Aqueles que Uivam escrita por Avatar Wan


Capítulo 7
Ramyun


Notas iniciais do capítulo

Fiz um capítulo mais calminho dessa vez



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Clarice e Elizabeth finalmente chegaram a escola, e foram se encontrar com Calebe, Victório, Pietra, alguns outros professores, e o diretor. Enquanto as duas professoras se aproximavam, os olhos dourados de Calebe se voltaram quase instantemente para Clarice. No entanto, o seu olhar foi substituído pelo sorriso malicioso que ele costumava dar antes de deixar alguma bobagem de sair sua boca.

— E aí meninas, se divertiram muito no encontro de vocês? - perguntou Calebe deixando o sorriso cheio de intenções ainda maior.

— Mais do que imagina – retrucou Elizabeth, deslizando suas mãos pelos ombros de Clarice e a abraçou Clarice por trás.

Ambos riram, mas Clarice ficou bastante chateada. Apesar de ser a intrusa, não gostava de como os dois se davam tão bem, e ainda de ser usada como objeto de seus possíveis flertes. Então sem que ninguém percebesse, se afastou para tomar um ar, enquanto Elizabeth ficou na sala de reunião contando sobre o que haviam descoberto com o professor de Educação Física, para os outros professores. Clarice estava se perguntando como iria para casa àquela hora da madrugada, quando Calebe apareceu diante dela em sua forma de Lobo.

— Vamos? – disse ele.

— Por que não vai levar a Elizabeth? – perguntou Clarice.

— Ela tem quatro patas, pode se virar sozinha. – de alguma forma dava para notar que Calebe por dentro daquela forma de lobo, estava deixando escapar seu sorriso sarcástico.

— Quer dizer que para vocês eu sou frágil? – perguntou Clarice, com as mãos na cintura.

— Como um bebê. – Afirmou ele.

— Que absurdo, vou a pé. – Clarice bateu o pé, e caminhou em direção a saída.

Calebe riu, então pôs a cabeça por baixo das pernas dela e em um só impulso a jogou para cima, fazendo com que Clarice pousasse exatamente nas costas dele.

— Se segura. – então saltou por entre as casas do bairro, era tão alto que por um instante eles pareciam estar voando, o que despertou curiosidade em Clarice.

— Você pode voar? – perguntou ela, curiosa.

— Sinto muito senhorita, voar não estar incluso no pacote. – respondeu Calebe.

— Quais poderes você...

Calebe acabou impedindo o que Clarice iria perguntar, com uma outra pergunta.

— Então quer dizer que você é boa com cachorros.

Clarice ficou um pouco surpresa com a pergunta, mas depois percebeu que Elizabeth poderia ter contando enquanto ela estava do lado de fora da sala.

— Um pouco. – houve um breve silencio. – Você e a Elizabeth são bem próximos, não é mesmo? – só depois que as palavras saíram de sua boca que Clarice se deu conta do porquê está perguntando algo tão íntimo assim. De repente, começou a se sentir muito culpada por ter ciúmes de alguém que nem era nada dela.

Sem responder à pergunta, Calebe mudou a rota e começou a ir para um caminho totalmente diferente.

— Ei! Minha casa fica para lá. – disse Clarice, puxando os pelos de Calebe para a outra direção.

— Eu sei, só vamos fazer uma mudança na rota de hoje. – disse Calebe ignorando os puxões.

— Para onde você está me levando? – Perguntou. Apesar de resistir inicialmente, acabou desistindo, visto que era impossível medir forças com lobisomem.

— Já já você vai saber. – disse ele.

— Odeio homens misteriosos. – afirmou Clarice, enquanto admirava a lua e as estrelas que a carona propiciava deslumbrar.

— Odeia nada. – retrucou Calebe. Clarice permaneceu calada. De repente, Calebe pousou em frente a uma pequena barraca que vendia um prato chamado Ramyun.

— Nossa, não sabia que isso vendia aqui!

— Sim, Sung gi é um velho amigo meu. Ele vende Ramyun toda noite aqui, desde de antes de eu chegar a esta escola.

— Desde antes de fundarem a escola. – Corrigiu Sung gi, a correção fez com que ambos caíssem na risada. Já Clarice, que ficava um pouco perdida nessas conversas, estava louca para provar o tal Ramyun.

