Aqueles que Uivam escrita por Avatar Wan


Capítulo 11
Sob a mesma estrela




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Calebe saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e sobre a cabeça enxugando o cabelo que agora não estava mais cor de prata, e sim, de uma cor castanha escura.

—Como removeu a tinta do seu cabelo tão rápido? - Clarice não pode deixar de reparar o abdominal divido dele, apesar de ter um rosto sedentário, Calebe possuía um corpo bastante saudável.

Calebe segurou uma parte de seu longo cabelo e reparou que realmente estava castanho.

—Sobre isso? Costuma acontecer quando fico ansioso. – sorriu.

Clarice o fitou por um tempo.

— O que foi? – deu um passo para trás.

— Você fica mais bonito assim. – tentou alcançar uma mecha de cabelo dele, mas no mesmo momento Calebe se afastou fazendo com que ela perdesse o equilíbrio, e quase caísse da cama.

— Ainda não acredito que só tinha um quarto para os dois nessa viagem. – disse ela, enquanto se virava para que ele se trocasse.

— Foi o que deu para pagar com o nosso dinheiro.

— Você viveu por tanto tempo e não tem dinheiro? – Clarice virou-se automaticamente por um instante, pode ver Calebe de costas pelado. Inicialmente reparou naquela bunda bem durinha, mas quando foi subindo não pode deixar de notar várias cicatrizes nas costas, mas apenas se virou novamente e fingiu que nada aconteceu.

— Não é bem assim, na verdade ficaria impressionada do quanto eu juntei. Mas temos regras. – bateu uma palma. – Pronto, pode se virar. – estava belo como sempre, com sua camisa social azul por baixo de um colete braço, e usando uma gravata prateada.

Quando estavam prontos para sair, o estomago de Clarice roncou, mas ela se afastou e fingiu procurando alguma coisa, Calebe sorriu, e a fitou com os olhos encantado. Lembrou-se da noite que passara com ela, e das coisas que disse enquanto dormia, "não mãe, quero ser forte. Não serei igual a você", "sinto muito", ela também chegou a mencionar "Calebe", o que o deixou preocupado, mas seguido de "idiota arrogante" e "maluco do café", o que o fez dar risada, mas ficou um pouco chateado por ela ter essa visão dele.

— Vocês humanos, costumam ficar com fome toda hora... venha comigo. – pegou na mão dela.

Ãnh???

Clarice ficou confusa a princípio, e já estava se preparando para discutir, mas logo notou que ele a estava levando para tomar o café da manhã numa padaria um pouco mais a frente. Era um local incrível, com os mais diversos pães, comuns e recheados.

— Você anda como se já estivesse morado aqui.

— Já morei. – tossiu como se tivesse vergonha do que estava prestes a ser dito. – Já trabalhei para igreja, durante a guerra.

Os dois procuraram uma mesa para se sentarem e logo um atendente apareceu.

— Bom dia, como posso servi-los?

Antes que pudessem dar uma resposta um outro homem apareceu.

— Aí está você!

— Geraldo! Faz tanto tempo! - Em um ímpeto de alegria, Calebe se levantou e abraçou o velho amigo.

— Eu estou sempre aqui, você que nunca fez questão de aparecer.

Calebe abaixou a cabeça.

— É que esta cidade...

— Eu entendo.

Clarice desejou saber sobre o que os dois estavam falando, enquanto o atendente ficou perdido sem entender nada, e com um gesto de Geraldo, foi atender uma outra mesa.

Então quer dizer que Calebe já morou aqui na capital. – pensou.

Calebe e Geraldo pareciam tão íntimos que conversavam sobre os mais diversos assuntos, enquanto Clarice apenas se deliciava com uma apetitosa torta de morangos. Quando de repente em meio a conversa, um nome fez com que as orelhas de Clarice saltassem em direção ao dialogo dos dois amigos.

— Desde aquele dia, você nunca mais a viu? Arabela?

Arabela? Esse poderia ser o nome da...

O belo professor, cruzou os braços, e se ajustou na cadeira, ficando em silencio por um tempo.

— Desapareceu sem me deixar um recado.

— Vocês brigavam constantemente, mas claramente se amavam. Qualquer que os conhecesse, via isso.

— Às vezes só o amor não é o suficiente.

Qualquer um dentro e fora da padaria que visse Calebe naquele momento, certamente sentiria pena.

— É o suficiente sim! – Clarice interrompeu. – Quando duas pessoas se amam de verdade elas enfrentam o que tiverem que enfrentar, e confiam no amor.

— Você é humana, e jovem demais. – disse Calebe.

— Exatamente, por ser uma humana, que eu sei que ela foi covarde em fugir. – Ao ver o rosto de Calebe se modificar em quase uma raiva, Clarice sente um pouco de medo, mas que logo é substituído por uma grande coragem. – E você também é covarde por não ir atrás dela.

Calebe deixa um sorrisinho de canto de boca, deixa o dinheiro da conta e se levanta, deixando Clarice para trás, que continuava sentada com medo de um esporro.

— O que está esperando? Vai morar na padaria? Temos um trabalho a fazer, professora.

Rapidamente Clarice se apressa em segui-lo, se despedindo de Geraldo.

