É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 26
Capítulo 26 - Planos


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas por demorar tanto a atualizar essa história, mas como eu já disse antes, tô escrevendo ao mesmo tempo essa e a do Espetacular Homem Aranha, fora outras duas ainda pra serem atualizadas, mas tô priorizando essas duas porque têm mais pessoas lendo, no Brasil e no exterior, porque também as publico em inglês (aqui mesmo no AO3, em outra conta minha).

Sinceramente eu não gostei do filme novo, e desconsidero que ele existe. Pra mim Guardiões da Galáxia só tem 2 filmes, e agora cortei definitivamente os laços com a Marvel. Só volto no cinema pra terminar de acompanhar Homem Aranha, e olhem que do jeito que tá, acho que vão matar a MJ também. E tô pulando fora da DC, uma vez que agora James Gunn tá conduzindo. Já tive decepções cinematográficas suficientes nos últimos anos. Ele era meu roteirista favorito, até esse filme novo nada a ver de agora. Não vou especificar porque não gostei porque nas últimas semanas já me desgastei e tomei pedrada suficiente por expor minha opinião no instagram. Depois toco no assunto de novo. Espero que gostem do capítulo. Boa leitura! =D



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Capítulo 26 – Planos

— Nunca achei que fosse encontrar você aqui – Alia sentou ao lado do amigo na grama do jardim.

O lugar fora feito para que aqueles que tinham uma hierarquia mais alta no palácio pudessem descansar quando desejassem, e era até difícil de achar, ficava do lado oposto à entrada do local, e a céu aberto. Adam, deitado na grama, fitando as estrelas da madrugada, olhou para a amiga quando ela se sentou, mas manteve sua posição.

— Ouvi dizer que escutaram barulhos estranhos perto das saídas da prisão, inclusive no setor modular. Acham que eram só ratos tentando fazer ninhos de novo. Você sabe alguma coisa sobre isso? – A jovem sussurrou.

Adam suspirou e finalmente sentou-se.

— Andei vasculhando cada canto daquele lugar, queria saber o quanto há de segurança interna, embora eu não possa ter certeza sem acesso às câmeras dos corredores vigiados.

— Quer mesmo fugir daqui com elas assim?

— Nunca mais poderíamos voltar.

— Não pretendo incluir você nisso. Você não precisa perder tudo que fez até hoje. Eu sou o esquisito aqui.

— Ei, estamos nisso juntos. Eu também não quero que a sacerdotisa mate Gamora e Meredith. Eu já fui em muitas missões fora desse reino antes de você nascer. Conheci muitos lugares, pessoas, costumes diferentes que nosso povo sequer pode imaginar. E mesmo tendo sido por pouco tempo em cada lugar, a vida lá fora parece fascinante, e divertida, mesmo que difícil às vezes. As pessoas parecem tão livres. Às vezes sinto que não temos toda a liberdade que pensamos aqui. Eu serei útil, e estarei feliz em estar lá fora. Se você fizer isso, eu também vou.

Adam sorriu com gratidão.

— Fiz isso só pra um último caso. Quero tirá-las daqui legalmente se possível, e fazer a sacerdotisa desistir dessa vingança. Podemos conversar com a equipe, esclarecer o que houve, fazer um acordo. Mas não sei se ela reagiria bem a isso agora. Meredith já vai fazer um ano. Gamora me disse que isso é importante fora daqui, é comemorado com alegria e até festas. Já basta elas estarem longe da família. O pai nem sabe que ela existe. Eu não aguento mais ver isso, não há sentido.

— Eu também... Será que... Você não tem alguma habilidade misteriosa que possa tirá-las daqui sem que ninguém perceba? E simular uma fuga?

— Eu não sei. Não consegui muito vistoriando a prisão e me arrisquei bastante. Felizmente minha super velocidade colocou a culpa nos ratos. Mas se estão tão preocupados só com isso, duvido que não ficariam de olho em pessoas andando por lá.

— Nunca nos deixam ter acesso, mas você acha que poderíamos descobrir alguma coisa nova sobre suas habilidades no laboratório de criação?

Adam a olhou surpreso, não tendo pensado nisso até então.

— É proibido. Só podemos entrar lá com autorização, um convite ou acompanhados.

