Aqueles que Uivam escrita por Avatar Wan


Capítulo 2
O Mistério do Turno da Noite


Notas iniciais do capítulo

Espero que este simples capítulo aqueça o coração de vocês



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Clarice foi para sua casa pensando na ligação, mas não conseguia manter-se calma “quer saber? Vou fazer uma visitinha ao turno da noite para verificar o que está acontecendo. Esse tal de Calebe me parece bastante misterioso, sempre ouço falar coisas suspeitas a respeito dele”. Ela enfim decidiu fazer uma visita ao turno da noite investigar a tal situação.

Chegou ao colégio, mas não parecia o mesmo do turno diurno, era o mesmo local, ela tinha certeza. No entanto, haviam algumas estruturas estranhas, e na frente da escola a enorme cabeça de lobo que costumava ficar de boca fechada, agora estava com suas presas a amostra. De repente, Clarice ouviu rosnados, virou-se e viu que atrás dela havia um animal que parecia ser “um cachorro... não...” pensou. Tentou ver com clareza, mas somente conseguia enxergar olhos brilhantes entre a escuridão da alameda. Tentando evitar um acidente, ela correu em direção a entrada da escola quando de repente, uma mão tocou o seu ombro subitamente, o que a fez dar um pequeno salto para trás.

— Você está bem? – Perguntou a voz. Clarice virou-se e notou que era aquele belo professor que a mesma havia encontrado pela primeira vez na sala dos professores. O tal do amante de café bem açucarado.

— Você... quero dizer, estou sim. O que faz aqui? – Perguntou Clarice.

— Eu que digo, o que você faz aqui? Ah! Você deve ter vindo substituir o professor no turno da noite também. – Não hesitou em deixar um leve sorriso de canto para ela, e fez um gesto com a cabeça para que o acompanhasse em direção ao interior da escola.

— Não sabia que você era uma de nós também.  – Disse o homem a olhando profundamente como se procurasse provas de um crime, o que a incomodou um pouco, no entanto a Clarice ignorou essa atitude e o seguiu adiante.

— Como assim uma de vocês? Claro que sou, e exijo mais respeito.  – Disse bravamente fechando os olhos como um sinal de reprovação, ficou imaginando que poderia ser por isso que a olhava tão intensamente, provavelmente estava julgando suas roupas e, seu vestido comprado em uma liquidação. Após a repreensão, o professor, parecia até mais amável, diferente de como a tratou na sala dos professores alguns dias atrás. Finalmente ao chegarem na sala do diretor noturno, Clarice sentou-se, mas o professor apenas ficou em pé. Ela teve a ligeira impressão do Diretor se curvar para o professor, constrangido o professor retribuiu o gesto.

— Diretor, essa é a nova professora substituta que o senhor solicitou. – Disse o professor.

— Mas já?  As viagens hoje em dia estão cada dia mais rápidas! – Afirmou o Diretor, caindo em gargalhadas.

— Ela já trabalha no turno diurno assim como o professor anterior, então facilitará bastante as coisas. – Disse o professor.

— Ótimo, obrigado Calebe. Já se retirar. – Disse Diretor, olhando para seus vários documentos presentes na mesa.

— Calebe... – Pensou alto Clarice, virou-se para olhá-lo, mas o mesmo já havia ido embora. Pôs a olhar o Diretor, no entanto ocorreu-lhe algo que a deixou muito espantada.

— Eu sei minha criança, o diretor do turno diurno é meu irmão gêmeo, não precisa se espantar, é muito comum nos confundirem. – Apesar da grande semelhança, Clarice também notou que os diretores possuíam personalidades extremamente diferentes, o Diretor do dia era totalmente estressado e atrapalhado, enquanto o Diretor do turno da noite, era completamente calmo e aparentemente organizado.  Mas ambos possuíam a careca e o bigode em comum.

— Eu queria dizer que eu vim para – Antes que pudesse completar a frase houve uma grande explosão que levou toda a parede externa da diretoria ao ar, e nesse pequeno espaço de tempo Clarice pode ver um lobo cinzento que produzia pequenas faíscas azuis do que pareciam ser pequenos chifres, e do outro lado o professor Calebe estava chamando o lobo de Arthur e pedindo para que ele se acalmasse.

