I Doubt The Stars Are Fine escrita por cherrybombshell


Capítulo 15
Quatorze




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Scorpius estava cabisbaixo pelo resto do café, sem parar de fungar e sem falar nada, a não ser por uns resmungos de concordância quando Draco ou Harry o perguntavam se ele estava bem.

Scorpius estava, também, muito grudento.

De certa maneira, Harry esperava por isso. Depois do café da manhã, Scorpius tinha puxado Draco em direção ao sofá e tinha grudado deitado nele, observando o sol nascer através das portas de vidro de Harry com seu funga funga, apertando Draco contra si como se temesse que ele fosse fugir. Nem tinha pedido para irem no terraço, aparentemente cansado demais até para algo que sempre o relaxava tanto. Draco estava mexendo nos cachos dele delicadamente, silenciosamente. O apartamento inteiro de Harry parecia silencioso demais.

Harry tinha esperado por isso, e Draco provavelmente não estava tão chocado assim.

Então Scorpius perguntou algo.

"Uma vez, um tempão atrás, você falou que a mamãe não era minha mamãe de verdade. Mas então quem é a minha mamãe mesmo?"

Draco arregalou os olhos, congelando onde estava. Havia medo em sua expressão, mais uma vez. Harry odiava aquele olhar nele tanto, mas ele também não conseguia se mexer. Ele queria ajudar Draco, mas ele simplesmente não podia.

Draco fechou os olhos e Harry achava que era para não deixar que Scorpius visse suas lágrimas e ficasse preocupado ou assustado.

"Astoria," ele disse. "Eu não te falei muito sobre ela, né? Se você quiser ouvir." Scorpius levantou o rosto na direção dele, os olhos vermelhos e inchados cheios de curiosidade. Draco engoliu em seco. "A gente se conheceu na escola. Ela era um ano mais nova. Ela era... ela era brilhante." Ele passou um dedo pela polegar gordinha de criança de Scorpius. "Ela era uma das pessoas mais boas que eu já conheci, e ela me tornava uma pessoa mais boa só de estar perto de mim. Vocês tem isso em comum, eu acho. Vocês tem o mesmo nariz, também."

Ele deu uma batidinha no narizinho de Scorpius. Scorpius soltou uma risadinha, e então parou imediatamente, parecendo um pouco culpado por rir num momento como esse. Por um segundo, ele apenas olhou para Draco, hesitante.

"E onde ela tá?"

E, Harry não podia deixar de se perguntar, como alguém conseguia aguentar quando se tinha tanta dor dentro de si enquanto Draco tinha naquele momento, tanta dor que ela não cabia e transbordava pelos seus olhos?

O fazia pensar em George, que ainda não tinha se recuperado apesar de todos esses anos. Luto. Era uma coisa engraçada, não é? Tão, tão humana, e tão, tão horrorosa, apesar de que esses dois talvez fossem sinônimos, de certa maneira.

Draco passou uma mão pelo cabelo de Scorpius, o colocando todo para trás.

"Ela está junto com Jodie," ele sussurrou, porque talvez fosse mais fácil falar assim, menos doloroso do que usar a palavra morta. "Vem estado faz um tempo já."

Scorpius se distanciou um pouco de Draco no sofá, uma careta irritada que não parecia nem um pouco certa no rosto dele.

"Então ela me deixou também?" ele perguntou, a voz aumentando.

"Não é..."

"Ela deixou." Scorpius se levantou, batendo o pé. Harry teria descrito como pirraça, apesar de que falar pirraça levava a entender que ele não tinha uma razão para estar gritando a não ser infantilidade e, realmente, não havia nada de infantil em se preocupar com a morte. "Vocês todos me deixam, não importa o quanto vocês prometem não deixar. Nenhum de vocês nunca fica!"

Ele correu de volta para seu quarto, batendo a porta atrás de si. Harry se encolheu um pouco com o barulho, como ele sempre se encolhia com barulhos altos, e Draco fechou os olhos, os ombros tremendo um pouco.

"Você quer ir falar com ele?" perguntou Harry baixinho, sentindo que eles já tinham feito exatamente a mesma coisa antes, mas não conseguindo ficar bravo com a repetição de Scorpius.

Apenas triste.

Apenas querendo poder confortar o menino.

Draco negou, assim como ele tinha feito antes. Ele não precisou dizer – o dê o espaço que ele quer. Não desrespeite o pouco que ele pede.

