Illusion escrita por leilane


Capítulo 3
Capítulo 3




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— E ai, vamos para o pub novo? - perguntei depois de sair do banheiro e me juntar aos outros no camarim.
— Sim, mas não. - olhei para Calum, com seu beiço quase tocando o chão.
— Como assim?
— Sim Luke, vamos para o pub, mas não do jeito que você quer. - Ashton chegou no ambiente, sua testa franzida.
— Como...
— Kate me chamou para ir nesse pub, mas eu disse que ficaria com vocês. Então ela convidou três amigas para nos acompanharem.
Precisei de alguns momentos para absorver todas as informações que continham naquela sentença.
— Como?
— Você só sabe dizer isso? - Michael revirou os olhos - Supere o fato de que hoje você tem uma transa arranjada.
— Com isso que não me importo, o que está me incomodando é que foi o Ashton que me arrumou uma garota. Ela deve ser uma freira.
Olhei para meu colega de banda que me reprimia com um olhar. Michael e Calum riram da situação, piorando ainda mais o estado de Ashton.
— Eu não pensei por esse ponto de vista... - ele cruzou os braços - Você não ganhou uma transa hoje porque as amigas da Kate tem classe.
Gargalhei, recebendo um olhar de confusão de meus amigos.
— Nenhuma mulher tem classe perto de Luke Hemmings.
Foi a vez dos três rirem, trocando um olhar, se levantando e vindo em minha direção. Eu já sabia o que iria acontecer, mas tinha superado o medo deles. Por ser o maior - não necessariamente o mais forte -, eu achava que já podia enfrentar o ataque dos três. Antes, no inicio da nossa amizade, eu sofria. Muito. Eu era o escravo, o saco de pancadas, a poltrona para apoiar os pés... Eu já fui muitas coisas nessa vida, e agradeço à puberdade por isso ter mudado.
Me preparei para empurrar Michael para o sofá, mas Calum e Ashton seguraram meus braços e meu pescoço. Logo eu já estava no chão com todos em cima de mim, se sacudindo o máximo que podiam para me infligir dor.
— Saiam. - falei com o resto de ar que restava em meus pulmões.
Demorou para eles perceberem que eu estava realmente morrendo - o que não estava, apenas fingimento - e se levantarem, me deixando estirado no piso.
— Parece até uma panqueca. - ouvi um deles falando e risadas seguiram - E isso me lembra que eu quero comer! Vamos logo encontrar as meninas.
Levantei imediatamente, lembrando desse detalhe.
— Eu não quero ir... - falei, olhando com o cenho franzido para Ashton.
— O que? Por quê? - ele praticamente gritou - Eu te arrumei uma companhia decente uma vez na vida e você recusa?
— Eu não vou me sentir a vontade. - dei de ombros, sentando no sofá sob o olhar dos três - Além do mais, eu não conheço sua namoradinha, e também não pretendia conhecer...
Ashton só não pulou em cima de mim porque Michael não deixou, mas dava para perceber que ele estava espumando. Eu costumava sentir medo dele, com toda essa pose de mandão, mas ai percebi que tinha mais medo da minha mãe.
Michael não o soltou até ele se acalmar, me alertando com o olhar a não continuar implicando.
— Você não tem escolha, Luke. Eu sempre faço tudo por você, mesmo você não vendo e não dando valor. - ele desabafou, seus olhos não passavam de fendas - Encubro seus rastros, dou desculpas esfarrapadas para suas aventuras noturnas, e essa é a primeira vez que eu te peço algo. Kate quer muito se sentir a vontade entre nós, e você vai me ajudar com isso, nem que seja a última coisa que você faça.
Tive que rolar os olhos. Faço dezoito anos e saio de casa para ser independente, mas tenho que lidar com uma segunda mãe/pai como amigo. Quando olhei em seus olhos, percebi que era sério. Ele queria que eu colaborasse com o grupo uma vez, e não fizesse as coisas pensando apenas em mim. Passei meus olhos pelos outros dois, que apenas reafirmaram o que Ashton disse. Mesmo contra a vontade, dei o braço a torcer.
— Ok, vamos... - eu quase puder ver seu coração voltando a bater - Vou tentar ser simpático.
— Você não vai tentar, você será o cara mais simpático que esse planeta já viu!