— A disciplina do nosso povo sempre foi impecável, do que sabemos – Alia pontuou – A Suma Sacerdotisa foi a primeira que colocou isso um pouco em dúvida. Mas apesar da proibição, só há câmeras, trancas ou alarmes em alguns setores dos laboratórios, justamente pra não chamar atenção, e porque confiam cegamente em todo mundo aqui. Apenas quando há visitantes na cidade ou no palácio é que colocam guardas no lugar. Já estive lá uma vez com a sacerdotisa e alguns aprendizes tarde da noite. Parece que nossos cientistas se revezam pra um por vez dormir lá a cada noite. É a única segurança que tem durante a madrugada em dias comuns. Isso foi dito longe dos aprendizes. Só ficam cientes quando começam a trabalhar e dividir os turnos da noite.

— Você sabe se há arquivos falando sobre cada um do reino em algum lugar? Acho difícil que não tenham.

— Sim. Há uma sala só pra isso. Mas é tudo que sei.

— Como você tem acesso a tanta informação privilegiada?

— Ser a principal ajudante da sacerdotisa tem algumas vantagens. Mesmo assim, não resolve todo o nosso problema agora. Como anda sua telepatia?

— Ainda não é perfeita. Mas se conseguíssemos nos aproximar de alguém que trabalha no laboratório sem que percebesse...

— Aster não parece ter percebido. Mas ela também parece estar desenvolvendo as próprias habilidades ainda, que nem você. Nada garante que não notará no futuro.

— Então é uma aposta arriscada, mas ainda a melhor saída que temos. Conhece alguém de lá?

— Não sou próxima de ninguém, mas sei reconhece-los. Se conseguirmos comer no refeitório amanhã, perto de um deles, você conseguiria tentar telepatia e passar despercebido?

— Espero que sim.

— O que vai procurar?

— Não sei... Câmeras, um caminho, uma porta. Os registros. Espero que tenha algo útil que eu consiga desenvolver. Quem sabe tenho mesmo teletransporte?

******

Gamora acordou assustada e confusa. Peter estava com ela. Os dois estavam juntos. Não conseguia se lembrar do lugar, mas ele parecia abatido, apesar do quão forte a abraçou quando a viu, do sorriso radiante que surgiu em seu rosto e da alegria em seus olhos claros. Gamora quase podia sentir seus braços ao redor dela. Ela tentou contar sobre Meredith, mas não conseguiu falar. O abraço de seu amado era um porto seguro, e ela só conseguiu ficar ali quieta, sentindo-o e querendo guardar a sensação.

Olhando para baixo ela não viu mais Meredith, que tinha dormido na cama ao seu lado, e sentou-se de imediato, procurando a filha pelo quarto. Seu coração disparou, mas a mãozinha que surgiu na borda do colchão a fez suspirar aliviada.

— Querida, o que está fazendo aí? Você caiu?!

A bebê murmurou e segurou o lençol com as duas mãos, fazendo esforço para se erguer, e surpreendendo Gamora ao ficar de pé com muito mais facilidade e perfeição do que nas tentativas anteriores. A pequena riu para a mãe, e estendeu as mãozinhas para ela, usando o corpo para se apoiar na cama e continuar de pé. Gamora sorriu e ao invés de atender o pedido, se ajoelhou no chão, segurando as mãos da filha e a incentivando a continuar.

— Vamos andar mais um pouco.

Gamora andou de joelhos, puxando a filha junto, que agora andou mais rápido e com mais confiança. Passados alguns minutos, Gamora a deixou de pé sozinha e se levantou, caminhando para o outro lado do quarto.

— Venha aqui. A mamãe está esperando você.

Meredith hesitou um pouco, então deu o primeiro passo, um pouco vacilante, mas logo depois o segundo, e praticamente correu até Gamora, se agarrando às pernas da mãe para não cair. A guerreira riu de alegria e pegou a filha no colo. Meredith riu junto enquanto Gamora caminhava com ela pelo quarto.

— Seu pai devia estar aqui pra ver isso.

— Pai?

— Sim. Papai.

— Papai – Meredith repetiu, sua mente ainda trabalhando em aprimorar as palavras – Ouquê, papai?

Gamora levou um momento para entender o que ela estava perguntando.

— Papai é a pessoa que fez você junto com a mamãe. Ele nos ama muito e se estivesse aqui me ajudaria a cuidar de você.

— Quem papai?

— Seu pai, Peter, o Senhor das Estrelas.

— Estelas?

— Sim, estrelas. Você se parece muito com ele.

— Eu papai?

Gamora riu com o tom de surpresa da bebê.

— Sim. Seu cabelo – Gamora acariciou os fios ruivos para que Meredith soubesse do que estava falando – É igualzinho ao dele.

A pequena levou as mãozinhas à cabeça, fazendo Gamora rir novamente.

— Onde é papai?

— Eu não sei, amorzinho. Mas um dia vamos descobrir.

— Puiquê?

