Coisas que Amo escrita por Laura Fernandes


Capítulo 12
Capítulo 11 - Este é o Dia


Notas iniciais do capítulo

"Este é o dia, sua vida certamente mudará"

The The- This is the Day



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Simon acordou com o barulho de pedras caindo sobre sua janela. Se despreguiçou, enquanto tentava abrir os olhos e analisar o que ocasionava o barulho das pedras.

Vestiu a primeira coisa que achou em seu quarto, e seguiu até a janela, observando Catarina jogar mais pedras para acordá-lo:

— O que está fazendo? – ele indagou, assim que cruzou o olhar com o dela.

Catarina vestia roupas pretas. Tinha um sorriso travesso nos lábios, e não via a hora de acordar Simon para seguir com os seus planos.

— Estou te acordando.

— Às quatro da manhã? – ele olhou furtivamente para o relógio ao lado de sua cama. – Hoje tem aula, sabia?

Catarina deu de ombros:

— Não seja ridículo. Desde quando você se importa com aula?

— E desde quando você não se importa?

— Simon, meus pais foram viajar, o que acha de aproveitarmos o dia viajando? – Catarina perguntou entusiasmada.

Passou metade da noite planejando uma viagem, um passeio que pudesse levá-los para longe dos problemas. Ela tinha certeza de que aquilo poderia ajudar no processo de cura, e fazer Simon entender que está vivo por algum bom motivo.

— Você só pode estar de sacanagem...

— Não estou. Se veste, e vem logo.

Simon não esperava que Catarina pudesse enlouquecer antes dele, mas não resistiu muito as tentativas dela, e acabou cedendo.

Vestiu roupas pretas também, e desceu as escadas correndo. Seu avô dormia profundamente sentado na poltrona da sala, provavelmente não notaria seu sumiço por três horas.

Seguiu até o seu jardim, onde Catarina permaneceu o esperando. Ela segurava nas mãos uma pequena mochila. O cabelo estava solto, e o sorriso estampado no rosto, representava um tipo de felicidade instantânea que jamais havia visto antes.

— Como entrou em meu jardim? – Simon perguntou, assim que se aproximou dela.

— Pulei o muro.

Meu Deus... O que pretende Caputo?

— Vamos viajar! Iremos para a cidade das flores, fica a uns 100km daqui. Sempre quis ir lá, e hoje, é a oportunidade perfeita. Meus pais ficarão o dia fora da cidade, só voltam amanhã de manhã.

Simon suspirou, era notável que Catarina estava um pouco louca, quem em sã consciência faria aquilo? Ou melhor, como ela podia estar lhe propondo fugir? Mesmo por um dia?

— Como iremos viajar? Não tenho mais carro, e aposto que você ainda nem tem carta...

Catarina sorriu, balançando uma chave em frente ao rosto de Simon.

— Vamos de Vespa. Meu pai deixou a Vespa na garagem, aposto que você sabe dirigir, não sabe?

Simon duvidava muito se aquela era a melhor escolha que tinha feito em sua vida. Na verdade, não teve tempo de dizer não, pois a insistência de Catarina era muito eloquente para ele. Não tinha como vencê-la em uma discussão, e por mais que tentasse pensar em bons argumentos para fazê-la mudar de ideia, nenhum vinha em sua mente.

Quando ambos subiram na Vespa, Simon teve a certeza de que estaria embarcando direto para um lugar onde não haveria volta. Estava preso a Catarina de uma forma que queria evitar. Queria ter escapado, e como queria, mas não foi capaz de fugir da multidão de sentimentos que era estar com ela.

Catarina se segurava na cintura de Simon com força. Manteve a cabeça apoiada nas costas dele, e fechou os olhos enquanto ele os guiava direto para a auto estrada.

A ideia de viajar e fugir aquela hora da madrugada a deixava extasiada. Nunca havia feito algo do tipo. Mas estava feliz por estar ali, na garupa da moto, se segurando no garoto que amava, e sendo guiada pela auto estrada até a cidade das flores, o lugar que sempre quis visitar.

Simon guiou a moto pela estrada com cautela. Não queria provocar nenhum outro acidente, ainda mais os dois viajando naquele veículo que não era apropriado. A Vespa, era um meio de transporte convencional para guiar nas ruas da cidade, e não na auto estrada, cheia de carros e motos.

— Caputo, olhe para a sua esquerda, estamos próximo da entrada da cidade. – Simon anunciou, assim que avistou a placa de bem vindos.

— Ah! Sempre quis vir aqui, mas meus pais nunca tiveram tempo para me trazer. Estou muito feliz...

Ambos continuaram pela estrada, e pegaram a primeira saída em direção da cidade, entrando direto na feira de antiguidade que ficava no centro.

Decidiram estacionar a moto em um estacionamento particular, e seguir pelo resto do caminho a pé. Visitariam a feira, e depois as tradicionais lojas da cidade que vendiam flores naquela época do ano.

Enquanto caminhavam em direção a feira de antiguidade, Catarina entrelaçou os dedos aos dedos de Simon, que ficou surpreso ao notar o contato tão íntimo.

