Ligados escrita por Liberii


Capítulo 4
Greens


Notas iniciais do capítulo

Não deixem de ler as notas finais, tem avisos importantes.
Espero que aproveitem a leitura!



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 Qual era a lógica de odiar uma pessoa e sonhar quase todos os dias com a derrota dela e estar carregando ela de forma protetora por que a mesma está inconsciente? Não achou a lógica? Bom, eu também não.

  Buttercup nunca esteve tão indefesa, essa era a melhor hora para acabar com a raça dela. Mas não sabia o que aconteceria comigo mesmo e por mais que não parecesse eu me importava com a minha própria vida, não o suficiente para ficar fora de brigar e situações de risco, claro, mas eu me recuso a correr o risco de morrer ou perder os poderes por essa briguenta.

   Aí já é de mais!

  Não podia negar que os dois estavam ligados de alguma forma, já que eu e meus irmãos descobrirmos que se ficássemos longe delas nós sofreríamos para um caralho, com falta de ar, coração pulsando rápido, dor de cabeça infernal...elas também, mas isso não vem ao caso.

  Elas tiveram todas as chances de se renderem, de serem derrotadas e agora por um raiozinho, tínhamos a missão de levar elas confortavelmente até o doido do macaco? Tudo bem que a culpa disso está acontecendo é meio que nossa, mas elas tinham que desmaiar ? Nunca fui um devoto da igreja, mas acho que a melhor expressão que eu poderia citar agora é: joguei pedra na cruz.

  Na verdade para o caso de esse limite que foi imposto entre mim e a briguenta não fosse temporário, vou mudar a expressão um pouquinho: eu joguei a própria cruz de um penhasco com pedras pontiagudas no final.

   É, isso resume bem a situação.

  Não consigo evitar a careta de indignação quando olho para o Bommer ao meu lado, que segurava a garota como se ela fosse feita de viro, o que eu achava uma idiotice porque ela tinha, literalmente, tentado matar ele a uns minutos atrás. 
  
  De vez em quando o loiro olhava para o rosto da garota -loira também- e franzia a sobrancelha, como se estivesse pensando em algo ou preocupado...certo, eu esperava seriamente que ele estivesse pensando em maneiras de se vingar por ela fazer um prédio cair em cima dele e que aquela expressão não de fosse preocupação.

  Quem se preocupa pela quase assassina? Okay, a loira se preocupou com o Bommer antes e ele também foi um quase assassino dela, mas todos sabemos que as garotas não batem muito bem da cabeça, agora ver isso vindo do Bommer...

 Bufei e olhei para o ruivo ao meu lado. Este carregava a ruiva também em modo noiva, mas diferente de Bommer, Brick não se importava se ela ficava confortável ou não, a cabeça da garota tava jogada pra trás e eu apostava que iria dar uma baita dor no pescoço.

  Não vou mentir, eu achei engraçado.

  Presto atenção na morena em meus braços. Havia sangue saindo de seu nariz e seus ouvidos, me pergunto se teria ficado assim caso demorasse mais tempo longe dela. Estremeci com o pensamento. Realmente então me importava em apanhar em uma boa luta, mas ser derrubado por algo invisível era perturbador.

  Nunca tinha me sentido tão impotente, o que é uma merda.

 Agora com Buttercup inconsciente em meus braços posso reparar nela, pelo menos na mulher em que ela se tornou, o que é meio desconcertante já que eu sempre pensei que ela seria a pirralha chata e briguenta que me atormentava sem motivo...certo, talvez eu tenha destruído um edifício ou dois, mas mesmo assim é um exagero ela ficar me lembrando disso e querendo lutar pra me fazer parar.

  Como se alguém pudesse me controlar.
  
 Seus cabelos negros estavam acima dos ombros, mas pela posição em que estava não cobriam seu rosto e pude reparar nas mudanças. Seu rosto havia afinado, tinha sardas quase invisíveis ao redor do nariz e nas bochechas e seus lábios...

  Engulo seco, com uma sensação desagradável no peito e continuo minha observação. Seus lábios não são grande coisa.

  Reparo também em sua orelha esquerda que está a minha vista e vejo que tem três furos. O primeiro furo estava com um brinco prateado em formato de estrela e os outros dois furos estavam sem nada...piercings?

   Sorrio, lembrando do meu próprio piercing na orelha esquerda também. Talvez não sejamos tão diferentes afinal...desfaço meu sorriso. É obvio que somos diferentes, nem sei porque esse pensamento passou pela minha cabeça.

 Continuo minha análise e percebo que das três irmãs ela tinha o menor peito. Não me considerava um tarado, mas era impossível não reparar nessas coisas mesmo elas sendo suas arco-inimigas.

