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adj; escrito à mão.

Sasuke franziu o cenho e, se controlando para não inclinar a cabeça como um gato confuso, disse:

— Desculpe, professora Kurenai, mas eu não acho que você escolheu a pessoa certa para fazer par com a Hinata.

A sua professora de biologia desde o primeiro ano até agora, o segundo, o olhou sem entender os motivos, embora parecessem muito óbvios para o Uchiha.

— Mesmo? Por quê?

Hã... Porque ele certamente não era tão paciente quanto Sakura ou Ino, nem tão extrovertido quanto Naruto ou Tenten...? Bom, se ele fosse se listar entre Shikamaru, o preguiçoso, e Chouji, o desatento, talvez até parecesse uma boa alternativas, mas... Bem, há melhores.

Ele só não sabia como explicar isso para a professora sem parecer um total babaca.

Não que não gostasse de Hinata ou tivesse qualquer coisa contra ela; ela estava sempre lá, sendo quieta e bonitinha, e nunca havia o incomodado ou chamado sua atenção, para ser honesto. Mas fato era que, na hora das leituras em grupo, sempre em voz alta, a Hyuuga se demorava em cada frase e gaguejava constantemente – no começo, os professores tinham até que lançar olhares atravessados para os outros alunos mais inconvenientes. Agora que já estavam todos acostumados, depois de alguns meses, ninguém mais ria, só esperava que a vez de Hinata passasse logo – e, cara, como isso demorava...

Aí tinham começado as especulações; dessa parte, porém, Sasuke se recusou a participar. Não tinha nada a ver com ele. Mas, como todos nós criamos opiniões de qualquer coisa, inclusive do melhor ketchup por menos de $5 roubinhos, ele também tinha a dele: Hinata sofria de timidez crônica. Isso explicava o constante rubor, o jeito como desviava os olhos...

Enfim. Sasuke Uchiha não pensava que poderia fazer um bom par num trabalho de biologia com Hinata, pois ele não era, hm, a mais paciente das pessoas, nem a mais faladeira delas, também, que talvez conseguisse arrancar uma ou outra palavra da menina.

Fácil pensar.

Difícil dizer isso tudo para Kurenai sem parecer um total babaca que julga a leitura dos outros e que não quer ter que fazer o trabalho todo sozinho...

— Hm... – ele tentou, se sentindo meio bobo. – Bem, é que... Hã...

E aí ele resolveu ficar quieto e encarar a professora com bastante intensidade, pois concluir em voz alta tudo o que tinha concluído para si mesmo, sozinho, parecia mal educado.

Kurenai coçou o queixo e o encarou com muita paciência.

— Está com medo que ela não possa te acompanhar?

Como os professores traduziam pensamentos tão grosseiros de uma forma tão polida? Sasuke nunca descobriria, provavelmente, pois não tinha intenção nenhuma de se tornar professor, mas se sentiu muito grato. Ele concordou com a cabeça; até agora estava dando muito certo ficar quieto, melhor continuar...

A professora sorriu docemente, como se achasse o medo dele perfeitamente normal.

— Sasuke, eu poderia facilitar as coisas para vocês dois e colocar Hinata com Tenten, pois elas já são amigas, mas quero que ela faça outras amizades. Sakura ou Ino, que são ótimas alunas, eu sei que, provavelmente, elas ficariam com pena de Hinata e fariam o trabalho todo sozinhas. Não é o que eu quero. Preciso de alguém que entenda que Hinata não é menos capacitada, que ela só tem uma dificuldade, e não desista de fazê-la te auxiliar. – E ela piscou para ele. – E eu já vi você fazendo isso mais de uma vez com Naruto, que é, como vocês dizem, "travado" na minha matéria.

Sasuke franziu mais as sobrancelhas, ignorando o fato que sua professora queria parecer maneira usando uma gíria que não tinha nada a ver com educação. Então, espera aí. Ele tinha sido escolhido porque obrigava Naruto a fazer a bendita parte dele dos trabalhos, quando os dois eram pareados juntos? Sério? Assim, Sasuke não achava que dava para socar a cara de Hinata se ela não quisesse escrever um parágrafo "porque é muito grande", como ele fazia com o loiro...

O Uchiha balançou a cabeça, notando algo na fala da docente.

— Hm... "Dificuldade"...? – murmurou, confuso, sem entender do que raios a mulher estava falando. A tal da timidez, era isso?

Kurenai ficou séria dessa vez e, devagar, começou a arrumar os papéis sobre a própria mesa.

— Bem. Esse é outro motivo para eu ter escolhido você, Sasuke. Eu sei o quanto você é discreto e penso que isso é bom para Hinata, sei que ela se sente mal quando começam a especular, mas também não posso simplesmente deixar de incluí-la num trabalho que a turma toda fará – e, deixando tudo sobre a própria pasta vermelha, Kurenai respirou fundo, olhando no rosto de um dos seus melhores alunos sem nem piscar. – Sasuke, Hinata é disléxica.