— Pare com isso! Você tem que controlar a si mesmo, Arthur! – Dizia Calebe agora já sem seu paletó listrado, com sua camisa social branca completamente suja de grama e terra, e sua gravata rasgada. Abismada com a situação Clarice se perguntava “ Por que o professor está chamando um lobo de Arthur? Lobo com chifres... ”. Tão imersa no que acabara de acontecer não notou que sua cabeça sangrava, e acabou desmaiando. Antes de apagar conseguiu ver alguma coisa gigante e peluda a puxando pela gola do vestido florido e a arrastando para algum lugar, mas estava fraca demais para resistir. Clarice acordou em um lugar onde parecia ser uma enfermaria, e pôde ouvir algumas frases soltas antes de apagar novamente.

— Use o pó de fada nela! – Disse uma voz parecida com a do Diretor.

— Mas senhor, eu já tentei, não funciona por algum motivo. – Disse uma voz feminina desconhecida.

— Esse é um problema e tanto... se ela lembrar do que viu aqui, estamos encrencados. Você me disse que ela era a nova professora! – Bradou a voz do diretor.

— Eu achei que fosse...uma pessoa aparece aqui a noite, tinha que ser a nova professora, não imaginei que fosse uma maluca que não tem amor a própria vida. – Disse uma voz parecida com a do professor Calebe. Então Clarice apagou novamente, e acordou no dia seguinte em sua cama em casa.

— Será que foi tudo um sonho? – Passou a mão em seus cabelos, e tentou pensar na noite passada, sentiu uma pontada na testa que logo começou a doer. Colocou a mão sobre e viu que tinha um pequeno curativo “como vim parar no meu quarto? ” Olhou em volta. De repente, uma lembrança de ser carregada nas costas de um grande lobo branco, seus pelos eram quentes e macios, e brilhavam como a luz do luar. O lobo corria e saltava por cima das casas até chegar ao quarto dela, então a desceu de suas costas calmamente e a deixou na cama, Clarice também teve a impressão de que ele também encostou o focinho no nariz dela por um instante, e então desapareceu na escuridão da noite como um fantasma.

— Com certeza foi sonho... essa não! Tenho que esquecer tudo isso e ir me apressar para ir para aula! – Quando Clarice olhou o relógio, viu que estava a ponto de se atrasar, rapidamente tomou um banho, pôs a primeira roupa de lhe veio a frente, e correu até a escola que era a meia 20 minutos a pé da casa dela.

— Não posso me atrasar na primeira semana de aula! – Disse enquanto corria para fora de casa colocando seus sapatos de escritório.

Clarice chegou ofegante na sala de aula, todos os alunos a encaravam e cochichavam entre si. Deu início a sua aula, mas nenhum dos seus alunos pareciam estar focados ou falando de sua aparência desleixada, pareciam estar mais interessados em outra coisa.

— Um tal de incidente na sala do diretor. – Comentou um dos alunos.

O sinal tocou, Clarice foi correndo observar o que havia de fato acontecido. Aquela cena era mais do que uma prova que o que ela viu na noite passada não era um sonho, de fato, na sala havia destroços, sinais de que havia ocorrido alguma explosão. No entanto, não haviam marcas de garras ou coisa parecida, nada que pudesse ser relacionado com lobisomens, lobos ou coisas do tipo.

— Aposto que isso foi coisa do Arthur no turno noturno - Disse um dos alunos.

— Você disse Arthur? – Perguntou Clarice.

— Sim, agora ele está tendo aulas no turno noturno. – Respondeu o Aluno. - Não sei como ele conseguiu essa façanha, só os melhores alunos costumam ir para o turno da noite.

— Não podemos esquecer que o Arthur tinha notas muito boas – Diz uma outra voz ao fundo.

— Edén, é você! Graças aos Céus, estava tão preocupada com essas coisas que nem percebi você se aproximar. – Disse Clarice. Éden assim como Calebe possuía uma voz muito tranquila, no entanto a voz de Éden era mais macia, inocente, enquanto a voz de Calebe era em um tom libidinoso e, às vezes, sarcástico.  

— Você está bem?  Parece que viu um fantasma. - Perguntou Éden.

— Então, eu vim para a escola no turno da noite. – Respondeu Clarice, espremendo os olhos.

— No turno da noite? – Perguntou novamente Éden, com um rosto de espanto.

— Sim! Não me diga que você também trabalha – Clarice o olhou desconfiada de que Éden também estivesse no meio desse tal esquema que tivesse ocorrendo a noite. Talvez lutas ilegais de animais selvagens, mesmo que isso não explicasse a explosão na diretoria.

