Aqueles que Uivam escrita por Avatar Wan


Capítulo 18
O protetor da montanha (Parte 1)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789806/chapter/18

Calebe, Éden, e Eva avançam e a frente encontram uma porta uma porta de madeira e jade, que se abre que eles se aproximam.

—Muito suspeito, será mesmo que devemos entra lá? - perguntou Calebe.

—Temos outra opção? - respondeu Eva.

Então seguiram adiante. Chegando na próxima sala, olharam para frente e viram que era uma sala rodeada de espelhos. Haviam deles até no chão, então foram entrando pouco a pouco, e com o tempo se separaram no que parecia ser um labirinto.

—Galera? Cadê vocês? - Perguntou Éden, assustado.

—Estou aqui! Vocês tomaram um caminho diferente? - Gritou Calebe.

—Não, apenas segui vocês.

—Pelo visto estamos presos em dimensões diferentes, tomem cuidado. - Eva alertou.

A cada passo que Calebe dava, ele não via mais seu reflexo humano, mas um grande lobo branco. Diversas vezes olhou para suas mãos para ter certeza de que não havia se transformado, e por sorte, ainda não. No início, o lobo imitava seus movimentos como um reflexo normal, porém com o passar do tempo parecia estar ganhando vida.

—Pessoal, vocês estão notando algo de estranho?

—Tirando o fato do meu reflexo está agindo estranho? - disse Éden.

—Então vocês também? - Eva parecia preocupada, mas se mantia alerta. - Tome cuidado Éden.

—Eu acho que dou conta desse cara. - enunciou Éden encarando seu reflexo.

De repente o reflexo começou a tomar forma, e Calebe viu seu reflexo lobo em uma floresta, numa montanha. Ele não era tão grande quanto a transformação atual, mas ainda mantinha sua aparência fantasmagórica. O lobo corria feliz pela montanha, e caçava alguns animais quando sentia fome. Até que um dia caçadores humanos apareceram na floresta desmatando e queimando as árvores, por conseguinte o lobo os considerou uma ameaça, e os caçou, matando todos que invadiam a montanha. Dia após dia vinham mais caçadores, e o lobo percebeu que deveria deixar alguns viverem para que outros não viessem, e com o passar dos anos os caçadores começaram a evitar aquela floresta, e enfim o lobo teve paz. Anos depois, em um belo dia, uma garota foi a floresta procurar flores, o lobo, acostumado a matar humanos, mordeu a garotinha, e se depois percebeu de que se tratava de um filhote humano, quando o sangue dela derramou sobre as flores, e manchando seu pequeno vestidinho vermelho. O lobo não acostumado com a cena, cavou um buraco e enterrou a garotinha. Tempos depois, um homem passou a subir a montanha gritando por um nome.

—Maria! Onde você está, Maria!? - O homem avistou o lobo que observava longe sobre uma rocha, mas ao invés de fugir, o homem ajoelhou-se. - Ó grande lobo, por favor mostrai onde está minha irmãzinha.

O lobo misteriosamente resolveu não matá-lo, apenas olhou para um monte de terra próximo as flores.

—Minha irmãzinha! - o homem caiu em prantos, e desse dia em diante passou a visitar aquele lugar todos os dias. O lobo permitiu que ele e apenas ele passasse por algum motivo, talvez remorso, ou talvez curiosidade.

—Você sabia? Para nós da vila você é como um deus. As pessoas rezam para você, pois você protege nossas colheitas, mantém os animais sobre controle, não permitindo que eles se multipliquem demais, nem que faltem.

O lobo olhava para o homem, mas não compreendia nenhuma palavra que saia de sua boca. Até que em um dia ensolarado como outro qualquer o homem apareceu com martelo e um cinzel, assustado, o lobo rosnou para o homem, mostrando suas enormes presas, fazendo-o recuar.

—Calma calma, preciso prestar uma homenagem a minha irmãzinha.

O lobo não entendeu, mas podia sentir que não vinha nada hostil vindo homem, então permitiu que ele escrevesse algo em uma rocha e a colocasse sobre o monte onde a garota havia sido enterrada.

—Está pronto! - disse o homem em ânimo. - Agora você poderá descansar em paz, Maria.

—Ma...ri...a - repetiu o lobo.

O homem se assustou com a voz que ecoou como trovão, e caiu para trás. O lobo entendeu aquele movimento brusco como uma ameaça e se levantou, mas logo voltou a sua posição nobre de sempre.

—Você pode falar? -indagou o homem.

O lobo desviou o olhar como se tivesse tentando entender o que estava acontecendo, e como uma criança aprendendo as primeiras palavras, o lobo tentou esforçar-se a repetir.

—Mari..a... Maria... - O homem nunca havia visto um olhar tão triste em um humano quanto vira no lobo.

Vendo assim, parece que até está sofrendo como eu. - Pensou o homem.

—Kael. - O homem apontou para si.

Todavia o lobo pareceu não se importar mais, e virou-se.

O homem passou a visitar o lobo, decidido a fazê-lo falar, e assim seus dias de luto foram ficando mais leves. Logo o local de tristeza e lágrimas, foi se tornando um ambiente onde ele passava seus dias esforçando-se ao máximo a ensinar um lobo a falar.

Até que um dia...

—Ka...el...

—Isso! Parabéns! - Exclamou o homem.

Apontou para o lobo.

—E você...?

—Ca...le...be...

—Exato! Pelos menos é assim que nossa vila te chama. Calebe, o protetor da montanha! - O homem riu e aplaudiu.