Harry passou uma mão pelos seus cabelos, respirando fundo. Ele se sentia tão cansado, e ele mal tinha acordado. Fazia tanto tempo que ele era babá de Rose enquanto Rony e Hermione tinham suas "noites de encontro" que ele tinha até se esquecido do quanto crianças eram difíceis, pelas Barbas de Merlin.

Ele olhou para Draco.

"Eu preciso trabalhar," ele disse, "sabe, para conseguir continuar pagando por esse apartamento. Mas se você quiser ficar, eu acho que seria uma ótima ideia." Então, quando Draco se virou para o olhar, ele adicionou rapidamente: "Sabe, por Scorpius."

Draco concordou com a cabeça, voltando a encarar a porta do quarto de Scorpius.

"É claro," ele sussurrou. "Por Scorpius."

Foi deixado não dito que ambos homens naquela sala fariam qualquer coisa pelo menino.

 

 

Ele estava acabando a última linha em seu relatório – o que ele tinha começado quando Narcisa entrou no seu escritório e que ele não conseguiu voltar a escrever na hora – quando alguém bateu na porta de seu escritório.

Harry segurou sua respiração, meio que esperando que a mulher entrasse com outra admissão de assassinato.

Era pior do que isso.

Joey, o irmão mais novo de Todd, enfiou a cara pela porta dele, perguntado "Posso entrar?" envergonhado. Com a garganta completamente seca, Harry apenas concordou com a cabeça.

"Oi," Joey disse. "Eu– eu estava pensando. Sobre a minha irmã. Sobre o que ela fez. Eu vi a matéria no Profeta. Foi bem explanatória."

A matéria no Profeta, no caso, tinha o nome de Rita Skeeter como a autora, mas, na verdade, tinha sido escrita por Hermione ontem logo depois da descoberta do corpo de Todd, que então a mandou para Skeeter e disse que, se ela não a postasse exatamente como estava, limpando o nome dos Malfoy e explicando tudo que havia acontecido exatamente como tinha acontecido, então Skeeter iria levar um belo de um processo e ser presa por ser um Animago ilegal. Skeeter, é claro, tinha concordado.

Você não descordava de Hermione, seja na época em que ela era uma simples aluna ou agora que ela era a Ministra.

Apesar do quão verdadeira a reportagem era, porém, ela não dizia nada que Harry não tivesse dito ele mesmo para a família de Todd, e, com as sobrancelhas franzidas, ele comentou isso para Joey.

"Ah." Joey encolheu os ombros, coçando sua sobrancelha. "Eu não prestei muita atenção no que você disse, na verdade."

Harry, de repente, entendeu porque Joey não conseguia ficar em um emprego por mais de um mês. Ele mordeu sua língua para não suspirar ou revirar os olhos, ao invés disso comentando:

"Então, sem ofensa, mas o que exatamente você quer discutir comigo que você teve que vir aqui sem marcar nenhuma reunião?"

"Eu não sabia que eu precisava marcar nada." Joey franziu o cenho. "Não tem nenhuma placa dizendo isso."

"É claro que não," sussurrou Harry, balançando a cabeça. "Esquece. Pode falar."

"Bem, ahm," Joey procurou por algo em suas robes. Ele tirou um pequeno pedaço de pergaminho. "Parece que a minha irmã realmente machucou a família dos Malfoys e, sabe, meus pais estavam agindo como se ela não tivesse feito nada de tão ruim assim e que provavelmente foi um engano e a preciosa Jodie deles nunca teria machucado alguém por querer e, bem, estava me enlouquecendo. Então eu escrevi uma carta de desculpas pros Malfoys, em nome da minha família."

"Sério?" Harry perguntou surpreso.

"Na verdade," Joey se corrigiu, "eu sou meio disléxico, então é melhor dizer que eu tentei. Eu queria fazer algo mais, sabe, profundo, eu sinto muito por tudo que a minha irmã fez vocês passaram, blá blá blá, mas saiu mais algo como desculpa que a minha irmã foi uma vaca e sequestrou o seu filho. Mas o sentimento é o mesmo."

Harry sorriu pra ele.

"Draco vai apreciar um montão," ele comentou, aceitando o pedaço de pergaminho de Joey.

Joey se virou pra sair, mas então voltou um pouco.

"Eu conheci Draco, sabia? De volta em Hogwarts. Eu estava no meu último ano enquanto ele estava no primeiro dele, tinha repetido uma vez. Ele era meio chato, mas ele era um bom garoto. Lá no fundo."