— Um homem mau nos separou, mas vou encontrar um jeito de sairmos daqui pra encontrá-lo.

— Adam?

— Não, querida. Foi outra pessoa. Mas ele foi embora pra muito longe, não vai mais vir atrás de nós. Adam não é mau, eu espero.

Um lado de sua mente achava absurdo ainda ter dúvidas sobre Adam depois de tudo que ele fizera pelas duas, mas como ela saberia? Como isso poderia não ser parte dos planos cruéis de Ayesha? Peter estava vivo ou Peter estava morto? Essa dúvida era a maior tortura de todas, embora as evidências e seu bom senso apontassem para a teoria de Adam como verdadeira. O que estaria acontecendo lá fora? E como estariam outros planetas após tudo que Thanos fez? Onde estariam Nebulosa, Mantis, Drax, Rocket, Groot, Kraglin... Como Adam podia saber alguma coisa sobre Groot e Peter?

******

Dois dias depois daquela conversa, no início da tarde, Adam e Alia, milagrosamente livres de maiores compromissos hoje, sentaram-se no refeitório para almoçar, propositalmente perto da mesa onde estavam Nuria e outros soberanos que trabalhavam nos laboratórios.

— Não sei se é ela que vai ficar de vigia hoje – Alia tentou sussurrar sem sequer mover os lábios – Mas ela anda muito por lá. E já a vi trabalhando nos turnos de verificação das cápsulas embrionárias. Tente ver alguma coisa.

Adam assentiu discretamente, e olhou com cautela para a soberana em questão, depois fingindo voltar sua atenção para a própria refeição enquanto se concentrava para captar os pensamentos da cientista. E coincidentemente ou não, ela e os amigos começaram a falar sobre Gamora e Meredith, o que ajudou bastante a buscar por algo sobre os registros na cabeça da jovem.

— A sacerdotisa não fala muita coisa, mesmo quando vai aos laboratórios – Nuria disse aos demais – Essas duas já estão aqui há tanto tempo que bem poderíamos incluí-las nos registros populacionais, afinal a criança nasceu aqui. Claramente é mestiça, e estranhamente também é uma soberana por ter nascido aqui.

— O plano original não é eliminar os Guardiões? – Um dos rapazes na mesa perguntou.

— Sim. Mas enquanto não os encontramos, parecem ter decidido que é melhor a prisioneira prestar serviços de apoio em missões e trazer algum retorno à coroa, mesmo que mínimo, do que apenas consumir recursos indeterminadamente. Foi o que a sacerdotisa disse na última visita que nos fez.

— E a criança? – Outra mulher perguntou.

— Vai e volta com ela nas missões. Parece que ainda não tem capacidade de sobreviver sem a mãe. Ninguém sabe muito de qualquer forma. Somente Adam e Alia, e eles não têm autorização pra compartilhar nada. Não faço ideia de como conseguiram domá-la. É a assassina mais mortal da galáxia, afinal. Se tornou mãe e tiramos suas armas, mas ainda é perigosa. Não é à toa que todos aqui ficaram com medo de ir até ela na ala prisional.

Adam riu em silêncio. Gamora mataria a cientista se a ouvisse falando de tal forma. O que havia agora entre ele, Gamora e Alia não era uma relação de poder e submissão, e sim um acordo, de sobrevivência, baseado no bom senso e na cooperação. Talvez... Até uma amizade. Mas era muito cedo para falar isso em voz alta.

— Acho que encontrei – Adam sussurrou para Alia, que trocou um olhar rápido com ele e voltou a comer.

Na mente de Nuria, Adam conseguiu adentrar pelo mapa mental dos laboratórios. Alguns lugares pareciam um labirinto, e intrusos ou desavisados poderiam facilmente se perder e serem pegos. A sala dos registros, diferente do que ele esperava, estava num lugar não muito óbvio, uma vez que era uma sala especial, maior, mais afastada das salas de testes e experiências: A sala das cápsulas embrionárias. Havia uma porta camuflada, do lado oposto à porta de entrada. Haveria uma tranca ou escudo de proteção?

Nuria se levantou, recolhendo as coisas da mesa junto com os amigos e se afastando. Adam se desconcentrou momentaneamente e se forçou a fechar os olhos e retomar o foco, até que a conexão se rompeu quando o grupo saiu do refeitório.

— O que aconteceu? – Alia perguntou.

— Não consigo manter a conexão a longas distâncias, ao menos não ainda.

— Viu alguma coisa útil?

— Depois que terminarmos, vamos pra algum lugar falar sobre isso.

