É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 4
Capítulo 4 - Vingança


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo acabou não ficando muito grande. Mas peço que continuem acompanhando. Os próximos serão melhores. ♥



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Capítulo 4 - Vingança

Gamora arrumou o cobertor e o travesseiro no chão, que era muito mais espaçoso que o banco de pedra da cela, aproveitando que o tecido ela grande o suficiente para que se deitasse nele e ainda pudesse se cobrir. Os anos com Thanos ainda faziam o chão ser um local familiar para dormir, apesar de todo o conforto que pode ter vivendo com os Guardiões por tantos anos depois. Não sabia por quanto tempo tinha adormecido depois de conversar com Ayesha, e não era possível ter uma noção da passagem do tempo dentro da prisão.

Sua mente ainda estava nublada e sem entender completamente a brusca mudança de ambiente. Não saber onde os outros Guardiões estavam ou o que acontecera com eles, e estar grávida na cela de prisão de um povo que os queria mortos só fazia sua angústia crescer. Não podia continuar aqui. Precisava de cuidados médicos, precisava saber se o bebê estava bem, precisava se alimentar e descansar de forma adequada, precisaria de roupas novas quando seu corpo começasse a mudar, e lembrar que possivelmente não tinha sequer dois meses completos de gestação e que talvez não conseguisse fugir a aterrorizava. Poderia dar a luz sozinha, mas o que faria depois?

— Parece que acordamos num pesadelo... – murmurou para si mesma e para o filho, ainda que o bebê fosse pequeno demais para ouvir sons – Onde você está, meu Senhor das Estrelas? O que ele fez a você e a todos os outros?

Virou-se para encarar o teto, respirando fundo para acalmar o desespero que sentia em não poder estar com Peter, correr para ele e lhe contar sobre o bebê, e se livrar dessa longa batalha em sua vida, que agora parecia mais interminável do que nunca. Se voltou para o fundo da cela e permitiu que suas lágrimas corressem para o travesseiro, se perguntando se isso já seria um efeito da gravidez ou a simples e pura tristeza que seu corpo se cansara de manter escondida.

******

— Qual seria o seu interesse na nossa prisioneira? – Ayesha questionou a menina após sentar em seu trono no hall de entrada do palácio – E creio que seria útil sabermos com quem estamos falando.

A menina olhou friamente para os guardas e para Alia, posicionados a frente de Ayesha.

— A suma sacerdotisa quer saber seu nome – Alia falou.

— Aster.

— Os Guardiões da Galáxia nos insultaram de forma indiscutível. Não deixaremos que nenhum deles escape a nosso julgamento.

Aster ergueu uma das sobrancelhas numa expressão de descrença, ciente da reputação de pavio curto por motivo algum dos soberanos, o que felizmente nenhum deles pareceu perceber. Mas fosse o que fosse qualquer ação idiota que os Guardiões pudessem ter feito para ofender os soberanos, isso não tinha importância para ela. O que eles e aqueles Vingadores haviam feito, isso era indiscutível e imperdoável.

— A sacerdotisa deve saber do que houve na Terra.

— Poderia ser mais específica? Faz menos de dois meses que todos voltaram, ainda estamos nos ajustando e tentando entender o que houve – Alia lhe disse – E onde fica esse lugar?

— A Terra é o único planeta com vida em uma galáxia vizinha da nossa, ao menos é isso que os humanos ignorantes e orgulhosos de lá pensam. São tão limitados que acham que estão sozinhos em sua galáxia, embora saibam que existe vida em algum lugar qualquer fora dela. Devem ter ouvido falar de Thanos.

Alia e Ayesha trocaram um olhar. Apesar do quão isolados os soberanos eram do restante do universo, não eram tão ignorantes ao ponto de não conhecerem a fama do titã louco.

— Nós sabemos de quem se trata – Ayesha respondeu – Mas por que essa história interessaria a alguém tão jovem? A menos que tenha sido afetada pela calamidade.

Calamidade? É assim que estavam chamando o estalo?

