Girl Crush escrita por suenacomoyo


Capítulo 8
Maybe then you'd want me just as much...




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Chegando no Restó Bar, pude ver que Napo já estava no balcão conversando com Francesca. Haviam apenas três mesas ocupadas e Luca estava atendendo uma delas. Não vi André por ali, oque significava que ele estava entregando o pedido de alguém em casa. Meus amigos vieram até minha direção me receber com um abraço em grupo. Logo fomos andando pra mesa perto do palco que era nosso cantinho favorito.

— Fala aí, já querem comer alguma coisa? - Francesca perguntou com o caderninho de pedidos em mãos.

— Uma pizza cairia bem né? - falei enquanto esfregava as mãos.

— Quando uma pizza não cai bem pra você né Natália? - Napo me deu um empurrãozinho. — Mas é, eu topo uma de calabresa.

— Fechou! - respondi.

— Oi crianças. - Luca chegou até nossa mesa. Ele era 8 anos mais velho que eu e sua irmã, 6 mais velho que Napo. Nem parece tanto, afinal já somos todos maiores de idade, mas ele adorava chamar a gente de "crianças" como uma forma de carinho. — Deixa que eu levo o pedido Fran, senta um pouco com seus amigos, o movimento tá fraco. Quando eu precisar de ajuda eu te chamo. - ele falou amigavelmente dando um tapinha nas costas da irmã.

— Ah, tudo bem então. Obrigada mano! - Fran respondeu sorrindo e se sentando. Conversa vai, conversa vem, Francesca vai, Francesca vem, Napo sugeriu que fossemos hoje mesmo dormir em sua casa, como uma festa do pijama.

— Amanhã tem Studio amigo, sossega aí. - falei rindo.

— Que que tem? Você dorme tarde de qualquer forma! - o baixinho respondeu fazendo beicinho.

— Que que tem que pelo menos você tinha que ter combinado isso antes. Meus pais não vão gostar nada dessa ideia. Eu já vim pra cá, depois voltar pra casa e ir pra sua? Nem pensar. Tu esquece que eu ainda não sou independente, menino!

— É, realmente, pra Naty complica. - Fran concordou tomando um gole de seu suco de laranja.

— A gente deixa pra outro dia. Fim de semana quem sabe? - eu falei.

— Poxa, eu queria aproveitar que hoje a Ludmila não tá. Ou você acha que eu não percebi você evitando ela esse tempo todo?

— Que? Evitando? Porque acha isso? - me fiz de boba e tomei um gole de refrigerante.

— Porque é visível né Natália. Porque o relacionamento dela com o León te machuca.

— Você finalmente contou pra ele? - Fran perguntou surpresa.

— Francesca!!!! - repreendi sua fala. Eu encarei a italiana de forma que sentia meus olhos quase saltando para fora.

— Contar ela não me contou não. Mas eu já desconfiava a muito tempo que ela gostava do León. Obrigada Francesca, por me confirmar. - Napo falava sorrindo com carinha de malícia enquanto cruzava os braços.

— Ih foi mal amiga. - Fran sorria sem graça mordendo o lábio inferior. Dei um tapa em seu braço enquanto ria de nervoso.

— Só não entendo porque nunca me contou. Você me conta tudo!

— Por favor não pense que não confio em você, Napo. Você sabe que você e a Fran são as pessoas que eu mais confio no mundo. É pura vergonha. Eu acho vergonhoso gostar dele depois de tudo que ele me fez. Ele melhorou em comparação com a época da escola mas poxa, olha pra esse caso que ele quase me tirou da banda! A Francesca só sabe porque eu deixei escapar a muitos anos atrás sem querer. Por mim ninguém saberia que sou trouxa a este ponto.

— Uau, então você gosta dele desde o colégio? Amiga mas tu gosta de sofrer mesmo hein! - Napo me deu leves tapinhas nas costas.

— Mas pelo amor de Deus você não vá falar isso pra Ludmila! Meu maior medo atualmente em você descobrir era a Ludmila ficar sabendo. Vocês moram juntos agora. Estão cada dia mais próximos...

— Natália você acha que eu sou doido? - ele me interrompeu fazendo cara de confuso. — Você acha que eu quero ver nossa banda em guerra? Eu nunca faria fofoca sua pra minha prima. Você ainda é minha melhor amiga.

