Manuscrido escrita por MJthequeen


Capítulo 3
Triviau




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tri.vi.al

adj; que é sabido de todos, corriqueiro.

 

Sasuke não queria ficar pensando besteiras do tipo "uau, ela é assustadoramente quieta", pois quietude nunca tinha o perturbado. Na verdade, como ele andava demais com Naruto que era, como chamavam por aí, seu melhor amigo – há ressalvas! – e o Uzumaki sabia ser assustadoramente barulhento – como se uma buzina e uma vuvuzela tivessem tido um pequeno bebezinho loiro –, Sasuke tinha criado um pequeno crush por momentos em silêncio e paz. 

Agora, no entanto, isso estava o incomodando. 

Ele até tentava, mas era inevitável não deslizar seus olhos para a direita, onde Hinata estava, andando do seu lado, e pensar como nem a respiração dela fazia barulho. Nem seus passos calmos, num ritmo menor que o dele. Era tão, tão profundamente quieto, que ele conseguia ouvir o pano da saia dela roçando nas coxas claras, e isso o fazia ter pensamentos estranhos que ele certamente não queria ter. 

Sasuke tossiu e Hinata, agora ele percebeu, totalmente corada, ergueu seu olhar na mesma hora.

— Hã… Não tem problema mesmo você vir até minha casa?

A garota piscou várias vezes, surpreendida, mais vermelho se espalhando a partir de seu narizinho. Ela mirou o chão de forma envergonhada.

— Não… – murmurou timidamente, segurando a bolsa lateral com mais força. Aí ela soltou um sorrisinho engraçado, de quem não quer rir, mas não consegue se segurar. Era uma graça. – Bem, na v-verdade… meupaipensaquevocêtem1,60egostadeouvirkpop.

Sasuke franziu o cenho, tentando decodificar a frase muito rápida. Ok, calm down, Eminem. 

— Quê?

Hinata começou a brincar com os próprios dedos, de unhas curtinhas e sem esmalte, como tinha feito na sala. Era uma graça. Então ela respirou muito fundo e tentou encará-lo. 

— Meu pai pensa que você tem 1,60 e gosta de ouvir K-pop.

O Uchiha fez uma careta, sentindo o ego levemente ferido. Então, tentando segurar a risada que queria escapar pelo nariz – refrigerante borbulhante, queimando tudo, queimando tudo! – ele disse, mantendo a fachada:

— Olha, 1,60 tudo bem, mas K-pop...? Podemos discutir sobre isso? Porque eu penso que faço muito mais a linha fã de ator de dorama, sabe…

E aí Hinata soltou uma risadinha super gostosa, dessas que soam como alguém tocando um xilofone colorido. 

 

 

 

No momento em que Hinata colocou seu pézinho na sala de estar dos Uchihas, Sasuke percebeu o erro que tinha sido trazê-la. Ele não estava esperando que Itachi resolvesse que homeoffice era uma ótima opção em pleno verão, e que estivesse ali, sentado no sofá, com as pernas apoiadas na mesa de centro.

Quando o mais velho viu Hinata, primeiro ele franziu a sobrancelha. Seu irmãozinho com um ser do sexo feminino? Itachi já tinha aceitado a perspectiva que, afinal de contas, Sasuke e aquela matraca loira fossem acabar namorando, de tanto que ficavam trancados um no quarto do outro – "jogando vídeo game!" Sasuke tinha gritado, mas Itachi estava por dentro de todas as gírias adolescentes e essa com toda certeza queria dizer que o controle que o menor estava segurando era outro. Então, do nada, uma garota surge? 

E uma garota bonita! Não que ele duvidasse do óbvio charme Uchiha que Sasuke tinha herdado dele – cof –, mas como o irmão vivia com cara de bunda por aí, foi realmente uma surpresa…

—… então eu levo um suquinho já, já! Você gosta de biscoitos, Hinata? Um bolo?

— Hã… E-Eu não quero incomodar – ela murmurou, desviando o olhar do irmão universitário bombado de Sasuke (que estava quase se estapeando). 

Itachi sorriu de orelha à orelha. 

— Não incomoda! Fica à vontade. É um prazer conhecê-la! 

— Hinata – Sasuke chamou, antes que seu irmão fizesse qualquer outra coisa constrangedora. – Você não disse que queria ir ao banheiro? Ali, fica no final desse corredor. – E ele apontou rapidamente.

— Hm… Eu não disse nada não…? 

— Pode ir, dá para ver que você tá com vontade, vai lá – e, praticamente, Sasuke a empurrou em direção à bendita porta.

Hinata, que estava muito confusa, mas até que queria fazer xixi, se trancou lá dentro, imaginando como Sasuke sabia da sua bexiga cheia – na verdade, ele não sabia, mas uma boa aposta é TUDO. Assim que ouviu que ela tinha virado a tranca, o mais novo se virou para Itachi, que sorria para o próprio celular; ao se sentir encarado, porém, o mais velho se virou, franzindo o cenho. 

— "Dá para ver que você tá com vontade"? Eu já trouxe umas cinco namoradas pra cá e foi isso que você aprendeu sobre paquerar?

Ignorando o deboche, Sasuke o olhou como se quisesse queimar cada pedacinho da cara do irmão.

— Você tirou uma foto?! 

— Bom, eu duvido que ela vá voltar depois dessa, então pelo menos tenho um registro que essa garota existe mesmo… – e ele virou a tela para Sasuke ver, com um sorriso zombador. – Olha que gracinha. – De gracinha tinha só uma coisa, o menor pensou, ficando repentinamente vermelho. Na foto ele estava olhando feio na direção de Itachi, mas Hinata tinha aparecido com uma expressão de surpresa e o rosto todo vermelhinho. 

Itachi guardou o celular antes que Sasuke pudesse pegar e excluir a prova de que era bissexual – hétero, eu sou hétero!, Sasuke provavelmente teria gritado. 

Contendo os impulsos de arrancar os próprios cabelos, ele murmurou, cheio de raiva:

— E que história é essa de bolo?! Baixou a dona Mikoto?

— Ei, mais respeito! – Itachi disse, sério, apontando para o irmão. Aí ele sorriu. – Meus bolos são muito melhores que os da mamãe, irmãozinho. 

 


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