 -Estamos chegando.- Ouvi Brick e presto atenção para a a construção a frente.

 O covil do macaco louco era ainda mais assustador visto de fora. Varias vigas suspensas, parte de paredes faltando e pintura acabada...Antes o covil era em um prédio personalizado pelo próprio macaco, mas conforme as lutas foram surgindo o covil sempre era atacado e ele acabou por abandonar aquele prédio e se escondeu em uma mansão abandonada e acabada fora da cidade, para os inimigos não "o atacarem quando ele estiver dormindo"Palavras dele.

  Pousaram na sala- por um buraco que tinha no teto- e para a surpresa de todos, o velhote já estava lá. Eu iria pergunta como caralhos ele tinha chegado antes da gente, mas lembrei que perdemos um bom tempo nos contorcendo de dor e fiquei na minha. 

  Ele lia um livro no sofá e estava bebendo café confortavelmente. Bom saber que ele consegue ficar relaxado nessa situação, vou anotar pra jogar na cara dele na próxima vez em que brigarmos.

  Assim que pousamos ele cospe o café e se levanta assustado em um pulo.

  Sinto que ele iria reclamar por não entrarmos pela porta, mas assim que ele vê as garotas em nossos braços ele fecha a boca e olha para o Brick, que bufa. Depois dirige seu olhar para o Bommer, mas o tonto nem percebe porque parece está ocupado de mais tirando os cabelos da garota de frente do rosto dela e finalmente bem olha, e olha para Buttercup em meu braço. Dou de ombros.

   Não vai ser eu que vou explicar essa merda não.

 -Estamos fazendo enterros agora?-O macaco fez uma careta, provavelmente pensando que as meninas estão mortas.-Joguem isso fora, daqui a pouco começa a feder.

  -Elas estão vivas.- a Afirmação do ruivo faz o velho louco dar um passo para trás e balançar a cabeça em negação.

 -O que? Por que? Como? Onde? O que vocês...- ele não se calava então eu resolvi interromper, afinal, viemos atrás de respostas e não mais 200 perguntas que eu sabia que o macaco poderia fazer se dessemos a chance.

  Como eu interrompi? Jogando o peso no chão, fazendo um barulho que atraiu a atenção de todos da sala. O peso? A minha copia, é claro.

  -PORRA!- A garota acordou gritando e eu dei um pulo para trás com o susto

  -Tu não tava desmaiada criatura?!- Pergunto pondo a mão no coração.

 -É que eu fui jogada no chão sabe? Pessoas tendem a acorda com A PORRA DE UM SUSTO!- Gritou de novo e se sentou, massageando as pernas.

Ela limpou o sangue que escorria do nariz e se levantou devagar, resmungando por causa da dor. Meu deus, tinha a necessidade de falar essas coisas? Buttercup resmungou baixo, mas pela minha audição eu pude ouvir todos os xingamentos que ela proferiu e a maioria -senão todos- era dirigida a mim. Eu pensei que as Powerpuff Girls fossem a personificação perfeita de garotas ideais ou algo assim, mas como o vocabulário da Buttercup, eu poderia atualizar minha lista de palavrões com mais 6 xingamentos novos. Deixaria até um marinheiro com inveja.

—Impossível...você devida tá morta...elas deveriam...TODAS DEVERIAM ESTAR MORTAS!-Então o macaco saiu correndo da sala e voltou segundos depois com um monte de papéis, jogando todos no chão.

  Buttercup levantou massageando a bunda e fez uma careta percebeu que suas irmãs ainda estavam inconscientes e no colo dos outros desordeiros e rangeu os dentes. Foi uma coisa interessante de se ver. Reparei que ela primeiro observou a cena,e demorou uns segundo pra ficar com raiva e começar a gritar. Parece que a morena tinha etapas antes de um surto.

 -SOLTEM ELAS AGORA!- Gritou apontando pros seus irmãos.

  Brick só olhou para ela pelo canto do olhos e soltou a ruiva no chão, do jeito que eu tinha feito.

  -Meu garoto!- Não consegui segurar a risada e bati no peito em sinal de apoio. Ai ai, eles crescem tão rápido.

  A Morena lançou um olhar de ódio pro Brick -que foi prontamente ignorado- mas foi socorrer sua irmã que tinha acordado com o tombo. 

 -Mas o que...?- A ruiva sentou rápido e pôs a mão no pescoço, com uma careta de dor.

Eu falei que ia ficar com dor. Pensei me sentindo vitorioso por algum motivo, talvez porque quem levou o tombo foi elas e não eu.

 Quando a ruiva ficou de pé, ambas as irmãs olharam para o Bommer, que ainda segurava a loira. Sério, ele tá com problemas.

