É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 27
Capítulo 27 – Tudo sobre ela importa




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Capítulo 27 – Tudo sobre ela importa

Peter abriu os olhos lentamente, lembrando de imediato do que havia acontecido, embora não soubesse como tinha chegado em sua cama e se coberto. Sua última lembrança era Mantis se aconchegando ao seu lado no chão, e tinha certeza que ela usara seus poderes nele depois que adormeceu, ou estaria se sentindo fisicamente péssimo agora. Olhou para o lado, sorrindo ao ver um pequeno vaso cheio de água com uma das flores de Groot dentro. Ele costumava fazer isso com frequência para Gamora. Peter nunca esqueceria seu sorriso ao entrar no quarto em momentos aleatórios e encontrar o presente.

— Eu vou morrer... Ou ficar louco. Céus, como eu queria isso. Mas os Guardiões precisam de mim... E não posso desistir dela. Ela nunca desistiu de mim. Mesmo essa não sendo mais ela...

Isso era tão confuso! Ia acabar de fato enlouquecendo. Passou as mãos pelo rosto e sentou-se lentamente, arrumando os cabelos ruivos bagunçados e ouvindo batidas na porta, acompanhadas de Eu sou Groot.

— Pode entrar, Groot.

O jovem entrou sozinho e fechou a porta.

— Eu sou Groot?

Peter deu de ombros, mas tentou sorrir. Groot parou a meio caminho de sua cama e o encarou com seriedade.

— Eu sou Groot.

— Eu me lembro. Obrigado, amigo, a todos vocês. Tá tudo bem lá fora?

— Eu sou Groot.

— Eu vou sobreviver.

— Eu sou Groot? – O jovem de madeira falou, olhando para o porta retrato na mesa de cabeceira.

Peter suspirou com tristeza e cansaço.

— Me desculpa se vocês tão cansados de me ver passando por isso. Deve ser um saco ficar me socorrendo toda hora. Mas não importa o quanto eu tente, eu...

— Eu sou Groot. Eu sou Groot.

— Não sei, Groot... Faz mais de um ano. Não sei quanto tempo se leva pra se superar algo assim, ou se é... Possível. Às vezes ainda nos pegamos chorando por minha mãe, Hovet, Kamaria, Lylla, seu pai... Faz tão pouco tempo.

— Eu sou Groot – falou apontando para Gamora na foto – Eu sou Groot. Eu sou Groot.

O tempo é de cada um de nós, é o que Groot queria lhe dizer, e como ele sentia falta de sua mãe, como sentia falta de ouvir sua voz suave acalmando as brigas bobas que aconteciam entre eles, colocando ordem na nave quando eles pareciam crianças bagunceiras, chamando a atenção de todos para se focarem quando estavam em algum dilema difícil, rindo enquanto se divertia conversando com Mantis e Nebulosa, indignada com as besteiras que às vezes eram faladas por Drax ou Rocket, ou cantando junto com Peter ou para o próprio Groot.

— Eu sou Groot.

— Eu também sinto. Mas não sei se é real, ou só algo da minha dor.

— Eu sou Groot? Eu sou Groot.

Peter suspirou e encarou as próprias mãos. Sim, sua dor era real, mas não é essa simbologia que ele queria para sua Gamora.

— Eu sou Groot? Eu sou Groot? Eu sou Groot.

— Eu nunca esqueceria.

‘Não tem nada implícito!’ Peter conseguiu sorrir ao se lembrar de Gamora dizendo isso quando voltou para salvá-lo em Ego e ele insistiu que ela voltara por causa da coisa implícita entre eles.

— Eu sou Groot? Eu sou Groot. Eu sou Groot.

— Foi tão feio assim? – Peter perguntou sobre sua crise de pânico.

— Eu sou Groot.

O Senhor das Estrelas assentiu enquanto pensava. Os Guardiões estavam preocupados, que suas crises de pânico se tornassem algo maior, algo pior. E Groot queria animá-lo, para manter sua esperança. Gamora voltara muitas vezes por todos eles, e agora eles precisavam se manter firmes para ela. Groot sentia, com muita força, que Gamora estava viva, e que ainda podiam ter esperança.

— Eu sou Groot? – Groot perguntou de repente, quebrando o silêncio em que tinham entrado.

Peter o olhou com surpresa, nunca esperando ser questionado sobre isso justamente por Groot depois de tanto tempo.