— Desde que eu e qualquer outro que esteve sob domínio dele o conheceu, ele só teve um objetivo além de forçar órfãos a ingressar em seu exército ou fazer mais órfãos dizimando planetas e nações inteiras, e obrigando um único que ele deixava vivo a segui-lo. Tudo isso pra satisfazer um desejo psicopata e inútil de dizimar metade da vida de todo o universo por causa da escassez de recursos, como se os seres vivos fossem incapazes de se reproduzir de novo e gerar o mesmo problema séculos depois.

Alia respirou fundo diante da revelação horrorosa da mais jovem, finalmente entendendo a razão de todo o caos que se abateu sobre a galáxia por cinco longos e complicados anos.

— Se discorda, por que o seguiu? – Alia questionou.

— Se eu tivesse condições de mudar isso, não estaria aqui agora.

— Então... Ele foi o responsável por tudo isso? – Murmurou, mais para si mesma do que para Aster.

— Se quer nosso apoio para caçar esse individuo, no momento estamos focados em reorganizar nosso povo, e principalmente manter os que voltaram – Ayesha falou.

— Thanos está morto. Entreguem a zehoberi e irei embora.

— E por que faríamos isso?

— A Terra tem um grupo de pessoas que se intitulam de Vingadores. Thanos já tinha ameaçado o planeta deles antes. Se uniram com os Guardiões da Galáxia pra derrotá-lo, e o mataram junto com todo o exército que estava na Terra, e pouco antes disso, de alguma forma, trouxeram todos de volta.  A história toda não interessa, e pouco me importa o destino de Thanos, mas perdi pessoas importantes por causa deles. E não pretendo deixar isso impune. Depois que me livrar deles, seguirei até os Vingadores. Estou disposta a negociar por ela e por informações sobre os outros.

— Buscamos pelas mesmas informações que você. Ela apareceu sozinha e completamente desorientada – Ayesha respondeu.

Aster ficou em silêncio para processar a notícia. Então não havia se enganado. A mulher que localizara no planeta era de fato Gamora. Como podia estar viva após seus pais confirmarem que Thanos a assassinou, não tinha a menor ideia. Esperava encontrar qualquer um dos outros quando ajustou sua nave para localizar todos os Guardiões da Galáxia. Mas as pessoas apagadas do universo estavam de volta, algo podia ter acontecido para que Gamora estivesse também.

— O que quer por ela?

Ayesha ficou um longo tempo em silêncio.

— Os Guardiões da Galáxia são um assunto que não estamos dispostos a negociar. Especialmente a mulher que temos em nossa posse. Ela possui algo que nos interessa. E algo que pelas nossas leis não podemos apagar.

— E o que dizem suas leis? Dependendo do motivo, vou aceitar a negociação sem causar nenhum estrago antes de sair – a garota falou quando uma lança negra como a noite se materializou em sua mão, uma das extremidades brilhava com luz azul, e a outra continha um afiado encaixe prateado – Vocês querem matá-los. Eu quero matá-los. Objetivos em comum podem gerar bons negócios.

Ayesha se atentou aos olhares apreensivos dos guardas diante da estranha lança negra. A menina não aparentava ter mais de dez anos, mas certamente tinha potencial em combate. Os soberanos não eram grandes estudiosos sobre o equilíbrio espiritual e emocional, mas não eram tolos o suficiente para não saberem que guerreiros sem equilíbrio podiam trazer mais problemas que benefícios.

— Não trataremos desse assunto sem saber com quem estamos falando. E especialmente com alguém tão jovem. Nosso povo discute suas questões da maneira mais coerente possível.

— Aster Glave. Treinada desde sempre junto com o extinto exército de Thanos.

— O que pretende fazer se destruir os Guardiões da Galáxia e esses Vingadores? – Alia perguntou.

— Eu não sei.  Mas provavelmente viver em qualquer lugar onde eu seja incapaz de me deparar com seres ridículos como eles. E minha idade não me impediu de deter todos os seus guardas.

— A prisioneira que você solicita carrega um descendente. Nossas leis impedem que inocentes comprovados sejam condenados pelas ações de outros. Pelo tempo que ela levar para completar o processo, nós a manteremos intacta.

