Coisas que Amo escrita por Laura Fernandes


Capítulo 13
Capítulo 12 - Supere as Feridas


Notas iniciais do capítulo

"Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela."

Paulo Coelho



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Catarina permaneceu com os lábios entreabertos. Surpresa pelo que havia acabado de ocorrer.

Os olhos de Simon fixaram na expressão de espanto dela. Ficou evidente para ele, que aquele havia sido o primeiro beijo que ela havia dado em toda sua vida, pois assim que iniciou o beijo, teve que guiá-la, a confortando aos poucos e deixando a sensação melhor.

Ele sorriu ao notar as bochechas de Catarina ficarem cada vez mais rosadas.

— Não vai dizer nada? – sibilou, tentando tirá-la do estado de choque.

Catarina engoliu seco e piscou algumas vezes. Se estava sonhando, preferia não acordar.

Beliscou o braço e sorriu, notando o quanto aquele momento havia sido verdade. O garoto que amava, que tutoreava, e que fazia de tudo para vê-lo feliz, havia acabado de selar os lábios ao dela, e foi uma das melhores experiência de sua vida.

— Fiquei sem palavras. – comentou ainda absorta.

— Você nunca havia beijado antes? – ele perguntou surpreso.

— Não tive tempo. Dedicação total aos estudos... Queria muito entrar em Dion, e precisava de boas notas no currículo para ser escolhida. Mantendo-o impecável, fiquei sem tempo para relacionamentos.

— Entendo. – Simon disse, lambendo os lábios. – Que tal tentarmos de novo? Mais uma vez, assim fica mais experiente...

Ele realmente havia oferecido aquilo? Ele realmente queria beijá-la novamente? Catarina não sabia se podia acreditar no que estava ouvindo. E Simon, não podia acreditar no que estava acabando de oferecer, mas o que podia fazer? Queria experimentar mais daqueles lábios com gosto de morango. Queria testar mais as emoções que provocava nela. E pela primeira vez em muito tempo, se sentia vivo, disposto a viver e escapar da ideia de se matar.

Ok, podemos tentar. – ela finalmente respondeu, fechando os olhos.

Simon se aproximou do rosto de Catarina, e segurou com as pontas dos dedos o queixo dela, o levantando para cima, assim teria um acesso mais fácil aos lábios rosados que tanto o atraia.

Ele a beijou novamente. Traçou os lábios selando de leve a pequena boca confusa, e passou a língua em volta da língua dela, que tentava corresponder aos atos na mesma intensidade e vontade.

A pele de Catarina estava arrepiada. Seu coração estava prestes a sair pela boca, assim como Simon que sentia o peito entrar em descompasso.

O beijo demorado, logo cessou quando Simon se separou dela, percebendo o quanto queria explorar mais... Porém não devia, especialmente pelos dois estarem em público.

— Vamos embora. Quero te beijar mais, mas aqui não é ideal. – ele anunciou, voltando a remar.

Catarina apenas assentiu, assistindo Simon seguir de volta para a terra firme.

Simon ponderou, que desde o início, havia julgado errado Catarina. Ela não tinha um ego elevado, e ajudava as pessoas por ser simplesmente boa.

Boa em tudo o que fazia, especialmente em deixá-lo intrigado.

Sabia que a sensação de intrigado o incomodava, e queria fugir antes que fosse tarde demais. Porém, ele já estava completamente entregue aos sentimentos bons que ela lhe causava.

— Simon, por que você achou que quando eu queria te ajudar, era só para alimentar o meu ego? – Catarina o questionou, enquanto caminhavam em direção da moto.

Já era quase quatro da tarde. Estavam fora praticamente o dia todo.

— Porque eu não queria admitir que você tinha me fisgado. – ele suspirou. – Principalmente com toda a merda que fiz, não achei que merecia isso. Achei que o que fosse que sentisse por mim, era errado, e falso. Afinal, eu era apenas um bêbado perdido por aí.

— Bom, você foi ridículo. Jamais pensei em você como alguém perdido. É verdade que a bebida era um problema que precisava tratar, mas havia algo no fundo de meu coração, que me dizia que eu devia persistir.

Simon sorriu.

— Estou tentando evitar a bebida, e também o cigarro...mas é difícil.

— Está tentando também tirar aquela ideia da sua mente?

Ambos pararam assim que alcançaram a moto.

— Sim, estou.

Catarina segurou o rosto dele em suas mãos e sorriu, enquanto encarava os olhos confusos e tímidos de Simon, perguntou:

— Você quer me ver feliz ou triste?

Que tipo de pergunta era aquela? Ele se perguntava confuso.

— Quero ver você feliz, agora eu quero apenas isto.

Ela piscou.

— Então não ousa se machucar ou fugir de mim, senão, não conseguirei viver.

— Não estou pronto para declarações eternas de amor...

Catarina o puxou para mais perto de si:

— Eu sei disso. Mas que está avisado, você está.

