I Doubt The Stars Are Fine escrita por cherrybombshell


Capítulo 12
Onze




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790529/chapter/12

verdade era como uma bomba – como se houvesse uma constante contagem regressiva no fundo de sua mente, marcando os segundos até que tudo iria explodir na sua cara.

E ela contava:

 

 

Oito

 

“É uma antiga receita secreta de família,” comentou Narcisa.

Harry, que estava tendo um tempo bem difícil tentando a ouvir falando a receita ao mesmo tempo que cuidava para Scorpius não derrubar a tigela enquanto a misturava com animação demais, pausou por um segundo, lançando um olhar suspeito em direção a mulher pelo canto de seu olho.

“Eu sinto,” ele disse, ”que nesse caso você não deveria estar contando ela pra mim. A não ser que essa seja uma daquelas situações ‘eu vou te contar e então te matar’, e, se for isso, então eu não acho que iria valer a pena por alguns biscoitos.”

Narcisa, e estava ficando mais claro a cada segundo, não achava Harry tão engraçado assim. Ela revirou os olhos, bebericando seu vinho. Sentada como estava, com as pernas cruzadas e uma taça de cristal na mão, ela parecia exatamente com o tipo de mulher rica que Harry sabia que ela era.

Draco, do outro lado de Scorpius segurando as costas do menino com cuidado, bufou, olhando para a mãe dele. Ele já tinha superado a tristeza daquela manhã, ainda mais agora que o tempo já havia passado e já estava mais de noite.

“Ela nem sabe o que está falando,” comentou. “Não se engane, Potter, no tempo em que ela era criança, os pais dela não cozinhavam nada. Eles tinham elfos domésticos para se lembrar das receitas, e agora que a gente não tem mais, ela só tá falando o que ela acha que eles colocavam.”

Narcisa cerrou os olhos.

“Continua falando assim, menino,” ela apontou, “e eu te tiro da minha herança. Quero ver você arranjando um trabalho.”

Ele revirou os olhos, mas os dois estavam sorrindo.

Scorpius olhou para trás, o rosto franzido em concentração. Ele realmente estava levando aquilo a sério, mais do que os adultos pelo menos, querendo que aqueles biscoitos saíssem perfeitos.

“Quanto mais de açúcar eu preciso pôr?” ele perguntou Narcisa.

Ela hesitou, antes de sorrir para ele.

“Tanto quanto você sentir que for certo,” comentou.

Draco se estendeu na frente de Scorpius para poder trocar um olhar com Harry.

“Está vendo?” ele sussurrou.

Os dois riram enquanto Narcisa fazia uma careta.

 

 

Sete

 

O Ministério estava silencioso.

Era cedo, afinal de contas, todos os outros funcionários ainda em casa, mas mais de metade dos Aurores estavam trabalhando, nunca nem tendo ido para suas casas. Eles não conversavam, mas isso tinha virado norma. Antecipação pairava sobre os escritórios deles como neblina, agarrando-se a todas as sombras, perseguindo cada passo. Cada segundo que passava sem respostas, a tensão se infiltrava um pouco mais neles.

“A gente tem que ter Jodie aqui pra ontem,” Gordon sussurrou. Seu secretário, Shawn, suspirou. O som da voz deles parecia absurdamente alto, perturbando a falsa paz no cômodo.

“Eu sei,” Shawn disse, cansado, baixinho, desesperado por um aumento. Ele não era pago o suficiente. “Todo mundo sabe. Todo mundo tá tentando.”

Gordon balançou a cabeça. “Cada segundo que a gente passa sem achar ela, é um segundo em que ela está se distanciando ainda mais. E quanto mais distante ela estiver, mais perto a gente tá de ser processado pelos Malfoys. Esse caso tem que ser solucionado.”

Houveram mais alguns segundos do mesmo silêncio desconfortável e irritado de sempre, antes deles ouvirem um novo som: o clicar dos saltos altos de alguém.

Uma mulher, e uma que certamente não trabalhava ali, mas que ainda era muito familiar para Gordon, parecendo muito abalada, entrou no escritório dele.

“Sr. Gordon?” ela perguntou. “Você é o chefe do departamento, não é?”

E então Gordon se lembrou de onde a reconhecia.

“Sra. Vain?” ele perguntou em choque, se levantando.

 

Porque era ela, realmente. Vicki Vain, no caso. A melhor amiga de Todd. O rosto dela estava inchado de tanto chorar e quando ela foi abrir sua bolsa, suas mãos tremiam, tornando o processo muito mais complicado do que deveria ser para começo de conversa.