"É," concordou Harry, passando seu polegar pelo pergaminho distraído, se lembrando do pequeno Draco Malfoy que ele tinha conhecido naquela loja de roupas mais de uma década atrás. "Ele era."

Joey o deu um último aceno de despedida, e Harry encarou o pergaminho aonde, literalmente, estava escrito desculpa que a minha irmã foi uma vaca e sequestrou o seu filho. a culpa é toda dela.

Harry segurou uma risada.

De vez em quando, as pessoas eram boas, do jeito próprio delas.

Havia algo bem reconfortante nisso, na opinião dele.

 

 

Gordon deixou Harry sair mais cedo, dizendo que ele merecia de um bom descanso depois dessa semana. Ele não sabia nem de metade, mas Harry preferiu ficar calado e apenas aceitar.

Enquanto ele estava saindo, Hermione o alcançou.

"Ei," ela disse, segurando o ombro dele, "vai ter um jantar na Toca, todo mundo vai ir. Você deveria trazer Draco e Scorpius."

A voz dela deixava claro que não era um caso de "deveria" e sim de que ele "iria", a não ser que ele quisesse que ela fosse atrás dele e os levasse para Toca ela mesma. Harry a lançou um pequeno sorriso. Estava de tarde ainda, e ele sabia que jantares na Toca sempre começavam a ser preparados as novo e acabavam depois da meia noite. Ainda dava tempo de convencer Draco.

"Eu vou tentar," ele prometeu.

Hermione levantou uma sobrancelha como se disse você sabe que eu acho que só tentar não é o suficiente.

Merlin, ela era uma ótima Ministra.

Quando Harry chegou em casa, Draco estava lavando louças, e ele seguiu o som preocupado. O outro homem estava batendo os pratos com um pouco mais de força do que era necessário, além do que, ele nunca tinha lavado louça com as mãos, ao modo Trouxa. Não lá no apartamento de Harry e provavelmente não em toda a sua vida.

Ao parar do lado dele, Harry percebeu as lágrimas caindo pelas suas bochechas.

Ele colocou uma mão no ombro de Draco rapidamente, preocupação explodindo em seu peito.

"Tudo bem?" perguntou alto.

Draco fungou, jogando um dos garfos dentro da pia e passando suas mãos molhadas pelo seus olhos.

"Tudo bem," ele resmungou. "Tudo ótimo. Scorpius só não saiu do quarto até agora, a não ser para pegar o chá que eu deixei em frente ao quarto dele e, ah, sim, minha mãe acabou de passar para me contar que ela assassinou alguém por mim. Só uma sexta feira normal. Uma ótima sexta feira. Uma que tá indo muito bem. Eu com certeza sei o que eu vou fazer para consertar essa merda."

"Ei." Harry desligou a pia, pegando Draco pelos ombros e o virando na sua direção. "Ei, Malfoy, respira ok? A gente pode fazer isso. Juntos. Não precisa chorar."

"A gente pode?" repetiu Draco. "Como?"

Harry coçou sua garganta.

"Bem," ele soltou, "eu ainda não pensei no como..."

Draco o encarou por um segundo, piscando, o rosto cheio incredulidade. Então, ele soltou uma risada surpresa.

"Por Salazar," disse, "você realmente teve o destino de todo mundo bruxo nas suas mãos um dia. Como a gente conseguiu sobreviver a isso?"

"Hermione," Harry respondeu na mesma hora. "Um monte de Hermione. E um pouco de Rony, quando ele não estava ficando do meu lado e piorando as coisas comigo."

Era tão inacreditável o rumo que aquela conversa estava levando, tão ridículo – Harry não pôde deixar de soltar uma risada também. Logo, eles dois estavam rindo juntos.

Depois de se controlarem, eles se aporiam de contas para pia, seus ombros se tocando e respirando fundo. Harry puxou seus óculos para frente, para limpar as lágrimas nos cantos de seus olhos.

Ele não tinha ideia de como eles tinham chegado ali, mas ele não estava reclamando.

Não havia como, não quando Draco tinha uma risada tão incrível.

"Eu tenho uma ideia," Harry soltou. Então, ele balançou a cabeça, a deixando pender um pouco pro lado. "Na verdade, Merlin, Hermione teve uma ideia."

Draco sorriu.

"É claro."

"Vai ter um grande jantar na Toca," começou Harry. Imediatamente, o sorriso de Draco caiu.

"Eu não sei como ir jantar com um monte de gente que me odeia poderia ajudar de alguma maneira."

