Manuscrido escrita por MJthequeen


Capítulo 4
Híndigo




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ín.di.go

sm; a cor do anil, semelhante ao azul-violeta.

 

— Me desculpe pelo meu irmão – Sasuke pediu, depois de encostar a porta e deixar só uma brechinha aberta. Não queria assustá-la fechando tudo, né, mas também nunca deixava tudo escancarado, então teria sido esquisito. 

Hinata riu baixinho mais uma vez; não parecia nem um pouco incomodada com as bizarrices de Itachi, na verdade. Sasuke se sentiu aliviado; pelo menos a garantia era que não teria a sala toda falando do seu irmão mais velho amanhã, quando chegasse na escola. 

— Não, tudo bem. Ele é engraçado – ela respondeu, soando muito sincera, e Sasuke quase suspirou. Ufa. Aí Hinata começou a olhar ao redor, no seu quarto simples e que o Uchiha tinha arrumado de manhã, antes de sair. Ele seguiu o olhar dela, rezando para não ter esquecido nenhuma cueca ou meia usada por aí… – E-Eu posso me sentar aqui? – Hinata pediu, devagarinho, apontando envergonhada para a cama de solteiro dele.

Sasuke, que tinha esquecido de subir o banquinho que ficava na sala e sempre trazia para Naruto, tossiu, tentando esquecer a vergonha. 

— Pode sim. Eu vou pegar meu notebook. 

Hinata se acomodou na cama, tirando dois cadernos de dentro da bolsa, seus múltiplos estojos com lápis de cor, canetinhas, canetas de gel, marcadores, post-its… Parecia uma infinidade de cores pastéis. Depois de arrumar o notebook, Sasuke também pegou o próprio estojo e tirou de lá só uma caneta preta e um lápis mordido… Hm. Não era ele que tinha pouco, tudo bem? Hinata que estava exagerando! Quantas mãos ela achava que tinha…?

— Por onde você quer começar? – ela perguntou baixinho, arrancando uma folha do caderno para que eles anotassem os primeiros passos para o trabalho.

Sasuke se concentrou em folhear o próprio caderno de biologia.

— Eu fiz algumas anotações na aula que você não veio, de como a Kurenai quer que seja, sabe. Aqui. – E, depois de achar a página, entregou para ela ler. Às vezes Sasuke resumia, às vezes só copiava o que tinha na lousa, mas estava tudo ali.

Hinata aceitou o caderno, mas, ao olhar para a folha, Sasuke a viu prendendo a respiração; sua boca se tornou uma linha reta e suas íris iam de um lado para o outro, de cima para baixo, de forma totalmente confusa. O rosto dela ficou ainda mais corado. 

Aí ele se lembrou

— Eu… Eu… – Hinata gaguejou, enquanto Sasuke tentava pensar em algo para falar, totalmente constrangido da burrada que tinha feito. – É q-que eu estou com os olhos I-irritados – murmurou uma clara mentira, parecendo muito envergonhada e aborrecida. – M-Me desculpe, eu acho que preciso de um óculos, desculpe mesmo, se a letra fosse m-maior… Desculpa. 

Sasuke teve vontade de socar o próprio olho. Idiota. Se ela tinha dificuldade para ler, claramente ler a letra dele não seria a melhor coisa do mundo, não é? Era só ligar A+B. Sua caligrafia não era uma das melhores; em letra cursiva, então…

Ele tossiu, pegando o caderno das mãos dela.

— Não tem problema – disse, muito sincero. – Não precisa pedir desculpas, não. – E aí ele respirou fundo, meio constrangido. – Você quer que eu leia para você?

Hinata entreabriu os lábios, claramente surpresa, e um leve rubor tomou suas bochechas, deixando a palidez de lado. Sasuke assentiu e, deixando de olhá-la, pois olhá-la estava fazendo algo se mexer em seu estômago – não vomite, não vomite! – começou a ler as instruções em voz alta.

Se Sasuke tivesse erguido o rosto para encará-la um pouquinho entre os espaços de cada frase, teria visto o sorriso agradecido que contornava o rosto da Hyuuga.