— Por que estamos de mãos dadas? – indagou, levantando as mãos.

— Para não nos perdemos. Não sei como voltar para o estacionamento. – ela se explicou, olhando fixamente para o caminho.

Ela se negava a encarar Simon, pois sabia que receberia o ardiloso e cruel olhar dele.

 – Caputo... Espero não ser uma desculpa para abusar de mim. Já basta as encoxadas que você deu na moto.

Catarina segurou o riso balançando a cabeça.

— Não seja ridículo, jamais faria isso.

Ponderou que pela primeira vez em sua vida, estava mentindo, descaradamente.

— O que você quer nessa cidade? Além da feira, e das flores?

— Tem um lago onde os casais vão para andar de barco. Achei que seria legal se fossemos.

Simon suspirou.

— Caputo, nós não somos um casal...

— Eu sei disso...

— Mas podemos nos divertir nesse passeio...

Os olhos de Catarina brilharam. Ela apertou mais forte os dedos nas mãos de Simon e o puxou pelo braço, fazendo o correr em direção da feira.

Antes de seguir para o lago, ambos se concentraram em olhar as antiguidades exposta na feira. Simon comprou um disco antigo dos Ramones, e Catarina, comprou um vestido branco antigo para usar na formatura. Os dois caminharam de mãos dadas, algumas vezes conversavam e apontavam para objetos que achavam interessantes, outras vezes, ficavam em silêncio, desfrutando da companhia um do outro.

E por mais que Simon negasse, estava se divertindo ao tê-la ao lado dele. Fugir da rotina tinha sido uma ótima ideia.

Caminharam para uma loja especialista em rosas coloridas, e compraram flores para o jardim do avô de Simon. O velho homem adorava praticar jardinagem, e nada como sementes novas para enfeitiçá-lo e fazê-lo perder mais tempo com a terra.

Os dois voltaram para o estacionamento, e seguiram até a praça principal da cidade, onde ficava o tão sonhado lago que Catarina insistia em ir.

Ela não havia planejado aquela viagem atoa, pois sabia que o lago era especial, principalmente para casais. Havia uma lenda que dizia que os casais que passassem por ali, ficariam juntos, senão para sempre, ao menos ficariam juntos.

E crente de fazer Simon desistir da ideia de se matar, nada como seguir uma profecia como aquela.

Tinha fé que daria certo, e tinha esperanças de que Simon pudesse encarar o lado bom das coisas.

Ambos subiram no barco e seguiram até o meio do lago. O céu aberto proporcionou uma luz solar que refletia na água, a deixando transparente. Não havia apenas o barco dos dois, estavam acompanhados por alguns outros casais.

Enquanto Simon remava, Catarina admirava a água e as pessoas ao redor.

— Acho que já remei o bastante. – Simon disse ofegante. – Vamos admirar a paisagem.

Ele olhou furtivamente para Catarina, que estava impressionada pela transparência da água e o quão belo aquele dia em especial estava sendo.

— Ahh aqui é lindo.

— Caputo, aqui só tem casais... Você planejou isso, não planejou?

Catarina sorriu. Não havia nada em sua vida que ela não tenha planejado.

— Planejei. Mas olha que dia legal e diferente é esse. – ela apontou para os lados. – Cercados de amor, natureza e flores. Isso é espetacular.

Movida por uma emoção diferente, ela se levantou, tentando se equilibrar no pequeno barco que se movimentava conforme procurava por equilíbrio.

— Sua louca! Senta-te! – Simon pedia, mas em vão, já que ela o ignorou completamente.

— Ah, para de ser chato! Aqui é maravilhoso. Fico feliz por estar ao meu lado. Vamos fazer uma promessa um ao outro?

Ele piscou um pouco desconcertado.

— Que promessa?

— Prometa que todo ano iremos vir passear nesta mesma cidade. Promete?

Simon levantou a mão, a pousando em seu peito e assentiu:

— Prometo.

O sorriso que invadiu o rosto de Catarina encantou a ele. Nunca havia a visto sorrir de ponta a ponta. Aquela imagem ficaria para sempre guardado em sua memória.

Assim que se sentou novamente, Catarina observou os olhos castanhos claros de Simon a encarar. Havia algo diferente em seu olhar, como se seus olhos refletissem certa admiração por ela. Sorriu, lançando para ele outro sorriso irresistível.

— Momentos como este não o fazem esquecer, por um minuto, a possibilidade de morrer? – ela indagou.

— Sim. E atos como estes, me fazem querer viver mais e mais.

Antes que pudesse raciocinar direito, Simon segurou o rosto dela em suas mãos, e entrelaçou seus lábios ao dela, deixando ali um beijo delicado e ao mesmo tempo urgente.


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Notas finais do capítulo

Gente, se sumi, me perdoem. Estive tão ocupada essas últimas semanas, que realmente precisava de um tempinho para relaxar e escrever. Espero que gostem do capítulo, mais emoções estão por vim! Beijos, e até mais.



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