— Eu não sei... Essa possibilidade existe, e eu estaria no céu se descobríssemos que é verdade, e se encontrássemos os dois. Mas um sonho ou pesadelo não prova nada. E também... Supondo que seja assim, ele a matou, Groot, e se tínhamos um bebê, ele se foi junto... Ela descobriu desse jeito. No pesadelo.

Peter desviou o olhar e sacudiu a cabeça com a expressão triste de Groot.

— Me desculpa. Você é jovem. Apesar do nosso trabalho e da vida que temos, você não devia ter esse tipo de preocupação extra agora.

— Eu sou Groot. Eu sou Groot. Eu sou Groot. Eu sou Groot.

‘Eu tenho vários pais. Eu tenha tias. Mas ela era minha mãe. Qualquer coisa sobre ela é importante pra mim.’

Peter respirou fundo para não desencadear outro momento de ansiedade severa, mas aquilo o atingiu, profundamente, como uma pedra pesada atirada no fundo de seu coração, e pelo lado bom, se sentiu orgulhoso do quanto a criança que todos eles haviam criado juntos tinha crescido, não somente em tamanho, mas emocionalmente.

— É horrível não saber nada.

— Eu sou Groot – ele concordou – Eu sou Groot?

A jovem árvore estendeu a mão, querendo mudar de assunto por enquanto e distrair Peter, que olhou para a mão de madeira estendida para ele e sorriu, empurrando os lençóis e sentando-se na cama para se espreguiçar e levantar, segurando a mão de Groot e deixando-o leva-lo para fora para tranquilizar os demais Guardiões.

— Peter? – Mantis perguntou com expectativa quando ele e Groot entraram na cozinha onde ela, Nebulosa e Drax estavam cozinhando. Rocket estava organizando pratos e talheres em cima da mesa.

— Eu disse que Groot conseguiria tirá-lo do quarto – Rocket falou, com um raro traço de alegria perceptível em sua voz – Melhor?

Peter assentiu, sentando-se junto com Groot, que usou suas videiras para terminar de arrumar a mesa com Rocket. Quando todos terminaram o que faziam e sentaram-se junto com ele, o líder dos Guardiões decidiu falar.

— Me desculpem por isso, por tudo...

Nebulosa fez menção de interrompê-lo, mas desistiu quando Peter fez um gesto pedindo que ela esperasse.

— Vocês já me socorreram de momentos como o de ontem tantas vezes, mesmo que todos nós tenhamos passado por isso de vez em quando desde que ela foi tirada de nós. E eu tenho tentado me concentrar em fazer nosso trabalho, mas aqui, em casa, eu tenho me afogado tanto na minha dor que talvez esteja perdendo momentos em que vocês precisam de mim ou de ajuda também. E eu sinto muito por isso.

Um silêncio aterrador se abateu sobre a cozinha da nave por quase um minuto enquanto os demais o olhavam.

— Essa dor é nossa – Mantis falou – Mas nem por isso todos nós a sentimos igual. E é muito claro pra todos nós, sempre foi, que se algo acontecesse com Gamora ninguém no universo sofreria tanto quanto você.

— Eu também penso assim – Nebulosa disse antes que Peter contestasse – Ainda é muito complicado pra mim falar sobre meus laços com minha irmã, e como estávamos reconstruindo isso, mas... Quando eu conheci vocês, a primeira coisa que pensei é em como Gamora tinha aceitado se unir a um bando de idiotas, especialmente você.

Peter riu.

— Eu demorei muito pra entender o que ela viu em você, e até hoje ainda me pergunto um pouco sobre isso, mas quando comecei a entender, quando eu vi vocês juntos, e agora que ela não está aqui, é muito claro pra mim que isso dói mais pra você do que pra qualquer outra pessoa. Uma vez Gamora me disse que talvez a dor seja proporcional ao que você sente de bom por algo ou alguém. Eu a ignorei na época, mas ela estava certa. Eu nunca a vi formar um laço com alguém como ela formou com você, nunca a vi permitir alguém tão perto, nem deixar qualquer pessoa ficar perto dela enquanto dormia, e se seus pesadelos estiverem certos, se havia outra vida envolvida, eu posso dizer que minha irmã entregou a alma dela a você, e que também não deve haver alguém que ela ame mais do que você. Ela mesma falou isso quando foi levada, não foi?

— Mas voc...

— Não. Eu sei que minha irmã me ama, e muito. Mas você é a luz da vida dela. Todos nós sabemos disso, e está tudo bem. Todos nós amamos um ao outro aqui, mas o que existe entre você e ela é algo que nem sabemos descrever, e isso é bom.