— Me desculpa, amigo. - eu falei fazendo beicinho olhando para Napo. — Eu as vezes me sentia meio mal sabe... você confiou em mim ano passado pra ser a primeira pessoa que você contaria sobre sua sexualidade... e eu não fui capaz de te contar uma coisa tão boba como essa. - eu estiquei minha mão sacudindo os dedos esperando que Napo a segurasse.

— Tá tudo bem amada, sem drama! - ele segurou minha mão. — Você já me conta tudo da sua vida mesmo né ararinha, um detalhezinho a mais ou a menos não importa. - ele riu.

 

A conversa mudou o rumo. Comemos bastante. André apareceu no local algumas vezes. Foi uma noite agradável apesar de eu me sentir em um exposed de twitter graças a Francesca.


xXx


Acordei lentamente e estava deitada de bruços com a cabeça de baixo de um dos travesseiros. Me virei devagar tirando o travesseiro e deitando de barriga pra cima agora abraçada com o mesmo. Fui tentando abrir os olhos mas minha vista estava embaçada. Ainda sem conseguir ver direito, com a mão fui procurando meu celular que eu deixava sempre em cima do baú ao lado de minha cama. O peguei e pisquei os olhos algumas vezes até conseguir enxergar a hora na tela. Era sábado, uma e quarenta da tarde. Eu sempre dormia mais que a cama quando não tinha nenhum compromisso pela manhã. Botei o celular de volta em cima do baú e me levantei da cama vagarosamente, me espreguiçando. Apenas fui ao banheiro e lavei o rosto até conseguir abrir os olhos normalmente, então voltei a pegar o celular pra ver se eu havia recebido alguma mensagem. E tinha.


Napo:

a Ludmi foi pra casa do León de novo e vai ficar o fim de semana todo lá, Natália você vai vir pra cá HOJE, EU TO MANDANDO

 

Naty:

mas oque é isso? manda ela morar com ele então! que grude da porra!

 

Napo:

olha o ciúme kkkkkk

 

Naty:

>:[

 

Napo:

você vem ou não?

 

Naty:

vou ver com meus pais e te falo



Conversei com meus pais e deu tudo certo. Combinei com Napo que iria no final da tarde e dormiria lá. Francesca não poderia ir pois sábado é um dia movimentado no Restó.

Ao chegar no apartamento de Napo o mesmo me recebeu com um abraço. Ele já estava de pijama. Um fofíssimo pijama de camisa e shorts que eu dei pra ele de presente, azul pastel com vários ursinhos brancos. Nós dois combinamos de nos dar pijamas fofos no último Natal. Eu inclusive trouxe o que ele me deu, que era de camisa e calça, camisa branca da Hello Kitty e calça rosa choque lisa.

— Eu fiz bolo de chocolate. Tá quase pronto. - Napo falou enquanto fechava a porta.

— Hmm... tá com um cheirinho ótimo. - respondi de olhos fechados enquanto sentia o aroma.

— Vem cá ver oque a Ludmila aprontou. - Napo falou me puxando pelo pulso. Joguei minha mochila no sofá e o segui até o corredor. — Ela não se contentou com o espelho na porta do meu guarda roupa. - Ferro mostrou um grande espelho que ocupava a maior parte da parede no fim do corredor. — Ela que comprou.

— Bom... agora dá pra tirar boas fotos no espelho dos lookinhos do dia. - falei sorrindo amigavelmente.

— E você acha que não foi por isso mesmo? - ele riu. — Ela adora tirar foto das roupas que ela usa. E ela tá acostumada a ter espelho grande em casa... a infeliz tinha CLOSET na casa dos pais. E agora ela tá tendo que dividir um único armário comigo, coitada.

— Bom, eu também gosto de tirar foto das minhas roupas mas eu sempre preciso pedir pra minha mãe ou você baterem a foto, já que não tenho um espelho decente. - nós rimos.

— Amiga, ela me mostrou uma foto, o closet dela é do tamanho do teu quarto.

— Caralho... - meu quarto era pequeno, literalmente um quadradinho. Mas pra um lugar onde você guarda roupas e sapatos, é... achei bem grande. Queria. — Mas vem cá... a Ludmila é rica ou oque?

— Pior que é. Os pais são né, na verdade. Ela inclusive falou que os pais dela queriam pagar um apartamento aqui só pra ela, mas ela não aceitou, porque queria ser independente. Aí ela descobriu que eu morava aqui e deu no que deu. - Napo falou enquanto andava até o quarto e se sentava na cama.

