Manuscrido escrita por MJthequeen


Capítulo 2
Jentil




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gen.til

adj; delicado nas palavras.

 

Hm… Disléxica tipo… Disléxica mesmo? Sasuke coçou a nuca incomodamente, pensando sobre o que tinha escutado no dia anterior. Mas Hinata lia! E escrevia, também, ele já tinha visto ela usando aquele caderno cheio de fru-frus… O Uchiha jurava que disléxicos não liam, tipo, nada. Bom, ele nunca tinha conhecido nenhuma pessoa com dislexia, então tudo não passava de uma suposição, agora, aparentemente, boba, de sua parte. 

Pois Hinata lia. 

E escrevia. 

Só não tão bem…?

Ah, isso explica a gagueira! E as longas pausas entre uma frase e outra… Não parecia fácil. Não mesmo. O estômago dele se embrulhou quando Sasuke se lembrou de todos os risinhos nos dois primeiros meses depois que Hinata tinha se transferido; agora já fazia 16 semanas que ela estava com eles, então ninguém ria mais – ou, se fazia, era mais de tédio. Será que era por isso que ela não fazia muitos amigos? Ficava com vergonha? Bem, ele nunca tinha conversado com ela, ou estado numa roda de conversa com ela, mas talvez pessoas disléxicas tivessem problemas para acompanhar uma conversa?

Sasuke estava cheio de dúvidas agora.

— Ei, tonto, cê tá legal? – Naruto perguntou, tirando-o de seu devaneio. O Uchiha piscou para ele, vendo-o morder o hamburgão e falar com a boca cheia. – Tá pensando demais, tá apaixonado?

O Uchiha não sabia como Naruto tinha chegado numa conclusão tão simplório e tosca, então o olhou com ar de superioridade, um pouco enojado de toda a comida mastigada que estava vendo.

— Fiquei esperando a Hinata vir falar comigo ontem, depois que a Kurenai anunciou as duplas – ele explicou, descendo o olhar para a lata de refrigerante que tinha comprado. – mas ela não veio. 

— É claro, pô, é a Hinata, né… – e o Uzumaki mexeu a cabeça de um lado para o outro. – Nossa, você deu mó azar. Ela é meio lentinha.

Sasuke o olhou com ironia, sem acreditar no que tinha ouvido.

— E isso veio diretamente de quem tem o cérebro do tamanho de um feijão…

— Ei! – O Uzumaki apontou o dedo na cara do outro, uma veia saltada. – Se meu cérebro fosse um feijão, seria uma grande feijoada! Tô certo!




Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé.

Sasuke não sabia se sentia muito bem por se comparar a Maomé, ou por comparar Hinata com montanhas, mas o provérbio não poderia estar mais correto. Já que ela não tinha vindo até agora, era hora dele ir até lá e decidir como raios eles falariam do Reino Fungi. 

O Uchiha esperou pacientemente pelo sinal de saída e enrolou um pouco mais guardando sua única caneta, lápis e borracha – fala sério, não dá para demorar mais que 10 segundos para guardar esse tanto de material… – e ficou erguendo o olhar para ver se Hinata Hyuuga e seu cabelo escuro não desapareceriam pela porta. 

Felizmente para ele, que se despediu de uma Sakura cheia de risinhos, que andava insistindo para lhe dar beijinhos na bochecha na hora da entrada e na hora de ir embora, o que era bem chato porque aí Ino queria beijá-lo também e elas pareciam competir para ver quem chegava mais perto do canto dos lábios dele – o que, pode acreditar, é bem inconveniente para um garoto de 15 anos em plena puberdade e vestindo uma calça de helanca… –, Hinata parecia meio atrapalhada na hora de guardar suas várias canetinhas, lápis de cor e marca textos, e também demorou um pouco.

Quando a sala já estava quase vazia, Sasuke se aproximou.

— Hyuuga, podemos conversar? – Ele perguntou, pelas costas dela, num tom tranquilo.

Ela se virou no mesmo instante, o cabelo volumoso se movendo até as costas, e o encarou totalmente chocada. Primeiro Sasuke se sentiu meio ofendido, porque, hã, ele falava, ok? Não tinha porque estar tão chocada. Depois ele se sentiu engraçado, pois sentiu uma pontadinha no peito ao vê-la  tão pertinho. Hinata era dona dos olhos mais impressionantes que ele já tinha visto…

Sasuke tinha pensado que eram azuis, sempre a vendo de tão longe. Mas eles eram…? Eram…? Bem, cor de nuvem. Mas não nuvem da parte da manhã; nuvem da tardezinha, quando o sol já vai quase se pôr e os tons de lilás e rosa começam a aparecer, antes do laranja chamativo. 

— S-Sasuke? – Hinata chamou, delicadamente, entreabrindo seus lábios de morango. Sasuke piscou.

— Eu?

Hinata piscou duas vezes mais e, confusa, rolou os olhos de um lado, de outro – e ele estava seguindo meio hipnotizado – até voltar ao rosto dele. Estava super enrubescida. . 

— Você q-queria falar comigo? – murmurou a menina, timidamente, e Sasuke se perdeu, por outro longo segundo, na voz dela.

— Queria? – Ele perguntou de volta, confuso. O olhar perdido dela, no entanto, fez com que Sasuke saísse do mundo das nuvens pré pôr do sol e quase ficasse constrangido. – Quer dizer, queria. Hã… Quero. Quero falar com você. 

— Estou ouvindo – Hinata murmurou outra vez, sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo. 

Sasuke tossiu. 

— Então. Você quer vir na minha casa amanhã, depois da aula? 

A Hyuuga arregalou os olhos e ficou ainda mais vermelha; a cor parecia começar do seu nariz e se espalhar por todo o rosto. Ela abriu a boca para responder, fechou-a e abriu de novo, parecendo tomar coragem. Hã… Ela estava bem?

— E-Eu n-não… Não quero ser ma-mal educada, mas nós nem nos c-conhecemos, como eu poderia ir na sua c-casa assim, do n-nada… – E, olhando para o chão, Hinata começou a brincar com os próprios dedos, muito envergonhada. Então ela o olhou meio perdida, meio confusa; totalmente constrangida. – E-Eu achei que as pessoas iam em encontros a-antes… 

Ir à encontros antes? Hã? Do que essa garota tava falan… Sasuke corou profundamente, a ficha caindo. Ok, ok, talvez ele não tivesse se expressado muito bem.

— O quê?! Não, não é isso! – disse, depois de tossir, de um jeito apressado. Ele tentou se concentrar para fazer a vergonha ir embora. – Estou falando do trabalho. Pensei em começarmos amanhã. Pode ser na minha casa, se estiver tudo bem para você; não é muito longe… 

O rubor de Hinata diminuiu, mas ela inclinou a cabeça para o lado, sem entender do que ele estava falando. 

— Trabalho…?

Será que essa menina era meio bur…

Cof. Dislexia. Era isso. Paciência, paciência…

— Sim. O trabalho que a professora Kurenai passou ontem, sabe, o nosso tema é o Reino Fungi. Eu te procurei depois da aula, mas… – Aí Sasuke fez uma careta, percebendo o furo. 

Hinata coçou a têmpora. 

— Ah! Desculpe, eu não vim ontem. Estava gripada. – E ela sorriu gentilmente, pedindo desculpas com seus dentes muito branquinhos e alinhados. – Por favor, como é esse trabalho?

Sasuke se sentiu levemente desorientado com o sorriso dela, mas se esforçou para se xingar mentalmente. 

Quem era o desatento aqui, hein?

 


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