Aqueles que Uivam escrita por Avatar Wan


Capítulo 4
Cães, Morcegos, e Lobos


Notas iniciais do capítulo

Posso demorar um pouquinho por causa da minha falta de confiança e preguiça, mas vou postar sem falta.



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Ela ficou completamente congelada apenas com seus olhos negros fixados naquela imagem horrorosa. Não podia crer que dentro da boca da estátua, havia um corpo com o uniforme rasgado na cintura onde dava para ver uma ferida tão profunda quer formava um losango como se a pele houve sido rasgada por uma garra enorme, e escorria sangue de lá, desenhando seu caminho pelo canino inferior da estátua de lobo e respingando em gotas no chão. No corpo ainda havia muitos outros cortes menores e alguns rasgões nas roupas.

— Parece que ela se envolveu em uma batalha. - Disse uma voz ao fundo. Clarice se virou e viu que era Calebe, que chegou sem que ela notasse de tão chocada. Clarice voltou a si, e desculpou- se por ter ficado tanto tempo focada naquela imagem.

— No meio do dia, um aluno do noturno, mas como? - Disse Clarice, agora sem conseguir olha parra imagem novamente, suas mãos estavam tremendo e todo o medo de viver em uma cidade cheia de monstros a assolou por inteira. Tentava olhar para Calebe, mas não conseguia então ficou encarando o chão por um bom tempo, mas ao ver os sapatos escuros de Calebe, de repente de sentiu um pouco mais confortável e criou coragem para olhar para o rosto dele.

— Aluna. - Disse Calebe. - Consigo saber pelo cheiro. Fica difícil notar observando porque ela está usando o uniforme de educação física.   

Logo mais pessoas começaram a se aglomerar na cena do crime, então o diretor declarou que as aulas estavam canceladas.

— Você e você! - Apontou o diretor para Calebe e para Éden que havia acabado de chegar. - Tirem o corpo de lá, vou entrar em contato com meu irmão.

— Não devíamos chamar uma ambulância? - Perguntou Clarice.

— Quando essas coisas acontecem com alunos do noturno, apenas os responsáveis do noturno podem dar um jeito- Respondeu Calebe. - Nós. - Disse ele dando um sorriso de leve para ela.

— Já estou tão acostumado com isso que nem questiono mais. - Disse Éden. - Há um tempo tentei chamar uma ambulância para uma aluna do noturno quando ela estava passando mal. Quase fui demitido e processado por isso.

O corpo foi levado para dentro da escola, no terceiro andar e Éden foi para sua casa, só ficaram aqueles que trabalhavam também no horário noturno. Depois de uns 10 minutos chegou uma mulher extremamente alta, de olhar cansado, cabelo curto, usava óculos com uma armação preta, mas o que chamava mais atenção era uma cicatriz enorme no rosto.

— Porque não entraram? Ah sim! A chave está comigo, vamos! - Disse ela, com um pouco excitação, mas sem deixar sair nem um sorriso do rosto. Após passar pela por continuou segurando- a até que todos passassem com o corpo. - Sintam- se em casa, mas não muito. - Quando o corpo passou por ela, sem olhos se movimentaram em uma velocidade sobre humana fazendo uma análise rápida sobre todas as evidências.

Clarice não pôde evitar de olhar para baixo e ver que essa excêntrica mulher estava usando sandálias com meias por cima, cada meia de uma cor diferente, uma verde clara e outra azul clara, com olhinhos.

—  Mrs. Pietra, precisamos saber se ela foi morta por um lobisomem. - Disse Calebe.

—  Shhh...-  Mrs. Pietra fez o sinal para que ele se calasse. - Ora ora, o que temos aqui, um espécime raro de Licantropus versalis. — Pegou pelo braço da vítima e ao invés de observar diretamente as feridas ficou observando cada parte da anatomia do corpo. Correu para seus livros que estavam em uma estante e de lá puxou um livro que havia escrito “Morfologia Lincantropa” por Nobrega e Silva.      - Na verdade, se trata uma mutação dessa espécie...- Disse Mrs. Pietra apontando para um desenho de um lobisomem bem diferente dos conhecidos nos filmes e livros.

Clarice não se conteve e correu para o lado de Mrs. Pietra e olhou a imagem do livro que contia um lobo que lembrava muito com o lobo-guará, mas também havia uma forma meio humana e meio lobo desenhada, e parecia um homem com dois metros de altura com braços largos e peludos, era difícil de saber se ele tinha um focinho ou um nariz. Clarice passou o dedo por entre cada dentre da ilustração e olhou para Calebe, mas antes que ela pudesse dizer algo, ele tomou a frente e disse.

— Não pertenço a esta espécie.

—  A espécie deste homem é uma das mais raras e mais antigas, nem tem registro aqui. - Apontou para Calebe e o analisou por um instante. - Adoraria abri- lo para poder estudá- lo.

Mrs. Pietra buscou tubo de ensaio que estava dentro do armário e então colocou o liquido que estava contido ali em uma seringa e aplicou no corpo da vítima, que imediatamente começou a se transformar.

—  Wonderful! Wonderful! - Exclamou Mrs. Pietra.

