Mitológicas escrita por Queen Von Fantasien


Capítulo 12
Justiça


Notas iniciais do capítulo

Mitologia: Egípcia
Personagens: Maat e Ammit

[ ABRINDO UM PARÊNTESES -> Um obrigada especial para todos vocês que estão lendo essa história. Ainda é muito novo ter esses textos lidos e postá-los aqui na internet é ainda mais difícil, então muito obrigada por tirarem um tempo do seu dia para ler essas palavras que eu escrevo. Muito obrigada também as pessoas que estão acompanhando, que leram, favoritaram e comentaram, sempre vindo com palavras tão incríveis. Um agradecimento muito especial à TitiaLouquinha e à evelise03, que sempre estão aqui. Vocês são muito importantes pra mim, sem o apoio de vocês duas eu já teria pensado e desistido muito mais cedo. Obrigada, amo vocês.

E finalmente o Egito surgindo em Mitológicas!

Sugestão de @teratomaquia (aqui do Nyah! Fanfiction/+Fiction)

Boa leitura.



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Com o trabalho que Maat tinha, você poderia supor que ela encontrava os mais variados tipos de pessoas e que a deusa tinha que ser totalmente imparcial e tratar com a mesma neutralidade à todos.

Em parte esse palpite é verdadeiro. Maat encontra diversas ações de pessoas quando está no Julgamento do Mortos. Porém que a deusa não tinha uma opinião própria com relação a essas ações era um completo equívoco.

Por exemplo, hoje Maat se deparou com um faraó que teve seu coração na balança contra a pena de Maat. O coração era mais pesado. Ele tinha cometido mais pecados - e pecados graves -, do que virtudes. Maat sabia quais eram as faltas e ela tinha uma opinião bem forte e firme quanto a elas.

O faraó ainda teve a coragem de expressar surpresa. Osíris, no entanto, não estava tão surpreso assim.

"Você tem alguma hipótese do que pode ter feito?" O senhor dos mortos perguntou, retoricamente. Anúbis e Maat observavam em silêncio, Ammit estava lambendo seus lábios já imaginando o sabor do órgão pulsante.

"Eu juro meus senhores, que não tenho ideia do que tenha feito." Típico.

"Com sua licença, Osíris." Os olhos se voltaram para ela. Maat não aguentava mais, ela precisa falar.

Com a confirmação Maat se levantou e finalmente pode falar tudo o que ela escutou. Tudo o que estava preso em sua garganta. "Esse... homem cometeu não um, não dois, mas sim vinte e dois atos que vão contra as minhas confissões¹. Entre elas, esse homem matou milhões de mulheres-"

"São simples mulheres."

"São pessoas." Maat não acreditava que aquelas palavras saíram desse ser humano. Nem devia ser um humano. "Pessoas inocentes e que não deveriam ser tratadas como você as tratou."

"Elas não estavam acima de mim, eu sou o homem aqui!" A alma tentou se aproximar de Maat, a fúria em seus olhos finalmente se revelando. Ammit se colocou em sua frente, porém, e ele voltou um passo para trás engolindo o nó em sua garganta - que tecnicamente não existia. Mesmo assim continuou. "Era o natural. Elas me desrespeitaram, como eu poderia não fazer nada?!"

"Faraó ou não, você deveria saber que matar e ter ódio de pessoas por uma característica é mais que errado. É crime."

"Mas eu nem matei alguma delas!" Ele ainda tinha coragem de arranjar uma desculpa. Inacreditável.

"Não, não matou. Fisicamente não matou. Mas matou as suas almas aos poucos, com suas palavras e ações." Maat começou a se lembrar de todas as mulheres que vieram lhe suplicar justiça por aqueles atos. Algumas até achavam que a culpa era delas, o que não é verdade. O único culpado ali era aquela ideia que esse homem, e tantos outros, colocam em prática. A ideia de que por ser diferente era inferior, era um lixo. Seja pelo gênero, pela casa, pela cor da pele, olhos ou cabelos, por amar alguém.

Não interessa se esse ser diferente ainda é um ser humano que tem sentimentos e emoções. Que vai machucar se você continuar com essa ideia idiota. Aos que não reconhecem e não escolhem mudar há, somente, um único caminho que podem seguir.

"Culpado."

Ammit devorou o coração podre e cheio de pecado daquele monstro. A justiça iria ser feita.

 


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Notas finais do capítulo

♀⚖✊

Na religião egípcia, Maat ou Ma'at é a deusa da verdade, da justiça, da retidão e da ordem. É a deusa responsável pela manutenção da ordem cósmica e social. Maat é retratada como uma mulher usando uma coroa com uma única pena de avestruz saindo dela. Ela é ocasionalmente descrita como uma deusa alada. Seu totem era uma plataforma de pedra representando a fundação estável sobre a qual a ordem foi construída e o monte que emergiu das águas de Nun (caos).

