Reviver escrita por LaviniaCrist


Capítulo 31
Extra




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Selina e Bruce estavam sentados nas escadas de entrada da Mansão Wayne. Os dois observavam as “crianças” brincando enquanto Alfred os servia com uma limonada.

— Se alguém dissesse há cinco anos atrás que agora eu estaria sentada ao lado de um bilionário, bebendo uma limonada gelada enquanto vejo meus enteados brincando no jardim... — Ela precisou dar uma pausa para sorrir, quase um riso mudo enquanto observava Dick e Jason jogando o irmão mais novo um para o outro, aos risos — ... Eu não acreditaria.

— Se alguém me dissesse, há cinco anos atrás, que eu ainda estaria vivo... — Bruce sorriu, passando um dos braços em volta dos ombros da namorada — Já começaria a duvidar na mesma hora

— Não é como se estivesse em sua melhor forma, Patrão Bruce — Alfred comentou, suspirando pesadamente em seguida – deu trabalho o convencer a dormir algumas horas.

— Sobre você estar fora de forma... — Selina o encarou um pouco mais séria — ... Não pretende sair hoje à noite, não é?

— Já conversamos sobre isso...

— Não, não conversamos.

— Gata... — Ele a abraçou um pouco mais — Sei que mantiveram tudo em ordem, mas Gotham precisa do Batman.

E o Damian precisa do pai! — Ela o encarou. Esperava algum tipo de resposta convincente, até mesmo algum delírio que justificasse aquela vontade de ter duas vidas o tempo todo, mas obteve apenas o silêncio. Silêncio este que durou apenas alguns segundos, pois Alfred julgou ser um bom momento para se intrometer naquela conversa:

— Espero que cumpra suas promessas, Patrão Bruce...

— Promessas?

— Jurei que se Damian saísse daquele estado, eu me tornaria um bom pai. Eu estou tentando, mas é difícil, principalmente com ele tão... — o Wayne perdeu as palavras enquanto olhava para o filho. Damian se divertia com os irmãos, dava gargalhadas como nunca tinha dado antes... ele confiava em ser jogado de um para outro, confiava nos irmãos — ... tão...

— Oh, Bruce... Você não vai desistir, vai? — Selina mudou as feições que antes eram de irritação para preocupação — Você está se saindo bem, só precisa continuar.

— Ele perdeu a confiança em mim, gata. Ele confia no Dick, no Jason... em mim não. Eu não quero piorar tudo, ao menos como Batman posso proteger ele.

— Se servir de algo, Mestre Damian também tem evitado falar comigo. Eu não acho que ele tenha perdido a confiança, ele está apenas magoado — O mordomo suspirou, se sentia em parte culpado — Toda criança age assim...

— Eu falhei como pai de novo, se eu falhar como Batman também... — Bruce encarou o chão, não queria pensar em algum vilão insano fazendo qualquer coisa que fosse para ameaçar Damian – não queria pensar do que seria capaz de fazer se isso acontecesse.

— Bruce... — A gata o fez olhar para ela — Batman também é pai do Damian — Sorriu — Você tem uma vida dupla, mas seu filho não tem mais... — Ela desviou o olhar para as crianças — ... fique mais tempo com ele, é o melhor que pode fazer agora.

Fato.

Como não tem luta contra fatos, os três se mantiveram em silêncio e se contentaram em observar as crianças brincando. O entardecer só deixava aquele momento descontraído em família com uma cara de filme: o crepúsculo pintando tudo de laranja, a silhueta dos três indo de um lado para outro, aos risos, com os cães correndo e pulando...

Bruce queria apenas observar e absorver aquele tipo de experiência ao máximo: pela talvez primeira vez, ele estava sentindo uma alegria plena por seus filhos estarem felizes. Não haviam os problemas de Gotham, os encargos das Empresas Wayne, as questões mal resolvidas; havia apenas um sentimento bom, quente e sereno, que fez o coração dele – que nos últimos dias só vinha sofrendo -, relaxar e aproveitar a tranquilidade.

Selina também estava aproveitando aquilo, ousando a pensar que não estava ali apenas como uma gatuna, mas sim como uma integrante daquela família.

— O que é aquilo naqueles arbustos mais ao norte? — Pennywort perguntou, mas estava longe de parecer preocupado. Simplesmente já estava com a visão prejudicada pelo cansaço.

— Deve ser só um esquilo... — Selina disse baixo, também não queria dar muita importância.

— Não, não é um esquilo — Bruce disse enquanto se separava da namorada — Já está ficando tarde! — avisou às suas crianças para que entrassem.

Ele esperou até que os choramingos e reclamações sobre o encerramento da diversão acabassem para ir ver o que estava se escondendo no jardim - quando todos já estavam sãos e salvos dentro da mansão.