— Ah entendi... mas então ela trabalha? - me sentei junto com ele.

— Ela tem uma loja online de produtinhos da Ásia. Inclusive posso te mostrar depois. Tem umas coisinhas que acho a tua cara. - ele sorria.

— Entendi, entendi... é, me mostra depois. - sorri amigavelmente de volta. — Legal que ela tenha tido essa postura... eu no lugar dela teria aceitado ser bancada, que sonhoooo. - eu falei aos risos.

— Ai Naty e eu não? Que raiva de ser o primo pobre. - ele riu também. — Menina, deixa eu ver se meu bolo tá pronto. Fica a vontade aí. - Napo se levantou e deu uma corridinha até a cozinha.

Fiquei sentada na cama de casal, olhei para os travesseiros e vi que havia uma pelúcia de porquinho com um macacãozinho vermelho. Eu nunca havia visto aquela pelúcia então supus que era de Ludmila. Era muito fofo. Deixei no lugar que peguei e me levantei saindo do quarto.

— Napo! Vou no banheiro colocar o pijama, não coma o bolo sem mim! - falei enquanto pegava minha mochila no sofá da sala.

— Ih, vou comer tudo sozinho. - ele falou da cozinha em tom de brincadeira.

Fui até o banheiro e tranquei a porta. Rapidamente encontrei o pijama em minha mochila. Enquanto trocava de roupa pude reparar algumas coisas em cima da pia que provavelmente eram de Ludmila. Guardei minha antiga roupa na mochila e fui fuxicar oque tinha de novidade naquele banheiro.

Vi uma escova de cabelo na cor preta, com alguns coraçõezinhos vermelhos na parte de trás, ainda havia agarrado alguns dos longos fios loiros da garota. Vi alguns vidros de perfume, misturados aos do primo. Peguei um frasco quadradinho, com um líquido rosa que achei bonito. Tirei a pequena tampinha também de vidro e senti o aroma adocicado porém não enjoativo. Eu me recordo dessa fragrância, Ludmila já usou diversas vezes. Se eu pudesse definir Ludmila Ferro com um cheiro, seria exatamente o desse perfume. Espirrei um pouco do perfume em meus pulsos e os esfreguei em meu pescoço. Não havia muitas maquiagens ali, provavelmente teria levado pra casa do León. Mas vi um batom em específico, que eu me recordava de te-la visto passar em seus lábios e logo em seguida León chegar de surpresa e lhe roubar um beijo. Era um tom que deixava a boca com aspecto de naturalmente rosada. Eu passei o batom lentamente em minha boca, ele tinha uma textura confortável e um gostinho levemente adocicado. León provavelmente sentiu esse gosto ao beijar Ludmila naquele dia. Gostaria que esse batom fosse minha solução para ser amada por León Vargas. Deixei o batom onde peguei e fiquei um tempo parada me encarando no pequeno espelho do banheiro que só se via do peito pra cima. Me peguei a pensar o quanto eu queria ser como Ludmila. O quanto eu tentei a vida toda ser boa pro León mas ele nunca me amar e ela chegar assim de repente e o ter aos seus pés como um passe de mágica. Existe uma letra de uma música do Little Big Town que descreve bem oque eu estou sentindo.

"Eu quero provar os lábios dela, sim porque eles tem o seu gosto
Eu quero me afogar, em um frasco do perfume dela
Eu quero o longo cabelo loiro dela
Eu quero o toque mágico dela
Sim porque talvez então, você gostaria de mim o mesmo tanto"

Uma música que de início, eu pensava ser sobre uma mulher que está apaixonada pela outra mulher. Mas se prestar mais atenção, percebe-se que a mulher quer tudo que a outra tem, porque talvez assim, ela fosse amada de volta pela pessoa que ela ama, que nesse caso, está com a tal mulher. O nome da música ser Girl Crush já era algo que me confundia, pois pra mim, girl crush é você ter um "crush" numa garota. Mas aparentemente, também pode significar uma garota ser extremamente apaixonada, quase que obcecada. Como um amor avassalador de juventude quem sabe, por isso girl ao invés de woman, talvez. Não sei bem, apenas suponho.

"Eu não consigo dormir
Eu não tenho paz
Pensando nela
De baixo dos lençóis de sua cama
O jeito que ela está sussurrando
O jeito que ela está te puxando
Deus sabe que eu tentei
Eu não consigo tira-la da minha cabeça"

Antigamente as vezes eu me perguntava, se pra pessoa da música chegar nesse ponto, ela já não estaria apaixonada por ambos...

