Era de conhecimento de todos, que Bakugou Katsuki bom em tudo o que fazia. E é lógico que com a peça de teatro isso não seria diferente.

O processo de criação do cenário foi extremamente acelerado devido a individualidade de Momo, ela achou que não se sairia muito bem no palco por conta da sua timidez, por isso nem deu seu nome na distribuição de papéis, imaginou que seria mais útil ajudar de uma forma que ele consegue. E em um dia o cenário estava pronto, graças a ela dias de trabalho foram poupados.

Em compensação a turma fez um banquete para que ela pudesse repor todas suas energias, o que agradou a todos.

O dia se passou e eles estavam adiantados devido ao esforço da amiga.

O representante da classe ficou por ser o responsável de escrever e adaptar o roteiro, por isso os atores ainda não tinham muito o que fazer.

Uraraka, por sua vez, estava descontente de ver seus colegas se esforçando enquanto ela apenas esperava, por isso resolveu ir até a biblioteca da escola pegar o livro da peça.

Chegando na biblioteca entrou cautelosamente, não sabia direito o porquê de estar agindo daquela forma, talvez fosse por conta do silêncio ensurdecedor que se alastrava por aquela sala, quando caminhava por entre as estantes à procura da obra de William Shakespeare ela encontrou o garoto de olhos rubis, sentado em uma das mesas e cercado por vários livros empilhados Ele realmente era um aluno muito aplicado, ninguém se torna o melhor da noite pro dia, tem muito esforço envolvido. Ela admirava Bakugou por isso.

— Vai ficar me encarando por quanto tempo, bochechas? — Uraraka se surpreendeu por ele notar sua presença, ele sequer havia olhado para trás, onde ela estava. 

"Bakugou-kun realmente tem ótimos reflexos", pensou Ochako.

Logo o rosto dela esquentou, ele realmente a pegou o encarando escondida. Que vergonha.

— Eu só vim aqui pegar o livro para estudar mais as emoções dos personagens, quero que tudo saia nos conformes. — Uraraka disse se aproximando da mesa onde ele estava, observando os livros do garoto ali na mesa ficou surpresa com o que viu — Espera, isso são livros do ano que vem? Acabamos de entrar no segundo ano e você já está tão adiantado.

— Eu sempre estou a um passo à frente. — Disse sem muita cerimônia — Você realmente está animada com esse negócio da peça não é, cara de lua? — Disse apontando para o livro na mão dela.

— Prefiro, bochechas. — Deixou escapar baixinho, mas Katsuki ouviu. 

De todos os apelidos que o garoto dava aos seu colegas, "bochechas" era o que menos a incomodava, as vezes parecia até fofo, mesmo ela tendo ciência de que aquilo era para ofendê-la.

Bakugou a olhou e sorriu sarcástico, a garota logo cobriu a boca com as mãos, envergonhada. E logo desviou o olhar para as grandes janelas do local, tentando não ficar constrangida por conta de algo bobo, mas pra ela era quase impossível, suas bochechas sempre a denunciavam.

— Qual é o seu papel? — Questionou Katsuki.

Ela achou que ele já soubesse desde o início, ele deveria no mínimo saber com quem vai ter que se apresentar, mas provavelmente só pensou em si mesmo. Suspirou com aquele pensamento.

— Eu vou fazer o papel de Julieta. — Sua voz saiu baixa, mas foi o suficiente para que ele ouvisse.

— Então vai ser minha parceira? — Nesse momento ele desviou o foco de seus livros para encarar a garota ao seu lado dos pés a cabeça — Você não é nada mal, bochechas. — Sorriu malicioso, o que fez com o rosto da garota queimasse e ficasse com as bochechas mais rosadas que o usual.

Bakugou esperava que ela fosse ficar brava e lançar algo em sua direção, mas não, ela apenas abaixou o rosto avermelhado e agradeceu pelo elogio. Era impossível não notar como ela ficava fofa corada, Katsuki sabia muito bem disso, ela nunca havia demonstrado tal expressão para ele, apenas para o nerd. Era bem óbvio para todos que ela tinha uma queda, das grandes, por Midoriya, e todos da sala já meio que desconfiavam — menos o próprio Deku. E Bakugou sentia uma pitada de inveja do garoto por isso, mas ao ver aquela expressão tímida ali, para ele, ficou balançado, tanto que acabou se perdendo na feição dela por alguns segundos. Foi retirado subitamente do transe quando os celulares de ambos apitaram.

— É o Iida-kun.

— É o quatro olhos.

Disseram em uníssono.

Uraraka se sentiu aliviada, aquilo estava ficando cada vez mais constrangedor com Katsuki lhe encarando sem nem dizer nada, ela queria simplesmente correr dali e gritar em suas almofadas. O que raios se passava na cabeça daquele garoto? 

Já Bakugou se sentiu frustrado, não sabia direito o porquê daquilo, talvez estivesse se divertindo ao deixá-la constrangida. É, provavelmente era só isso mesmo.

O conteúdo da mensagem pedia para que todos os atores de juntassem no dormitório para que pudessem discutir algumas ideias.

— Bom, então eu vou indo na frente. Pode ficar estudando, eu explico para ele depois. — Ela desejava sair de perto dele o quanto antes, virou-se de costas para o garoto, já tendo visão da porta da saída.

— Espera aí, eu já terminei por aqui, vamos juntos. Vou só recolher essas coisas. — Bakugou abriu sua mochila e colocou alguns dos livros lá, e devolveu outros para a estante.

Parece que ela não ia conseguir fugir dele, iria ter que se acostumar com aquela tensão? Talvez ela estivesse apenas pensando demais no assunto, às vezes não era nada demais, ela só precisava acalmar os nervos, afinal era só o Bakugou.