Ele poderia estar mais desatento do que costumava, o que não mudava sua essência de detetive nato. Detetive tal que já tinha uma suspeita em mente: Talia - que como instinto materno tinha uma espécie de obsessão com o filho e com a perfeição. Ela havia sumido desde o dia em que viu o estado de “morte certa” de Damian - todos suspeitavam que ela estava envolvida, que o machucou novamente, mas Bruce sabia que não... apesar de todos os defeitos, ela assume o que faz.

Como um bilionário sem ter o que fazer, Bruce pegou as coleiras de Titus e Ace e se deixou ser guiado pelo faro dos animais que pareciam tão curiosos quanto ele para saber o que estava escondido nos arbustos.

A medida que se aproximavam, os animais rosnavam e pareciam mais incomodados. O “esquilo” parecia ter se dado conta daquela perseguição e tentou fugir pisando em um galho ou outro... foi um erro rude: os cães praticamente se desprenderam e correram atrás da presa, latindo, dando alarde para que o dono fosse atrás.

— Quem está ai!? — ele perguntou, já sabendo que não era sua suspeita. Seja lá quem fosse, era inexperiente em espionagem. Os cães continuavam latindo, impacientes, provavelmente já tinham encurralado o “esquilo” — Eu só vou perguntar mais uma vez: quem está ai!? — Bruce disse em um tom mais sério, se enfiando entre os arbustos altos – já conseguia ver os cães.

Quando finalmente os alcançou, se deparou com algo completamente inesperado: Jon, Jonathan Kent, estava encurralado entre os cães e uma árvore; ele segurava a beirada da capa vermelha tentando se esconder dos animais, como se fosse ficar invisível à qualquer momento – tinha folhas e galhos pequenos presos no cabelo.

— ... Parem! — Bruce mandou e seus mascotes obedeceram, se afastando da criança — Jon, o que está fazendo aqui? E por que estava tentando se esconder?

— E-Eu... — ele sussurrou, sem tirar os olhos de Titus e Ace — Eu queria saber como o Dami está — Finalmente soltou a capa, encarando os próprios pés — Vocês sumiram daquele lugar e minha mãe não quer me falar nada, então...

— Veio descobrir sozinho — completou.

— Vim... — Jon o encarou com as bochechas vermelhas de vergonha — Vai contar pro meu pai?

— Não preciso — Ergueu os ombros, cruzando os braços antes de continuar: — Jon, eu não quero que se afaste do meu filho... — Ele fez uma pausa e tentou buscar as palavras certas para usar com uma criança — ... mas precisa entender que não pode aparecer na frente dele voando, como fez da outra vez. Nem ficar o seguindo por todo canto, porque vai acabar assustando ele de novo.

— Não fiz por mal... — Com os olhos marejados, o pequeno voltou a encarar os próprios pés.

— Sei que não — Bruce suspirou, apertou as têmporas e tentou pensar em algum jeito razoável de resolver aquilo — ... O que acha de vir aqui um outro dia, brincar com ele?

— Eu posso ir pegar as minhas coisas em um minuto! — Superboy sorriu, parecia revigorado — Finalmente vamos terminar a partida de videogame e posso trazer minha lição de casa também para ele me ajudar e...! — ele começou a disparar, contando nos dedos todas as coisas que esperou tão ansioso poder fazer quando o amigo melhorasse, acordasse.

— Jon... — Bruce o chamou em um tom mais sério — Será outro dia, quando Damian estiver melhor. E você precisa entender que ele perdeu a memória, então talvez não queira fazer todas as coisas que faziam antes...

— É, eu sei... — o rapazinho disse desanimado, logo em seguida sorrindo novamente e falando: — Mas eu vi ele jogando videogame e aposto que eu vou conseguir ganhar dele e...!

Para o terror do pequeno Super, ele não conseguiu recapitular toda a lista de coisas divertidas que iria fazer com Damian – que agora finalmente aceitaria fazer coisas divertidas antes dos deveres. Uma voz severa e ao mesmo tempo dócil o interrompeu, voz essa que ele conhecia perfeitamente bem:

— Há quanto tempo estava espionando os Wayne, Jonathan Kent? — Superman perguntou. Ele abaixou o voo aos poucos, parando ao lado de Bruce e encarando o filho.

— ... S-Só... E-eu... — o pequeno encarou os sapatos mais uma vez, tentando pensar em como sair daquela situação. O pesadelo de qualquer delinquente seria enfrentar Batman e Superman, mas Jon tinha um medo ainda maior: — Pai, não conta pra mamãe! Por favor!


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Notas finais do capítulo

Parece que temos um stalker, não é mesmo?
Não tenho o que colocar nessas notas, então vou colocar o comentário que minha amiga (praticamente a coautora desta fanfic) fez: “Jon já está pensando que a mãe vai esperar ele com um martelo numa mão e o PS5 na outra”.
Eu acho que ela faria isso, mas não acredito que o Clark vai entregar o filho assim...



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