— Por nada, visitem a cidade mais vezes! – deu uma gargalhada. – Essa garota... – sussurrou para si.

*

— Eu posso sentir o cheiro de vampiro de longe, eu aposto que ela.

— Como você sabe que é "ela" e não "ele"?

— Não existem muitos vampiros hoje em dia que estariam no biscoito da sorte. A única que teria poder para causa um estrago seria... – Eva avista uma mulher loira e pálida passar pelo corredor e entrar em um quarto. – Ceres. – Silenciosamente ela avança e faz o sinal para que Éden a siga. O mesmo tenta fazer um comentário, mas logo é interrompido.

Shhhhhhhhhhh

— Vem. – Rapidamente entram antes que a porta fechasse. Rapidamente Ceres que parecia estar no meio de uma conversa, se vira e mostra suas presas, no entanto Eva também se mostra ameaçadora.

Éden sente ânsia de vomita ao ver o quarto com sangue por todo lado e alguns corpos no chão, mas logo repara que um de seus alunos estava no canto do quarto encolhido, todo sujo de sangue.

— Lucas... – Vai até ele. – Rápido venha comigo!

— Professor, não é o que você pensa. Fui eu quem fez isso.

— Que besteira você está falando? Venha comigo.

Eva fareja Lucas de uma certa distância.

— Posso sentir, o garoto não é mais humano.

— Vocês chegaram bem na hora que eu estava o parabenizando, após recusar-se a se alimentar, ele finalmente cedeu a sua natureza vampira.

— Acabou para você, Ceres. – Eva deu início a transformação. – Seus feitiços de aprisionamento não funcionarão comigo, afinal, sou uma caçadora.

— Pelo visto o nosso último encontro não serviu de lição. – Ceres fez sinal positivo com a cabeça para dois rapazes que estavam atrás de Eva e Éden.

O mais baixo e robusto segura Éden, enquanto o segundo mais alto e bonito, não consegue ter forças para segurar Eva, que o arremessa contra a porta com um forte chute.

— Seus capachos magricelas não vão me impedir de amassar a sua cara.

— ôh ôh ôh, mais um passo e o Peter quebra o pescoço do seu namoradinho.

— Não se preocupe comigo, faça seu trabalho. – disse Éden com os óculos tortos e quase sem ar, de tanto tentar brigar para se soltar inutilmente.

— Sabia que não era uma boa ideia te trazer... – Eva se rende.

Enquanto Eva caminha em direção a Ceres, Lucas olha seu professor desesperado, e por um instante é tomando por um sentimento de compaixão. O mesmo que tivera quando deixara a garota escapar com a criança mais cedo. Desse modo, ele faz um sinal para Peter, que concorda com a cabeça, e finge se desequilibrar deixando Éden livre. Vendo a situação atual, Eva parte para cima de Ceres, lhe desferindo um soco. Ceres, defende com o braço esquerdo, ao mesmo tempo que com o braço direito já estava conjurando um feitiço de teletransporte para longe dali, levando consigo Lucas. Vendo isso, Eva procura os capangas, mas os mesmos haviam se transportado também.

— Perdemos ela. – Éden parecia um pouco aliviado pelo passar do perigo, porém a visão de seu aluno encostado nas paredes, segundos atrás, cercado de sangue, o voltava a perturbar.

— Pelo menos consegui acertá-la em cheio. – Eva riu, fitando seu punho que ainda se lembrava das costelas partidas de Ceres, juntamente com o braço esquerdo.

— Mãe! Você está bem? – Peter correu para apoiá-la de um lado, enquanto seu irmão segurou o outro.

Ceres cuspia sangue por todo lado, e seu braço esquerdo parecia esfarelado, restando apenas pele, e um pouco de carne.

— Tragam sangue. – Ceres tomou copos e copos de sangue, mas nada adiantava. – Aquela maldita, vai me pagar!

Enquanto trazia mais um copo de sangue, Peter caiu e derrubou a taça, fazendo Ceres lembrar o motivo de estar naquela situação.

— Meu pobre e corcunda, Peter... sempre causando problemas, por que não é como Isaias, seu irmão? Vocês nasceram sob a mesma estrela, praticamente ao mesmo tempo, e são tão diferentes. Às vezes penso que deveria ter escolhido apenas um de vocês naquele juizado de menores.

— Mamãe, pode deixar que eu assumo a responsabilidade pelo irmão, e juro que isso não vai se repetir. – Isaías toma a frente, impedindo que Ceres faça algo pior.

— A culpa não foi dele. – Lucas caminha até Ceres. – Eu o obriguei a fazer isso, com meus poderes. – estendeu o braço até a boca dela. – E acredito que meus poderes não se limitem a isso.

Peter sabia que isso não era verdade, e ajudou aos amigos de Lucas por espontânea vontade, e por isso não entendia o porquê daquilo.

— Você só me surpreende garoto. – mordeu o pulso de Lucas.

De longe Isaias observava Ceres se deliciar com o sangue de Lucas, e sempre o olhando e aprovando, não importasse quantos erros ele cometesse. Dentro de dele, crescia algo que nunca havia conhecido antes, uma raiva e inveja por não ter aquela atenção, que antes era só dele. Até seu irmão gêmeo, de alguma forma, admirava o novato.

 


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