Capítulo 4

Não faço ideia do que fazer para o jantar, mas sinceramente não estou com muita fome, o fatídico encontro na loja de cristais me desorientou... Bastante...

Já faz uns dez minutos que eu estou segurando uma colher de madeira, em pé, e olhando a parede branca da cozinha... Muito triste, mas eu realmente estou perdida.

Como que vindo do nada, me agarram por trás, me prendendo num abraço.

- Olá Elizabeth.

É ele, o cheiro intoxicante de perfume já queimava meu nariz por dentro, a racionalidade foi todinha pro buraco...

- A-Alessa? Como entrou aqui? - me controlei pra não berrar.

- Não foi muito difícil eu garanto.

Já estava começando a cogitar a possibilidade de esmurrá-lo com a colher de madeira que eu tinha nas mãos, mas uma parte de mim não deixava... Deve ser a parte que queria prendê-lo na parede e beijá-lo até perder o fôlego...

- M-Me solte! - gritei.

- Me dê uma boa razão.

- Eu vou ter que chamar a polícia.

Ou a ambulância... Eu ia ter um ataque muito em breve.

- Como você é cruel. - ele suspira me jogando na mesa. - Acho que minha presença não é apreciada. - ele diz fazendo beicinho.

Eu pelo menos não quero que seja...

- Não é uma boa ideia você ficar por aqui... - eu posso acabar achando uma boa ideia.

- Medo de fazer alguma imprudência? - ele sorri, dando ênfase a palavra "imprudência".

- Não! - sim.

- Ai, se você não me quer, eu vou embora. - ele disse, num tom melodramático.

A frase implícita nessa era: "achar quem queira.".

- Não! - eu disse, talvez alto demais... Aliás pareceu até meio desesperado...

Cobri a boca com as mãos, mas já era tarde, eu já havia dito...

Ele virou na minha direção com um sorriso vitorioso... Caramba EU NÃO O CONHECIA! Que história é essa?! Eu pareço uma mulher carente e rejeitada...

- Você quer que eu fique? - ele perguntou, continuando aquela encenação forçada.

- N-Não sei se é uma boa ideia...

- Quer ajuda na decisão?

- É melhor não...

Eu sabia que ele ia me influenciar... Se é que me entendem...

Ele atravessou a cozinha, pressionando-me contra a parede, meus joelhos estavam cedendo, eu ia cair na mesa da cozinha se ele não saísse de perto.

- Seus joelhos vão ruir. - ele debochou.

Não respondi.

- Eu ajudo. - ele disse, deitando-me sobre a mesa.

Isso não estava indo RÁPIDO DEMAIS?!?!?! POR QUE EU NÃO TINHA PARADO ISSO AINDA?! ELE PARARIA SE EU PEDISSE?! POR QUE EU NÃO PESSO?!

O trinco da porta destranca, PÉSSIMA HORA!

- Lizie, eu estava passando por aqui, e O QUE É ISSO?

- Lucy! - eu grito tentando me desvencilhar de Alessa que estava com cara de ponto de interrogação.

Lucy sai porta fora, maldita hora pra ela ter a minha chave... Vou atrás dela.