Aqueles que Uivam escrita por Avatar Wan


Capítulo 10
Reunião




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Era tarde da noite, os professores e Arthur aguardavam a chegada do diretor para a reunião.

— Calma, vai ficar tudo bem. – Calebe deu uns tapinhas nas costas de Arthur.

— Um dos meus amigos se tornou um vampiro por minha causa, e o outro quase morreu. – Abaixou a cabeça, e coçou os olhos.

— Meu Deus! Vocês estão bem? – Clarice apareceu abraçando Arthur e o olhando como se procurasse por algum machucado, porém não encontrou nenhum. – Fiquei sabendo do que aconteceu. Não acredito que um vampiro apareceu e sequestrou Lucas.

Clarice apesar de aliviada, estava triste por um de seus alunos ter sido sequestrado, e o fato dela não poder fazer nada diante dessa situação só piorava o sentimento de culpa.

— Como assim todo mundo conhece o nome desse garoto? – Calebe ficou indignado.

— Ué, você não aprende o nome de seus alunos? – jogou-lhe um olhar de reprovação.

— Humanos para mim, são todos iguais.

Apesar da chegada de Clarice ter alegrado um pouco o clima, Arthur também se sentia culpado por ter "causado" toda aquela situação. Por outro lado, Calebe demonstrava total tranquilidade como sempre.

— Como você consegue ser tão frio? – perguntou Clarice, dando um soquinho no braço dele.

Em um instante a sala que estava totalmente barulhenta com o murmurinho dos professores, se tornou silenciosa. Só se pôde ouvir os passos do diretor subindo as escadas para o púlpito. O homem deu dois toques no microfone para ver se estava funcionando e pôs-se a falar.

— Boa noite, convidei todos aqui para discutirmos a respeito do que vem ocorrendo em nossa escola, e sobre os perigos que assombram nossos alunos. – Pigarreou. - Já sofremos algumas perdas e devemos fazer de tudo para evitar mais. – Deu mais duas torcidas, e tomou um gole de água que estava na mesa ao lado. – Dito isso, ontem nosso aluno mais recente, Arthur, sofreu um ataque as claras por lobisomens que acreditamos que pertençam a igreja. Infelizmente, também perdemos um dos alunos do turno da tarde para uma vampira autodenominada Ceres.

Após o diretor citar o nome, todos na sala começaram a cochichar, e fazer alguns barulhos estranhos. Observando o caos que a sala havia se tornado, ele fez uma pausa, tomou mais um gole de sua água, e continuou.

— Como é notável, a maioria dos presentes a conhecem pela sua grande fama, ela é uma das últimas de sua espécie, viva, além de ser descendente direta do Conde Drac, o primeiro de todos. Bom, eu e os funcionários da secretaria, nos reunimos e decidimos como serão as coisas a partir de agora. Até que a situação se resolva, as aulas estarão canceladas.

— Isso não é justo para com os sangues puros! – Alguém gritou ao fundo. – Os lobisomens serão prejudicados por causa dos híbridos.

— Por que não cancelamos apenas as aulas para os híbridos? E os lobisomens de sangue puro continuam tendo suas aulas normalmente? – Outro professor completou.

— Apesar de só termos apenas dois casos com vítimas híbridas, não significa que sejam os únicos alvos, portanto para evitar maiores riscos, devemos pôr em prática o cancelamento das aulas. – Replicou Suzane, a assistente do diretor.

Ao ouvir isso muitos professores se alteraram, e a sala começou a ficar caótica novamente. Professores discutiam entre si, chamando uns aos outros de egoístas, fascistas, entre muitos outros istas. Victório, no meio daquela confusão levantou a sua mão, e o diretor lhe deu a palavra.

— Acredito que o frequentar ou não da escola deva ser uma opção dos alunos e de seus respectivos pais. Portanto, quero propor aqui uma votação para que possamos decidir democraticamente se vamos cancelar as aulas, ou se poderemos deixar como opcional frequentar ou não as aulas sem ter que dar faltas aos alunos.

Após o discurso de Victório, a grande maioria dos professores o aplaudiram, no entanto seu rosto continuou sisudo como sempre.

