Meu Amigo Oculto escrita por Aleksa


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

estou d férias e escrevendo pra caramba
vai ficar mais rápido pra postar esse mês



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Capítulo 6

 

 

Me levanto, ponho um roupão, caminho até o corredor, e desço as escadas.

- Alessa...?

- Achei que não voltaria nunca, meu anjo. - ele sorri.

- O que faz aqui...?

- Vim te ver. - ele sorri, debruçando sobre a mesa da cozinha, jogando o peso sobre as mãos.

- Me ver? - perguntei.

- Isso. Com certeza não vim falar com as suas plantas. - ele diz, apontando os meus vasos de plantas.

Estava começando a ficar tonta, pra onde isso estava indo?

- Me ver... - repeti, de repente me sentindo mais leve e feliz.

Ele sorri, eu sinto que meu chão vai rachar... Como eu sou deslumbrada...

- Vou embora. - ele diz, fechando os olhos lentamente.

- Por quê? - pergunto, estava me acostumando com a presença dele ali.

- Preciso ir, não quero acabar fazendo nada de que me arrependa depois. - ele suspira.

- Espera... - não sabia como continuar a frase.

- Te vejo em breve anjo. - ele sorri.

Não sei o que dizer, mas antes que pudesse pensar nisso ele sumiu.

- Tchau...

Naquela noite, sonho com olhos vermelhos, numa face encoberta por penumbra, esse alguém fala comigo.

- Elizabeth... - diz a voz feminina.

- Olá... - eu digo.

- Em breve sua vida vai toda mudar.

- Como assim? - sinto informá-la, mas você está atrasada.

- Na madrugada de Seliterin você vai acordar para a sua verdadeira vida.

- Como assim "Minha verdadeira vida"?

- A realidade vai se mostar, e o véu que cobre seus olhos cairá, prepare-se pra isso...

Ela vai caminhando pra trás, sumindo mais e mais na sobra que a cobria.

- Quem é você?

- Eu?... Você.

Eu acordo. Já é dia claro, os pássaros cantam, meu telefone toca... Mensagem de texto.

"Kd vc? Ñ me diga q ainda tá dormindo... ¬¬'

                                           Lucy"

"Tô, é sabado, o q foi? o.o

                       Lizie"

"A gente ia no cine... Esquecida.

                                           Lucy"

"Ah... é vdd... ^^'.

                       Lizie"

"Vc vem? ¬¬

                Lucy"

"Acho q sim... Já vo indo ç.ç

                                    Lizie"

Já eram onze e meia da manhã, nós iamos ao cinema ver "O Despertar", o novo filme de terror.

Abro as janelas e vou me arrumar, minha cabeça começa a doer, ignoro, tomo um analgésico e escolho minhas roupas. Andando pela rua, encontro Lucy parada na porta, de braços cruzados e batendo os pés estressadamente no chão.

- Oi Lucy. - digo, um pouco sem-graça.

- Até que enfim! - ela grita.

Eu mereci, não adiantava discutir, afinal, eu estava atrasada. Fomos comprar o ingresso, pegando-o e indo até a sala onde seria o filme, que agora já tinha começado e estava no meio dos trailers.

- O que aconteceu? Aquele cara estava na sua casa de novo?... Meu Deus! Não me diga! Aconteceu alguma coisa entre vocês? - ela disse, se esforçando pra não gritar no cinema.

- Não! - devolvi num grito baixo.

- Shh! - o cara da frente disse.

A minha cabeça não dava uma trégua, estava começando a latejar, me levantei e sai, sussurrando  para Lucy:

- Vou ao banheiro, já volto...

Chego no banheiro e me olho no espelho, eles estão irritados, deve ser alguma alergia, mas não sei ao que, não mudei nada. Mesmo shampoo, mesmo desodorante, mesmo sabonete.

- Oi meu anjo.

Essa voz...

- Alessa? - perguntei me virando rapidamente.

- Olá.

- Você sabe que isso é o banheiro feminino... Não sabe? - perguntei.

Alessa estava sentado no canto oposto da pia, de pernas cruzadas e olhando pra mim, apoiado na mão esquerda.

- Sei sim, ou então você está no banheiro errado. - sorriu ele.

