Os dias que se seguiram não foram exatamente tranquilo, Afrodite precisou adaptar sua casa a criança que agora estava sob sua tutela.

Já havia se passado cinco meses e pela manhã Brian ia a escola junto com seus amigos, não foi muito fácil já que ele não estava acostumado com outras crianças mas não foi nada que o tempo não se tratou de curar e a tarde Afrodite o treinava, todos os dias, esta tarde em especial estava quente como o próprio inferno mas lá estavam os dois, sujos, cansados e cobertos por arranhões em meio aquele campo de treinamento cercados de terra e areia até aonde os olhos poderiam alcançar.

— A raposa é audaciosa Brian! É metódica, inteligente, ágil, ardilosa e principalmente letal, é por isso que a constelação é vista caçando e com a presa entre os dentes. Você já está familiarizado com as rosas mas eu quero que você faça mais com seu cosmo, a partir de agora além de usar o veneno vou te ensinar a criar ilusões.

— Sim, senhor Afrodite!

Afrodite falava sério mas caminhou até o pupilo com um sorriso orgulhoso para lhe entregar mais uma de suas rosas, era isto que Afrodite mais gostava no menino, sabia que ele estava exausto mas não dava nenhum sinal de que queria desistir.

— Excelente! Mais uma vez então.

Logo os dois se posicionaram e voltaram a treinar, Brian se esforçava imensamente e era muito empenhado, esperto e curioso, Afrodite às vezes até ficava com dó daquela criança tendo aquele treinamento tão pesado mas sabia que se não fizesse isto esta falha teria seu preço cobrado no campo de batalha.

Como nem tudo era um mar de rosas, literalmente, havia dias ruins como quando Brian acabou adoecendo com uma pneumonia e cada tosse parecia doer mais em Afrodite do que no menino mas também havia dias bons como quando passavam as tardes de domingo cuidando do jardim juntos e comendo bolachas com chá, quem passasse na frente da casa se prestasse um pouco de atenção poderia ouvir Ain't no mountain high enough de Marvin Gaye e Tammi Terrell tocando alegremente.

Agora Afrodite entendeu os amigos, do porque não podiam ficar até tarde, do porque não podiam ir aos encontros às vezes, do porque aparentavam estar cansados mas principalmente entendeu porque todos estavam felizes.

Já era hora do almoço e de Brian voltar para casa da escola.

— Senhor Afrodite! Senhor Afrodite! Olha, é pra você

Lá estava Brian, correndo até a cozinha para encontrar seu tutor com um papel um pouco amassado entre as mãos.

— Oi Brian! Como foi a aula? Oh, um presente?- Afrodite cumprimentou seu pupilo com um afago entre os cabelos e pegou o papel para ver o que era.

— Senhorita Marin falou que logo será dia dos Pais, ela falou que pai é quem cuida e ama a gente, disse para fazermos um desenho bem bonito para darmos de presente e...você...não gostou?

Afrodite tinha ficado mole, esta era a única explicação, estava chorando em cima de um desenho infantil meio amassado, no desenho tinha ele e Brian de mãos dadas cuidando do jardim juntos, limpou as lágrimas rapidamente quando percebeu que estava preocupando a criança a sua frente e agora se abaixava para ficar na altura dela.

— Ah meu Deus, não, eu amei! Não ligue pra mim querido. Sabe, você me deu este presente lindo de dia dos pais, se isso me torna um pai, sabe o que isto te torna?

— Não, o que?

— Isto te torna um filho, meu filho.

Afrodite o abraçou e foi retribuído, agora ele já estava com a criança no colo e colocavam juntos o desenho na geladeira, exatamente como um bom pai faria, não sabia se aquele sentimento que tinha a alguns meses atrás iria voltar mas sabia que conseguiria enfrentar qualquer coisa se estivesse junto daquela criança, faria tudo, absolutamente tudo por aquela criança.

— Que tal comermos o frikadeller agora?

— Frikadeller! - Brian erguia os braços para os céus em alegria, era sua comida favorita.

Foram almoçar, como uma boa e alegre família, não era perfeito mas era tudo o que os dois precisavam.