******

Uma hora depois, Adam e Alia estavam sentados num dos bancos numa ala prisional vazia, onde ainda não havia câmeras ou seguranças. A super velocidade de Adam novamente fora útil para chegarem ali sem serem percebidos após entrarem apenas para uma ronda rotineira nas alas ocupadas.

— Estive tantas vezes naquela sala antes de você nascer. Quando estávamos esperando seu ciclo de desenvolvimento se concluir. Mas nunca prestei atenção nisso... Acha que se levantaram e saíram porque ela percebeu você?

— Eu não sei. É por isso que ainda não tentei ler a mente da própria Ayesha. Ela não é a líder do nosso povo por nada. Pode ser um pouco ignorante sobre a vida lá fora, sobre o ciclo de vida comum de outros seres, pode ser extrema e obcecada, mas ainda é uma boa líder. Não tenho certeza do quão forte a mente dela pode ser, mesmo porque raramente ela se distrai. Se qualquer mínimo detalhe entregar que estamos traindo suas ordens, Gamora e o bebê podem ficar em risco.

— E nós também.

Adam concordou.

— Mas agora eu quero saber o mais importante. Você sabe como entrar lá? Há algum bloqueio?

— Não, só em situações especiais. Mas tem outra porta lá dentro, que não sei aonde vai dar ou em quem.

— Você tem alguma pista de quando é seguro entrar lá?

— Essa noite é a própria Nuria quem vai ficar no laboratório, acho que trabalhando em alguma coisa na sala misteriosa. Talvez dê tempo entrarmos e sairmos sem sermos notados. Meus registros estão no A, devem ser os mais fáceis de achar.

— Tem certeza que por acaso não há câmeras novas?

— Tenho. Só a de sempre pra monitorar as cápsulas, mas estão desligando quando tem alguém por perto. Economia de recursos até nos estabilizarmos 100% após... Thanos, e as batalhas em vão contra os Guardiões da Galáxia. Posso entrar nessa hora.

— Viu tudo isso naqueles poucos minutos?

— Sim. Mas ainda preciso melhorar muito. E ainda não sei se as outras pessoas podem perceber isso acontecendo caso dure muito tempo ou eu vá muito longe. E não gosto de invadir os pensamentos dos outros assim. Só quando não tem outro jeito.

— Isso é a sua cara – Alia sorriu – Mas voltando ao assunto inicial, eu não acho que devo ir com você. Não tenho super velocidade. Vou ficar por perto monitorando a movimentação, ou caso a sacerdotisa apareça. Se algo acontecer posso improvisar alguma desculpa e te resgatar.

— É uma boa ideia. Não temos compromissos pra essa noite, e a sacerdotisa vai estar ocupada numa das reuniões com seu conselheiro. Espero que dê certo. E que encontremos algo útil, especialmente pra ajudar Gamora e Meredith.

******

Rocket parou em frente à porta do quarto do Peter ao ouvir um lamento baixo de sua voz, um som de socorro ou de dor.

— Pete?

Sem resposta.

— Eu vou entrar – o guaxinim informou, abrindo a porta e adentrando o quarto.

Peter estava sentado no chão, com as costas apoiadas na cama, respirando com dificuldade e tremendo. Seu olhar parecia perdido e seus olhos lacrimejavam.

— Ei, o que tá acontecendo contigo?! Eu vou chamar Mantis.

— O que está acontecendo? – Nebulosa surgiu na porta.

— Eu não sei. Ele tá passando mal.

Nebulosa entrou no quarto, se abaixando ao lado de Peter e avaliando seu estado.

— Droga... É uma crise pânico. Das bem fortes.

— Como você sabe?

— Passei anos vendo isso acontecer com novos irmãos que Thanos trazia pra nós.

— Ei, olha pra mim – ela pediu a Peter, mas apesar de tentar, o terráqueo não conseguia se concentrar nela, e sua respiração passou a parecer muito mais cansada.

— Não é melhor chamarmos Mantis?

— Ela, Drax e Groot ainda não voltaram da cidade.

Nebulosa pressionou com cuidado os dedos no pescoço de Peter, logo abaixo da mandíbula, tentando encontrar sua pulsação, que estava acelerada. Colocou a outra mão sobre o tórax do amigo, mantendo-a ali enquanto o observava.

— O que você tá fazendo?

— Isso ajuda a interromper a crise. Descobri ao acaso numa das vezes que aconteceu comigo. Espero que funcione pra ele também. Eu sei que ainda é um assunto sensível pra você, mas deve ter passado por algo parecido – Nebulosa falou mais baixo, em respeito à memória dolorosa do amigo.

— Já sim... Mas... Administravam drogas pra impedir que os corações das cobaias sofressem danos. A adrenalina nos deixava super focados em procurar uma saída e não percebíamos a crise.

