O dia começou calmo e tranquilo, até o professor Aizawa anunciar:

— Provavelmente alguns de vocês já ouviram por aí, mas pra quem ainda não estava sabendo, o festival cultural vai ser nesse sábado , e a partir de agora vocês tem toda essa semana para se planejarem.

Aquele era um evento dos grandes, normalmente ocorre em todas as escolas do país, serve de oportunidade para que alunos de outros colégios — normalmente os que estão prestes a ingressar no ensino médio — visitem a escola e tenham interesse em estudar ali, e para U.A não era diferente.

Ainda mais depois de tudo o que aconteceu no ano passado com vilões atacando os alunos, depois de terem recuperado a confiança do povo, precisavam mostrar o melhor da escola. 

Logo a sala toda ficou alvoroçada, os alunos estavam claramente animados para aquilo, com exceção de alguns é claro, como por exemplo, Bakugou, que não via utilidade alguma.

— Vocês tem até o fim do dia para me entregar esse formulário preenchido com a escolha do tema de vocês.

Uraraka estava ansiosa, ela amava esse tipo de atividades escolares que fazia toda a turma interagir, adorava passar um tempo descontraído com seus colegas.

— Ah mais uma coisa... Não é obrigatório que os alunos participem, mas quem não participar irá perder nota. — Essas foram as últimas coisas que o professor disse antes que deixasse a sala de aula.

— Tch. Não dá na mesma merda? — Bakugou resmungou sozinho antes de empurrar sua carteira e se levantar.

Uraraka esboçou um sorriso quase imperceptível, não sabia direito o porquê mas achava engraçado as ver o rapaz irritado, mesmo que ele não estivesse bravo de verdade, passou a achar fofo esse traço da personalidade dele.

— Aonde você vai, Bakugou? — Iida disse se aproximando do colega de classe que o olhou com uma cara nada amigável, mas Iida não se abalou.

Uraraka ficou sabendo por Izuku que durante a infância Bakugou sempre gostou de provocar e amedrontar seus colegas, e até mesmo as mais velhas que ele, por se achar superior, mas desde que chegou na U.A o rapaz percebeu que as pessoas não tinham muito medo dele, muito pelo contrário, gostavam de provoca-lo para ve-lo irritado, talvez isso tenha deixado ele mais carrancudo do que já era antes, mas depois de viver com os colegas durante um ano, todo mundo se acostumou com a personalidade peculiar garoto.

Até mesmo Ochako passou a achá-lo até interessante, mas nunca iria admitir isso, iria inflar o ego de Katsuki.

— Não te interessa, quatro olhos. — Bakugou respondeu colocando as mãos no bolso.

— Nós vamos decidir o que iremos fazer para o festival cultural, se você não ficar aqui não poderá dar sua opinião. — Iida respondeu normalmente, sem se incomodar com o apelido dado pelo loiro. 

— Dane-se, eu não queria participar mesmo dessa bosta, só escolham o que quiserem e eu vou participar. 

Sem muita discussão Katsuki saiu dali, deixando todos os seus outro colegas animados decidirem o que deveria ser feito.

E após várias propostas, umas bizarras e outras até consideráveis, a garota de bochechas rosadas resolveu se pronunciar.

— E se fizéssemos uma peça teatro? — Disse juntando as pontas de seus dedos e seus olhos brilhavam, todos sorriram ao ver o entusiasmo da garota, ela realmente conseguia contagiar todos à sua volta com um simples sorriso.

— Essa realmente parece ser uma boa ideia. — Concordou Yaoyorozu.

— O que vocês acham de fazermos uma votação? — Mina respondeu pegando um giz, se aproximando do quadro e escrevendo as ideias até agora.

A classica Casa de horrores e Maid café foi o sugerido pelos garotos, as garotas deram as ideias de Café de mordomos e Uraraka a do teatro. Essas foram as ofertas que não foram descartadas.

Todos pegaram um pedaço de papel, escreveram e votaram, foi Ashido quem recolheu os papéis e começou a contar.

— E vencedor é... — Fez uma pequena pausa para dar suspense — A PEÇA DE TEATRO! Vencendo a casa de horrores por apenas seis pontos.

Todas as meninas haviam votado na ideia da amiga de cabelos castanhos, então a vitória era praticamente garantida já que o voto dos meninos seriam entre o café de empregadas, casa de horrores e o teatro.  A ideia pareceu agradar a todos, até mesmo quem não tinha votado para a peça, achava interessante.

Depois de conversarem bastante decidiram fazer a peça de Romeu e Julieta, sorteando os papéis da peça Uraraka recebeu o papel de Julieta e ficou eufórica, mas seu ânimo desapareceu quando o nome de Bakugou Katsuki apareceu com o personagem de Romeu. O sorriso da morena murchou no mesmo instante; apesar de simpatizar com o garoto problema, sabia que aquilo seria algo difícil de lidar.

— Vocês tem certeza de que ele é a melhor pessoa a ser o Romeu? Não acho que ele tenha interesse.

Todos se entreolharam pensando, realmente concordavam com Uraraka, mas todos os papéis já tinham sido entregues, teriam que fazer outro sorteio e aquilo não seria justo com os outros. E particularmente ela não queria perder o seu papel de Julieta.

— Foi ele quem decidiu não estar aqui, então não importa se ele tem interesse ou não, ele vai ter que fazer. Bakugou não deixaria suas notas caírem por puro orgulho. — Todoroki disse, e realmente, era verdade. Apesar de todos os defeitos o loiro tinha as melhores notas da sala e era um dos alunos mais focados.

Não perderam tempo em preencher o formulário entregue pelo professor com todas as informações incluído os papéis dos personagens. Então não havia mais volta. Bakugou seria o Romeu de Uraraka, e só de pensar naquilo ficava nervosa. E tudo piorou quando ela percebeu a presença de Katsuki ali, que havia acabado entrar na sala.

— E então? O que vocês, extras, decidiram?  — O quão irônico isso soava vindo dele agora que representaria o papel principal na peça junto a morena.

— Nós vamos fazer uma peça de teatro. — Kaminari disse com cuidado, como se andasse por um campo minado.

— Hã? — Bakugou os encarava com um olhar indecifrável, já que vivia com aquela mesma cara carrancuda ninguém sabia ao certo o que mais ele esperava ouvir.

— Kacchan, nós decidimos fazer a peça de Romeu e Julieta. — Deku se pronunciou todos estavam tensos para contar para Bakugou, pois sabiam que ele não iria reagir da melhor forma. Provavelmente iria explodir alguma coisa ou forçar alguém a trocar de papel com ele.

— Sorteamos os papéis... — Mina deu continuidade, logo sendo cortada por Katsuki.

— E aí? — Sua voz não demonstrava muito interesse.

— Você ficou com o papel principal, o Romeu. — Uraraka disse de uma vez.

Todos esperavam uma reação de indignação do rapaz, mas não foi isso o que receberam. Katsuki não conteve o sorriso cínico que brotou em seu rosto.

— Uma vez extras, sempre extras. — Caminhou até sua carteira.