segurou a risada e me perguntei se ela estava achando engraçada a situação toda ou o fato de o professor campista tentar fazer uma pose ameaçadora para o ex-pupilo. 

  Ela tinha um humor negro parecido com o Butch...não invejava isso neles, porque tentar achar algo de engraçado em situações não condicentes com o clima leviano de piadas? Era ridículo, e o pior ainda era que me fazia querer rir também.

  Não era certo.

—Criei direitinho.-a morena põe a mão no coração, parecendo uma mãe orgulhosa.

 E por um momento quase senti meu lábios subirem em um pequeno riso. Quase.

 As lembranças da minha infância voltaram com tudo e lembrei de todo o desprezo que eu sentia pelas meninas, pelo professor e até mesmo pelo macaco. Não parecia certo eu achar a situação engraçada, até porque não sabia qual sentimento eu tinha em relação ao meu pai de criação naquele momento.

  Deveria sentir raiva, por ele ter feito experiencias com meu elemento? Talvez não, já que eu nunca havia esperado realmente coisas dignas dele. Deveria ficar triste, por ele ter feito isso pelas minhas costas? Acho que não, afinal ele só soube aproveitar uma oportunidade. Deveria sentir carinho, por ele revelar que deixou o orgulho de lado e foi pedir ajuda ao inimigo por mim?Não sei, ainda não confiava plenamente naquelas palavras, quer dizer, poderia ter sido um plano dele desde o inicio.

 A verdade é que as palavras que ele me disse na infância ainda eram presentes na minha mente e me impediam de ter qualquer afeição forte por ele.

  "Você é uma vergonha, garoto. Deveria ser igual a seus irmãos."

  Eu me lembro...as palavras tem poderes e uma vez ditas elas podem ser perdoadas, não esquecidas.

  Apesar dele nunca ter me pedido desculpas por tudo o que falou, eu não ficava com raiva. Porque ficar com raiva de ouvir uma verdade? Ele tinha razão afinal, mas mesmo assim, não evitou que eu sempre me lembrasse dessas palavras e por isso eu evitava falar algo perto dele.

 Palavras machucam e saber que são verdadeiras é pior ainda.

 Como sempre eu não sabia como me sentir e nem sabia o que estava sentindo. Não me sentia com raiva e nem triste, coisas que talvez eu deveria sentir levando em conta que era o que minha copia expressava nesse momento. Mas não conseguia sentir isso, no máximo confusão...talvez.

 Meu olhar foi para a loira que tentava se manter de pé e com a postura reta, apesar de eu perceber suas mãos tremerem ligeiramente.O olhar dela mostrava surpresa, mas não desmanchou a postura séria e decidida. Suas feridas haviam se curado e ela estava somente com sangue seco nos braços e pernas, as roupas amassadas e os cabelos estavam soltos.

  Mas de uma maneira estranha, não estava feia.

 Não pude deixar de comparar a imagem que eu tinha dela de uns anos atrás. A menininha que vivia me oferecendo sorvete sempre que me via e suas inseparáveis maria-chiquinhas.

  As lembranças...eram como uma benção e uma maldição. Sentia uma saudade amarga daquele tempo e ao mesmo tempo o abominava, e mesmo sem querer, minha mente me levou para o primeiro dia em que começamos um relacionamento estranho...não sabia se podia chamar de amizade, mas eramos colegas de sorveteira.

   Ou era assim que nos chamavamos.

                                                       [☾ Lembranças On★ ]

Era nosso aniversário de 10 anos e como sempre eu estava sozinho.

  Por algum motivo eu, Brick e Butch não gostávamos de ficar juntos no nosso aniversario, o macaco dizia que era normal e ninguém discordava, ninguém reclamava.

  Tombei a cabeça para o lado enquanto via mais pessoas entrarem na sorveteria e me debati se deveria entrar também.  Eu não tinha dinheiro comigo, mas Butch tinha me ensinado a bater carteiras -ele provavelmente estaria fazendo isso agora para comprar algo legal pra ele- mas eu não me sentia confortável fazendo isso.