  Bommer nem reparou que estava todo mundo olhando pra ele, porque estava ocupado de mais olhando o rosto da loira. Só quando todo mundo ficou em silencio, ele percebeu a mudança no clima e tirou a atenção da loira para olhar para nós. 

—Me da ela, devagar.- Buttercup estendeu os braços pro Bommer.

  Seria perfeito se ele só soltasse a loira no chão como eu e Brick fizemos, mas ele só endireitou ela nos braços dele e passou para o braço das irmãs dela devagar e delicadamente.

  Enquanto as meninas colocam a loira no chão e dão tapinhas para ela acordar, eu olho para o Bommer com meu melhor rosto de indignação. Acho que ele sentiu meu olhar sobre ele porque desviou os olhos da loira no chão e virou para mim.

  -Que foi?

 -Como "o que foi"?- Me aproximo dele e sussurro, para evitar que as meninas nos escutem.- Eu vi o jeito que ficou olhando pra ela, qual é a sua?

 -Nada.

 -Não foi "nada" Bommer! Qual foi, tá afim da sua quase assassina?!

  Eu nunca havia medido minhas palavras antes. Sinceramente, eu achava besteira ficar medindo palavras, se você sente ou quer falar alguma coisa é só dizer! Se passar a vida com medo do que pode ter sido ou o que poderia ter acontecido se você tivesse se imposto, não vai viver nada.

  Mas naquele momento, com a mão do Bommer em meu pescoço, me perguntei se devia ter medido algumas palavras, afinal, todos estávamos uma pilha de nervos por tudo que aconteceu e isso poderia ter ajudado na irritação do meu querido irmão.

  Foi tudo muito rápido. Em um momento eu estava sussurrando sobre uma possível paixão do Bommer e no outro ele surtou e me empurrou para a parede mais próxima me imprensando nela com uma das mãos em meu pescoço.

  -Retire o que disse!- Ele praticamente rosna.

     Já disse que eu não sou de medir palavras? Pois então. Eu meio que já tinha visto o rumo que aquela conversa iria tomar assim que ele me empurrou, mas eu nunca fujo de uma boa briga.

    Está no sangue.

  -Porque se importa tanto?- O empurro com minha perna, chutando seu estomago no processo. Ele vai para trás, mas ainda me encara sério. Não. Não sério, mas com raiva. Não posso evitar sorrir.-Encontrou uma verdade escondida nas minhas palavras, irmão?

  O vejo cerrar os punhos e ranger os dentes. Estalo meu pescoço. Bom, se ele quer lutar quem sou eu para recusar? Meu coração começa a acelerar imaginando que uma batalha se aproxima, a adrenalina começa a se espalhar pelo meu corpo, como se eu não tivesse quase morrido em uns momentos atrás.

  Mas para a minha profunda decepção, ele respira fundo e põe as mãos no bolso da calça surrada.

  -Não vou lutar com você Butch- Então me olha com cara de tédio, como se processasse suas próximas palavras.- Não vale a pena.

  Desfaço o sorriso que eu nem percebi que tinha, até aquele momento e fico sério. Eu não valo a pena? Eu? Penso em mostrar pra ele quem não vale a pena, mas antes que eu faça algo, sinto a mão de Brick em meu ombro.

  -Se acalma.- ele diz ríspido, como se tivesse algum direito de me dar ordens.

  Fica sempre com essa pose impotente de líder, como se fosse o melhor de nós três, mas nem imagina que eu sei o segredo que ele tanto esconde. Tenho vontade de rir da situação, mas reprimo, aquele não era nem o momento e nem a hora para jogar as cartas na mesa e eu com certeza não me desfaria da minha melhor carta.

 -Tsk.- Me desvencilho de sua mão e me encosto na parede de braços cruzados. A mesma parede que Bommer tinha me imprensado, só pra deixar claro.

  Percebo que a atenção de todos está em mim, até mesmo das garotas, que eu tenho certeza que viram a nossa briguinha de irmãos. Não sei descrever o olhar delas, mas sei que Bommer me olha entediado e isso me irrita, mas nenhum olhar me irrita mais do que o do ruivo, que me olha atentamente como se temesse que eu saísse batendo em todo o mundo.

 -Perdeu alguma coisa?

  Ele não responde, porque a garota que estava desacordada resolve se acordar na hora e chama a atenção de todo mundo, mas de alguma forma eu sei que mesmo se não tivéssemos interrupções ele iria somente me ignorar. É só isso que ele sabe fazer.

   -O que aconteceu?- a loira pergunta.

   -Não sei Bubbles, também queria saber.- A ruiva responde, ainda olhando estranho em minha direção. Ergo a sobrancelha pra ela, em sinal de desafio, mas a mesma me ignora e começa uma conversa com a irmã pra saber se ela está com muita dor.