 

—___________________________________________________

 

Saímos do carro, e antes mesmo de nos aproximarmos da fila eu já ouvia a musica lá de dentro. Parecia algo entre eletrônica e um folk, batidos às pressas no liquidificador.
Para onde estão me levando, Deus?
Ashton nos mandou esperar e foi até o segurança. Não falou mais do que algumas palavras, apontando para nós três em um momento. O segurança apenas assentiu e abriu a porta atrás dele e Ashton nos chamou, sorrindo ao ouvir as reclamações das pessoas que esperavam, provavelmente, há muito tempo na fila.
— Se aproveitando da fama, senhor certinho? - provoquei quando o alcançamos no corredor atrás da porta aberta de graça.
— Tem suas vantagens. - ele apenas deu de ombros - E já estamos atrasados, não ia ficar na fila.
Revirei os olhos, rindo com meus amigos.
Aquele corredor escuro parecia um labirinto, virando varias vezes antes de chegar ao salão principal. Assim que adentramos o bar, meu nariz foi preenchido com o cheiro de gelo seco. Franzi o rosto, tentando deixar estampado o quão irritado eu estava com aquela situação. Ashton sempre deixou claro - bem claro - o que achava a respeito de eu sair com uma garota diferente a cada noite sem me importar com nada mais além de sexo casual. Para ele me arrumar uma acompanhante essa noite, ou ela era daquelas solteironas carentes que não beijam um homem há anos ou eu sou um ótimo amigo. Eu vou pela opção um.
— Ali. - falou Calum, apontando para uma mesa em um canto afastado, o sofá ocupado por três garotas rindo exageradamente.
Ashton saiu em direção à mesa, nós três o seguindo sem hesitar. Eu queria poder reconhecer a namoradinha do meu amigo, mas não conseguia. Só a tinha visto no plano de fundo do celular dele, e uma vez. Também tentava escolher com qual das garotas eu ficaria. As três eram morenas, bonitas, nada exageradamente chamativo. Como seus rostos não estavam cobertos com maquiagem, era mais fácil identificar o que era beleza natural e o que era uma ajudinha da química. Raro hoje em dia. Estavam arrumadas, levemente alcoolizadas e me confundindo.
— Finalmente! - uma delas falou, notando nossa presença e levantando para nos cumprimentar - Achei que não chegariam nunca mais.
— Antes tarde do que nunca. - Ashton falou sorrindo, puxando a mesma pela cintura e a beijando.
Ah, essa é a namoradinha dele.
Qual o nome dela?
— Kate, que prazer te ver de novo. - falou Calum, simpático, assim que o casal se desgrudou.
Descoberto o nome.
Talvez não por muito tempo.
— É ótimo ver vocês de novo, meninos. - e seus olhos foram parar em mim - E é ótimo poder finalmente te conhecer, Luke. Ashton fala muito de você.
Tentei o meu melhor para sorrir, mas possivelmente foi um fracasso, pois Ashton franziu o cenho irritado. Com certeza ele deve ter falado só coisas boas sobre mim...
— Ele fala muito de você também... Kate. - falei incerto - Você mudou o rapaz.
Ela sorriu e beijou a bochecha do namoradinho, nos convidando para sentar.
— Essas são Diana e Alice, minhas amigas. - apresentou, apontando para cada uma.
Cumprimentos e apresentações feitas, percebi que Alice tinha as pontas do cabelo pintadas de azul, e Diana tinha uma argola no nariz. Acabei por notar também que Kate tinha cabelos curtíssimos.
Enquanto eu observava as três, Michael e Calum engataram uma conversa animada com as duas meninas, deixando o casal se curtindo em paz. Eu estava do lado oposto da mesa, impedido de tentar reagir à visível "vela" que eu havia me transformado.
Era só o que me faltava.
Bufei e chamei o garçom mais próximo, pedindo o drink mais forte que eles tinham. Rapidamente eu havia ingerido quatro deles e pedia, de forma enrolada, o quinto.
— Vai com calma, Luke. - senti um dedo fino me cutucando. Me virei e vi a namorada de Ashton sorrindo - Você não vai querer estar bêbado quando a Lily chegar.
— Quem? - ri - Hoje eu tive uma primeira vez: eu fiquei sobrando.
Ela gargalhou. Ei, baranga, não ria do meu sofrimento.