  Havíamos feito um acordo pra não usarmos nossos poderes com civis, quando não estivéssemos juntos, já que isso dificultaria nossos passeios na cidade, pois ele poderiam nos reconhecer, então nos limitávamos a pequenos roubos e quando iriamos fazer algo grande tínhamos que usar blusas com capuz para esconder nossos rostos. Praticamente só quem conhecia nossa aparência eram as garotas e alguns guardas, fora isso, ninguém desconfiava de crianças.

  Vi um casal sair da sorveteria de mãos dadas e reparei que a bolsa da mulher estava meio aberta.

  Hm...

 Me levantei do banco onde estava e os seguir pela calçada. Poderia não ficar confortável, mas a culpa seria dela por ser tão desatenta. Eu estava a alguns passos do casal, já que eles andavam devagar e sem pressa pela calçada, observei a bolsa com minha visão aprimorada e peguei o vislumbre de uma carteira branca.

  Iria ser fácil.

  Estendi a mão para pegar a bolsa, mas quando estava a uns centímetros de distancia da carteira, senti meu pulso ser segurado com força. Força sobre-humana.

  Ergui os olhos e vi duas iris azuis me encarando com intensidade de perto. Muito perto.

  -Solta!- puxei meu braço e pus distancia entre mim e loira.

  -O que estava fazendo?-Pergunta, cruzando os braços e tentando parecer ameaçadora, mas suas maria-chiquinhas acabavam com qualquer chance disso.

  -Nada.- Resmungo e observo o casal ir embora, sem ideia da pequena discussão a suas costas.

  -Acho que você ia roubar aquela moça.

  A olho com raiva e olho para a sorveteria mais adiante, atrás da mesma e viro de costas, ignorando os chamados da garota. 

  -Bommer!- Ela me segura pelo pulso e sinto meu rosto esquentar quando me viro e ela está próxima a meu rosto novamente.

 -O-oque você quer? Não to ameaçando a cidade hoje, volta pra suas irmãs melequentas!-Digo ríspido e tento puxar meu braço de novo, mas dessa vez ela o segura com as duas mãos.

 -Estava roubando um civil, isso é uma ameaça.- Diz séria e depois faz um bico, irritada- E não somos melequentas, os garotos que são!

 -Não são não.

 -São sim!

 -Não são!

 -São sim!

  Respiro fundo, prevendo que aquela discussão não levaria a lugar nenhum e encaro a pequena defensora da cidade, com 9 anos e faço uma careta.

  -O que você quer Bubbles?

 Então ela tomba a cabeça para o lado, exatamente como eu tinha feito antes, como se pensasse em uma resposta.

  -Porque queria roubar a bolsa?

  -Pelo dinheiro, ué.

  -Porque?

  -Pra comprar sorvete.

  Ficamos em silencio, então ela me solta devagar e abaixo a cabeça, prevendo o sermão que vou levar. Ela e as irmãs irritantes adoravam fazer discursos chatos, e eu não deveria chamar atenção hoje, então causar uma luta aqui estava fora de opção.

  -Você não tem mesada?

 Levanto a cabeça com a pergunta e a olho confuso. 

 -É um dinheiro que o professor nos dar todo o mês, poderia pedir pro seu pai.-Diz, se referindo ao macaco e eu ponho as mãos nos bolsos da calça.

  -Não acho que ele daria.

  Ficamos em silencio de novo e me pergunto o motivo de não ter ido embora ainda, então repentinamente ela segura meu braço e me arrasta pela calçada.

  -O que esta fazendo?-Digo me debatendo.

 -Vamos na sorveteria.- Paro de lutar e reparo no sorriso que ela tem no rosto. Estreito os olhos.

 -Você vai pagar?

 -Sim.

 -Então vamos.-Digo e começo a andar ao seu lado, mas percebo que ela ainda me segura pelo braço e sinto meu rosto esquentar novamente.- Mas me solta, não quero pegar piolhos!

  Me afasto e as bochechas dela ficam vermelhas de raiva. Ela fala algo mas ignoro, abrindo a porta da sorveteira e ouvindo o sininho que anuncia a entrada de clientes. Ela entra logo atrás de mim e vamos escolher nossos sorvetes juntos pela primeira vez.