O lobo não podia rir, mas parecia bastante orgulhoso de si.

—Se você tem outro nome, melhor se pronunciar agora, porque a partir de hoje esse será seu nome.

O lobo apenas virou seu rosto como se dissesse "tanto faz". Mas se alguém pudesse ver, notaria que sua cauda balançava discretamente.

*

—Calebe? Você está bem? - Éden perguntou de algum lugar, mas não obteve resposta.

Calebe estava congelado, observando seu passado através do espelho, enquanto aos poucos se transformava em lobo, sem notar.

*

Anos se passaram e o jovem subiu a montanha mais uma vez, e dessa vez levava uma bela jovem, humilde, dona de uma beleza indescritível. Entretanto, ao contrário das demais garotas da vila, essa jovem não costumava se arrumar muito, era mais do tipo humilde, vestia roupas simples.

—É verdade que vamos conhecer o deus Calebe? -perguntou a jovem, com seus olhos azuis e brilhantes.

—Sim! Eu o ensinei a falar, apesar de que ele apenas fala algumas palavras soltas. -disse o homem orgulhoso.

—Nossa como você está arrumada, nunca ficou tão bonita assim para mim.

—Óbvio, vou conhecer um deus! Você eu vejo todos os dias.

Ambos riram.

—Calebe! - gritou o homem. - Ué, ele sempre fica aqui sobre essa rocha, tomando um pouco de sol. Estranho.

Olhou em volta, mas não encontrou nem sinal do lobo.

—Talvez não tenha sido uma boa ideia me trazer, e se ele não gostar? - A jovem se escondeu atrás do homem.

—Que nada, somos amigos, ele nunca faria mal a alguém que amo. - Encostaram um nariz no outro, em sinônimo de carinho.

O lobo pousou atrás do casal fazendo com que a terra tremesse, a mulher logo se assustou com o tamanho do lobo, pois dali mal conseguia ver o seu rosto, apenas patas e pernas.

—Me perdoe, meu senhor, não me devore, me perdoe. - ajoelhou-se a jovem.

—Kael, o que ser isso? - o lobo parecia confuso, mas não irritado.

—Calma Calebe, eu trouxe minha noiva para você ver.

—No...i...va...?

—Noiva! Elizabeth, levante-se. - Segurou o braço de sua noiva e ajudou-a a levantar.

—O que ser noiva? - indagou o lobo.

—Noiva, é quando um homem se apaixona por uma mulher, então eles resolvem viver juntos por toda a vida.

—Casal...mento.

—Isso! Casamento!

O lobo se lembrou das inúmeras histórias de casamento que o homem havia contado durante esses anos que ele visitou a montanha.

—Eliz...beth!

O lobo parecia com dificuldade de pronunciar o nome da garota.

—Pode me chamar Lisa, se quiser! - sorrindo gentilmente.

Mas o orgulhoso lobo insistiu em pronunciar o nome completo, até que após muitas tentativas, desistiu, e acabou a chamando apenas de Beth. Com o tempo a mulher passou a acompanhar o seu noivo quase em todas as vezes que ele visitava o lobo, e em alguns momentos ela também passou a visitá-lo sozinha.

—Beth... - disse o lobo.

—Eu sei, ela veio visitá-lo. -respondeu o homem.

O lobo fez uma cara pensativa e um pouco triste, pois estava acostumado apenas com a visita do homem.

—Ela tem andado muito interessada em você desde aquele dia. Às vezes me pergunto se caso você tivesse uma forma humana, se ela me trocaria por você.

—Ela...amar...você...

—Eu sei, mas às vezes sinto como se em alguns momentos eu a perdesse de vista quando estamos com você.

—Ela também amar eu!

—O quê!? - O homem caiu para trás surpreso.

—Eu... ser divindade para povo seu e dela. Amor...diferente...

—Então realmente pode ser isso, ela o ama como um ser divino, e a mim como um homem. Talvez seja isso, eu espero.

O lobo empurrou o homem com o focinho fazendo ele rir. Alguns dias se passaram e a ideia de um homem encontrar uma mulher e se casar parecia tentadora aos olhos do lobo, que também se lembrou da frase que seu amigo havia dito "se você tivesse uma forma humana, ela me trocaria por você", então o lobo pensou:

Talvez eu também deva encontrar uma noiva para mim, mas eu sou um lobo, mesmo que me adorem, nenhuma humana desejará um lobo, se eu tivesse a forma de um homem, talvez pudesse me casar assim como meu amigo.

Então o lobo desceu a montanha no dia do casamento do seu amigo, para espiar. Ao ver a forma como Kael e Elizabeth se olhavam no altar, isso despertou algo dentro dele que acabou o transformando em um homem. Dessa forma, Calebe, totalmente desnudo, quis sair para parabenizar seu amigo, no entanto, lembrou-se das preocupações do seu amigo em relação a sua noiva, e assim, optou por esconder-se até que seu amigo fosse visitá-lo.

Uma semana se passou e seu amigo não veio, Calebe não ainda havia encontrado um jeito de voltar a ser lobo.

—Kael! É você?

—Sabe, me deixa enciumada ouvir você gritando o nome do meu marido assim. - Elizabeth se dá conta que tem algo diferente na voz, ela não soa mais como trovões, mas sim como a voz de um homem. Então olhou para frente e se aproximando, deu-se conta que Calebe agora era um belo homem de pele morena, se escondendo entre as grandes folhas de uma planta.

—Calebe é você?

—Droga.

Ela ri.

—Onde está...Kael... 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

tan tan tan tan~



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aqueles que Uivam" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.