Interferência Cósmica escrita por Cordelia Morning MIC, OchabowlProject


Capítulo 3
Capítulo 03: Gravatas e encontros




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Ochako entrou no carro de Todoroki com a sua pequena mala e carregando o vestido volumoso que usaria, devidamente protegido pela capa. Depois que se falaram no início da noite passada, por mensagem, para certar sobre o vestido, planejar sua chegada e como estaria a segurança do local; seria complicado ela simplesmente pegar um UBER ou ir de metrô.

Então, o híbrido foi buscá-la naquele início de manhã, teriam tempo de fazer o check-in, ajeitar as coisas antes do almoço e depois participar do pequeno ensaio de como seria a entrada na cerimônia, como ficaria a disposição das pessoas, assim como da imprensa. Tudo estava milimetricamente planejado pela cerimonialista e por Natsuo. O irmão de Shouto havia assumido o controle dos preparativos, para que Fuyumi pudesse aproveitar melhor tudo.

O que a morena pode perceber ao chegar no hotel é que não só a cerimonialista era assustadora, mas Natsuo estava um verdadeiro ditador tentando deixar tudo em ordem. Era palpável a preocupação dele para que o dia da irmã fosse perfeito. O que não facilitava era o novo cunhado, sempre tentando pregar peças nele, deixando-o ainda mais nervoso. Mas Hawks não podia resistir, e todo o estresse de Natsuo contrastava perfeitamente com a tranquilidade de sua noiva.

— ONDE ESTÁ MEU CELULAR! DROGA PRECISO CONFERIR A CHEKLIST! — Gritava Natuso caçando o seu celular, que, aparentemente, havia desaparecido no ar.

— Caramba... que coisa... você não esqueceu no seu quarto? — falou Hawks com um tom cinicamente preocupado, tentando não rir da cara do cunhado.

— Está aqui, Natsuo-kun — falou Bashira, uma moça loira de cabelos curtos e olhos invasivos. Entregou o celular para o alvo. — Você esqueceu na bancada!

— Obrigado, Bash! Já estava desesperado, temos um cronograma para seguir! — disse Natsuo abraçando brevemente a cunhada. Logo, se despediu dos dois, voltando as atividades que estavam na sua lista.

— Por favor, não vamos deixar o Natsuo mais doido do que ele já está! — pediu Bashira, entregando a pena vermelha para Hawks.

— O que eu posso fazer! A vontade de fazer uma pequena pegadinha foi maior! — O loiro deu de ombros com um sorriso sacana no rosto, pegando sua pena de volta. — Que bom que pôde vir! Fuyumi vai ficar muito feliz de vê-la aqui! — Dessa vez falava com sinceridade.

— Óbvio que eu não perderia o dia que o frango de padaria vai casar! — Bash debochou.

— Que honra! — falou Keigo, botando a mão no peito em falsa modéstia, abrindo as asas começou a olhar para o corredor. — Opa, parece que finalmente o caçula chegou!

— Vai lá, tenho que terminar de ajeitar minhas coisas no quarto antes do ensaio. Mais tarde eu falo com Shouto. — Despediu-se, pegando a pequena mala xadrez que estava num canto e indo em direção ao elevador. 

Enquanto isso, no check-in do Hotel, Shouto e Ochako era recebidos por Endeavor e Fuyumi. Ainda era um pouco assustador ficar tão perto do herói número um, pelo menos em roupas civis, sem fogo saindo da barba e com a cicatriz totalmente aparente; ele parecia mais um mafioso que um herói.

— Ochako-san, fico muito feliz que pode vir! — Fuyumi falou e abraçou a morena em seguida. — Ocorreu tudo bem no caminho? Eu nunca vi tantos repórteres reunidos num só lugar… Não acredito que estão todos aqui por causa do meu casamento… É tão constrangedor!

— Eu que agradeço pelo convite. Não tem como um casamento tão importante passar despercebido, ainda mais da única filha do herói Endeavor... — falou Ochako soltando-se do abraço de Fuyumi e cumprimentando com a cabeça Endeavor. A morena não conseguia simpatizar com ele, principalmente depois que o escândalo da família Todoroki tomou as páginas do jornal no segundo ano da U.A.

— Shouto! Teve uma viagem tranquila? — perguntou Eiji ao filho, os dois se cumprimentaram com um aperto de mão. Apesar da relação dos dois ter melhorado consideravelmente, não era como se eles fossem ser uma família feliz depois de tudo. Porém, conseguiam manter a relação mais cordial possível. 