    Ignorado com sucesso. De novo.

  Então...Bubbles. Então esse é o nome da loira. Eu realmente só sabia o nome da Buttercup, por que na minha humilde percepção ela era a mais interessante, então não fiz questão de aprender o nome das outras, até por que minhas lutas em geral giravam ao redor da morena.

   -Aconteceu, que vocês estão ligados. 

  Demorou para repararem no macaco com um monte de papéis na mão e um óculos de leitura, sentado no sofá enquanto analisava algumas anotações. Pisco, percebendo que ele havia respondido a pergunta da ruiva.

  -Ligados?!- a morena gritou- Como assim ligados?!

   Ela andou rapidamente em direção do velho e o levantou pela gola da camiseta -surrada- que ele usava, ninguém a impediu. Ele tentava se soltar e acabou espalhando mais papeis pelo chão.

  Bubbles se levantou e ficou ao lado da ruiva, ambas olhando a cena com confusão. Eu particularmente ainda estava me debatendo se impedia o estrangulamento do macaco ou ajudava, afinal, a culpa de tudo isso era dele. Atirar em nós quando estivéssemos juntos não estava no plano.

—Buttercup, deixa ele explicar!- A ruiva diz e para a minha surpresa, mesmo que a contragosto a morena obedeceu. 

         Hm...interessante.

    Uma vez no chão o macaco passou a mão pelo pescoço e continuou:

—O lazer foi criado para acabar com o elemento X de vocês, mas quando eu lancei vocês 6 estavam em contato. Então os elementos reagiram entre si, se conectando de alguma forma e se vocês se separarem....

  Ele se calou. Todos sabiam o que significava.

   Sério, qual eram as chances de minha vida depender da minha proximidade com minha maior inimiga? Devia ser, sei lá, uma chance em 1 bilhão e eu com minha incrível sorte -sintam a ironia- pelo visto, acabei atado a minha irritação ambulante.

 -Se nos separarmos os elementos vão forçar seu encontro através dos nossos corpos e vamos entrar em colapso com nosso sangue.- Brick quebrou o silencio que havia se instalado entre nós e disse o que ninguém teve coragem, só que de maneira mais cientifica.

  Em resumo: vamos morrer.

 -Pera um pouquinho, como um lazer pode fazer isso? Tem como reverter certo?- Bubbles pergunta insegura.

  Me pego a avaliando de cima até baixo. O que Bommer viu tão de especial nela que o fez se voltar contra mim? Era a mais baixa das três e parecia não gostar muito de lutar, então qual era a graça dela? Sera que era o tipo do Bommer? Vou lembrar disso da próxima vez que criar uma conta escondida pra ele em um site de relacionamentos.

  Já até imagino o perfil: Gosto de loiras baixinhas, gentis, doces e que tentam me matar em dias uteis.

 -Bom...Todos vocês têm elemento X no corpo, mesmo os garotos tendo principalmente o Y. O Lazer servia para separar o elemento X de vocês, mas como estavam em contato eles reagiram e meio que se tornaram um só...então se ficarem muito longe, vão ficar fisicamente incapazes.

  O silêncio se instalou pela sala.

—Isso não vai dar certo.- A voz da loira quebra o silêncio e parece despertar os outros.

  Bufo. Ela jura? Obvio que essa merda não vai dar certo, a gente tentou se matar a uma meia hora atrás.

  -Professor. Temos que ir pro Professor.-A ruiva é a primeira que fala e quando vai levantar voo, Buttercup segura o braço dela rapidamente.

  Elas se encaram, como se se falassem telepaticamente. Mas tava mais pra olhares confusos e sugestivos mesmo mesmo. Buttercup lançava olhares pro Brick e a ruiva arqueava a sobrancelha em confusão.

  Puta que pariu, eín! Até eu que, não vou mentir, sou lerdo entendi o que a morena tava tentando dizer com os olhares nada discretos. Ele olhava para a ruiva e em seguida para o ruivo, como se tentasse falar "Não pode ir sozinha, anta!" Talvez, não nessas palavras, mas o sentido era o mesmo e a ruiva devia tá em choque por toda a situação porque continuava a olhar a irmã em confusão e sem entender.

  Sinceramente, era divertido ver a batalha de olhares, mas o tempo tava pouco e o eu estava com pressa.

  -Seguinte!- Disse, enquanto batia palmas chamando a atenção de todos- Macaco, como desfaz esse negócio?

   A atenção de todos foi para o velho que estava fazendo anotações num caderno. Sério, ainda tinha algum espaço pra escrever alguma coisa naquele bloquinho?