— Ah! – Ela interrompeu, quando ele já estava na metade da folha, após ouvir algo específico. – Eu fiz uma anotação sobre isso, na semana passada… Acho que pode nos ajudar. – E, animada de ajudar em alguma coisa, Hinata pegou um dos seus cadernos coloridos demais para o gosto pessoal de Sasuke Uchiha. Ela folheou até encontrar alguma coisa. – Aqui, olha, o que você acha…?

Sasuke aceitou o caderno, olhando para a página aberta sobre o Reino Fungi. Ele piscou algumas vezes, franzindo o cenho; não se lembrava de Kurenai ter passado todos aqueles desenhos, que Hinata tinha feito tão, tão bem, cheios de detalhes, a maior num profundo tom de azul, índigo. Os textos que a professora escrevia na lousa estavam ali, mas menores e, honestamente, passando o olho, não pareciam completos. A letra era pequena e desajeitada – mas muito melhor que a caligrafia de Naruto, por exemplo. Entre os desenhos, Hinata tinha encurtado os parágrafos em tópicos, como um resumo para memória, e se dedicado muito mais em contornar e pintar os fungos e suas estruturas super colorido. 

— Aqui embaixo, desculpa, tá um pouco pequenininho – ela murmurou, timidamente, depois que Sasuke ficou em silêncio por vários segundos; passando o braço por debaixo do dele, apontou com o dedo onde estava uma pequena informação. Sasuke balançou a cabeça, tentando tirar os olhos das figuras, lendo:

"(...) a qlanta, por sua vez, cebe ao fungo certos assucares e aminoácidos de pue ele necesita para viver." 

Ele precisou estreitar os olhos para entender que ela tinha trocado o P e o Q, mas, sinceramente, Sasuke tinha esperado algo pior. Hinata escrevia bem, apesar dos pequenos desvios de português, e ele se sentiu meio idiota e preconceituoso – ela já estava no segundo ano, também, e não tinha ninguém sentado do seu lado a ajudando durante as aulas, então claro que a garota conseguia fazer as coisas sozinha.

O que estava realmente em sua mente, no entanto, era outro pensamento.

— Você desenhou tudo isso? – ele perguntou, meio retoricamente, para mostrar o quanto ficara impressionado. Agora tinha entendido o tanto de lápis e canetas.   

Hinata arregalou os olhos, enrubescendo rapidamente. Parecia envergonhada. 

— Eu… É que é mais f-fácil entender assim – murmurou, sem saber muito bem o que responder. – Me desculpa.

— Hm… Eu não tenho a mínima ideia porquê você está se desculpando.

— Desculpa! – Ela tampou a boca no próximo segundo, mais vermelha. – Q-Quer dizer...

Ele tentou não rir, mas foi muito difícil. Sasuke sorriu de canto, sentindo as próprias bochechas esquentando ao dizer:

— Olha, eu quis dizer que está muito bonito. Você desenha muito bem. Fez sozinha? 

Totalmente constrangida de receber um elogio do nada, Hinata coçou a bochecha, desviando os olhos para o chão, a franja quase cobrindo seu olhar. 

— O-Obrigada, Sasuke – disse, bem baixinho, timidamente. – Eu vi algumas imagens no Google, na verdade.

O Uchiha balançou a cabeça.

— Ah, eu também faço isso, mas não dá muito certo, não – e ele virou pegou o próprio caderno de novo, abrindo na última página para ela ver, fazendo uma careta no processo.

Curiosa, Hinata ergueu o olhar: havia um montão de rabiscos de caneta e lápis que, aparentemente, eram para ser desenhos de personagens. 

Hinata apertou os lábios juntos, tentando segurar os arzinhos que queriam fugir do seu nariz, por causa da risada.

 — E-Esse é o Ryu…?

— Uau, você conseguiu reconhecer – Sasuke disse, num tom de mal humor, com raiva da própria falta de habilidade. – Era para ser, mas acho que ele foi atropelado por um caminhão no caminho…

E aí Hinata não conseguiu se segurar mais e começou a gargalhar audivelmente, mexendo os ombros e apertando o estômago; ao contrário da risadinha, que era bonitinha e parecia um xilofone, a Hyuuga grunhia como um porquinho quando gargalhava, sem conseguir se conter.

Estranhamente, Sasuke gostou disso. 

 


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