Todos se cumprimentaram, Todoroki e Ochako pegaram as chaves de seus quartos, ficariam um do lado do outro no sétimo andar. Guardaram suas coisas rapidamente, tudo estava milimetricamente contado para que desse tempo para os preparativos antes do casamento, que aconteceria ao entardecer do dia seguinte. Ochako tomou um banho rápido colocando o tubinho vinho que ia até os joelhos e os scarpins pretos, prendeu o cabelo num coque simples e passou uma  leve maquiagem.

Momo havia avisado que nos casamentos como o de Fuyumi o “ensaio” era como um festa de apresentação das famílias, ou uma festa de noivado em cima da hora, como Ochako havia entendido. Uma hora contada para: desfazer a mala, estender o lindo vestido para o casamento, tomar um banho, se arrumar e ainda ter que fazer sua maquiagem. Missões de resgates eram mais fáceis que isso.

Estava terminando de colocar os brincos, quando ouviu o suave toque na porta e a voz de Shouto a chamando. Ao se levantar da penteadeira deu uma topada num dos pés e ainda por cima deixou o brinco cair. Tudo que ela precisava, realmente, festas chiques não eram nenhum pouco o “lugar comum” da morena. 

— Pode entrar! — exclamou Ochako abaixando para tentar pegar o brinco, tentou ignorar o pé que começava a doer, mas é claro que não iam facilitar pra ela. Conforme ia tentando pegar o brinco debaixo da penteadeira, a mesma começou a tombar sobre ela, porém antes que se espatifasse no chão, uma mão segurou-a.

— Está tudo bem? — perguntou Shouto preocupado empurrando o móvel de volta para o lugar, enquanto se curvava para ficar mais próximo de Ochako. A morena acabou batendo a cabeça quando tentou virar-se para falar com ele. — Nossa, nessas horas agradeço que não preciso passar pelo ritual de arrumação todo.... Sempre ficava sem entender quando a Momo falava que tinha que tomar cuidado com as cores do batom, pois podiam dar a “mensagem” errada... — falou ajudando-a a se levantar e passando a mão gelada em sua testa para que não acabasse com um galo.

— O batom o que? — falou Ochako ainda meio atordoada, não estava nem na hora do almoço e já estava dando tudo errado. — Como o batom pode dar uma mensagem errada?

— Então... eu nunca entendi!? — O híbrido riu após ajudá-la a se sentar na poltrona da penteadeira, enquanto ele sentava no puff mais próximo, mantendo a mão gelada na testa da morena.

— Bem espero que meu batom não esteja dando a ideia errada... — desabafou a morena, percebendo a mão gelada em sua testa e como estavam próximos. Também pôde reparar no terno vinho e no colete cinza chumbo que o rapaz usava. Se tivessem combinado, provavelmente não daria tão certo. 

Shouto reparou no brilho perto da parede e pegou o brinco fujão, entregando para Ochako, que na confusão toda já tinha até esquecido do porquê havia parado debaixo da penteadeira. Mas antes que pudesse dizer algo, começaram a ouvir barulhos vindo de fora do quarto. 

— AGORA É A MINHA GRAVATA! CADÊ A PORRA DA GRAVATAAA! — gritou Natsuo que parecia revirar o quarto a frente de cabeça para baixo. 

Shouto e Ochako se encararam enquanto ela terminava de colocar o brinco, os gritos e confusão continuavam; até ouvirem um farfalhar de asas sendo arrastada pelo corredor. Resolvem levantar, quando chegam na porta encontram Bashira, a “esposa” de Touya, arrastando Hawks pela orelha ao mesmo tempo em que segurava uma gravata cinza de cetim na outra mão.

A moça bateu na porta de Natsuo que a abriu de supetão, mas antes que pudesse dizer alguma coisa teve sua gravata jogada com força contra o peito, enquanto Hawks era jogado para o lado dele.

— Vou dizer apenas uma vez! — declarou Bashira com a voz baixa e perigosa. — Se vocês continuarem com essa palhaçada de pré-adolescente, eu dou uma frigideirada na cabeça de cada um! — Os dois homens se ajeitaram sem falar nada. — Termine de se arrumar logo, Natsuo-san! A Nezuko, Fuyumi e a Rei-san já estão no restaurante esperando vocês!

A loira bateu em retirada, dando um aceno para Shouto e Ochako que continuaram na porta assistindo a cena. Bash, parou na frente deles, olhando-os.

— Uraraka-san, Shouto-kun, é bom vê-los, principalmente, ver que estão prontos! — falou Bashira ao se aproximar deles, ignorando Hawks que agora tinha ido pro lado dela e Natsuo que tentava, sem muito sucesso, amarrar a gravata sozinho. 