  -Não vai ser fácil. Eu demorei dois anos pra aperfeiçoar isso, pra criar algo que reverta o efeito pode demorar uns três anos...

  Silêncio de novo, enquanto todos absorviam as palavras do velho e raciocinavam que seriam três anos convivendo juntos...Nem fodendo! Dessa vez sou eu que me viro para ficar abaixo do buraco na parede e me preparo para voar.

 -Professor. Você trabalha mais rápido com ele.- Digo, mas antes de sair uma mão uma impede de sair e agarrando meu braço.

  Quando me viro para xingar, quem quer que fosse, percebo que é Bommer e seguro o xingamento na ponta da língua, afinal eu pensava que fosse a irritante. O loiro lança olhares na direção de Buttercup e na minha direção novamente.

  Eu tava tão perturbado pelo o pensamento de ficar três anos preso com a Buttercup que nem raciocinei direito e fiz a minha melhor cara de desintedido, enquanto Bommer parecia um agente lançando sinais em direção a Buttercup e para mim de novo.

      Que?!

—Meu deus do céu gente, isso é sério? Se vocês se afastarem vão cair direto pro chão e a outra pessoa vai ter convulsão aqui!- Bubbles reclamou e cruzou os braços.

   -Há, verdade.- Bato a mão na testa, eu tinha reclamado da ruiva ainda agora e tinha feito a mesma coisa. Mas é aquele ditado né: quem nasce trouxas, tende a fazer trouxices.

  Ando até onde Buttercup está e paro a uns dois passos de distancia. A proximidade me fazendo reparar na diferença entre nossas alturas, enquanto eu tinha 1,87 ela era menor e sua cabeça media em meus ombros, afinal ela tinha o que? 1,65? Baixinha.

  Quando percebeu minha aproximação, ela ficou tensa na hora e não consigo evitar sorrir um pouco. Parece um esquilo tentando parecer perigoso.

  -Você tem duas opções, docinho.- levanto dois dedos- primeira, voa ao meu lado.- abaixo um dedo- segunda, ou no meu colo, eu particularmente não me importo de carregar você- abaixou o outro dedo e lhe lanço um sorriso sugestivo, que fica vermelha e aperta os punhos com raiva.

   Um esquilinho muito irritado.

✿ ❀ ❁ ✾ ✽ ❃✿ ❀ ❁ ✾ ✽ ❃ Buttercup  ✿ ❀ ❁ ✾ ✽ ❃✿ ❀ ❁ ✾ ✽ ❃

   Eu sabia que Butch não estava brincando e ele seria mesmo capaz de me carregar o caminho inteiro só para buscar o professor, em parte porque ele parecia tão desesperado por respostas quanto qualquer um na sala e em parte porque eu não via nenhuma hesitação nos olhos dele.

  Por isso a unica coisa que pude fazer naquele momento foi respirar fundo e me acalmar. Não precisávamos de outra briga para atrasar nossa busca por respostas, por mais que a vontade de jogar quele metido, arrogante e irritante da janela fosse grande.

  Fiz careta para o sorrisinho malicioso e presunçoso que ele tinha e somente virei de costas, olhando para o buraco no teto da sala e disse:

   -Me acompanha.

   Não esperei por ele, o conhecendo como eu conheço -com base somente em nossas lutas e brigas- sei que o mesmo estaria bem atrás de mim, afinal o idiota adora um desafio e parecia me ver como uma nova forma de brinquedo, porque adorava me perturbar.  

   Voei o mais rápido que podia com Butch ao meu lado, o medo de me afastar de mais fazia eu recuar sempre que queria ir mais rápido e acho que ele pensou o mesmo pois sempre que começava a se afastar, recuava para ficar por perto. Incrível, ele tem algum senso!

  Essa devia ser a descoberta do século, mas deixo de lado já que ele provavelmente só ligava para ele mesmo e por isso estava fazendo questão de ser cuidadoso. Duvido que ele ajudaria alguém de bom grado ou que estivesse em perigo se isso não trouxesse vantagem para ele.

   Era o tipo de pessoa que eu mais odiava.

  Fazia brincadeiras e piadas para esconder os atos horríveis que fazia, como se as pessoas pudessem esquecer qualquer coisa com uma risada. Mas eu não. Nunca iria esquecer que o garoto voando ao meu lado provavelmente tinha mais sangue nas mãos que um ex-soldado, não importava quantas piadas o idiota fizesse.

  Avisto nossa casa e acelero, dando deixa para o garoto ao meu lado fazer o mesmo. Pousamos no jardim da frente tão rápido que causou uma pequena cratera na grama e o vento forte arrancou algumas flores do canteiro. 

