Ao chegar em seu apartamento, Armando começou a beijar Betty com muita vontade:

—Então, minha namorada! Esteve a noite toda me provocando com este vestido! Melhor nos livramos dele! -abraços e beijos

Armando tirou-lhe o bolero de veludo, revelando seus ombros, era um vestido tomara-que-caia. Viu-se totalmente enlouquecido, pois era a primeira vez que podia desfrutar da visão de ver seus braços e pescoço nus, na claridade de seu apartamento.

—Que mulher é esta?-pensou, surpreso

—É lindo!  Com ímpeto, segurou seu braço e puxou para bem perto de si, sentiu-se atraído a ela de uma forma que nem mesmo seu Hermes poderia separar, caso ali estivesse.  Pôs-se a percorrer seu pescoço com seus lábios, deixando-a arrepiada, enquanto a apertava contra seu próprio corpo.

—Que mulher é essa?-pensava -como pôde a escuridão e aquelas roupas esconderem tanta coisa?

Continuou a beber intensamente seu pescoço, puxando com seus dentes os filhos de cabelos caídos adornando seu pescoço, até que sentiu seu coque desabar sobre seus ombros

—Bem melhor!-suspirou- adoro seus cabelos!

Com uma das mãos segurava seu corpo, puxando seu corpo contra si, com fervor,  enquanto com a outra, segurava carinhosamente seu rosto.

—Esta mulher vai me deixar ainda mais louco! O que mais ela escondia debaixo daquele monte de roupa?-pensava, queimando de paixão

Segurando-a com os dois braços, Armando pôs-se a dominá-la com seus beijos, traçando caminho para o quarto, Betty nada dizia, apenas gemia coberta pelos beijos de Armando, sentia-lhe faltar o ar, seu amado parecia totalmente enlouquecido de desejo.

—Hoje, não vou conseguir me controlar! Estou totalmente louco, vou possuí-la de forma intensa e apaixonada. -pensava

O vestido emoldurava tão bem o corpo de Betty que levou-a assim mesmo até a cama. Queria desvendar mais, mas com toda calma do mundo.   O jantar acabara cedo, logo tinham tempo suficiente e o pai dela sabia que ele a levaria para casa, comportadamente. Logo, não havia por ter pressa ou se preocupar com a hora ou se preocupar-se em ligar para seu Hermes. Mas quem disse que conseguia comportar-se perto de Betty? Não naquele apartamento enorme com uma cama tão aconchegante!

Agora sim, vendo que não conseguiria dominar-se, Armando resolvera que era a hora de tirar completamente a roupa de Betty e sentí-la plenamente como viera ao mundo. Tão logo, percebeu que ele ainda estava de camisa, calça e gravata. Como assim, Betty não tratou de tirá-las como das outras vezes? O que estava acontecendo?

—O que foi, Betty?

—Nada.

—Nada! Nada! O que há contigo? Estou queimando de desejo, te conheço. Era para você estar do mesmo jeito ou mais que eu. O que acontece, Betty?  Não me ama mais? Ou não me deseja mais?

—Sim, te desejo muito, doutor! E te amarei até o resto de minha vida.

—Então, Beatriz... combinamos que usaríamos todo o tempo que temos para ficarmos juntos. Ainda é cedo...

—Eu sei, doutor! Me desculpe!

—O que foi, então,  Betty? O que te preocupa? Meus pais já sabem, todo mundo já sabe, não temos mais porque nos escondermos do mundo.

—Eu sei, estou feliz com isso.

—O que acontece contigo? Quer conversar?

—Não.

—É a empresa?  Está tudo correndo tão bem, mí amor. Meus pais e todo mundo ficou feliz com o andamento das coisas, estamos conseguindo. Você está conseguindo, provando seu valor, mostrando que é melhor administradora que eu. Estou muito orgulhoso! Deveria te ouvido o tempo todo. -beijo

—Seu Armando, me abraça forte, por favor!

Armando percebe que a aflição de Betty deve ter algo a ver com a empresa, pois ela parecia ainda mais perturbada, encolhendo-se em seus braços.

—Sim, claro! Eu te amo, Betty! Isto se aconchega!

Ela soltou uma lágrima

—Me desculpe, sei que tinha outros planos para esta noite...

—Não tem problema, temos todo o tempo do mundo. Nosso namoro não se resume à noite de hoje.  -beijo terno -Deite-se! Relaxe! Está com frio?

—Sim.

—Vou trazer seu Blazer, O.K.?

—É um bolero...

—Olha só! Quem diria? Minha diva da moda! Manjando mais que eu.

Ela sorriu timidamente.

—Isso. Vou colocar uma musiquinha para que relaxe.

Armando coloca um Cd de Cole Porter,  um de seus favoritos

—Espero que goste.

Embora, Beatriz não conheça muito do som (Jazz) que Seu Armando tanto gosta, agradava-lhe a atenção que estava dispensando a ela.

Sim, gosto.

—Vou lhe trazer algo para beber! Vou deixar a luz bem baixinha para que possa relaxar um pouco. Já volto, mí amor!

Betty relaxa na enorme cama de Armando. Ele havia pensado em tudo, lençóis de seda azulados. Estava triste, pois sabia que tinha outros planos para a noite, tinham tempo para se amar, mas os comentários maldosos dos Valência e até mesmo os elogios de Seu Roberto rodavam em sua mente. Quanto melhor fosse sua gestão, melhor resultados obteriam. Logo, o dano financeiro e o consequente processo de embargo financeiro da Terra Moda sobre a EcoModa estaria finalizado. Logo, não precisariam dela. E Armando? Ainda estaria do seu lado? Isto a estava angustiando.

Armando pegou o bolero de Betty na sala e trouxe duas taças.

