Capítulo 9

Meus olhos se perderam, por alguma razão, já não me parecia tão absurda a atitude de Alessa, na verdade, chegava a parecer uma ideia bastante agradável...

- Não quero o seu sangue... - disse, tentando me convencer disso.

- Ah, não quer? - ele sorriu, sarcástico. - Tem certeza?

- Não. - eu disse, após algum silêncio.

Me ajoelhei junto a ele no chão, mordendo seu pescoço, meus caninos formigavam e meu rosto parecia estar se aquecendo. Meus braços se entrelaçaram ao redor de sua cintura, arrastando-o mais pra perto.

O gosto férreo alagou minha boca uma vez mais, dessa vez, me parecia muito mais doce, quente, e intoxicante que da última vez, e mesmo não olhando pra ele, eu podia ver o sorriso sarcástico se  formando em seus lábios, ele tinha razão, eu o queria.

Não sabia exatamente o que estava fazendo, mas sentia que poderia machucá-lo se não tomasse cuidado, aliás, me surpreendia que em meio àquilo tudo eu estivesse tendo um único pensamento racional que fosse.

- Hun... - ouví-o gemer. - Muito forte... - ele suspirou.

Droga, era o que eu tinha pensado, eu o estava machucando. Mas, como é que se faz para soltá-lo? Eu não tinha mais o controle de minhas ações, e eu não queria matá-lo.

- Pe-perdão. - eu disse, de algum lugar tirando forças para soltá-lo.

- Relaxe meu anjo, fui eu que me ofereci. - ele sorriu, tocando levemente a marca dos meus caninos em seu pescoço. - Apenas tome cuidado com o desperdício, sim?

Eu estava confusa, então eu era um vampiro afinal? Mas, isso quer dizer que vampiros existiam realmente? E quem era Alessa?

Gotas vermelhas do sangue de Alessa pingavam na neve, e escorriam por seu pescoço, manchando sua camisa branca. Ele continuava sentado na neve, mas seu olhar era um pouco mais vago... Talvez eu tenha tirado sangue demais...

- Você está bem? - perguntei.

- Um pouco anêmico talvez. - ele respondeu.

Eu não podia evitar em encarar a ferida aberta em seu pescoço, e o liquido vermelho que dela escorria, era como se uma parte de mim acordasse completamente e de uma vez só.

Por instinto ou distração eu acabei por novamente me descontrolar, atirando Alessa no chão coberto de branco e me sentando em seu peito. Ele não disse nada, nem eu, eu apenas o fiquei encarando.

Ele estendeu uma das mãos, tocando meu rosto, sua mão continuava tão quente quanto antes. Seu cabelo estava espalhado pelo chão, e seu rosto tinha um sorriso perfeito e carinhoso.

Me abaixei, lambendo a ferida aberta de seu pescoço, que pintava o chão de carmim.

- Hun... Não foi isso que eu quis dizer com desperdício, meu anjo... - ele disse, num suspiro quente e perdido.

Aos poucos a ferida cicatrizou.

Eu o soltei, afastando-me dele  aos poucos, pra me deparar com sua expressão perdida, mordendo levemente o lábio inferior. Isso por alguma razão me fez sorrir, me divertia pensar o quão sensitivo ele seria... Era como se eu tivesse feito isso minha vida toda, e me agradava o cheiro adocicado da pele dele.

- Então... Talvez vampiros existam. - eu digo, engolindo minhas palavras.

- Talvez. - ele ri.

Alessa se senta, eu me levanto.

- Pode me ajudar a levantar? - ele pergunta, estendendo a mão.

- Posso.

Puxando-o pra cima, eu pergunto, olhando em seus olhos.

- Quem é você? Você não deve ser humano também.

Ele sorri.

- Quem eu sou não importa por agora.

Ele vira de costas, andando para o outro lado, eu seguro seu pulso.

- Vou vê-lo de novo?

Ele me sorri um sorriso maldoso.

- Sempre que você me quiser, meu anjo.