— Ae Victório! Gostei de ver! – disse Calebe sorriso e estendendo a mão, mas Victorio apenas se curvou brevemente.

— Ainda assim, não paro de pensar que é uma péssima ideia. – Clarice estava preocupada que vários alunos insistissem em ir às aulas, até mesmo os híbridos, e isso acarretasse algo horrível, talvez até uma nova tragédia.

Então uma assistente do diretor lhe traz uns papéis que ele lê por um instante e entende o que deve ser feito a seguir.

— Atenção de todos, por favor! – deu uns tapinhas no microfone. - Quanto ao pedido do senhor Victório e demais professores, nós podemos fazer isso, todavia agora vamos para as divisões das tarefas dos professores que ficarão encarregados pela investigação. Por favor, senhorita Clarice e senhor Calebe, subam aqui.

Calebe subiu em um passo, e Clarice o seguiu, meio sem jeito. O diretor os encarou por um tempo e por uns instantes, alguns comentários ecoaram, como, "mas ela é humana", "por que sempre eles dois?", porém o diretor apenas ignorou.

— Vocês dois estarão encarregados de viajarem até a central da igreja para perguntarem o motivo de terem enviados seus lobisomens, e saber o que estão procurando.

— Mas são três dias de viagem. – disse Calebe.

— Sim, e por isso vamos cancelar as aulas até vocês voltarem, e aí seguimos a ideia do senhor Victório.

— Isso se for o que a votação determinar. – corrigiu Suzane, disfarçando um sorriso.

— Aí Calebe, ganhou uma viagem com a gatinha da novata, hein?! – gritou um professor.

— Vai se foder, Gaspar!

Clarice sorria meio sem jeito, mas por dentro estava morrendo de nervosismo, ainda mais com esses comentários. Já bastava a escola toda comentar que os dois só andavam juntos para cima e para baixo, e agora isso. Então o diretor fez um sinal para que descessem no púlpito.

— Victório e Arthur, podem subir aqui, por favor?

Enquanto Arthur subia meio inseguro do que aconteceria, logo Calebe quando passou por ele, deu uma piscadela de olho como se dissesse "vai ficar tudo bem, amigão".

— Agora que sabemos que Arthur é o próximo alvo, precisamos mantê-lo seguro. E para isso confio esse dever ao Victório. – O diretor estendeu a mão para Victório.

— O quê? – Arthur e Victório falaram ao mesmo tempo.

Victório e Arthur começaram a metralhar o diretor com argumentos do porquê eles não poderiam ficar juntos, mas o diretor apenas deu risada e fingiu não se importar.

— Olha lá, o professor e o aluno mais odiados da escola, tendo que conviver juntos. – Os professores riram e cochicharam.

*

Lucas tremia e suava em um quarto de hotel, sentado em posição fetal, enquanto olhava fixamente para a parede como se quisesse que seus pensamentos desaparecessem.

— Se seu amiguinho inconveniente não tivesse atrapalhado meus planos, você não estaria nessa situação. – Ceres caminhou com uma taça de sangue até ele, e bebeu, mas não ofereceu.

— Por que não posso beber só um pouquinho na taça como você? – Lucas seguiu a taça com o olhar, como se implorasse por um pouco, mas Ceres a tirou de perto, e saiu desfilando pelo quarto.

— Para que tudo dê certo, você deve beber o sangue de uma criança, um adolescente, e de um velho. Assim com o meu feitiço, você poderá conquistar sabedoria do velho, que vai te dar acesso a magia, a força da juventude, que vai permitir caminhar de dia, e por fim o sangue de criança, e você poderá ter filhos.

— Precisa de tudo isso para se tornar um vampiro?

— Claro que não. – Ceres pensou por um instante. – Depois que os lobisomens dizimaram todos nós, tivemos que nos adaptar, e aprender magia. Meu avô ensinou tudo para meu pai, que me ensinou tudo que eu sei. – deu uma boa olhada em Lucas. – Sei que não está prestando atenção em nada que eu digo. – Estendeu o pulso até ele. – Aqui, beba mais um pouco do meu sangue por enquanto. Logo, logo trarei suas três refeições.

 


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