O corpo humano da vítima começou a se transformar em um lobisomem como o que havia no livro, mas possuía detalhes diferentes, como protuberâncias que lembravam chifres saindo das costas, e de alguns cantos dos membros além do pelo não ser alaranjado e preto, como estava descrito no livro, era amarelo e preto.

— Essas protuberâncias...- Disse Clarice.

— Sim querida, lembram chifres, não é mesmo. Porque são. Veja só como são ramificados. - Mrs. Pietra apontou para eles.

Clarice olhou para Calebe, o qual estava bastante sério, talvez pelo ocorrido, ou talvez pelo assunto.

— Lembra um pouco a transformação do Arthur, não lembra? - Neste momento o medo de Clarice já havia se dissipado e a pesquisadora dentro de si estava em ação.

— Você está falando do discípulo dele?  Não não, minha querida, apesar dele também ser uma mutação, é derivado da espécie do Calebe, Licantropos...qual é mesmo. - Perguntou Mrs. Pietra.

— Não vou te dizer, e além disso, é melhor focarmos no incidente, uma aluna morreu hoje do nada e vocês estão preocupadas com espécie e coisas do tipo. - Disse Calebe, demonstrando um pouco, um pouco chateado. Tirou seu paletó deixando a amostra sua camisa social branca coberta por um colete cinza e sentou- se.

— Esses espécimes carregam consigo genes divinos ancestrais em seu DNA antes mesmo de serem transformados. - Disse Mrs. Pietra.

—  Genes divinos? - Perguntou Clarice.

— Sim, há muito tempo os lobisomens foram criados a partir da tecnomagia por um médico e pesquisador chamado Hellsing. Eles foram criados no intuito de caçarem e exterminarem os vampiros, mas quando os vampiros foram praticamente extintos, os lobisomens passaram a caçar os humanos. Devido a isso, foram criados outros seres para deterem os lobisomens, mas para que não fosse cometido o mesmo erro, foram inseridos os chamados “genes divinos”, que são genes específicos que inibem o desejo de se alimentar de humanos. Os primeiros experimentos dessa transformação eram chamados de “Cães Divinos”. - Calebe fez uma pausa, e se ajeitou na cadeira e estalando os dedos continuou a explicação. - Os cães divinos são seres que assim como os lobisomens podem tomar as duas formas, a de humano e a de animal. Muitas deles tiveram filhos com humanos há muitas eras atrás, e esses humanos carregaram seus genes por muito tempo. Os genes divinos são ativados quando um descendente sofre uma maldição, como por exemplo se tornar um lobisomem, causando uma espécie de mutação.

— Desculpe-me interromper a conversar do casal. - Disse uma voz ao fundo junto com o som da porta se abrindo.

— Não somos um casal. - Clarice, e Calebe responderam ao mesmo tempo.

— Ah, oi Isa.- Disse Calebe sorrindo para a bela Elizabeth, que deixava seu casado em cima de uma mesa, deixando exposta sua camisa sem manga com alças finas tanto que também era possível ver a alça de seu sutiã vermelho.

— Existem cortes parecidos com garras, realmente. Mas não são garras, está vendo o ângulo? - Elizabeth se aproximou do corpo. - Foi feito por alguma lamina tipo katana, ou algo parecido, droga, assim transformada não tem como ver, acho que tenho uma foto dela na forma humana que você me mandou mais cedo. - Disse, enquanto jogava seu cabelo para o lado e olhava para Calebe. De longe Clarice tentava prestar atenção na explicação, mas só conseguia pensar em uma coisa “o rosto dela está muito perto do dele, aaa”. - Olhem aqui, agora está mais claro. Usei um de meus programas para comparar com todos os dados de ferimentos que temos armazenados na biblioteca virtual.

Calebe encarou Clarice e sorriu.

—  Elizabeth também é investigadora, e esse banco de dados que ela está falando é um banco de dados da nossa rede de lobisomens, são dados utilizados para investigar alguns crimes que acontecem.  

— Usamos eles para ajudar secretamente a polícia humana também, às vezes. - Disse Mrs. Pietra

— Mas como o corpo foi parar lá no meio da tarde e nenhum de nós vimos ou notamos? - Disse Calebe.

— É algo que precisamos descobrir. - Disse Pietra enquanto mexia e remexia por dentro da carne da defunta. Quando de repente vê algo, brilhando.

— Seria...-  Disse Calebe.

— Prata. - Disse Clarice.

— Seja lá quem foi que matou essa garota, sabia que ela era lobisomem.

Calebe seguiu um cheiro estranho de parafina e então foi até o corredor e notou que havia caído um pouco de parafina do corpo enquanto ele foi levado para o terceiro andar.

— Como imaginei, senti o cheiro de vela. - Disse ele.

— Mas não temos velas neste colégio, muito menos prata. - Disse Mrs. Pietra.

— Não exatamente aqui, mas o clube de arte sempre usa um pouco de parafina e prata. Podemos investigar alguns desses alunos. - Disse Clarice.


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Notas finais do capítulo

O que será que houve com esse corpo ? O.O



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