Meu Amigo Oculto escrita por Aleksa


Capítulo 7
Capítulo 7




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Capítulo 7

 

 

Naquela noite, um filme muito estranho se passa pela minha mente, sobre a minha infância... Mas não era a minha infância, era no passado, e a mulher do meu sonho não era a minha mãe... Pelo menos não parecia ser.

Acordo pela manhã com a garganta arranhando, estou de férias. Meu período de férias é depois que voltar, por isso agora, vou me concentrar em esquecer o dia anterior e sair com as meninas.

Na rua, caminhamos rindo alto, e debochando das escolhas pra roupas de nossos avós. No meio do caminho Lucy para e aponta para o outro lado da rua.

- Olha Lizie! É aquele cara que estava na sua cozinha!

Dirijo meu olhar até onde Lucy apontava, pra minha surpresa vejo Alessa sentado em um banco abraçado aos joelhos e lendo um livro de capa roxa.

- Alessa... – meu coração dispara, meu sangue gela.

- Quem é ele? – Maggie pergunta.

Os olhos de se dirigem a mim, ele não sai da posição que estava, um arrepio corre minha espinha duas vezes.

- Lizie? – ela reforça.

- Ih, Com ela assim, acho que não adianta falar nada... – Lucy suspira.

Nesse meio tempo meus olhos e os de Alessa ainda não se desgrudaram um do outro. Ele continua com aquele olhar sério do dia anterior.

Não tenho certeza, mas acho que ele está com raiva por eu tê-lo chamado de “doente” na noite anterior. Mas e daí? Ele me forçou a engolir o sangue dele! Eu devia estar morrendo de medo, gritando, correndo rua a baixo e chamando um policial... Aliás, por que eu não estou fazendo isso?...

Os olhos dele se desviam dos meus e ele volta a ler. Como ele se atreve a querer sair de parte ofendida?! Eu vou enfiar um murro na cara dele!

Atravesso a rua, minhas amigas estão pensando o que eu vou fazer... Talvez eu devesse ter pensado melhor nisso...

Ao chegar ao outro lado da rua, minha primeira atitude é arrancar aquele livro da mão dele, e jogá-lo pra algum lado qualquer. Os olhos dele continuam completamente desinteressados.

- Você é muito cara-de-pau! Como você tem a coragem de se fingir de vitima?!

Ele permanece em silêncio, inclinando a cabeça devagar para direita, e olhando pra mim com uma cara sarcástica de “você está criando a maior cena, sua maluca”.

Foi a gota d’água, desferi um tapão na cara dele, estalando bem alto. Teria sido pior, mas Lucy e as outras atravessaram a rua pra me segurar.

- Calma Lizie! – Maggie gritou.

- Calma nada! Seu canalha! Além de tudo, não tem nem coragem de mostrar uma única emoção que seja!

Ele se levantou, respirou fundo e disse:

- Você quer uma emoção? Ótimo.

Ele me arrancou das minhas amigas e me jogou numa árvore.

- Patricinha barranqueira e escandalosa, acha que sabe de tudo, não acha? – ele diz, num tom de nojo. - Acha que é a vítima aqui, não acha? Então deixa eu te dar uma noção de realidade: Você não sabe tudo nem sobre você. Então antes de achar que pode sair por ai dizendo qualquer coisa pra mim... Se olha no espelho, valeu?

Ele me larga e sai andando, passando pelas minhas amigas, pegando o livro que eu joguei longe e indo embora.

Eu fico lá chocada, meus joelhos vão cedendo, nunca imaginei que veria os olhos dele carregando tanta reprovação... As mãos dele estavam tão geladas que parecia que eram feitas de gelo mesmo.

Naquela noite eu não quero ir dormir, tenho certeza de que vou acabar sonhando com Alessa... Ele me deu uma lição de moral que me fez sentir culpada. Eu quero falar com ele, mas se eu fosse ele não iria querer falar comigo... Não importa, eu vou.

 

 


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