"Primeiro," Harry levantou um dedo. "Eles não te odeiam. Eles te odiavam. No passado. A escola já passou. Eles mal pensam em você mais, do mesmo jeito que eu sei que você mal pensa neles. E segundo – Hermione e Rony vão ir. Eles vão levar Rose. Vai ser bom pro Scorpius, eu tô te falando."

Draco fez uma careta, concordando com a cabeça a contragosto.

"Você tá certo sobre isso, surpreendentemente," admitiu. Quando Harry começou a sorrir, ele adicionou, "mas, a gente só vai se Scorpius concordar. E você vai ter que falar com ele."

"Ok." Harry sorriu de todo jeito. "Eu posso fazer isso."

Ele já estava andando em direção ao quarto de Scorpius quando se lembrou de algo.

"Ah!" exclamou, dando meia volta. "Você vai querer ler isso. A irmã da Todd mandou."

Ele apertou o passo, já batendo na porta de Scorpius quando ouviu, pela segunda vez no que parecia toda a sua vida, a risada surpresa e verdadeira de Draco Malfoy. Fazia o coração de Harry se acelerar, e ele a odiava por isso, a não ser que não, ele realmente não a odiava. Ele não podia.

Ele bateu na porta.

"Scorpius?" chamou.

"Scorpius não tá aqui!" Scorpius respondeu gritando, abafado pela porta, e Harry não sabia se ria ou se revirava os olhos. Ele soltou um suspiro exageradamente alto.

"Bem, isso é uma pena. Eu sei que Scorpius odeia ficar preso em casa e eu tava planejando uma saída com ele, mas se ele não tá aqui..."

"Espera!"

Harry ouviu uns passos acelerados do outro lado da porta, correndo mesmo, e então Scorpius tinha a aberto e enfiado apenas sua cara para fora.

"Sair, você diz."

Harry sorriu para ele.

Olha, eles podiam ser complicados, mas Harry meio que amava os Malfoys.

 

 

Eles Aparataram em frente a Toca. Draco não parecia muito animado e, agora que eles realmente estava lá, Scorpius também estava ansioso, se revirando e não soltando as mãos de Draco e Harry, apenas as apertando com mais força. Harry usou sua mão livre para bater na porta.

Foi Rony quem a abriu.

Ele pausou. Seus olhos foram para Draco, e então para Scorpius, e aí para o modo como Scorpius estava entre Harry e Draco segurando a mão deles como se formando um link. Ele olhou para Harry. Ele levantou uma sobrancelha. O traidor estava se segurando para não.

"Harry, cara," ele disse, "a gente estava esperando vocês, vem entrando. Minha mãe tá louca arrumando a casa desde que ela ouviu que um Malfoy ia vir, sabe." Ele balançou um dedo ao redor de seu ouvido, o sinal universal para loucura. Então, ele lançou um olhar para Draco, acenando com a cabeça. "Sabe se lá porque ela se preocupa com isso tanto assim. Malfoy."

"Weasley,"

Harry soltou Scorpius para poder ir dar um abraço de olá em seu amigo. Rony bateu nas costas dele. Quando eles se separaram, por um segundo Rony deu um passo em direção a Draco, como se, pôr instinto, estivesse indo o abraçar. Ele deu um passo para trás ainda mais rapidamente, corando, e então estendeu uma mão. Draco começou a estender a dele também, mas então parou no meio do caminho. Por um segundo, nenhum deles se moveu, apenas se encarando com algo entre suspeita e nervosismo.

Rony coçou a garganta.

"Beeeem," ele soltou, se virando, "você é Scorpius, não é? Você pode me chamar de Rony. Vem comigo, eu vou te mostrar a Rose está." Rony estendeu sua mão e, muito timidamente e apenas depois de Draco concordar com a cabeça sinalando que estava ok, Scorpius pegou a mão dele também. "Ela tá louca para te conhecer. Minha mãe também. Ela vem querendo que Harry aparecesse com uma criança desde o dia que eu e Hermione tivemos a Rose, apesar de que eu acho que ela imaginava a situação um pouco diferente."

Enquanto eles entravam, deixando Harry e Draco para trás, Rony se virou e piscou para Harry, como se a indireta já não tivesse sido o mais direta possível. Harry fez uma careta.

Ele podia amar os Malfoys, mas ele de repente percebeu a realidade do que seria ter que os misturar com os Weasley, o mais perto que ele tinha de uma família de verdade. Ah não.

Eles iam o embaraçar tanto, e pode apostar que ia ser tudo por querer.


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Notas finais do capítulo

Eu tô muito animada pro próximo capítulo, mds.



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