Ela surgiu quando Rá se levantou das águas de Nun e por isso ela foi descrita como uma filha de Rá. Ela era às vezes considerada a esposa de Thoth porque ele era um deus da sabedoria.

Cada pessoa tinha o dever de preservar e defender Maat e o faraó era visto como o guardião de Maat. Sem a deusa, Nun reivindicaria o universo e o caos reinaria, supremo. Os egípcios também tinham um forte senso de moralidade e justiça. Eles sentiam que o bem deveria prosperar e que os culpados seriam punidos, elogiavam aqueles que defendiam os fracos e os pobres e davam grande valor à lealdade, especialmente à família. No entanto, eles também entenderam que não era possível ser perfeito, apenas equilibrado. Maat estabeleceu regras éticas específicas (que diferiam de acordo com os diferentes tempos e povos diferentes) e focalizou na ordem natural das coisas.

A alma de cada egípcio era julgada no Salão de Maat quando eles morriam. Seu coração (consciência) era pesado contra a pena de Maat (uma pena de avestruz) que representava equilíbrio e justiça. Se seu coração fosse mais pesado do que a pena era porque você não tinha conseguido levar uma vida equilibrada pelos princípios de Maat. Assim, sendo considerada culpada, a alma era destruída por Ammit, devorada e engolida, deixando definitivamente de existir.

Se, no entanto, o coração se equilibrasse com a pena de Maat, eles passariam no teste e ganhariam a vida eterna, sendo enviados para Aaru ( o "paraíso" egípcio). Em certos momentos foi Osíris que se sentou como juiz no ritual, e muitas outras divindades estavam envolvidas na cerimônia, mas a balança sempre representou Maat. Fosse quem fosse, do mais pobre ao mais poderoso dos reis, ninguém escapava do julgamento de Maat.

Ammit (também conhecida como Ammut ou Ahemait) era uma criatura, às vezes chamada de deusa, com corpo misto de leão, hipopótamo e crocodilo que se sentava à mão direita de Osiris no submundo. Ela ficava no Salão da Justiça, sob a balança de Maat, só esperando as ordens para comer os corações daquelas almas que, em vida, haviam cometido atos indignos. Quando não estava na balança, Ammit morava em um lago de fogo, onde as almas eram jogadas para a destruição, tendo o mesmo conceito de morte eterna. Ammit foi um dos primeiros seres a existirem e era uma das criaturas mais temidas pelos Egípcios, a personificação de tudo aquilo que os povos temiam, e sempre estavam seguindo os princípios da deusa da justiça.

¹As 42 Confissões são uma espécie de mandamentos de retidão para os egípcios, como o decálogo é para judeus, cristãos e muçulmanos. Eram recitados em reuniões religiosas.

Busquem justiça por todas as mulheres que sofrem a cada dia por esses crimes horrendos. Que esses monstros paguem pelo que fazem. Não se cale.

A Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência - Ligue 180 – é um serviço de utilidade pública gratuito e confidencial (preserva o anonimato), oferecido pela Secretaria Nacional de Políticas, desde 2005 e tem por objetivo receber denúncias de violência, reclamações sobre os serviços da rede de atendimento à mulher e de orientar as mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente, encaminhando-as para outros serviços quando necessário. A Central funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados, e pode ser acionada de qualquer lugar do Brasil e de mais 16 países (Argentina, Bélgica, Espanha, EUA [São Francisco], França, Guiana Francesa, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo, Noruega, Paraguai, Portugal, Suíça, Uruguai e Venezuela).

Disque Direitos Humanos – Disque 100, serviço de atendimento telefônico gratuito, que funciona 24 horas por dia, nos 7 dias da semana. As denúncias recebidas na Ouvidoria e no Disque 100 são analisadas, tratadas e encaminhadas aos órgãos responsáveis. (Fonte: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República). Pode ser acessado por meio dos seguintes canais:
• discagem direta e gratuita do número 100 - Disque 100
• envio de mensagem para o e-mail disquedireitoshumanos@sdh.gov.br
• crimes na internet através do portal www.disque100.gov.br
• Ouvidoria Online Clique 100: http://www.humanizaredes.gov.br/ouvidoria-online/
• ligação internacional. Fora do Brasil através do número +55 61 3212.8400

Caso sofra ou presencie situações de racismo, homofobia, lesbofobia, transfobia ou qualquer outra forma de discriminação e violação de direitos humanos não se cale. DISQUE 100.

E sempre tem, o número de telefone da Polícia Militar que deve ser acionado em casos de NECESSIDADE IMEDIATA ou SOCORRO RÁPIDO. O 190 está disponível de forma gratuita em todo o território nacional, e o atendimento telefônico é imediato. A central funciona 24 horas, tenha sempre em mãos dados básicos, mas essenciais, que podem agilizar o atendimento, como o endereço completo do local da ocorrência e características das pessoas envolvidas.



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