Simon sorriu, e afastou as mãos de Catarina de seu rosto.

Colocou as mãos na cintura dela, e a puxou, perto o bastante para selar os lábios novamente.

A beijou também, numa tentativa de encerrar aquele assunto por ali. Temia por outros tipos de declarações de amor eterno, e por mais que quisesse estar ali com Catarina, sabia que não estava pronto para longas promessas.

Ainda tinha suas magoas. E se sentia culpado por desgraçar a vida das pessoas que mais amava. Não queria afetar a vida que ela tinha planejado minuciosamente, não da mesma forma como afetou a vida de seus pais e de Larissa.

O dia que passará com Simon, havia sido um dos melhores dias da vida de Catarina.

Assim que ele a deixou, e beijou seus lábios por uma última vez, Catarina se jogou em sua cama, iludida pelas expectativas que criou depois de todos os momentos que viveu com ele.

Sabia que precisava ser mais prática, e que tinha que cuidar com cautela de Simon, já que os sentimentos de culpa ainda o perseguiam.

Mas estava extremamente satisfeita por conseguir quebrar um dos muros que os separavam.

No dia seguinte, após receber seus pais em casa, ela seguiu para o colégio desacompanhada. Pegou o ônibus e aproveitou a paisagem, e as sensações de liberdade que estava surgindo das profundezas.

Assim que atravessou o corredor de Santa Brígida, observou Maria e Apollo rirem. Ela se aproximou dos dois, que a receberam surpresos:

— Onde você esteve ontem Catarina? – Maria logo lhe perguntou.

— Saí com Simon.

Apollo sorriu:

— Vocês dois se resolveram? – ele perguntou curioso.

— Acho que sim. – o sorriso branco se formou nos lábios de Catarina.

Poderosa! Muito bem Catarina, estamos orgulhosos. – Maria comentou, a abraçando.

— Onde ele está? Não vieram juntos? – Apollo indagou.

Catarina olhou pelos corredores. Era verdade, Simon ainda não havia chegado. Quando ela deixou os biscoitos em sua porta, seu avô havia dito que ele tinha saído mais cedo naquele dia.

Deveria já ter chegado a uma altura daquelas.

Decidida a encontrá-lo, ela pensou em qual lugar ele se esconderia, e o único que veio em mente, foi o terraço em que tinham conversado.

— Já sei onde posso achar ele. – ela anunciou. – Vou até ele, depois vejo vocês na biblioteca, vamos revisar todas as matérias para o final do semestre, que está se aproximando.

— Verdade, só temos mais um mês de aula. – Maria comentou com pesar.

Catarina assentiu, e se despediu dos dois, seguindo direto para a escadaria que a levava ao terraço.

Ela subiu as escadas apressadamente, até atingir a porta do terraço. Empurrou a porta, e procurou por Simon, que estava encarando a paisagem da cidade, enquanto tragava um cigarro.

Catarina se aproximou dele, o abraçando por trás:

— Pensei que não iria mais fumar... – sussurrou.

Simon segurou na mão dela, que estava pousada em seu peito e riu.

— É mais fácil me livrar da bebida. O cigarro me ajuda com algumas coisas.

— Por que chegou tão cedo? O que faz aqui?

Ele deu uma última tragada, antes de se livrar da ponta do cigarro e se virar na direção dela.

— Nada em específico. Só vim aqui por vim. É um bom lugar para relaxar. Estava me lembrando de alguns traumas passados...

Traumas? Ela engoliu seco.

— Que traumas?

— Fui abusado quando mais jovem Catarina. – Simon sentiu um aperto se alastrar pelo seu peito. – Por garotos mais velhos que eu, no meu antigo colégio, antes de chegar em Santa Brígida. Esse trauma me perseguiu tanto, que tive que descontar em algo, por isso me tornei um viciado em álcool.

Catarina se segurou nele. Simon tinha mais traumas do que ela havia imaginado.

— Eu sinto muito Simon... – falou tentando absorver as informações.

— Estou te contando, pois, sinto que com você posso ser livre. Precisava compartilhar com alguém... Meu peito estava rasgando com isso dentro de mim.

— Tudo bem, você pode e deve me contar o que quiser.

Ela o abraçou, tentando curá-lo com todo o seu acalanto.

— Obrigado... Agora, estamos envolvidos... Queria ser sincero com você.

— Sim, estamos envolvidos... Tipo um namoro?

Simon riu.

— Se você prefere dar um nome a isso.

— Não fale assim. Eu preciso das coisas certinhas, para entender melhor.

— Certo, fugir de você não dá mais. Então, isso é um relacionamento.

Catarina o abraçou mais forte ainda, sentindo o cheiro dele se alastrar por todo o seu corpo.

Simon afagou as costas dela, e permitiu sentir os braços lhe cercarem.

Estar nos braços dela, era especial.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado deste capítulo! Foi um prazer escrevê-lo! Vejo vcs nos comentários.



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