—Surpresa, meu amor! -nas taças, ao invés de alguma bebida alcoólica, Armando havia servido suco de amora- Olha, para você ver como preparei esta noite para você! Não é seu favorito?

Os olhos de Betty brilharam. Com certeza, ele havia comprado aquele suco especialmente para ela e ainda o estava tomando junto, ao invés de seu tradicional whisky.

—Vem cá! -puxou-a para seus braços, ternamente, na cama. -Não sei o que você tem. Gostaria que me contasse, posso saber o que lhe aflige tanto?

—Você me ama?

Armando segurou seu rosto e fitou-a dentro dos olhos.

—Ainda duvida? Não estou jogando contigo, te amo! E também não é só desejo. Eu te amo e te desejo! Do fundo de minha alma. Nunca amei ninguém até amar você! -beijo

—Me abraça forte, então1

—Sim. Queria entender porque está assim. Mas não precisa falar nada, se quiser, se abre, se não, não tem problema. Eu vou cuidar de você.

Estando abraçado com ela na cama, na penumbra, ouvindo Jazz e tomando suco de amora, Armando nem lembrava o homem de antes. Nunca imaginava que ficaria assim na cama com uma mulher.

—Sei que estou estragando seus planos!

—Não está estragando nada1 Na verdade, namoro é isso, estamos começando novamente. -segura sua face- Do jeito certo! Não temos obrigação, nem pressa de inflamarmos nossos corpos. Podemos ter este momento para nos abraçarmos, conversarmos, ouvirmos música.

—Tomarmos suco de amora!-ela riu daquele forma característica, para quebrar o gelo,  vez que estava encantada pelo jeito romântico dele 

—Sim! Suco de amora gelado. Confesso que nunca havia tomado até experimentar contigo. Está me permitindo conhecer outros sabores na vida...

—Assim como o senhor, doutor, está me permitindo...

—Por que falamos nestes termos formais?

—Eu sei, mas é difícil me acostumar.

—Não é mais minha assistente, é minha namorada!

—Eu sei! -ela sorriu

—Seu sorriso me faz tão bem!

—Mas ainda é metálico!

—Não importa! É lindo e espontâneo. -beijo  -Sabe? Acho que mesmo este momento é especial, afinal, não sabe como sonhei em estar contigo todo este tempo em que estivemos afastados! Além da empresa, no carro, nas boates nunca tivemos tempo de conversar sobre outras coisas e agora, estamos namorando, e podemos enfim, saber mais um do outro. O que gostamos, estas coisas.

Betty abraçou Armando forte, sentindo-se protegida novamente, o assunto estava lhe agradando, parecia um outro Armando, bem diferente do que conhecera, e a trilha sonora, estava conferindo um clima especial. Ouviu atentamente tudo o que ele lhe falava, procurando anotar tudo em seu computador interno.

—E você? Do que gosta?

Ela pôs-se a falar um pouco.

—E seus sonhos?

—Diz profissionalmente?

—Sim!

Pensou um pouco, pois desde que entrara na Eco Moda seus sonhos profissionais se fundiram com os pessoais, ou seja, queria estar com Seu Armando, independentemente de qualquer coisa.  Logo, era hora de retornar ao plano inicial. 

—Bem, meu sonho é ser uma grande empresária, administrar uma grande empresa.

—Isto você já faz!

—Digo assim por vontade real dos sócios, não o caso da Ecomoda. Lá temos a questão do embargo e em breve, isto vai findar.

—Sim, vai findar, mas eu creio que meu pai vai querer que continue à frente!

—Imagina...

—Tem meu voto! 

Armando lembrou-se que Beatriz estava assim desde a reunião da Diretoria e concluiu que deveria ter algo relacionado aos Valência.

—Tenho certeza! Mas não é o momento para falarmos nisso!-Ele a vira para olhar em seus olhos.- Deixemos a Ecomoda fora daqui1 Agora é hora de falarmos de nós dois, senhorita Beatriz Pinzón! Eu te amo! Sabe qual é meu sonho?

—Dirigir a Ecomoda novamente?

—Olha, você falando de novo! Depois sou eu que penso só na empresa... Não, meu sonho é passar mais momentos como este contigo: ouvindo minha música favorita, no meu lugar favorito, com a minha pessoa favorita; você, Beatriz.  Minha Betty1

—Ai, doutor!

—Armando! Chama-me de Armando.

—Seu Armando, eu...

—Armando!

—Armando! Dr, quero dizer, Armando, ainda está com desejo?

—Desde que fizemos amor pela primeira vez nunca deixei de sentir desejo por você, Beatriz!

—Então... -Ela o beija com vontade

—Me quer?

—Sim!

Então, Armando a aperta com força, sentindo-se queimar novamente e tira-lhe o bolero que revela seu pescoço novamente, pronto para ser degustado.  Ela, então, tira, finalmente,  sua gravata, abre sua camisa, enquanto ele se encarregava de descer o zíper de seu vestido. Seus corpos, então, se inflamam e ardem de paixão.

—Te amo, Beatriz! Te amo! Nunca duvide disso. Você é a coisa mais importante da minha vida agora! Já te provei isto. Nada, nem ninguém está entre nós!

—Eu sei, doutor! Mí doutor, eu sei!

—O Cd acabou, gostaria de ouvir algo em especial?

—Ah sim... O senhor teria algo de Keith Jarett?

—Keith Jarett, Beatriz?

—Sim, em especial "Take me back"

—Assim vou ser obrigado a te amar mais uma vez! 

Esta era uma das favoritas de Armando, como poderia Betty também gostar?

Após entregarem-se seus corpos à paixão e unirem-se como um só corpo, um só coração e uma só alma, adormeceram de conchinha pela primeira vez, totalmente relaxados da tensão do dia. 

Continua...