— Não, não... eu ensino em dois colégios. Um turno a mais simplesmente iria acabar comigo. – Respondeu entre risos Éden, não pôde deixar de ajeitar seus óculos. - E também costumo usar a noite para escrever os meus rascunhos.

 Clarice sorriu aliviada, talvez tivesse encontrado ali a única pessoa confiável em todo o colégio. Pois todos os professores e diretores pareciam estar envolvidos em alguma coisa muito suspeita sobre o turno da noite.

— Senhorita Clarice - A caixa de som do colégio exclamou- Por favor comparecer a sala temporária do diretor, senhorita Clarice por favor comparecer a nova sala temporária do diretor, onde costuma ficar as ferramentas de limpeza. – Clarice dirigiu-se até a sala improvisada do diretor e quando chegou lá não pôde deixar de reparar nos vários cabos de rodo e vassoura que estavam ao redor da mesa.

— Eu soube que você conheceu meu irmão ontem à noite. – Disse o Diretor.

— É que... – Tem tentou justificar em vão, Clarice.

— Sem mas!

— Mas eu nem disse mas...

— Para sua sorte, estamos na falta de professores devido aos últimos incidentes, e o pessoal da noite está precisando de uma professora de biologia substituta também. Pelo visto eles a viram ontem à noite e ficaram interessados. O meu irmão pediu que você compareça hoje, mas dessa vez com a supervisão de outro professor.

— Ah! Bem na hora. Este é o Calebe, ele vai leva-la hoje à noite para que você não cause problemas como na noite anterior. – Calebe e Clarice se olharam um pouco mais do que o normal.

— Hum! Vejo que já se conhecem, isso é ótimo para o trabalho de vocês, mas nada de relacionamentos entre funcionários nesta escola! É estritamente proibido!

— A oferta é tentadora, mas o senhor sabe bem que já tenho um compromisso. – Disse Calebe olhando para o diretor com um pequeno sorriso no rosto e evitando manter contado visual com Clarice.

— Muito bem então saiam já daqui e vão trabalhar. – Disse o diretor.

Com quem aquele homem idiota poderia namorar, não é possível que alguém suporte aquelas brincadeiras idiotas e aquele sorriso lindo e olhar sedutor, Clarice balançou a cabeça e voltou a si “o que estou pensando? ” Se bem que... apesar de dizer essas coisas, ele fica bastante envergonhado, até evitou fazer contato visual comigo quando me elogiou. Uma bela dama loira acompanhada de uma fragrância exuberante passou por Clarice e a cumprimentou. Clarice se lembrou “realmente, ele deve estar namorando com essa bela mulher, eles realmente fazem um casal muito bonito”, observou a mulher ir em direção a Calebe e puxar algum assunto com ele que fez os dois rirem. “Mas sinto muita pena dela em ter que aguentar aquelas piadas dele, se bem que ela parece rir de todas...” pensou isso ao ver como ela e Calebe se davam bem daquela distância.

Era noite na cidade e todos já estavam dentro de suas casas, Clarice aguardava a batida de um certo professor, até que enfim alguém tocou a campainha. Era Calebe, e ele não estava sozinho, o garoto Arthur estava com ele.

— Olá Arthur. – Disse Clarice com um sorriso no rosto. Dessa vez estava determinada a descobrir qualquer que fosse a trama do pessoal do turno da noite.

— Olá professora, e.… me desculpe por ontem

— Não entendi, o que você fez ontem?

— Não sabe?  Eu machuquei a senhora...

— Não, quem me machucou foi um lobo com chifres e que soltava raios... espera, mas isso não foi um sonho? Como você pode saber do meu... espera. – Clarice estava confusa, não sabia mais o que estava acontecendo ali.

— Ai merda, ela não sabia... – Exclamou Calebe olhando para Clarice que estava afoita tentando absorver o que de fato havia acontecido naquela noite.

— Achávamos que a senhora tinha descoberto toda a verdade sobre o turno noturno da escola Garra dos Lobos.

— E a verdade não é que vocês promovem a luta ilegal de animais? – Alegou Clarice enquanto alternava entre colocar suas mãos na cabeça ou na cintura.

— Nós somos Lobisomens! – Enquanto disse isso Arthur transformou seu nariz em um focinho que fez Clarice desmaiar.


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