I Doubt The Stars Are Fine escrita por cherrybombshell


Capítulo 21
Vinte




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Iria acontecer, cedo ou tarde. Scorpius iria querer a ver. Ainda os atingiu com força quando ele fez o pedido.

Ela estava enterrada no quintal do fundo da mansão dos Malfoy, que, aparentemente, servia como cemitério para a família fazia séculos e que Draco explicou como se fosse algo tão normal quanto ter uma garagem do lado da sua casa. A sepultura dela era uma das mais novas, de mármore branco e grande, maior do que todas as outras, coberta de flores e fotos. Era do lado da de Lucius.

Astoria Greengrass, dizia.

Irmã, esposa e mãe amada.

"Ela já tinha tirado meu sobrenome quando morreu," Draco contou para Harry, longe o ouvido de Scorpius. "Com o divórcio e tudo. Ela pediu para ser enterrada com os Malfoys porque..." A garganta dele fechou, então, e ele abaixou a cabeça, mal conseguindo sufocar seu choro por tempo o suficiente para soltar aquelas próximas palavras. "Ela não tinha mais esperanças dele estar vivo, mas se a gente encontrasse o corpo do Scorpius, eles iriam poder ser enterrados juntos. Era isso que ela achava. Daphne vem a visitar ao menos uma vez no mês. Eu acho que eu vou falar com ela. Eu tinha esquecido que ela etnicamente é tia dele."

E agora eles estavam lá, com um buque de narcisas – as flores favoritas de Astoria, ironicamente – e Scorpius, sentados em frente a lápide da irmã de Daphne, da ex-esposa de Draco, da mãe de Scorpius e a colega com quem Harry nunca tinha conversado, mas que ele agora sentia a perda em seu peito.

Daphne não veio, disse que ela não iria aguentar, não na frente de Scorpius, mas ela mandou um álbum de fotos de quando Astoria tinha a idade dele e um bilhete dizendo que ela queria conhecer o menino em uma situação melhor, tão cedo quanto fosse possível.

Nas fotos na lápide, Astoria sorria, os olhos mais vivos do que parecia possível. Em algumas ela estava sozinha, em algumas com Draco, outras com Daphne. Em uma ela usava seus robes de casamento, em outras ela estava grávida de Scorpius. Nas fotos do álbum, ela era uma bebezinha sapeca, andado pela casa e mexendo em coisas que não devia mexer, em mais do que uma sendo seguida por um adulto desesperado.

Harry achava que Scorpius era a cara de Draco, e ele era, sem sombras de dúvida, mas era tão óbvio eu ele também tinha um montão de Astoria em si. Em seu narizinho e covinhas e no brilho em seus olhos quando ele sorria. Scorpius era um montão como a mãe que ele nunca conheceu.

Ele parecia estar pensando nisso também, engolindo em seco enquanto olhava para as fotos dela, as mãos tremendo enquanto colocava o álbum aberto em cima da lápide. Harry se lembrava da primeira vez que visitou onde os seus pais tinham sido enterrados, com Hermione. Ele se lembrava de todos os sentimentos que tinham o acertado como um soco no pescoço.

Ele daria sua vida, se isso significasse que Scorpius não precisava passar por isso, mas agora não havia o que fazer. Não havia como mudar aquilo, ou nada a se fazer a não ser dar apoio para Scorpius nesse momento.

"O que eu faço agora?" ele perguntou para Draco.

Draco encolheu os ombros, o lançando um sorriso triste.

"O que você quiser."

Scorpius concordou com a cabeça, um pouco incerto, e então se voltou para frente, para lápide dela.

"Oi?" ele disse tentativamente, parecendo com um pouco de vergonha ao falar com o ar vazio. Quando ele se virou para Harry com o rosto retorcido em incerteza, Harry concordou com a cabeça, sorrindo apesar de como seus olhos queimavam, e ele continuou: "Para ser sincero, eu não entendo muito como a morte funciona," comentou Scorpius, "mas eu acho que você pode me ouvir, onde quer que esteja. Bem, eles me falaram que você é a minha mamãe, e eu realmente não entendo muito bem como isso funciona também, mas eu acho que eu gostaria de ter te conhecido. Muito mesmo. Todo mundo fala muito bem de você, e você parecia ser uma mamãe muito boa. Eu espero que você tenha muita paz onde quer que estiver."

Scorpius fez uma pausa, brincando com o buque de narcisas que eles tinham trago. Elas eram amarelas, porque era assim que Astoria mais gostava delas. O sol brilhava, fazendo a neve no chão reluzir branco. As bochechas de Scorpius estavam bem, bem rosadas. Ele abaixou o rosto, falou mais baixinho:

"Eu não sei o que pensar da minha outra mamãe. Eu achava ela legal, mas eles me disseram que ela não era. Ela me tirou de você e do papai, e agora que eu penso nisso, não foi nem um pouco legal da parte dela. Ela tá com você, agora, então talvez vocês possam conversar sobre isso. E eu tô de volta com o papai, então eu acho que, de certa maneira, as coisas estão melhorando. Ele é um ótimo papai, e eu tô bem feliz, então vocês não precisam se preocupar com isso."

Draco fechou os olhos, o maxilar se endurecendo, então Harry se estendeu e apertou a mão dele atrás de Scorpius. Ele não sabia se era dor ou alivio ou os dois que Draco estava sentindo, não sabia se o próprio Draco sabia disso.

E então Scorpius continuou.

"Tem o outro papai também." Ambos Harry e Draco congelaram, se voltando para ele com os olhos arregalados. Scorpius estava de costas para eles, olhando para a lápide de Astoria e se balançando para frente e para trás sem nem perceber o quanto aquela frase tinha feito o coração de Harry se acelerar. "Eu não sei se você conhece ele, Harry. Eu acho que não. Mas ele é bem bom também! Eu gosto um montão dele, e da casa dele, eu acho que eles gostam um montão um do outro, então isso é bom, né? A gente tá feliz."

No momento, Harry estava chorando, na verdade, como um bebezão, e por pouco se segurando para não ir e abraçar Scorpius. Draco passou um braço pelo ombro dele, o lançando um sorriso tão brilhante que nem parecia legal.

O coração de Harry parecia tão grande que ele não cabia em seu peito.

"De qualquer jeito," continuou Scorpius, "eu sinto muito que eu não pude te conhecer. Te amo!"

Ele deu um abraço estranho na sepultura, desajeitado e envergonhado, e então se levantou e virou para Draco e Harry. Ele franziu o cenho. "Por que vocês estão chorando? Algo de errado aconteceu?"

"Nada," acelerou Harry, limpando as lágrimas dos cantos de seus olhos.

"Só o vento," acabou Draco, estendendo uma mão. "Vamos, filho."

Scorpius concordou com a cabeça, pegando a mão de Draco e se colocando entre o meio dos dois. O céu estava azul, e o chão estava branco e fofo – o peito de Harry estava pesado, mas não por tristeza. Ele estava pesado, cheio de amor. Ele colocou uma mão em cima do ombro de Scorpius.

"Eu quero sorvete," o menino sussurrou, obviamente um pouco cansado também.

Draco bagunçou o cabelo dele.

"Eu vou te comprar uma sorveteira inteiro, garoto."

Enquanto Harry abria a portinha que dava para fora do quintal/cemitério dos Malfoys, Scorpius se virou e lançou um último aceno de tchau para Astoria, e então correu para ir pegar as mãos de Harry e Draco.

Draco respirou fundo.

O ar estava fresco, ao redor deles.

Tudo estava bem.


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