  Bubbles iria reclamar, era ela que cuidava do jardim e não permitia que ninguém pisasse na grama, somente no caminho de cimento que dava para a porta da casa, mas aqui estava eu e o desordeiro, destruindo a abra prima da minha irmã. Não quis avaliar o resto dos estragos e fui em direção a porta da correndo e praticamente arrombei a porta, já que estava trancada e eu não tinha as chaves.

   Do lado de dentro, ignorei a sala e fui em direção ao laboratório, que ficava em uma porta logo abaixo da escada. O professor passava a maior parte dos dias lá, saia às vezes nos fins de semanas e feriados. 

  Nenhuma de nós três reclamávamos, já estávamos acostumadas com nossa estranha relação de pai e filhas, afinal o professor era um cientista ocupado e com muitos projetos que o governo designava para ele. Os projetos eram para ajudar as pessoas, que direito nós tínhamos de fazer birra por atenção quando algo maior estava em jogo?

 -Professor!- Bato na porta do porão, o laboratório ficava lá em baixo e não tínhamos permissão para entrar. Tipo, em nenhuma hipótese.

  Lembro de uma vez em que Blossom tinha algo urgente para falar com o professor e entrou no laboratório sem autorização. O professor saiu gritando e a puxando pelo braço, enquanto falava que ninguém poderia entrar nunca lá e um longo discurso sobre regras a serem seguidas. 

   Eu nunca tinha visto o professor tão bravo.

  Blossom nunca fala sobre esse dia, mas eu sei que ela viu algo lá em baixo. Quando o professor voltou para o laboratório e nós três ficamos em frente a porta, em choque, tudo que ela falou foi que tinha cometido um erro e o professor estava certo em proibir a nossa entrada naquele lugar. Mas ela nunca contou o que viu.

  Sai dos meus pensamentos com Butch batucando os pés no chão em sinal de impaciência. Espero em silêncio por dois minutos antes de puxar o ar dos pulmões e gritar de novo.

 -PROFESSOR!

  Dessa vez foi possível ouvir barulhos de frascos caindo lá em baixo e em seguida passos apressados em direção a porta.

 -ACONTECEU ALGUMA COISA? INCÊNDIO? MONSTRO? TERREMOTO? CADÊ SUAS IRMÃS?- Ele  saiu apressado e quase tropeçando, assim que me viu me pegou pelos ombros e começou a procurar feridas em meu corpo e ficou branco, depois verde, e depois azul. Parecia que iria vomitar a qualquer momento.

 Tinha me esquecido completamente que tinha lutado com contra os desordeiros e estava suja de poeira, sangue e com alguns arranhões pelo corpo que não tinham sarado completamente.

   A principal regra da casa: Só chame o professor no laboratório se for uma emergência de vida ou morte. Então pela reação dele, me vendo toda ferrada e sem minha irmãs, apostava que ele  tinha pensado o pior cenário possível.

 -Suas irmãs...elas estão bem?- Mas antes que eu pudesse responder ele colocou as mãos na cabeça e começou a chorar.-EU SOU UM PAI HORRÍVEL! MINHAS FILINHAS, ERAM TÃO NOVAS!

  Meu Deus. Como a gente tem que agir com uma pessoa chorando? Olho para Butch em busca de ajuda mas o desgraçado estava encostado na parede atrás do professor e com uma das mãos na frente da boca para abafar o riso. 

   Inútil, mesmo! O ignoro e presto atenção no homem chorando a minha frente.

  -Papai...- Ele olhou para mim com os olhos marejados e o nariz escorrendo.

 -Buttercup...eu sinto muito...eu...eu...- nesse ponto ele já estava soluçando e solto um suspiro.- Se eu tivesse sido um pai melhor...- então volta a chorar de novo.

  Apesar da situação estranha, meu coração se aquece um pouco ao saber que ele se importa com a gente...mas o momento de sentimentos dura pouco porque uma praga resolveu interromper.

 -Pela mor de deus cara...SE RECOMPÕE!- Butch gritou atrás do professor e o mesmo toma um susto e em um pulo se poe na minha frente, como se pudesse me proteger com o jaleco manchado e os óculos de proteção que tinha na cabeça.

—D...desordeiro? O que faz aqui? Buttercup?!- O professor olhou para mim rapidamente, exigindo uma resposta, mas ainda sem sair da minha frente.

  -Bom...as meninas estão bem, mas precisamos da sua ajuda.

  -E por que ele está aqui?-Apontou para o desordeiro encostado na parede e de braços cruzados e expressão arrogante como se fosse algum mafioso e estivesse esperando uma mercadoria nova.