— Que bela moça temos aqui hoje. – disse Sung gi.

— Ela é a nova professora de Biologia do colégio. – disse Calebe. – Clarice. – completou.

— Prazer. – Disse Clarice, aguardando seu prato.

— Já vi que o senhor Calebe só vem se acompanhado de mulheres bonitas. – Comentou Sung gi, dando umas risadinhas enquanto cobria a boca com uma das mãos.

— Então você já trouxe a Elizabeth aqui? – Clarice deixou escapar novamente.

— Elizabeth? Não, ele vinha sempre com a sua falecida esposa. – disse Sung gi.

— Ah, me desculpe... – Clarice ficou surpresa, e se sentiu ainda mais culpada. No final, não pode deixar de lançar um olhar de empatia para Calebe.

— Me perdoe também meu senhor... – Sung gi tentou consolar Calebe que agora estava com um olhar um pouco distante.

— Tudo bem, está tudo no passado. – Calebe forçou um sorriso.

Enquanto se deliciavam com o Ramyun, Calebe e Clarice trocaram informações sobre o ocorrido, e Calebe acabou enfim esquecendo o assunto de sua falecida esposa. No entanto, quando Calebe estava levando Clarice para casa, ela trouxe de volta o assunto, por conta de sua curiosidade incontrolável.

— Então você foi casado...

— Sim. – Calebe tornou a manter um olhar distante, como se ainda estivesse preso ao passado.

— Você a amava?

— Com toda certeza do mundo..., mas nosso casamento já não era a mesma coisa quando ela partiu. – rapidamente Calebe tentou fugir do assunto mais uma vez. - E você, tem alguém?

— Eu? Tive algumas paixonites rápidas. Mas nunca um amor de verdade. – Disse Clarice. – E no momento estou focando na minha carreira como professora, mas se aparecer alguém, não vou reclamar. – completou.

— Só porque foi rápido não significa que foi falso. – disse Calebe.

— Talvez... - Clarice parou um instante, e comtemplou o céu mais uma vez. Parecia muito bom ver o universo das costas de um lobo gigante. - Você deve ser espertinho já que tem séculos de idade. – disse ela.

— Tenho quinhentos e quarenta e um anos de experiência para ser preciso. – respondeu Calebe.

— Nossa, não consigo nem imaginar o que é ter essa idade. – disse Clarice

— Seria como perguntar para uma borboleta como é viver tanto tempo quanto um humano, é inconcebível para a mente dela. Só quem vive, sabe.

Finalmente chegaram a janela do quarto de Clarice, e lá ela desce do lobo, que assume a forma humana.

— Você tem que aprender a chegar pela porta. – disse ela.

— Aí não teria graça. – respondeu ele.

Os dois se encaram e trocaram sorrisos, enquanto as cortinas da janela balançavam ao lado deles.

— Até mais. – disse Clarice.

— Até mais – respondeu Calebe ainda parado admirando o rosto de Clarice, e o cabelo castanho levemente avermelhado.

— Você não vai? – fez um gesto com a mão como se estivesse expulsando um cachorro do quarto.

— Vou. – Respondeu ainda admirando ela.

— Então, tchau. – insistiu, deixando escapar suave um sorriso, "ele fica lindo contra a luz da lua", pensou.

— Tchau. – disse ele, já bem sorridente.

Clarice começou a rir de preocupação, e um pouco de alegria. Calebe não ia embora de forma alguma. Mas quando ela menos espera, ele se vira para ir embora. Rapidamente para não perdê-lo, Clarice fala a primeira coisa que lhe vem à mente:

— Você quer? – Perguntou Clarice.

— Oi? – Calebe se virou para ela, confuso.

— Quer tomar um pouco de café? – Clarice deu uma risadinha de vergonha e mordeu os lábios ansiosa por uma resposta.

— Quero sim. – Calebe entrou fitando cada canto do quarto.

Dentro de si, as várias Clarices comemoram a vitória, e escarneceram ao mesmo tempo Elizabeth com todas as forças "É isso aí, vadia! Eu é que estou com tudo na parada! ". Mas por fora ainda continuava um pouco tímida e rindo fora de hora, mas Calebe parecia não se importar. Clarice caminhou para a cozinha e pôs-se a preparar a o café.