“Eu.” Ela sufocou um soluço. “Eu recebi uma carta. Da Jô.”

 

 

Seis

 

“A vista é bem bonita.”

Draco se virou enquanto Harry se aproximava, mas Harry manteve seus olhos na janela. Ele não estava mentindo, afinal de contas – a vista era bem bonita lá no andar mais superior da casa, especialmente durante o nascer do sol igual agora, o céu pintado de rosa e roxo e azul, todas as cores se misturando do jeito mais bonito o possível.

As árvores da floresta em que eles tinham caminhado outro dia estavam agora cheias de pássaros, que assobiavam suas canções matinais, audíveis até de dentro da imensa mansão Malfoy, através de suas paredes grossas. Se havia um som mais calmante do que o canto dos pássaros no começo da manhã, Harry ainda não tinha o ouvido.

Havia uma camada muito fina de neve sobre tudo, parecendo reluzir as cores do céu dependendo do ângulo em que você estava olhando.

Aquilo era mágico, do jeito mais natural possível.

Lindo.

Apesar de que, aquele lugar era bem bonito independentemente de onde se estava o olhando e em que hora do dia. Harry iria ter que perguntar para Draco o nome da região onde eles estavam mais tarde. Com suas férias se aproximando, isso seria bom de saber.

Mais tarde.

Agora, Harry parou do lado de Draco na janela, o oferecendo uma caneca.

“Chocolate quente,” ele explicou sorrindo. “Sua mãe disse que o único momento em que se deve tomar chocolate quente ao invés de chá é quando se vai comer biscoitos caseiros, mas eu acho que ela só estava procurando uma desculpa porque ela sabia que Scorpius realmente queria chocolate quente. O seu tem um pouco de menta, eu acho? Ela disse que você gosta.”

“Eu gosto,” concordou Draco, pegando a caneca da mão de Harry. Hesitantemente, quase que envergonhado, ele sorriu para Harry. “Obrigado.”

“De nada.”

Os dois olharam para a vista, bebericando em silêncio.

Eles estavam em paz, de certa maneira.

Harry tinha até se esquecido de o contar sobre a verdade do avistamento de Todd. Por um momento, parado olhando para o nascer do sol com Draco, ele tinha se esquecido de tudo a ver com Todd.

 

 

Cinco

 

“Por que nós não só vamos? Por que perder tempo?”

Hermione Granger, Ministra da Magia, tinha sido tirada de sua cama às sete da manhã e, nesse momento, havia decidido que havia nada mais irritante para uma mente cansada do que perguntas estupidas vindas de crianças estupidas.

O Auror que ela estava encarando irritada, um dos mais novos recrutas, se encolheu pra longe, percebendo que tinha sugerido algo errado.

“Não!” ela exclamou, arregalando os olhos. “Não é perda de tempo, é ter certeza de que não estamos fazendo tomando nenhum risco que não vamos poder ultrapassar. Eu não quero que Todd fuja, eu não quero que algum de vocês acabe machucado e eu certamente não quero gastar reforços mandando vocês para uma emboscada ou, ainda pior, uma piada. Como você não entende algo tão simples?”

O garoto coçou a garganta, corando.

“Desculpa.”

“Obrigada.” Hermione se virou para Gordon na mesa de reuniões, suspirando. Ela ainda estava usando um roupão por cima de seu pijama, seu cabelo preso todo para cima muito parecido com a Torre Inclinada de Pizza. Isso não a deixava nem um pouco menos assustadora. “Essa é a sua investigação e eu não vou te falar o que fazer, mas eu vou te falar, como uma ordem, que você tem que fazer um plano antes. Perde essa prisão e você perde o seu trabalho, entendeu Gordon?”

Gordon não engoliu em seco ou suspirou ou deu qualquer sinal de estar triste ou assustado com a ameaça. Ele era o chefe dos Aurores, afinal de contas, e você não chegava na posição em que ele estava se não soubesse esconder o que estava sentindo quando você precisava esconder. Mesmo assim, o coração dele acelerou em seu peito, quase que dolorosamente.

“Eu sei disso,” ele disse profissionalmente.

Hermione concordou com a cabeça.

“Eu acabei de falar com Rita ontem,” ela sussurrou baixinho, mais para si do que para as outras pessoas na sala. “A gente realmente vai pagar todas as contas dela, com todas as notícias sobre esse caso que ela tá cobrindo.”

Hermione respirou fundo, pronta para planejar o que realmente era importante com Gordon. Antes, porém, algo a atingiu.

“Harry vai ter que estar presente,” ela soltou, seu coração tão dolorido quanto o de Gordon, apesar dos dois não demonstrarem isso. “A gente tem que o chamar imediatamente.”