Aster imediatamente deduziu o ocorrido. Gamora esta grávida. Lembrava bem de seus pais comentarem sobre o desdém de Thanos com o fato da filha adotiva ter um namorado e realmente ter aprendido a amá-lo e ignorar tudo que lhe foi ensinado desde que Thanos a adotou. Provavelmente algum dos outros Guardiões seria o pai. Mas como ela havia voltado dos mortos, e ainda com o bebê, eram coisas que Aster não podia explicar.

— Isso pode levar nove meses ou um pouco menos. Eu posso esperar.

— Você é muito jovem. E certamente tem um alto potencial em combate, mas pode se tornar melhor, mais forte – Ayesha lhe disse – Estejam onde estiverem os outros Guardiões, nós os encontraremos quando chegar a hora certa. Quanto a você, sugiro que se aperfeiçoe se quiser disputá-los conosco. Eles são capazes de pegar qualquer um de surpresa antes que se perceba que é tarde demais. E devo adverti-la de que não toleraremos qualquer insulto ou agressão a nosso povo – falou em seu tom sério e autoritário.

— Não me interessa ferir vocês.

A menina fez menção de sair, mas olhou novamente para Ayesha.

— Eu era pequena, mas é impossível não lembrar de tudo que era dito sobre a filha favorita de Thanos. Ela não ficará quieta numa cela esperando qualquer coisa acontecer. Há uma boa chance de que os outros estejam vivos, em algum lugar. Se querem mantê-la sob controle, digam que estão mortos. Ela não terá para onde ir ou a quem recorrer. Quando a criança nascer, podem usá-la para atrair os outros. Se são mesmo tão sentimentais quanto ouvi falar, eles virão. E nos pouparão o trabalho de caçá-los. E não me importa o que pretendem fazer com eles. Eu estarei aqui quando esse dia chegar.

Nenhuma das duas soberanas teve tempo de pensar numa resposta. Aster caminhou na direção da saída e desapareceu mais rápido do que os olhos de qualquer um deles foi capaz de compreender.

******

— Acha que devemos fazer o que ela disse? – Alia perguntou quando conversavam sozinhas na manhã seguinte, agora na grande sala dourada onde mantinham as cápsulas embrionárias.

— São conselhos de uma criança comum, revoltada por um motivo sentimental. Mas cortar as esperanças da prisioneira pode fazê-la pensar bem antes de tentar fugir de nós.

— E Adam? Ele parece ter muita simpatia por ela.

— Ele é um de nós. Projetado para ser a versão perfeita de nosso povo, e isso inclui lealdade. Apesar de ser mais cortês que o desejado algumas vezes.

— Mas ele sempre encontra motivos lógicos quando o questionamos por isso.

— Não posso discordar.

— E se estiverem vivos? O que faremos caso ela descubra e faça algo?

— Ela parece muito obstinada em proteger sua criança, usaremos isso a nosso favor. Não pensará em tentar qualquer coisa que arrisque a vida do descendente.

— Acha que se eles descobrirem virão aqui nos confrontar?

Ayesha permaneceu em silêncio por algum tempo.

— É possível. Devemos estar preparados para uma invasão, isso não será amigável levando em conta nossos últimos encontros em batalha. Eles permanecem em menor número, mas são muito espertos e audaciosos.

— Acha que... O filho que ela espera é do humano? O líder deles.

— É muito provável. Teremos evidências disso quando nascer. E se for necessário, também usaremos o risco à vida dela e da criança para pará-los ou atrasá-los.

— Não temos a menor ideia de como isso funciona. Vamos deixá-la naquela cela até o nascimento e mesmo depois? Ela pode precisar de alguma coisa ou acomodações mais adequadas, devidamente guardadas contra fugas, é claro. Nossas cápsulas embrionárias ficam em um local especial e isolado de qualquer sinal de caos ou perigo para que tudo ocorra bem. Talvez ela também precise de um ambiente assim em algum momento.

— Nós forneceremos o que for necessário. Demos nossa palavra de honra de que nada aconteceria a ela ou à criança até o nascimento. E será a oportunidade perfeita para reunir informações sobre outras espécies, especialmente uma da qual só resta um exemplar vivo, por enquanto.


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