Nebulosa assentiu com um aceno de cabeça, não sabendo como responder.

— Peter? – Ela chamou quando o amigo parou de respirar, embora seu olhar estivesse mais focado agora, e sua frequência cardíaca começando a se estabilizar.

Peter não respondeu, mas começou a tomar respirações profundas de vez em quando, antes de passar algum tempo segurando o ar. Minutos depois, seus olhos se fecharam e ele começou a respirar normalmente, voltando lentamente da crise e pendendo a cabeça para trás no colchão.

— Ele tá acordado?

— Voltando da crise – Nebulosa respondeu – Nos ouve e entende, mas não tem o impulso de responder. Ao menos era assim comigo.

— Acha que devíamos procurar ajuda médica?

— Não sei – Nebulosa disse quando ouviram Drax, Mantis e Groot entrando na nave.

— O que aconteceu com Quill? – Drax questionou ao surgir na porta.

— Uma crise de ansiedade muito forte.

— Eu sou Groot?

— Provavelmente – Rocket respondeu.

— Ah, Peter – Mantis lamentou pelo irmão ao entrar no quarto.

Nebulosa se afastou para lhe dar espaço. Mantis aproximou a mão da testa de Peter, mas ele os surpreendeu ao abrir os olhos e segurar o pulso da irmã, olhando diretamente para ela.

— Você não precisa passar por isso também, Mantis – ele sussurrou, como se suas forças tivessem sido drenadas – Você já me ajuda tanto... Eu sei que todos nós estamos sofrendo, mas pra você fica muito mais intenso quando tenta nos ajudar. Eu vou ficar preocupado se você ficar passando por isso toda vez. Então dessa vez não, por favor. Nebulosa e Rocket já me ajudaram bastante.

O olhar de Mantis se encheu de uma mistura de emoções entre tristeza, amor, compreensão e gratidão. Peter soltou seu braço e ela assentiu, sentando-se no chão ao lado do irmão e repousando a cabeça em seu ombro. Peter voltou a fechar os olhos, e ficou assim por bastante tempo, até os Guardiões perceberem que ele estava dormindo. Cansaço era algo que sempre tinha antes ou depois das crises de pânico. Ele acordava em pânico e voltava a dormir de exaustão. Ou uma crise vinha aleatoriamente e ele dormia após passar por ela.

Drax colocou o amigo na cama e Mantis arrumou os lençóis sobre ele. Groot fez surgir uma de suas belas flores brancas e a deixou num pequeno vaso com água na mesa de cabeceira, para que Peter soubesse que eles estavam ali quando acordasse. Então ajustaram a luz do quarto para uma luminosidade fraca e agradável para o sono, saindo em seguida para deixarem seu líder se recuperar.

— Ainda acho que seria uma boa ideia procurarmos ajuda profissional.

— Se você acha isso, então a situação de Quill deve mesmo ser séria – Drax respondeu a Rocket.

— Cara, mesmo sendo um meio celestial, ele ainda é meio humano. Durante todos esses anos nós vimos um ao outro ter crises de pânico por vários motivos, mas as de Quill sempre são as mais fortes. Talvez ele ser um idiota emocional apaixonado com a cabeça cheia de música contribua pra isso, mas não temos como saber. Desde que perdemos Gamora ele teve várias crises, mas essa foi pior, com exceção dos pesadelos estranhos. Até onde isso pode ir?

— Acho que ele tem razão – Nebulosa falou.

— Acham que ele vai aceitar isso bem? – Mantis perguntou, mais para si mesma do que para os demais.

— Não sei – Nebulosa lhe disse – Vamos deixa-lo descansar, e quando acordar vamos falar com ele sobre isso.

— Eu sou Groot?

— Você quer falar com ele? – Nebulosa se surpreendeu.

Groot assentiu.

— Eu sou Groot... Eu sou Groot. Eu sou Groot – ele disse, a última frase especificamente pra Rocket.

— Eu entendo, amigo. Ele já ouviu isso tantas vezes e não conseguimos nada até agora, mas sendo dito por você e olhando dessa perspectiva, quem sabe renova as esperanças dele?


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Notas finais do capítulo

Sobre como Nebulosa ministrou a forte crise de pânico de Peter, é exatamente como eu faço quando acontece comigo, e funciona: Encostar uma mão no tórax, logo abaixo do pescoço (não precisa fazer pressão, só deixar a mão lá), e com a outra sentir sua pulsação no pescoço. Com alguns minutos o coração começa a desacelerar e minha respiração estabiliza mais fácil.



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