Peter respirou fundo para se conter quando sentiu seus olhos queimarem de novo.

— A primeira coisa que me lembro de pensar depois de definir que você era um idiota bobão é que fiquei com medo, de pra onde a vida de Gamora poderia ir estando ao seu lado, de como ela poderia morrer rápido ou por distração. Mas descobri que estava enganada de novo. Ninguém nessa vida zelou tanto por ela quanto você depois do que aconteceu no planeta Zehoberi.

— Eu sei como é isso – Drax falou sorrindo – Hovet não era uma pessoa patética como Quill, mas era assim que nos sentíamos um pelo outro e por nossa Kamaria.

Peter sorriu. Porque elogiar ou falar de amor enquanto simultaneamente lançavam pequenos insultos um ao outro era muito a cara de sua família estelar.

— Às vezes... Eu me lembro de coisas que aconteceram há muito tempo – Rocket lhes disse – A maioria ruins, ou de como as melhores coisas que eu tinha foram tiradas de mim em segundos. Mas também tenho algumas memórias da minha mãe, e dos meus irmãos. Eu queria ter tido tempo pra conhece-los melhor, e isso também foi tirado de mim. Mas eu encontrei Groot, e graças a Gamora e a sua burrice, Pete, nos encontramos naquele dia e agora estamos aqui.

Peter sorriu, com felicidade e ironia pelo xingamento sem más intenções do amigo.

— Eu nunca vou esquecer daquele dia, e eu quero encontra-la tanto quanto você. Pra que Groot pare de interromper meu sono no meio da madrugada chorando pela mãe adotiva.

— Eu sou Groot.

— Você quase sempre me acorda primeiro – o guaxinim contestou.

Os Guardiões conseguiram rir juntos, e sentir um pouco de alívio agora. Rocket era Rocket.

— Obrigado, gente – Peter sorriu.

******

Ayesha estava em reunião e nada muito grande acontecia agora no palácio, Adam já havia verificado, e estava se aproximando da ala dos laboratórios junto com Alia, no maior silêncio e discrição que conseguiam ter. Não encontraram ninguém no caminho, e só por precaução Alia já havia pensado em algumas desculpas plausíveis para estarem ali. Adam se concentrou quando alcançaram a porta do berçário dos soberanos. Eles tinham ouvido Gamora usar esse termo, o qual ela tinha aprendido com Peter Quill, quando ele lhe falou sobre as maternidades humanas na Terra.

— Tem alguém aqui dentro, longe da porta, talvez dentro da sala que queremos acessar.

— Deve ser Nuria – Alia respondeu.

— Não sei reconhecer a energia dela ainda, não temos proximidade.

— Seja quem for, precisamos passar. Tenha ou não alguém aí dentro, vamos entrar parecendo despreocupados, como se só quiséssemos ver nossos novos irmãos, e eu fico observando enquanto você escapa até os registros – ela sussurrou.

Adam assentiu, respirando fundo e sentindo-se nervoso como poucas vezes em sua curta vida. Ele girou a maçaneta em silêncio e tentou neutralizar sua expressão quando os dois entraram sem fazer barulho. A sala imensa era algo bonito de ser visto. Várias capsulas embrionárias estavam ali, nem sempre havia tantas, mas eram novos soberanos, talvez futuros amigos, ou futuros funcionários do palácio. Os comandantes do reino podiam não ver a situação de forma tão esperançosa, mas Adam conseguia fazê-lo, e isso parecia bom, apesar do quanto Ayesha estranhava sua empatia maior que o comum para sua espécie, e que era algo que Adam também não compreendia de onde vinha.

— Ali – Adam murmurou olhando na direção da porta e se aproximando enquanto Alia continuava seu passeio pela sala.

Adam tocou a passagem camuflada, tentando localizar quem estava lá dentro, e ao sentir o foco de energia se afastar, acionou o mecanismo para abrir, surpreendendo-se de como era mais silencioso que as demais portas do palácio, talvez para manter a tranquilidade do ambiente para as novas vidas nas cápsulas. Adam entrou e olhou rápido por toda a sala, felizmente não vendo ninguém e nenhuma câmera, mas logo encontrando a porta misteriosa vista na mente de Nuria. Agora mais perto, Adam conseguiu reconhecer a vibração, e percebeu que era de fato a cientista que estava ali, do outro lado da porta. Olhando em volta, o local em que estava não era muito extenso, mas também não tão pequeno, e continha vários armários de arquivos e até escadas para alcançar os que estavam no alto.

