Girl Crush escrita por suenacomoyo


Capítulo 6
Eu sinto inveja




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Agora Ludmila era oficialmente uma membro da On Beat. Ao longo da semana eu tentei ao máximo ficar distante dela e de León. Felizmente não tinhamos marcado nenhum ensaio naquela semana e não tinhamos nada para gravar para nosso canal no youtube.

Esse ano eu finalmente tomei coragem e me inscrevi nas aulas de canto e dança, não é o foco principal mas achei que seria interessante tentar. Digamos que só 20% do meu tempo no Studio vai ser gasto com canto e dança. Por ser uma veterena, eu tenho direito de adicionar aulas extras depois de um certo tempo estudando lá, sem precisar de audições. Até porque se eu fosse fazer audições eu estaria ferrada. Não manjo de canto e dança como manjo de baixo. O lado ruim dessas aulas extras é que agora terei que esbarrar com o casal mais vezes.


xXx


Exatamente duas semanas desde que Ludmila entrou para nossa banda, nos reunimos após as aulas na garagem da casa de León pois os meninos sugeriram que Ludmila fizesse um cover solo para postar no canal e se apresentar como nova membro. Depois iríamos gravar o primeiro cover da banda com ela. Escolhemos fazer uma versão rock da música Dollhouse da Melanie Martinez.

 

Para seu momento solo, a loira escolheu cantar a mesma música que ela havia se apresentado para nós no Studio. Hoje a garota se vestiu a caráter quase como uma boneca. Um vestidinho rosa com gola branca, saia rodada e um laço na parte de trás. Ela usava meias 5/8 brancas transparentes e um sapatinho preto realmente muito parecido com um sapatinho de boneca. Pra completar o visual, usava uma pequena presilha de lacinho rosa de um lado do cabelo, com o resto todo solto. Eu sempre reparava muito no vestuário de Ludmila Ferro. A desgraçada além de linda e talentosa, é extremamente estilosa.

Ocorreu tudo bem durante ambas as gravações. A voz da nossa nova membro combinava bem com a dos meninos. Ficamos um tempo à toa na garagem e León nos ofereceu um lanche. Após o lanche, Ferro pediu para Vargas tirar fotos dela em seu lookinho de boneca. A garagem do mesmo era bem decorada e sairia um bom fundo para foto. Fiquei reparando nas poses que a garota fazia para as fotos. Parecia que ela nem se esforçava. Ela trocava de pose tão naturalmente e ficava linda de todos os ângulos. Ela veio mostrar as fotos para Napo, que estava sentado ao meu lado no tapete. Eu fiquei olhando todas as fotos desacreditada, que não tinha saído uma única foto ruim. Enquanto eu, tiro 30 fotos pra 5 ficarem boas e olhe lá. Eu queria ser como a Ludmila.

— Então galera, tenho que puxar meu barco. - André disse se referindo a ir trabalhar. — Alguém quer carona pra casa?

— Eu queria ficar mais um pouco, mas acho que eu e Napo vamos aceitar a carona. - Ludmila respondeu.

André era o único que tinha carteira para dirigir carros e León tinha apenas para pitolar moto. Vargas era muito cuidadoso no trânsito portanto não ia ser daqueles loucos que espremem três pessoas numa moto. Pra Ludmila ir pra casa junto com Napo teria que ir no carro do baterista.

— E você, Naty? - o dono do carro perguntou enquanto rodava as chaves no dedo.

— Ah eu acho que a minha casa vai ser um pouquinho de contramão pra você. Não quero incomodar. - eu respondi.

— Mas você tem alguém pra vir te buscar? Sei que não gosta de pegar ônibus sozinha. - León perguntou.

— Ah eu posso pedir pro meu pai vir até aqui...

— Deixa que eu te levo de moto, bora! - León me interrompeu. Eu me surpreendi, era muitíssimo raro ele me oferecer carona. — Assim eu aproveito a passo naquela padaria perto da sua casa que tem umas coisas deliciosas. - Ele abriu um sorriso sapeca enquanto passava a mão na barriga.

— Ah então você só me ofereceu carona por causa da comida né safado! - eu falei rindo e o dando um tapinha de leve.