Uraraka lembrava-se de Bashira da época que ela auxiliou a equipe de suporte da U.A. . Ficou bem surpresa quando toda a história dos Todorokis foi parar no jornal, tudo contado pelo próprio Dabi, na verdade Touya Todoroki. Ele fez um acordo com a polícia, ainda estava preso, mas em um ano seria solto. Ele mesmo havia deixado claro que o único motivo que o fizera se entregar foi Bashira. Por isso, os irmãos Todoroki fizeram questão de trazê-la para perto da família, pois, apesar de tudo, ela continuava fazendo o possível para ficar perto de Touya. 

— Estamos sim, Bashira-onesan — falou Shouto ajeitando o terno e depois olhando para Ochako, para saber se ela ainda precisava de algo, mas a Morena apenas sorriu afirmando que estava pronta.

— Boa tarde, Bashira-sensei, é bom vê-la! — Ochako falou e depois percebeu que não tinha pegado a bolsa. — Só falta uma coisa! — Voltou para dentro do quarto e pegou a bolsa de mão que combinava com o vestido.

 Quando finalmente saíram do quarto, Ochako percebeu que Natsuo ainda brigava com a gravada, enquanto Hawks parecia se divertir muito as custas do cunhado. Ela aproximou-se do Natsuo, e com um pedido mudo, pegou a gravata e a amarrou meticulosamente e perfeitamente. 

— Pronto! Meu pai também tem muita dificuldade de colocar a gravata! — falou a morena sorrindo para o alvo. — Acho que agora todos podemos ir!? — disse por fim voltando para perto de Shouto. 

Todos finalmente foram em direção ao elevador, Ochako estava mais à frente com Bashira e Natsuo, Hawks e Shouto ficavam mais à trás. Shouto não sabia o porquê, mas não conseguia tirar os olhos de Ochako, ainda tinha sensação macia da pele da morena em sua mão, acabara agindo instintivamente. Porém, vendo-a ali de costas, com a nuca à mostra e sorriso docemente para sua cunhada enquanto conversavam, gerava uma estranha sensação que acelerava seu coração. Mas, por mais que tentasse raciocinar, parecia que seu  cérebro era um borrão em branco.

O elevador já estava quase chegando ao andar quando sentiu Hawks desfazer o nó da sua gravata com um sorriso maroto no rosto. O híbrido encarou o cunhado sem entender, mas o loiro continuava sorrindo para ele e até deu uma piscadinha antes de sair pela porta.

Ochako ficou esperando do lado de fora do elevador por Shouto, que foi o último a sair, os outros continuaram andando em direção ao pequeno salão privativo, onde aconteceria o almoço. Porém quando olhou mais de perto seu par, reparou na gravata. 

— Sua gravata! Ela se soltou — falou Ochako se aproximando dele, buscando seu olhar para saber se podia ajustar.

— Foi o Hawks... — Começou o híbrido, mas nem precisou terminar, a moreno já estava praticamente colada a ele, fazendo o  nó facilmente. O mesmo que ele passara meia hora para fazer sozinho e que o cunhado desfez em um segundo.  Os dois estavam tão próximos que ele podia sentir o perfume floral suave e adocicado que exalava da morena.

— Pronto! Bem Melhor! — Uraraka ajeitou a gravata sobre a camisa de Shouto. Era um hábito que acabou adquirindo de sua mãe, ela sempre fazia isso depois de ajeitar a gravata de seu pai. Porém, o híbrido não era da sua família, e os músculos que sentia por de baixo da camisa nem de longe lembravam o corpo roliço e macio do pai.

— Obrigado... — agradeceu ainda meio inebriado pelo momento, contudo, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Bashira retornara para buscá-los, já que estavam demorando.

— Vocês ainda estão aí!? Anda vamos! Já estão começando a pedir a comida, vocês podem acabar com essa tensão sexual depois! — falou a loira com a voz serena de sempre, voltando-se mais uma vez para dentro do salão.

 Os dois ficaram alguns segundos perdidos nos próprios pensamentos ou na falta deles.  Ochako teve que virar o rosto para tentar esconder o rubor de suas bochechas, já Shouto ficou um tempo só olhando-a, nunca tinha pensando como Ochako podia ficar ainda mais linda corada. Mas tinha que refletir sobre o que a cunhada disse, será que era apenas tensão que estava entre eles? O rapaz não sabia, mas tinha que assumir que gostava mais da companhia dela, do que de sua antiga namorada.

 — Melhor a gente entrar, né? — falou Ochako, tentando sair daquela situação. Shouto sempre fora o rapaz mais bonito da turma, mas a morena nunca nem cogitou algo entre eles. Seria algo bobo, como um romance de livro, exatamente como Mina havia falado. 

Os dois entraram no salão cumprimentando os outros presentes, tentavam abstrair daquela sensação que nenhum dos dois tinha certeza se estavam dispostos a entender. Pelo jeito, essa comemoração ainda renderia muitas emoções.

 


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