A letra A estava identificada no primeiro móvel metálico, e Adam correu para abri-lo, agradecendo por o objeto ser conservado o suficiente para não fazer barulho, e nem ter alertas de segurança. Vasculhou as pastas de arquivos em ordem alfabética, não encontrando o seu em lugar algum, e estranhamente nem o de Ayesha, mas o de Alia estava ali, e ele sorriu, não resistindo em pegar emprestado o arquivo da amiga. Procurou nas demais gavetas pertencentes ao A, mas simplesmente não havia Adam Warlock nos registros. O jovem dourado olhou para a porta sobressalente, pensando se valeria a pena arriscar ler a mente de Nuria outra vez e se ela perceberia, mas antes que pudesse decidir, a cientista caminhou na direção da porta e mais rápido do que qualquer passo que ela pudesse dar, Adam estava fora do local e levando Alia com ele para longe.

Nuria abriu a porta que dava para o laboratório de projetos especiais, onde também havia cópias protegidas dos arquivos populacionais e projetos secretos guardados. Olhou em volta tentando detectar qual presença a fizera se sentir observada, mas não havia ninguém, nem mesmo na grande sala das cápsulas embrionárias.

— Talvez seja um dos novos soberanos se aproximando do momento de nascer... Ou talvez eu deva dormir mais cedo e começar a dar ouvidos ao Yuli quando ele insistir que ando trabalhando demais – ela falou para si mesma, voltando aonde estava para trancar a porta e se preparar para dormir.

******

— Então você encontrou? – Alia murmurou enquanto os dois se escondiam na escuridão do observatório no topo do palácio.

— Não – ele respondeu também falando baixo.

— Como assim? E o que é isso que trouxe? Alguém viu você?

— Acredito que não. Ouvi alguém caminhando na direção da porta. Fugi antes que abrisse, devia ser Nuria. Meus arquivos não estão lá. Os da sacerdotisa também não.

— O que? Mas deveriam. Tudo fica lá.

— Talvez estejam com ela. Ela me criou, deve ter acesso livre. E o que é isso? – Alia perguntou novamente, vendo o amigo sorrir.

— São seus registros. Sei que não era o plano, mas fiquei curioso. Não olhei nada ainda, queria pedir sua autorização. Você já viu isso antes?

Alia sorriu.

— Bem, nós recebemos informações sobre nós mesmos quando nascemos, mas só vemos os registros se for necessário. Não sei quanto de mim que não sei pode ter aí – ela respondeu, recebendo os arquivos das mãos de Adam e os abrindo.

Felizmente a luz que refletia do dourado do exterior do palácio era suficiente para que enxergassem os dados. Lá havia seu nome, dia e horários de nascimento e outras informações de saúde. Nem todos os soberanos conheciam seus pais, uma vez que essa relação não era exatamente necessária no reino, e por vezes sequer era citada em todos os registros. Mas aqui havia algo. O nome de seu pai não estava presente, embora houvesse o campo para ser preenchido. No nome de sua mãe, Alia sempre tivera algumas suspeitas, até mesmo de ser a própria Ayesha, mas havia apenas uma identificação, sem sobrenome: Ava.

— É minha mãe? – Alia perguntou para si mesma – Que nome lindo... Mas não lembro de ninguém vivendo no reino que o tenha desde que nasci até agora.

— Tem certeza? Me parece tão familiar.

— Por que?

— Não sei. Já ouvi esse nome antes, mas não lembro onde.

— Não o ouviu na mente de alguém durante suas invasões telepáticas?

Adam forçou a memória, tentando recordar, mas quando parecia que estava chegando a algum lugar, a lembrança se desvanecia novamente.

— Não sei...

— Tudo bem. Diga-me se lembrar algum dia – Alia sorriu, visivelmente feliz em saber algo mais sobre si mesma e voltando a ler os dados, no tópico das habilidades esperadas.

— A maioria de nós aqui é tão convencido de que laços fortes não são necessários e que é mais importante manter o foco nos objetivos que nunca sequer tem curiosidade em ler o próprio registro.

— E o que fez eu e você diferentes?

Alia o olhou pensativa por um tempo.

— Gamora?

Adam balançou a cabeça enquanto pensava, meio que concordando, mas a resposta ainda parecia incompleta.

— Eu a ajudei desde que ela chegou. E nunca gostei do extremismo do nosso povo com quem falha conosco. Não sei até onde ser respeitado pelo medo vale a pena. Mesmo porque temos que admitir que as duas frotas destruídas pelos Guardiões da Galáxia fizeram esse respeito cair um pouco. É uma das coisas que mais irrita a sacerdotisa.

