Mitológicas escrita por Queen Von Fantasien


Capítulo 2
A Estrela das Águas


Notas iniciais do capítulo

Mitologia: Indígena Brasileira
Personagem: Jaci (e Naiá)



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Jaci admirava os humanos.

Eles falavam muito, se expressavam, e viviam tão intensamente que, às vezes, Jaci desejava por um momento ser humana. Conversar abertamente com eles, andar pela Terra como eles, e viver como eles. Porém, ela acha que não conseguiria deixar seu posto. Aquele povo precisava dela como deusa fazendo com que a luz chegasse quando Guaraci se retirava. Mas Jaci ainda os admirava e essa sensação aumentava quando ela olhava para as mulheres.

Elas eram tão... mulheres. Jaci não sabia explicar direito. Sua relação com o gênero feminino era de muita admiração e amor. Sentia empatia para com elas, saber na pele o que elas passavam e entender. Por isso, quando as jovens vinham até ela e pediam para levá-las para morar junto com a deusa, ela ficava radiante e atendia aos seus pedidos, embora se culpasse um pouco de tirá-las de suas famílias. Mas teve uma que foi... diferente.

Naiá era uma jovem que sempre a apreciava. Todas as noites, sem falta, ela ia até a beira do rio e se sentava contemplando Jaci, desejando que ela fosse escolhida pela deusa lua e virasse estrela. Entretanto, por algum motivo, Jaci não sentia que era a hora da índia sul-americana e por esse motivo, não a escolhia.

Ah, Jaci se arrependeu tanto.

Quando, em mais um noite, Jaci se levantava para ocupar o lugar antes de Guaraci ao céu e não viu os olhos escuros de Naiá em si, ela soube que algo estava estranho. A jovem nunca, nunca, desde que descobriu o que acontecia com as garotas escolhidas por Jaci, faltava em seu posto na beira daquele rio.

E então ela soube. Naiá em mais uma noite, viu a lua nas águas e não pensou duas vezes antes de se atirar nas águas. Só que Jaci não tinha ido buscá-la.

Jaci se sentiu mal. Não achava que a jovem queria tanto isso. E ela não pode cumprir. Porém Jaci ia fazer um último feito por Naiá, depois de ignora-la.

Agora iria brilhar, mas não no céu.

Naiá era uma linda estrela das águas.


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Notas finais do capítulo

Essa daqui é um pouco grande.

Jaci é a deusa da lua, dos amantes e da reprodução na mitologia tupi-guarani. Seu nome vem da palavra tupi Iacy, que significa "Mãe dos Frutos".

Segundo a lenda, ela foi criada por Tupã, o grande criador e deus dos trovões e relâmpagos. Tupã criou Jaci para ser a Rainha da Noite e trazer suavidade e temor para os homens. Mais tarde, Tupã foi pego pelo seu charme, e no final acabou se apaixonando por ela. Outra lenda diz que Jaci na verdade foi criada por Guaraci (ou Coaraci), o Sol, com quem é casada.

Em uma tribo indígena, contava-se que a lua era uma deusa que ao despontar a noite, beijava e enchia de luz os rostos das mais belas virgens índias da aldeia: as cunhantãs-moças. Sempre que ela se escondia atrás das montanhas, levava para si as moças de sua preferência e as transformava em estrelas no firmamento.

Uma linda jovem virgem da tribo, a guerreira Naiá, vivia sonhando com este encontro e mal podia esperar pelo grande dia em que seria chamada por Jaci. Os anciãos da tribo alertavam Naiá: depois de seu encontro com a sedutora deusa, as moças perdiam seu sangue e sua carne, tornando-se luz - viravam as estrelas do céu. Mas quem a impediria? Naiá queria muito ser levada pela lua. À noite, perambulava pelas montanhas atrás dela, sem nunca alcançá-la. Todas as noites eram assim, e a jovem índia definhava, sonhando com o encontro, sem desistir. Não comia e nem bebia nada. Tão obcecada ficou que não havia pajé que lhe desse jeito.

Um dia, tendo parado para descansar à beira de um lago, viu em sua superfície a imagem da deusa amada: a lua refletida em suas águas. Cega pelo seu sonho, lançou-se ao fundo e se afogou. A lua, compadecida, quis recompensar o sacrifício da bela jovem índia, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente de todas aquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", única e perfeita, que é a planta vitória-régia. Assim, nasceu uma linda planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.



Eu não aguentei :D

Enfim, gostaram? A próxima mitologia é a japonesa!

Bjs, até



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