— Mas é claro! Comida em primeiro lugar! - ele respondeu bagunçando meu cabelo. Logo foi a procura da chave de sua moto.

O casal se despediu com um beijo bem dado. Achei péssimo. Logo todos nos despedimos. Os primos Ferro foram para o carro com André e eu fiquei na garagem esperando León ligar a moto. Subi na mesma com um pouco de dificuldade e ele riu da minha cara. Só passo vergonha. Botei as mãos no ombro de León e sei lá porque o garoto sentiu cócegas e me mandou abraça-lo ao invés disso. Não vou mentir, não achei uma má ideia. A moto começou a andar e enquanto o vento batia eu sentia uma sensação, sei lá, tão gostosa. Eu me senti numa cena de filme, andando de moto agarradinha no meu amado. Ainda bem que nossas casas eram longe de certo modo e eu poderia aproveitar bem o passeio. Eu sinto inveja de Ludmila Ferro, por poder ficar coladinha com León Vargas a hora que quiser.

Percebi a moto parar antes da minha casa. Estávamos na padaria. León me pediu pra entrar com ele e escolher algumas coisas gostosas pra gente lanchar no ensaio de amanhã. Escolhemos uns mini cachorros quentes e pãezinhos com recheio de calabresa. De doce, levamos um bolo de laranja, daqueles bem molhadinhos. Ele ainda me deixou "roubar" um dos cachorros quentes porque sabe que eu amo. Como a padaria já é na minha rua, dalí decidi ir andando. Agradeci a carona e me despedi de León com um breve abraço.


xXx

 

Alguns dias após liberarmos os vídeos com Ludmila em nosso canal, recebemos muitos elogios de alunos e professores no Studio. Sempre que alguém vinha falar sobre ela comigo eu ficava super sem graça pois nós não éramos sequer colegas, eu não tinha nada pra falar além do óbvio, que ela é linda e talentosa. Eu não conseguia me aproximar dela, ver a relação dela com León me machuca.

Guardei algumas coisas em meu armário no Studio e assim que saí da sala me deparei com Ludmila entrando pela porta da frente da escola de artes. "Ela não anda, ela desfila" nunca fez tanto sentido. Parecia que o mundo parava pra Ludmila passar. Ela usava um tomara que caia preto com uma saia rosa levemente rodada e calçava um salto preto não muito alto. Os cabelos soltos longos até a cintura mais uma vez balançavam com o vento que vinha da porta. Parecia que o universo estava mesmo contra mim. Eu me sentia até humilhada. De repente vejo León caminhando em sua direção. Eles se dão as mãos e um selinho. Essa cena doía. Eu invejava Ludmila. Eu sequer tinha raiva dela. Apenas inveja. Eles seguiram de mãos dadas até o salão principal. E eu fiquei apenas olhando eles passarem.

— Tem certeza que isso não te incomoda? - Napo surgiu de repente ao meu lado.

— Que susto, porra! - falei com a mão no peito. — E que que tu tá falando aí?

— Eu to vendo seus olhos perseguindo o casal por aí. - ele mostrava o caminho que haviam feito sacudindo os dedos.

— Minha mão que vai perseguir sua cara já já! - falei sem gostar do que ouvia.

— Olha a violência contra os animais. - o baixinho respondeu em tom de brincadeira.

— E tu já viu alguém ser preso porque matou um rato? Deveria, mas não acontece. - eu falei rindo.

 

— Ah mas eu não tenho direito nenhum mesmo, eu não tenho paz. - ele falou fazendo um drama de brincadeira.

— Bora pra aula, rato. - falei dando um beijinho em sua bocheca e logo o puxando pelo braço.

— Bora, arara. - ele respondeu enquanto caminhávamos até a sala.

Napo me chamava de arara por causa das vezes em que eu estava muito nervosa contando algo pra ele, não conseguia parar de falar e falava muito rapidamente. Pra revidar eu comecei a chama-lo de rato, simplesmente porque ele é pequenininho. Minha amizade com o Napo foi uma das melhores coisas que o Studio me trouxe.


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