Capítulo 26

*******LIV********

É estranho conhecer a escuridão das pessoas, saber por que elas são como são... Está tudo no sangue, eu acho.

- Que coisa estranha pra se dizer... – ela diz.

- Você acha? – eu riu.

- Acho. – ela diz.

Deixo a taça sobre a mesa, caminho até a janela, a noite está nublada hoje... E eu sei muito bem que devem ter mandado algum mercenários... Os Saleriv são todos uns esquentadinhos idiotas.

- Liv? Está me ouvindo?

- Nem perto. – eu respondo. – Era importante?

- Não muito...

- Então não perdi nada.

A taça que ela segurava agora estava vazia, faço uma analise rápida de suas feições, ela parece estar com sono, mas não está confortável em ir dormir comigo na casa... Percepção do perigo?

- Por que está sorrindo? – ela pergunta.

- Estou? – eu retorno.

Ops, deixei meus pensamentos transparecerem... Haha...

- Está.

- Ops. – eu sorriu.

- Você é muito sarcástico, sabia?

- Já me disseram isso. – dou de ombros. – Vá dormir. Prometo ficar longe do seu quarto. – eu riu, sentando e cruzando as pernas.

- Eu nem disse nada...

- E precisa?

Ela toma fôlego pra responder, mas não diz nada, nota que eu não estou ouvindo.

- O que foi? – ela pergunta.

- Eu sabia...

******ELIZABETH******

Liv está parado olhando pelo vidro da janela. Sem explicação ele levanta, saindo pela porta da frente e indo na direção do jardim. Eu saio atrás dele, ele ignora a minha presença e some nas árvores próximas, atirando na direção da casa algo em grande velocidade.

- Uma mulher? – ele questiona.

A garota loira se levanta, com alguns arranhões nos braços e nos cotovelos, sua roupa preta encardida de pó e terra.

- Um assassino? – ela devolve a pergunta.

Levilian puxa uma faixa do pulso com os dentes, movendo-se como um sussurro pela noite nublada, parando logo ao lado da garota que congela todos os músculos, eu posso sentir o sangue dela gelando dentro do corpo.

Uma das mãos de Liv posta-se em sua cintura, a outra segura o seu rosto, de leve empurrando seu rosto para o lado, ele sopra em seu ouvido:

- Quem é você?

- Eu... Érika, Érika Saleriv... Fui mandada pra cá pra incendiar a mansão de Orumiê enquanto os mestre de Orumiê está na assembléia com o concelho... – ela responde, seu corpo amolecendo nos braços de Levilian.

- Mas você não faria isso, faria?

- Não... Não faria. – ela responde, com a proximidade suave de Levilian à sua pele.

- Muito bom. – Levilian sorri. – Mas e agora?... – ele pensa consigo mesmo. – O que eu faço com você?

Ela nada responde, seus olhos estão perdidos no tom de voz doce e suave de Levilian.

Levilian desce seus caninos brancos e pontiagudos na altura do pescoço da garota, cravando-os com delicadeza na pele branca dela.

O sangue escorre e pinga pelo pescoço dela, o cheiro começa a me incomodar, empesteando o ar com o perfume férreo...

Quando ele a solta, sua pessoa inconsciente cai no chão, parada e pálida... Uma pergunta me escapa.

- Ela está... Morta?

Ele, que limpa o canto de sua boca com as pontas dos dedos, dirige seus olhos na minha direção com um olhar frio, seus olhos brilhando vermelhos na noite nublada.

- O que isso influencia a você?

Meu corpo inteiro gela... Ele pode tê-la matado... Mas... Será que ele o fez?...