  Penso em como contar, poderia começar com "Então, sabe nossos inimigos mortais? Voltaram para tentar nos matar -de novo- e quase mataram a Bubbles, por falar nisso e a sua antiga experiencia, o macaco? Lançou um lazer que devia nos matar, mas deu errado e agora estamos todas ligadas aos desordeiros de algum jeito."

  Dou um sorriso sem graça.

 -É uma longa estória.

 Deixei o moreno encarregado de contar os acontecimentos para o professor e fui tomar banho. Sim, as meninas estavam esperando que voltássemos logo, mas nem ferrando que eu ia perder essa oportunidade de um chuveiro quente, até porque, o professor com certeza iria demorar pelo menos uns 30 minutos para arrumar todas as tralhas que ele iria levar.

 Não sabia como funcionava o distanciamento de mim e do Butch, e confesso que naquele momento eu estava tão ansiosa pra tirar esse sangue seco de mim que tinha até esquecido dos nossos limites, mas quando cheguei no topo da escada comecei a ficar com uma leve falta de ar e senti meu corpo esquentar, como se meu sangue tivesse começado a ferver.

 Só faltava essa

  Mas antes que eu pudesse chamar o desordeiro, ele já estava ao seu lado e parecia ter corrido uma marota.

 -Maldito...-ele respirou fundo-Raio.

  Ficamos uns segundos na ponta da escada, respirando, então o moreno me fitou com raiva.

  -Que merda você tava pensando?! Tem que avisar quando for sair pra um lugar, garota ao contrario de você eu não sou masoquista!

  -Eu não sou masoquista, maldito!

 -Não pareceu quando estava apanhando de mim a uma meia hora atrás.

  Abro a minha boca em surpresa pelo o que ele falou e o mesmo só me lança um sorriso sugestivo. 

  -Eu só posso ter jogado pedra na cruz!- Bato a mão na testa, não querendo entrar em briga com ele naquele momento, cada momento discutindo era um momento longe do banho

  -Acredite, eu pensei a mesma coisa.

  Nos encaramos por um tempo, sem dizer nada. Ele me olhava com...curiosidade? Ergui a sobrancelha em sinal de desafio e ele fez o mesmo, como se me desafiasse também. Nos encaramos por mais alguns segundos, então reviro os olhos.

  -Eu vou tomar banho e não enche o saco!

  Ele iria falar mais alguma coisa mas o ignorei, seguindo para meu próprio quarto e antes que ele entrasse eu fechei a porta e tranquei, o deixando no corredor. Nem ferrando que eu iria tomar banho com aquilo no meu quarto. Eu estou tratando ele como uma doença contagiosa? Sim, mas não estou errada. Com toda aquela loucura, era bem possível que ele deixasse as outras pessoas loucas também.

 Entrei no banheiro do quarto e fui tirando as roupas ensanguentadas na hora, querendo me livrar delas o mais rápido possível. Eu sabia que Butch não entraria no quarto -só se arrombasse a porta- sem eu ouvir, mas tranquei a porta do banheiro mesmo assim.

  De baixo do chuveiro eu limpava meus braços quando uma pontada de dor me fez resmungar e reparei em diversos arranhões pelo meu corpo, estavam se curando sozinhos, ainda mais com a limpeza, mas ainda assim fizeram com que eu me limpasse devagar para não machucar mais. Toquei um lado da minha barriga com receio, pois estava roxo e meio amarelado.

  Ele ficou mais forte...

 Não era problema, eu também havia ficado mais forte, treinando todos os dias minha resistência física .Com o passar do tempo descobri que cada uma de minhas irmãs tinha um dom único.

  Eu particularmente tinha a capacidade de me curar mais rápido e tinha mais resistência. Bubbles era a mais veloz das três, por isso achei estranho o desempenho da mesma hoje na luta contra o desordeiro loiro e Blossom tinha resistência a temperaturas quentes, não foi fácil descobrir, precisou de uma explosão em uma das missões que participaram para o prefeito-o qual a ruiva saiu ilesa- para confirmarem a teoria de resistência às altas temperaturas.

  Enquanto me banhava, percebi minhas feridas se fechando. Era sempre assim, depois de uma luta, quando conseguia relaxar as feridas cicatrizavam mas isso me deixava com sono. E nada me relaxava mais que um bom banho.

  Por um momento tive medo de Butch ir embora e  me deixar contorcendo de dor no box, mas descartei a possibilidade. O desordeiro se importava muito com a própria pele pra ficar muito longe, era um egoísta.

   Depois de me lavar, pôs uma calça legue preta e sua blusa moletom verde. Esvaziei minha mochila de trilha -geralmente eu usava para fazer trilha sozinha no fim de semana-  e coloquei roupa para minhas irmãs, não sabia se tinha banheiro no esconderijo do macaco, mas era melhor prevenir do que remediar. Bom, deveria ter banheiro lá e também não sabia se as meninas iriam querer tomar banho lá de qualquer maneira, mas conhecia as duas bem o suficiente para saber que reclamariam, se não levasse uma muda de roupas.