  -Agora somos colegas de sorveteria.- Ela diz, enquanto come sua casquinha.

 -Porque colegas de sorveteria?-Pergunto, dando mais uma mordida na minha casquinha também.

 -Por que é um ambiente neutro, enquanto estivermos aqui, não importa se lutamos do lado de fora.-Ela parece pensar por um momento e abre um sorriso enorme- Aqui dentro somos amigos!

                                                             [☾ Lembranças Of★ ]

 Pisco, e as lembranças desaparecem do mesmo modo em que vieram.

 Não poderia me chamar de amigo, já que sempre que tinha a oportunidade tentava matá-la e ao contraio dela, eu não conseguia perdoar facilmente. Muito menos me perdoar.

   Eu não nasci preparado para ter amigos, então sempre soube que uma amizade entre nós era impossível, mas vendo a forma como a loira disse que se o professor tivesse pedido ela daria o sangue de bom grado...me irritou um pouco.

  Por que faria aquilo? Eu não merecia. Seria por pena? Quem é que sente pena de um inimigo, afinal? Meu estomago se revira com o pensamento, por que é só isso que eu sou: um inimigo.

  E as poucas horas em uma sorveteria não mudam isso. Eu quase a matei ainda agora, por uma raiva sem motivo. Fiquei com raiva por ela parecer tão feliz indo para a escola, com raiva por ela ter seguido em frente e provavelmente me esquecido, mas que motivo ela teria para lembrar de mim? E acima de tudo, fiquei com raiva por ela parecer tão bem quando eu me sentia quebrado, de alguma forma.

  Mas foi só naquela hora, depois foi como se meus sentimentos tivessem ficado dormentes e tudo em que eu me baseava era no "dever" de ganhar aquela luta, a qualquer custo, como se alguém estivesse sussurrando em minha cabeça e me fazendo esquecer qualquer sentimento que me atrapalharia.

   Minha cabeça latejou quando pensei nisso e tentei voltar meus pensamentos para outra coisa.

 Como mesmo depois de tudo o que eu fiz, ela me salvar naqueles destroços, mesmo quando os outros tinham desistido e...ela sabia que eu estava vivo.

  Eu pensei tela ouvido gritando, mesmo sabendo que era impossível, pois estava abaixo de muito destroços, mas mesmo assim tive certeza de que a ouvi...e ela me ouviu.

—Então isso fez nossos pensamentos ficarem ligados?- Pergunto, ignorando os olhares de todos sobre mim e foquei somente no professor.-Eu ouvi a voz dela quando estava nos escombros, como se conversaremos...

—Mentalmente.- A loira me completa rapidamente.

 Nossos olhares se encontram e ela me olha séria, como se me culpasse de algo e eu não duvidaria que fosse isso mesmo, afinal, como se não bastasse ter tentado mata-la ainda tinha entrado na mente dela de algum jeito e feito ela me salvar.

  Será que se arrependia?

  Desviei o olhar. Provavelmente se arrependia e por algum motivo o pensamento era inquietante.

 -O professor disse que o que acontece com o elemento nos muda mesmo que fora dos nossos corpos então um vínculo mental pode ter sido criado entre vocês.-Blossom diz com os braços cruzados e olhando para o professor.-É possível que nos também tenhamos isso? -Apontou para o resto dos adolescentes na sala.

 -Talvez.- Ele se aproxima da mesa onde tem os frascos vazios e deposita algumas sacolas em cima da mesma, sacola essas que o Butch chegou carregando.-Por isso vamos trabalhar o mais rápido possível, quanto mais forte ficar a ligação, mais difícil fica de separar.

 Observamos ele por a mochila no chão e preparar os equipamentos que trouxe, sendo ajudado pelo macaco que não havia dito nada desde que levou um soco direto do cientista.

  O clima na sala não estava de todo ruim, mas ao mesmo tempo era confuso como se todos quisessem falar algo e ninguém tivesse coragem de falar. Mas eu não liguei, apreciava o silencio.