— Já sei que para você são dois caminhões de açúcar. – disse ela, enquanto colocava açúcar na caneca de Calebe.

— Não sei nem que milagre é esse que você tem açúcar em casa. – disse Calebe enquanto olhava cada canto da casa de Clarice, um pouco surpreso com a decoração, pois apesar de bastante organizada, tinha bastante objetos da cor rosa, inclusive algumas paredes.

— Você gosta bastante de rosa, não é? – perguntou ele.

— Nem tanto. – disse ela, enquanto entregava uma caneca para Calebe, e se servia em outra. – Foi apenas coincidência que minha casa ficou toda rosa e branca.

— Tendi, e esses desenhos? – Calebe segurou um dos desenhos que estavam sobre uma mesinha, na sala.

— São meus, gosto de desenhar no tempo livre.

— Espera, esse sou eu? – pegou um desenho de um lobo fantasmagórico.

— Ah! – rapidamente Clarice tomou o desenho da mão dele, e guardou com todos os outros em uma velha pasta que possuía as iniciais A.R, e os levou para o quarto.

Calebe riu e então sentou-se no sofá, aguardando Clarice voltar. Quando Clarice retornou, pensou em trazer o assunto da esposa falecida de Calebe, mas preferiu deixar para lá.

— Então, quem você acha que pode estar por trás do assassinato? – perguntou ela.

— Complicado dizer, o garoto Daniel pareceu bastante assustado durante o interrogatório, mas não acho que ele tenha culpa. Quem fez isso poderia ser uma pessoa mais de sangue frio como a Sophia.

— O professor Nicolas também me pareceu um pouco suspeito. – disse Clarice.

— O Nicolas é bastante desprezível, mas não sei se ele se envolveria em algo como assassinato. – disse Calebe.

— Ele pareceu ter algo com a Elizabeth. – disse Clarice, então tomou um gole de seu café, e observando a reação de Calebe.

— Sim, eles tiveram um caso não tem muito tempo, mas acabaram não dando certo. Ela não me contou o motivo, mas acredito que ainda pense no Michael.

— Michael? – perguntou Clarice.

— Sim, meu melhor amigo. Era o esposo dela, que acabou falecendo a uns cento e vinte e três anos atrás.

De repente Clarice começou a perceber porque os dois eram tão unidos, ambos haviam perdido pessoas que amavam, e só tinha um ao outro para se amparar.

— Ele... também era um lobisomem?

— Não, era humano, como você. Claro que na época a Elizabeth também era humana. Mas um acidente aconteceu com os dois um dia antes do casamento, e infelizmente não pude salvar a vida do meu amigo. Seu último desejo foi que eu salvasse sua esposa.

"Que merdaaaaa, não consigo fazer uma pergunta que não deixe esse homem abatido. Vamos lá Clarice, você consegue, diga algo para animá-lo".

— Eu sinto muito...quer mais café? – "Meu Deus, Clarice! Enfia logo uma faca nele" pensou.

— Não, obrigado. Já vou indo, foi bom conversar com você. – Calebe sorriu, e foi caminhando em direção a janela do quarto de Clarice, que pensou em dizer alguma coisa, mas simplesmente sorriu, e se culpou por não ter dito nada melhor para ele.

— Até mais. – disse Calebe, se transformando em um lobo e desaparecendo na luz da lua.

Quando ele partiu, Clarice bateu o pé e reclamou de si mesma. Voltou para a sala para pegar os copos e leva-los para cozinha, quando notou que eram copos que um estava escrito "esta pessoa ama café >>" e o outro dizia, "esta pessoa ama café<­<", então seu coração se encheu de esperança mais uma vez.

— Eu vou conseguir esse gato para mim! Quer dizer, lobo! – soou como a vilã de um filme. Até a gargalhada que deu foi parecida, porém foi interrompida pelo choque do seu cotovelo na quina da parede. 

 


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Notas finais do capítulo

Deixem os comentários para eu saber o que vocês estão pensando. Se possível, deixem suas teorias também. haha! ^^'



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