— Ela sempre se atrasa Luke, e é sempre mesmo. Não precisa ficar depressivo e chorar no colinho da mamãe. - bateu no meu ombro, e antes que eu pudesse responder a primeira coisa que minha mente organizasse numa frase, ela puxou Ashton para a pista dança.
As suas amigas pareceram ter a mesma ideia brilhante, e lá estava eu, sozinho, sentado na mesa, com um copo vazio.
— Preferia estar batendo uma em casa... - falei, puxando a manga de um garçom - Pode trazer uma garrafa de whisky e um copo com gelo... Eu pago.
O garçom ficou assustado, mas eu não estava nem ai. Se eu não fosse transar hoje, pelo menos ia me embebedar. Antes bêbado do que mal acompanhado.
— Aqui esta. - uma garrafa e um copo foram largados na minha frente, mas quando me virei para agradecer - não sei porque -, não tinha ninguém ali.
Aposto que se estivesse sóbrio não acharia aquilo tão normal.
Servi cegamente o copo e, enquanto virava o conhecido liquido vermelho ardido na garganta, passei os olhos pelo salão. Acho que aquele bar era apenas para casais ou homens, pois não achei uma bendita mulher sozinha ali. E talvez eu fosse o único homem sozinho também.
— Um brinde à mim. - levantei o copo em um brinde silencioso, virando mais uma dose.
E varias doses foram atrás, eu bebia sem pensar. Até porque, como que se pensa bêbado? Bêbado não pensa, bêbado só faz. Bêbado bebe e bebe mais um pouco. Bêbado... uma palavra tão engraçada.
— Acho que você deveria maneirar nisso dai, bonitão. - uma voz suave invadiu meus ouvidos por cima da musica - Pode te fazer mal.
Levantei meus olhos do copo, tentando focalizar a pessoa na minha frente. Uma mulher, mas não consegui faze-la entrar em foco por completo. Ela sorria.
— Eu acho que estou muito bem... Obrigado. - sorri, levantando o copo e o aproximando do meu rosto para enche-lo novamente.
A garota riu e deslizou por todo o sofá até parar do meu lado, me impedindo de virar mais uma dose ao tirar o copo da minha mão e beber o mesmo.
— Eu odeio whisky. - falou alto, fazendo uma careta e largando o copo na mesa - Por que não esta bebendo algum drink bom?
— Porque eu não mereço um drink bom. - falei, tentando pronunciar tudo certo.
Não deve ter funcionado, pois a garota riu novamente.
— E por que o coitadinho não merece um drink bom? - ela escorou a cabeça no braço apoiado nas costas do sofá, me fazendo virar a cabeça para olha-la.
— Porque eu não arrumei nenhuma garota pra hoje, e eu vou ficar sem sexo. - acho que fiz um beiço ao dizer isso.
Ela voltou a rir e negou com a cabeça, falando alguma coisa baixo que meu cérebro não pôde captar. Voltou sua atenção para mim e levantou o braço, chamando alguém distante.
— Eu também estou sozinha, então vamos comemorar a solidão dessa noite.
Não vi o garçom se aproximar, nem tenho certeza do que ela pediu para ele, mas ele voltou rapidamente com quatro copos finos e compridos com uma fumaça suspeita no topo. A garota apenas agradeceu com a cabeça e pegou um dos copos, colocando o outro na minha mão.
— Um brinde à solidão de uma noite. - ela sorriu, encostando seu copo no meu - De apenas uma noite.
Terminou de falar e virou o líquido, gritando assim que todo o conteúdo passou para sua garganta. Segui o mesmo exemplo, sentindo um gosto que nunca tinha provado. Era bom, refrescante, mas ao mesmo tempo forte e ácido demais. Soltei o mesmo grito que ela e caímos na gargalhada.
— Chama-se Volcano. - ela indicou os dois copos restantes - É como a sensação de lava passando pela sua garganta!
Ela parecia muito animada ao compartilhar essa informação.
— E como você sabe a sensação de lava passando pela garganta? - tentei imitar sua voz, mas estava alcoolizado o suficiente para sair horrível, e voltei a rir junto com ela.
— É o que dizem. Você não vai querer contestar os especialistas em bebidas, vai? - bateu de leve em meu braço e pegou o próximo copo - Essa vai para as noites que virão, que, com sorte, não serão mais de solidão.
Ergueu as sobrancelhas sugestivamente para mim, indicando o copo cheio que faltava. O peguei e o levantei, bebendo todo o conteúdo antes mesmo de ela colocar o bocal do copo nos lábios.