  O silencio era calmo.

  O silencio era acolhedor.

  O silencio era bom.

  Me deixava com meus próprios pensamentos e isso me ajudava de certa forma a tentar entender minha emoções. Eu nunca conseguia entende-las, as vezes tinha vontade de gritar, outras de chorar, outras de rir até a barriga doer, mas no geral: eu não conseguia.

  Não lembro da ultima vez que chorei ou demonstrei estar com raiva. Eu sentia tantas coisa e ao mesmo tempo não conseguia expressar nada, por isso eu gostava do silencio, eu não era obrigado a lidar em como demonstrar minhas emoções para as pessoas.

   Somente o pensamento disso, soava errado para mim.

—Então vamos morar juntos?-Sou tirado dos meus pensamentos por Buttercup que não pergunta para ninguém em particular.

  Todos na sala permanecem em silêncio, parecendo só agora se tocar do fato de que eles têm que conviver juntos.

—Cu!-Butch bate a mão na testa.

—Olha essa boca!- O macaco reclama.

—Ânus.

—Melhorou.

 Ver a interação dos dois me fez dicar ainda mais confuso. O que eu sentia não era ciumes, mas o questionamento de porque não conseguir falar tão abertamente com o macaco, mas não era como se eu me importasse.

 -Eles podem ficar no quarto do professor e eu divido o meu quarto com as meninas.-Blossom se pronuncia.

 -Como assim?-Brick pergunta.

 -O professor provavelmente vai ficar aqui com o macaco, vocês três não tem casa, então vão morar com a gente. O quarto do professor fica ao lado do meu, se vocês ficarem nele e eu e as meninas no outro, estaremos separados por uma parede e sem efeitos colaterais.-A ruiva finaliza.

—Faz sentido.-O professor põe a mão no queixo.

  Faço careta ao me imaginar morando com tantas pessoas. Iria ser barulhento.

—Então vocês vão ter que falar com o prefeito.-Bubbles se pronuncia, sua voz ainda está fraca pelos acontecimentos recentes.

  A observo novamente e percebo seu semblante cansado. Não que os outros estejam diferente, mas ela parece que vai cair a qualquer momento e fico...preocupado?

  Não. Não tenho esse direito. Não posso me sentir assim, não depois de tudo o que fiz e nem sei porque estou me questionando sobre isso.

  "Isso mesmo querido, não sinta."

  Fecho os olhos, sentindo minha cabeça latejar e não preciso perguntar para saber que ninguém ouviu o que ouvi. Eles nunca ouvem, era a frase que me perseguia. 

  A frase era uma lembrança que sempre ecoava na minha cabeça em horas mais inoportunas e eu já estava acostumado. Lembranças de um tempo que eu me recusava de lembrar, lembranças de um ser que eu tinha medo de pensar e isso fez com que eu deixasse de lado tudo o que pensava antes.

 Respirei fundo e me acalmei, os sentimentos que eu não conseguia controlar pareciam ficar calmos e guardados, quase como se estivessem...dormentes. Espero minha cabeça parar de latejar e abro os olhos, reparando no resto das pessoas no laboratório.

  Eles conversavam mas eu não ouvia,eles discutiam e eu não prestava atenção.

  Eu estava calmo.

  Eu não me importava.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

ꕤ 6328 PALAVRAS!!!!! Quase que não sai essa capitulo kkkkk, ele está sem revisão, então se virem algum erro por favor apontem que eu corrijo quando pegar o pc novamente.

ꕤ Então o que acharam da narração deles? Uma odeia silencio e o outro adora kkkk opostos se atraem (Será?)

ꕤ Planejo fazer mais flasback sobre o passado do Bommer, por que ele é o mais, digamos, "traumatizado". Pra mim ele vai ser um personagem complicado, porque ele pensa muito sobre o que deve sentir, antes mesmo de sentir!

ꕤ O que foi aquela voz que Bommer lembrou, ein? Conseguem adivinhar? Só digo que esta tudo conectado, deixe aqui as teorias kkkkkk

ꕤ Professor deu mancada gente, o que voces fariam no lugar da Bubbles?

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