 

 

 

Quatro…

 

“Mas o que é neve?”

Harry franziu o cenho, encarando Scorpius. Atrás dele, Draco estava segurando uma risada. Ele levantou uma sobrancelha, desafiando Harry.

“É água,” Harry falou, sem entender a confusão do menino.

Scorpius concordou com a cabeça, apesar do rosto dele ainda estar cheio de confusão. Eles estavam no jardim dos Malfoys, muito agasalhados, com luvas e botas e cachecóis, e Scorpius tinha pedido para eles fazerem bonecos de neve, mas agora Draco estava apenas no canto brincando com uma bola de neve e rindo da cara de Harry enquanto Harry tentava explicar para Scorpius, bem, o que era neve, aparentemente.

Scorpius arrastou sua bota pelo chão, pensativo. “Mas como a água vira gelo?” ele perguntou.

Harry encolheu os ombros.

“Acontece quando tá muito frio.”

“Mas de vez em quando está frio e só chove, não neva.”

Harry fez uma pausa. Draco tossiu para esconder sua risada.

“Bem,” Harry disse lentamente, “mas isso é só frio. Neve acontece quando está muito, muito frio mesmo.”

“Mas como você sabe quando está frio e quanto está muito frio?” perguntou Scorpius. “Tipo, qual é o ponto em que para de ser frio de chuva e começa a ser frio de neve?”

Harry franziu o cenho.

“O que?”

Draco estava sorrindo, agora, um grande, divertido sorriso. Isso tudo caiu de repente, porém, e ele puxou a manga de Harry, passando seu outro braço pelos ombros de Scorpius protetoramente.

“Potter,” ele sibilou, nervoso.

Harry se virou para ver o Patrono de Gordon brilhando em meio às árvores, o chamando. Suspirando, ele deu um último aperto no ombro de Scorpius.

“Espera aqui por um segundo, Scorp.”

O Patrono esperou até eles estarem mais dentro da floresta, fora de onde Scorpius e Draco podiam ouvir, para começar a falar, a voz de Gordon saindo algo entre animada demais e nervosa demais.

“Vicki Vain recebeu uma carta de Todd,” Gordon disse através do Patrono. “Não falava muito, mas pedia para ela a encontrar numa cabana no meio do nada. A gente tem o endereço e vamos o arrombar daqui a algumas horas, assim que estivermos mais organizados. Por favor, mande um Patrono se você quiser fazer parte.”

Harry nunca esteve tão desesperado para mandar um Patrono desde aquela última vez em que quase foi morto por Dementadores.

 

 

Três…

 

A cabana era assustadora.

Era o que você imaginava quando pensava na frase “uma cabana no meio do nada”. Tinha apenas um andar com um telhado plano, e a madeira estava meio verde e mofada em alguns lugares. Haviam faixas de tinta descascando em outros, como se alguém tivesse começado a os pintar para melhorar o lugar, anos atrás, mas desistido no meio do processo. As janelas, então, estavam cobertas por folhas do que Harry reconheceu ao se aproximar como cópias o Profeta do mês passado.

Não era o quão feia a cabana era que os preocupava.

Era o cheiro.

Não havia nenhuma indicação que alguém esteve ali a não ser pela data no Profeta e pelo cheiro. Ah, o cheiro, azedo e nauseante e que Harry iria reconhecer em qualquer lugar. Ele passou um braço em volta de seu nariz, respirando pela boca, e trocou um olhar com Gordon.

O olhar de seu chefe deixava claro que ele estava pensando a mesma coisa.

“Todd?” um dos outros Aurores gritou, parando em frente a porta. Todos levantaram a sua varinha. “Sra. Todd, você está cercada para todos os lados e um feitiço foi colocado para que você não possa Aparatar. Por favor, saia com a sua varinha para cima e ninguém irá te machucar.” Nenhuma resposta. “Todd?” ele tentou de novo, gritando ainda mais alto.

Nada.

Um pássaro que até então estava descansando em cima do telhado se assustou, fugindo voando. Harry queria poder fazer o mesmo. Ele queria não ter que ficar ali para descobrir porque Todd iria chamar sua melhor amiga para esse lugar.

O Auror olhou para trás para Gordon.

O homem concordou com a cabeça lentamente, ainda com a varinha apontada para cabana.

O Auror abriu a porta com um chute.

 

 

Dois

 

E aí vinha a verdade.

 

 

Um…

 

O corpo de Todd os encarou, suspendido no ar por uma corda e já meio decomposto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Doubt The Stars Are Fine" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.