— Eu adoraria provar lava se esse fosse o gosto. - enrolei minha língua para falar entre um grito.
Fechei os olhos sentindo o resto do sabor ainda na minha boca, ouvindo o gritinho feminino ao meu lado soar mais alto e mais gutural. Olhei para ela e desatamos a rir novamente.
Estávamos parecendo dois bêbados, o que provavelmente eramos nesse momento, eu era mesmo, mas eu não me importava. Essa garota que surgiu do nada parecia a companhia perfeita para beber, se divertir e beber mais um pouco.
— Mais uma rodada então? - ela perguntou com o garçom já em nossa mesa - Pode trazer o que você recomendar para nós.
Não demorou muito até minha mão ficar preenchida por um copo normal cheio de algo que eu não reconheci novamente. Fui bebendo devagar e só percebi que o líquido era verde quando derramei o conteúdo do meu copo em sua calça branca, fazendo-a bufar e me olhar irritada.
— Parabéns, a calça era nova... - ela revirava os olhos e passava um guardanapo furiosamente por suas pernas, das quais eu não conseguia tirar meus olhos.
Nem bêbado eu perco a chance.
E pela primeira vez me prestei a olhar para ela, por estar mais perto. Nenhum detalhe minha mente conseguiu captar, o álcool muito forte para me permitir. Só percebia o quão irritada ela estava.
— Eu vou embora, não tenho mais o que fazer aqui. - ela falou, tirando os olhos da roupa e os direcionando para mim - Você quer carona ou vai esperar seus amigos? Se é que você ainda está acompanhado.
Foi ai que eu vi seus olhos pela primeira vez. Nem a bebida conseguiu fazê-los passar despercebido. Os olhos mais estranhos e instigantes que eu já vi. O esquerdo era azul, e o direito, castanho. Pelo menos era o que parecia para mim.
Voltei a pensar no que ela havia me perguntado. Estava cansado de ficar sentado na mesa e esperar era a única coisa que eu estava fazendo nas últimas horas. E, voltando a olhar para a garota ao meu lado, valia a pena ir embora. Passei os olhos pela pista de dança rapidamente e não encontrei meus amigos ou alguma das garotas que estariam com eles.
Olhei novamente para a garota estranha que esperava uma resposta. Eu não deveria aceitar ser levado para qualquer outro lugar por uma pessoa estranha, mas eu estava pra lá de alcoolizado.
— Vou com você. - tentei pegar meu casaco, mas ele parecia que se distanciava a cada vez que eu me aproximava.
— Eu pego, pode deixar. - ela segurou meu braço e me ajudou a levantar, pegando tudo o que eu achava ser meu na mesa e me conduzindo até a porta - Nossa, você é pesado.
— Eu sou gostoso! - exclamei, abrindo os braços e rindo.
— Sim, gostoso, agora se mantenha quieto. - eu vi sua mão batendo no meu peito, mas não senti nada.
Ri disso também.
Tudo estava tão engraçado.
Eu não coordenava mais minhas pernas, apenas olhava para as pessoas que eu batia pelo caminho, rindo de cada expressão. Casais, homens e mulheres aleatórios, todos apareciam do nada na minha frente e eu simplesmente não conseguia desviar. Eu estava sendo guiado sem rumo por um labirinto de bêbados. Os flashes de luz estavam deixando tudo ainda mais confuso, e eu temia tropeçar nos meus próprios pés. Se eu tropeçasse, talvez não conseguisse levantar mais. Então fiz a coisa mais lógica: comecei a pular.
— O que você pensa que esta fazendo? - a garota mistério me perguntou, tentando parar meus saltos. Qual é, gata, eu não quero cair!
— Não vou tropeçar! - gritei em seu rosto, levantando o polegar para ela.
Sem a menor paciência, agarrou me braço e saiu me puxando. Grossa. E então veio a escuridão. Meu Deus, não me deixe ficar cego. Eu sei que eu peco, mas é por uma boa causa. Quantas mulheres ainda precisam ser vistas, quantos países, arenas, mulheres... Preciso da minha visão de volta, Deus! Agora!
Uma rajada de ar entrou pela minha camisa e passou pelo meu rosto como um tapa. Talvez tenha sido mesmo um tapa. Abri os olhos e minha visão estava normal, mas embaçada. Olhei para todos os lados, não reconhecendo nada.