— Naty, tá tudo bem aí? - Napo bateu na porta e eu levei um susto, interrompendo meus pensamentos.

— Tá sim. Eu já to indo. - Eu falei limpando uma única lágrima que havia escorrido e pegando minha mochila. Eu abri a porta.

— Vamos de bolo? - falei sorrindo tentando fingir que não houve um momento de surto naquele banheiro.

— Bora. - Napo saiu andando. Deixei minha mochila dessa vez no quarto, em cima da cama e depois segui Napo até a cozinha. Ele pegou o bolo e botou em cima da pequena mesa de quatro lugares.

— Tá com uma cara ótima! - falei me sentando na cadeira. Napo ainda de pé olhou bem pro meu rosto.

— Amiga, você tá de batom? Natália Vidal de batom EM CASA? Tô vivendo numa realidade paralela? - ele botou as mãos na cintura com cara de confuso.

— Ah... é que... eu vi umas coisas ali em cima da pia sabe... aí eu usei um dos batons da Ludmila. - eu sorri torto, bem sem graça. — Eu não costumo usar coisas dos outros sem permissão, tu sabe disso... mas eu sei lá, foi puro impulso, eu nem pensei. - eu esfregava meus próprios braços. Não consegui mentir.

— Natália eu to sentindo um perfume... você usou o perfume da Ludmila também? - ele sorria de olhos arregalados, como quem estava incrédulo.

— Cara, eu não sei oque me deu! Eu não sei, não me peça pra explicar! Eu não sei! - eu falava com as mãos na cabeça, estava realmente muito nervosa.

— Calma, não é pra tanto, eu só achei estranho...

— Você não acha que eu tô obcecada ou algo do tipo, acha? - eu falei tentando me acalmar porém já com os olhos marejados.

— Bom, talvez um pouquinho né. - Napo fez o sinal de pouquinho com os dedos e riu. Eu soltei um gemido de sofrimento e deitei a cabeça na mesa. — Ô Naty, eu to brincando. - ele ria e me fazia um carinho na cabeça.

 

— Napo, você tem noção que eu entro no instagram dela só pra ficar sofrendo querendo ser ela? Eu to ficando maluca! - falei ainda com a cabeça na mesa.

 

— Porque não para de evitar a garota e tenta fazer amizade? Talvez te faça bem conhecer ela melhor, pra você parar de ter essa imagem que ela é, sei lá, uma deusa. Eu te juro que a Ludmila é um amor de pessoa, mas uma pessoa como todos nós, com defeitos e qualidades.

 

— Fala aí então um defeito dela que não seja namorar o León! - levantei a cabeça e cruzei os braços.

 

— Tá aí! Mal gosto pra macho. - ele riu.

 

— Palhaço! - eu ri também.

 

— Eu posso até ser amigo do León mas ô pessoinha difícil de conviver!

 

— Eu que o diga...

 

— Mas falando sério, não quero mais te ver nesses surtos não. A Ludmi é maravilhosa mas você também é. Azar o do León que nunca enxergou isso. Você não pode se rebaixar assim, Natália. Logo você que sempre espalhou discurso de ter orgulho de quem você é, querendo ser outra pessoa pra agradar macho? Ai ai ai! - Napo botou as mãozinhas na cintura enquanto batia um dos pés no chão como se brigasse comigo. Eu achei graça.

 

— Já diria Supercombo em Piloto Automático: fácil de falar difícil fazer. - falei cantando.

 

— Ai Naty... vamos comer esse bolo logo e chega de pensamento ruim! Bora fazer um karaokê caseiro depois pra animar! - Napo cortou um pedaço do bolo e colocou em um prato pra mim.

 

— Bora! - respondi sorrindo. Essa noite ia ser muito divertida, desde que enterrássemos o assunto "ludeon".


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Notas finais do capítulo

• Eu gostei muito desse capítulo, espero que gostem tanto quanto eu!
• Gostaria de pedir por favor, se você está gostando dessa fanfic, deixe algum comentário e adicione a suas favoritas e/ou acompanhando, isso me incentivaria demais, eu quero muito saber se vale a pena eu continuar escrevendo a Girl Crush ♡
• Não se esqueçam de conferir a Naty's playlist ♡



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