— Nunca me questionei sobre isso antes de você nascer e ela pedir pra eu te mostrar o reino e ensinar algumas coisas, mas é verdade.

— Não foi Gamora. Ela só confirmou que temos algo de errado, segundo nossos costumes.

— Não temos nada de errado. Só algo que não aceitam. Não registraram o nome do meu pai. Ou sobrenome da minha mãe. Eles dois poderiam ter algo a ver com isso?

— Talvez... Se a sacerdotisa estiver ainda mais obcecada pela vingança perfeita quanto pensamos, vai saber o que ainda vamos descobrir.

— Eu nasci muito antes dos Guardiões virem aqui. Não faz sentido.

— Isso é confuso demais.

— Sim...

Ela voltou a ler, novamente as habilidades que eram aspiradas para o novo ser, e em seu caso havia boa anfitriã, paciência, inteligência, flexibilidade mental, lealdade. Alia riu.

— Acho que a última intenção falhou – ela disse, ouvindo Adam rir agora.

— Não, você só trocou o alvo. E por uma ótima causa. Não se sente mal com isso às vezes?

— Sim. Eu, mais do que qualquer pessoa nesse reino, não queria causar nenhum problema à sacerdotisa depois de todos que ela já teve, mas o que ela quer... É algo que não posso aceitar.

— Nem eu.

Alia fechou os documentos e o encarou.

— Acho que vou fazer uma cópia disso e guardar pra mim.

— Isso é permitido?

— Sim. Todos têm esse direito aqui, a maioria só não se importa, ao menos não enquanto ainda são jovens. Mas o que quero saber é porque seus registros e os da sacerdotisa não estavam lá.

— Não faço a menor ideia. Estariam na sala que não consegui acessar? Ou alguém os pegou por algum motivo...

— Ei... Por acaso você não viu alguém com o nome de Ava nos arquivos mais antigos?

— Não, infelizmente não.

— Tem certeza?

— É um nome bem diferente. Acho que eu me lembraria.

— De qualquer forma temos que voltar lá. Descobrir alguma coisa sobre você que possa ajudar nas suas habilidades, e quem sabe algo sobre minha mãe?

— Temos que encontrar o laboratório vazio.

— Isso é que vai ser difícil. Talvez no horário de almoço... E é bom não chegarmos muito perto do pessoal do laboratório por enquanto. Não sabemos se Nuria percebeu você ou se foi até a sala de registros por acaso. Se seus poderes estão vazando, temos que descobrir como equilibrar isso.

Adam concordou com preocupação.

******

— É sério? Você acha isso?! – Rocket perguntou surpreso enquanto ele e Groot estavam olhando as estrelas, ambos deitados em cima da Benatar, enquanto os outros Guardiões se ocupavam com outras coisas dentro da nave.

— Eu sou Groot.

— Você sente...? Foram só sonhos, amigão. Não temos como provar nada com isso.

— Eu sou Groot.

— Você fez bem, ia deixa-lo pior. Tá guardando isso só pra você desde que falamos com Thor e Love?

Groot assentiu.

— Eu sou Groot.

— Então foi você? Achei que Pete tivesse voltado a procura-la com o rastreamento.

Groot concordou novamente.

— Eu sou Groot.

Rocket suspirou de frustração. A única razão plausível para jamais localizarem Gamora era que tivesse sido morta. O ship de tradução também tinha rastreamento.

— Ele ficaria feliz como um pateta se isso fosse verdade – Rocket sorriu, vendo o jovem Groot fazer o mesmo.

— Eu sou Groot.

— E se fosse menina?

— Eu sou Groot.

Rocket abriu um pequeno sorriso.

— Eu também ficaria feliz com qualquer um dos dois. Mesmo se fosse maluco como Pete, ou meio furioso ou furiosa como Gamora, isso deixaria a nave feliz. Mas nos enlouqueceria nas missões.

— Eu sou Groot – Groot o lembrou.

— Ah, era fácil quando você podia ficar seguro no seu vaso dentro da nave. E depois... Você era um bebê muito independente. Bebês humanos são frágeis e completamente dependentes até virarem crianças, no mínimo.

— Eu sou Groot?

Rocket gargalhou.

— Mesmo sendo um filho ou filha dela com Pete, ainda precisaria de muitos cuidados nos primeiros anos. Mas nós daríamos um jeito. Nossa, ele ficaria tão feliz se isso fosse verdade.


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