   Peguei um vestido meu do guarda-roupa e uma calça jeans e uma camiseta, e algumas roupas intimas novas que eu ainda não tinha usado por serem novas, já que não tinha paciência para procurar roupa no quarto delas, até porque se eu mexesse em algo na "organização" delas, eu iria ouvir reclamações até o final de semana.

   Quando sai do quarto, reparei na figura deitada no chão do corredor.

—Mas é um folgado mesmo! -O moreno levantou os olhos em minha direção e deu um sorriso de canto.

   O que o garoto tinha de bonito, tinha de irritante. Um baita de um desperdício!

  -Não precisava se arrumar toda pra mim, docinho. Amo você com cabelo bagunçado.

  Revirei os olhos e joguei a mochila na barriga dele, que fez uma careta e se sentou.

  -Não em chame assim. Cadê o professor?

  -Depois que eu contei tudo ele foi correndo pro porão e não saiu até agora.-Deu de ombros e abriu a mochila.-Tem comida aqui?

  -Não!-Pego a mochila de volta e a fecho-Se tá com fome se alimenta de um pouco do seu ego, tenho certeza que é mais que suficiente.

  -Não posso me alimentar de mim mesmo, seria canibalismo!-Ele estreita os olhos em minha direção-Acho que poderia me alimentar da sua arrogância, enche um batalhão.

  Fecho os punhos, mas antes que diga qualquer coisa o professor sobe as escadas correndo, com uma mochila de acampamento, vários equipamentos estranhos e uma sacola com algumas roupas.

—Er...- Comecei a falar, mas fecho a boca sem saber o que dizer, o professor parecia um campista de férias.

—Você vai morar lá?-Butch perguntou, agora de pé ao meu lado.-Tá parecendo um campista de férias.

  O professor se encolheu

 -Bom, você disse que o macaco levou dois anos pra desenvolver tudo, então eu quis ir o mais preparado possível para ajudar e provavelmente vou ficar um tempo por lá...

  Suspirei, com uma leve dor de cabeça começando a me abater.

—Certo, vamos logo com isso.

 -Eu não vou carregar ele! - Butch diz assim que chegamos na frente da casa. -Seu pai sua responsabilidade.

  -Seu raio, sua responsabilidade!- Digo irritada.- Mas concordo, você não vai levar ele. Não confio em você o suficiente pra isso.

  -Eu poderia dizer que você magoou meus sentimentos, mas estaria mentindo.- Ele da um sorriso inocente...até parece que alguém cai nesse sorriso, o garoto não tem um pingo de inocência no corpo.

 -Professor, deixa as tralhas no chão. -O cientista me olha confuso, mas obedeceu.

   Andei em sua direção e o abracei.

 -Butch, você leva a mochila e o resto das coisas.

 -Que?!

  Mas antes que ele faça algo, seguro o professor com força e alço voo, ele se assusta e também me abraça com força. Ficamos a uns metros longe do chão esperando o desordeiro e lanço um sorriso pro garoto.

  -Você disse que não levaria ele, não falou nada sobre as coisas dele!- Digo sorrindo e o ouço xingar, mas me limito a sorrir, me sentindo estranhamente vitoriosa.

  -Não gosto de alturas...- o professor murmura e eu rio, achando graça de sua expressão.

  Depois disso, Butch vem até meu lado, com uma mochila enorme de campista nas costas e as duas mãos segurando sacolas enormes. Então partiram novamente para o esconderijo do macaco.

  No caminho para o esconderijo, não falamos nada, mas sei que todos pensamos o mesmo.

    Tomara que isso dê certo.

                                  


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Notas finais do capítulo

TERMINEI O CAPITULOOOOOOOOOOO, finalmente e com 5910 palavras viu? Então pessoas, tenho alguns avisos para voces.

ꕤ Minhas aulas online voltam dia 1, então eu não vou poder usar o computador para acessar o whatppad (Ensino rígido, fazer o que) e por isso só vou poder acessar fins de semana, então atualizações só vão acontecer no DOMINGO.

ꕤ Então, vocês repararam que a narração do Butch tem vários palavrões e a da Buttercup tem no máximo um "nem ferrando"? É porque eu quero deixar clara a diferença de criações e personalidade entre eles.

ꕤ Blossom viu algo no laboratório do professor, o que sera que foi? Só digo que vai ser importante para a história.

ꕤ Não deixem de comentar as opiniões de vocês!!!

Bjs de luzzzzz!!!!



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