- Tá, mas o que você faz aqui?

- Seus olhos estão vermelhos.

Como sempre mudando de assunto.

- Eu sei, deve ser uma alergia. - eu digo, olhando no espelho.

- Não é. É o primeiro sintoma. - ele disse, levantando.

- Sintoma? - perguntei.

- Shh. - ele disse, pondo o indicador sobre os meus lábios. - Tudo parte do segredo.

- Que segredo é esse Alessa?

- Não. Não há nada que você diga, pense, ou faça que me faça contar esse segredo pra você. - ele diz, num tom melodramático.

Alguma coisa dentro de mim faz "clic", como se fosse a chave da sela de alguma coisa que não devia sair do meu subconsciente tivesse sido aberta, isso se junta a minha dor de cabeça, e causa uma explosão interna.

Eu caminho até Alessa, prendendo seus pulsos na parede, suas costas batem na parede fazendo um estrondo com o impacto.

Ele me olha sem surpresa nos olhos, e diz, num tom de piada séria:

- Vai me matar?

- Não... - digo, me afastando, minha cabeça lateja, estou tonta. - Desculpe Alessa...

- Seu sangue está fervendo nas veias. - ele diz, sorrindo e olhando as marcas brancas que ficaram em seus pulsos pela pressão que eu apliquei.

De certa forma, talvez ele tenha razão, meu corpo estava mais quente do que estava antes, minha respiração estava mais curta, e meu coração disparado.

- Como... Você sabe? - perguntei respirando com dificuldade.

- Sente-se.

Ele andou até mim, e me pôs sentada na pia do banheiro.

- O que... Você está fazendo?

- Abrace os joelhos.

- Mas...

- Abrace.

Eu abraço meus joelhos, a sensação de vertigem vai passando, me sinto melhor agora.

- Se sente melhor? - ele pergunta.

- Como você sabia?

Estou tremendo.

- Anemia. - ele diz, falando com ele mesmo.

Ele arregaça as mangas da blusa. Puxa um canivete do bolso, e abre a pequena lamina brilhante, apertando-a na mão e puxando.

- O que você está fazendo? - pergunto aos berros.

O sangue escorre por sua mão esquerda, sua feição se escurece e fica muito séria, meus olhos se fecham nos dele, eu não consigo dizer o que ele está pensando, mas nunca o vi tão sério... O cheiro férreo se espalha pelo ambiente, minha garganta começa a secar, mas não sei por que.

Vendo que eu não me moveria tão cedo, ele leva a ferida aberta até a boca, o sangue escorre dentro de sua boca até enchê-la quase por completo. Sem muita dificuldade e com apenas uma das mãos, ele me puxa de cima da pia, agarrando-me em um abraço do qual eu não me livraria nem se tentasse, inclinando-se na minha direção e selando seus lábios nos meus. O gosto de ferrugem alaga minha boca, nunca me senti tão assustada em toda a minha vida, mas meu corpo todo está mole, não há nada que eu possa fazer.

Minhas mãos se apóiam na pedra da pia atrás de mim, a essa altura, Lucy devia estar pensando que eu havia sido seqüestrada, mas agora não havia tempo pra isso. O sangue desceu forçosamente minha garganta, me sentia asfixiar, mas logo isso acabaria...

Ele me solta sem nenhum aviso, preciso me apoiar pra não cair, puxando o ar violentamente para dentro dos meus pulmões vazios.

- Você é doente... - digo, me recuperando da falta de ar em meu cérebro.

Ele nada reponde, simplesmente limpa o canto de sua boca com o polegar, ainda com o  mesmo olhar sério de antes. Depois disso ele simplesmente sai pela porta e vai embora.

Tento me recuperar disso, voltar para a sala, e terminar de ver o filme... Mas foi difícil...

Na saída Lucy ficou comentando o filme, eu mal ouvi, não prestei atenção em um minuto que fosse do filme, não parava de pensar no que tinha acontecido, Alessa não parecia o tipo de pessoa que machucaria alguém assim... Se bem que eu não sabia nada sobre ele... Nem sequer seu sobrenome.


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Notas finais do capítulo

morram de raiva de mim XD