— Você vai me levar pra casa como? - me virei na direção que a garota estava, apenas para falar com o vazio.
Entrei em desespero. Eu não sei aonde estou, não sei como voltar pro hotel e ainda estou sozinho. Estou sozinho porque a garota me abandonou aqui. Um garotinho indefeso, no meio da rua, como um cão sem dono. Da até vontade de chorar. Talvez eu sente aqui mesmo e chore até aparecer alguém. É exatamente isso que eu vou fazer.
— Você poderia, por favor, parar de sussurrar sozinho? Assusta as pessoas. - ouvi a voz conhecida e me levantei correndo, a abraçando.
— Achei que você tinha me abandonado, então eu pensei em chorar, mas não abandonou... eu te amo tanto. - a segurei pelos ombros, tentando a fazer parar de girar.
A garota começou a rir muito, muito alto.
— Você esta fazendo beicinho, por favor, pare! - franzi o cenho, chateado, enquanto sua risada ficava cada vez mais alta, até não resistir e começar a rir com ela.
Depois disso só lembro de ser carregado pelo hall do hotel até o elevador, e então guiado até meu quarto.
— Se você ainda estiver me ouvindo, comece uma dieta, e faça atividade física. Ajuda na disposição - a voz dela preencheu o ambiente, enquanto a porta da suite era aberta e eu era arrastado para dentro.
Pensei em me atirar na cama, mas acabei estirado no carpete perto da cama, rindo.
— Eu amo tanto tapetes, eles aquecem os pés, mas também o rosto. Olha! - acariciei o tecido embaixo de mim, sorrindo de olhos fechados.
— Olha só, bonitão, eu não estou com saco pra ser babá, então me ajuda. - duas mãos começavam a me puxar pra cima, e eu bem que tentei ajudar - Por favor!
— Você vai dormir comigo? - soltei, ficando de quatro e olhando pra parede. Não sei bem com quem estava falando.
— Você é louco? Não sabe o estado deprimente em que está? - ri do seu tom de voz. Mamãe!
— Então não vou levantar. - pretendia cruzar os braços pra enfatizar, mas eles estavam me dando suporte.
Ela voltou a rir.
— Você esta fazendo beicinho de novo... - suspiro - Ok, façamos assim. Você levanta, troca de roupa e eu te coloco na cama.
— E se coloca ao meu lado na cama. - tentei soar sexy, mas minha língua era minha pior inimiga.
— Decidimos depois, vem. - ela voltou a me puxar, mas dessa vez tentei atrapalhar o menos possível - Vai tirando essa roupa que eu vou procurar outra.
— Não preciso de outra, posso ficar sem nada. - sorri e tentei localiza-la pelo quarto, sem sucesso.
Tirei minha camisa e a joguei em algum lugar, meus tênis, meias e calça tomando o mesmo rumo. Esperei de boxer sentadinho na cama, não sei exatamente o que. Ela voltou segundos depois com o que parecia um pijama, colocando em meu colo.
— Pode vestir. Se precisar de ajudar... bom, continue tentando fazer sozinho. - ela sentou ao meu lado, me observando.
Ri e joguei o pijama longe, me deitando na cama e tentando alcançar seu braço para puxa-la junto.
— Vem!
— Estou bem aqui.
— Você prometeu...
A ouvi bufar e reclamar sozinha, enquanto eu sentia meu querido amigo sono se aproximando devagar, exatamente como a aproximação dela. Se ajeitou o mais longe possível de mim, mas tratei de me aproximar. Abracei sua cintura e ri quando ela tentou recuar mais. Não afrouxei meu abraço, por incrível que pareça para o meu estado, eu continuava mais forte que ela. Sua mão lentamente foi parar no meu cabelo, e eu quase gemi quando começou a mexer nos fios desgrenhados.
Dos Deuses.
Quando estava quase me entregando à sensação de relaxamento, me lembrei de um detalhe pequeno, mas importante. Usei meu ultimo resquício de fôlego para matar minha pulga detrás da orelha.
— Você não acha que devia me dizer seu nome, pra eu poder agradecer minha heroína?
Um momento de silencio se instalou.
— Boa noite, Hemmings.
E assim eu apaguei, me entregando ao abraço caloroso do sono e ao carinho da garota dos olhos coloridos.


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Notas finais do capítulo

E aí? Me contem.



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