Capítulo 25

Naquela mesma noite, estou sozinha no quarto, morrendo de tédio de todas as formas conhecidas... Vou ocupar a minha mente...

Desço as escadas, ando pelos corredores e vou até a sala, Levilian está sentado a luz de velas lendo um livro.

- Tem luz o bastante pra você enxergar? – eu pergunto.

- Eu conseguiria ler até no escuro. – ele diz, sem desviar os olhos do livro. – O que faz acordada?

- São só dez horas... – eu digo.

- Tem algo melhor pra fazer? – ele pergunta, ainda sem olhar pra mim.

- É pedir muito que você olhe pra mim quando fala?

Ele para a leitura, arqueia as sobrancelhas, olha pra mim e diz:

- Sou todo ouvidos.

- Você não está afim de me ouvir, está?

- Você já interrompeu a minha leitura, não importa se eu queria ouvir ou não. – ele diz, jogando as costas pra trás.

- Por que Alessa não gosta de você? Você não parece ser uma pessoa ruim...

- Por muito tempo Alessa esperou muito de mim... Mas o que ele espera eu não posso dar... – Liv suspira.

- E o que é?

- Fidelidade.

- O que quer dizer? – eu pergunto.

- Quer sinceridade?

- Claro.

Ele sorri.

- Pena, outra coisa que eu não posso dar.

Fico frustrada, mas pelo olhar dele eu não tiraria nada dele...

- Parece desconfortável... – eu digo.

- O que?

- Você.

- Por que diz isso?

- Você não parece feliz.

- Quer ser útil? – ele pergunta.

- Claro. – eu dou de ombros.

- Vá até o meu quarto e pegue uma pequena caixa preta que está sobre a cômoda. É fácil reconhecer, tem uma pedra vermelha em cima. – ele diz.

Eu me levanto e saio, quando estou já no alto das escadas percebo que não perguntei onde é o quarto dele...

- Droga...

Um cheiro doce me chama a atenção no corredor, eu caminho pelos corredores até uma porta de madeira marrom escura, abro a porta.

- Deve ser o quarto de Liv... – eu digo após alguns segundos de silêncio.

O quarto dele tem um cheiro adocicado, mas precisava me concentrar... Olho para a cômoda e vejo uma pequena caixa preta sobre ela, esta tem uma pedra vermelha em cima.

Pego a caixa e saio, fechando a porta logo em seguida, volto pelos corredores e desço, Liv está sentado na sala, abraçado aos joelhos e olhando a parede.

- Essa caixa? – eu pergunto.

Ele nem olha pra mim, só responde.

- Uhum.

Caminho até ele e deixo a caixa ao lado dele, me sentando no sofá à frente, ele abre a pequena caixa, onde existem cinco vidrinhos pequenos em forma de gota, com tampas prateadas e adornadas de desenhos orgânicos.

Ele joga um dos vidros.

- Abra.

- O que é isso?

Ele desrosqueia um dos vidros e despeja o liquido vermelho em uma taça, deixando-a na minha frente, pegando outra enchendo com o conteúdo de dentro de outro dos vidrinhos, em seguida olhando pela janela.

- Que resposta maravilhosa... – eu suspiro.

Pego a taça e cheirando o liquido em seu interior.

- Sangue... – eu digo, depois de um momento de silêncio.

- Mestiça ou não você ainda é vampira. – ele sorri.

- De onde você tirou isso Levilian?

Ele circunda a abertura da taça com o indicador.

- Relaxe, posso ser um assassino, mas não sou um animal. – ele ri.

Eu olho o liquido vermelho dentro da taça.

- Pensei que vampiros como você...

- O que tem vampiros como eu? – ele pergunta, um sorriso em seu rosto.

- Pensei que vocês caçassem...

- Não sei os outros, mas eu sei que eu caço.

- Então por que o sangue em vidrinhos.

- Estou trabalhando, não posso deixar o trabalho e ir caçar.

Por que eu tenho a impressão de que o trabalho sou eu...?

- Por que Alessa estava tão preocupada em me deixar com você.

- Por que eu não presto. – ele ri. – E Alessa sabe disso.

- Que coisa curiosa pra se dizer... – eu digo, sorvendo um cole da pequena taça.